Caminhei levemente até a árvore em que ele estava encostado. Leon olhou para mim, mas virou o rosto assim que percebeu que era eu que me aproximava. Admito qu e fiquei surpresa por não ouvir gritos. Eu esperava por isso, na verdade. Esperava que ele me chamasse de idiota e jogasse na minha cara que estava feliz. Mas não foi isso que ele fez, e fiquei surpresa por isso. – Oi – falei, mas ele não olhou para mim um momento sequer. –Parece que tem um baile de formatura incrível acontecendo lá dentro e você está aqui fora sozinho. O que aconteceu? – Pode jogar na minha cara agora que sou um idiota – disse ele, colocando as mãos nos bolsos. – Vai em frente. É o que todo mundo diz. – O quê? – perguntei, tentando entender alguma coisa. – Idiota? Por que você seria idiota? Dessa vez, ele olhou para mim, tirando as costas da árvore e ficando reto, encarando-me. – Chloe terminou comigo. Não sei ao certo qual foi minha reação. Eu não estava feliz – ta, só um pouquinho. Talvez ele estivesse realmente feliz com ela, e eu respeitaria isso. Seria difícil, mas eu respeitaria e aceitaria sua escolha. Todos fazemos escolhas, e Leon também pode fazer as dele. Eu não o impediria de fazer isso. – Ah – foi apenas o que consegui dizer. – Sinto muito. – Não sinta – ele se aproximou com passos leves, até que ficou a centímetros de mim. – Eu só preciso de um pouco de ar livre para superar isso. O problema não é Chloe. O problema é você. De novo. Ótimo! Mais uma vez, voltamos a mim. – Olha, dessa vez eu não fiz nada de errado, tá legal? – falei. – Ei, não é isso. É que... – ele suspirou. – Chloe é uma garota legal. Ela me diverte e faz com que eu me sinta especial. Mas ela não me completa, entende? Balancei a cabeça em afirmação. – Mas porque vocês terminaram? – perguntei, curiosa. Caminhei até a árvore em que ele estava e me encostei ali. – Estávamos dançando como um casal normal, quando ela me beijou. Não sei o que aconteceu, mas ela disse que me amava, e eu meio que acabei dizendo ‘eu também amo você, Vilu’ e ela ficou completamente irritada comigo. Pedi desculpas e disse que aquilo nunca mais aconteceria. Ela disse que não aconteceria mesmo, porque estava terminando comigo. Nunca daria certo mesmo. Aquilo foi meio que como um choque repentino. Sabe aquele momento em que você acha que tudo voltou ao lugar de repente? Pois bem, era assim que eu me sentia. Leon se aproximou, ficando novamente a centímetros de mim, só que dessa vez ele estava mais perto. Ele foi se aproximando, mas parei quando percebi suas intenções. Ele ia me beijar, e isso era bom. Mas não era o que eu queria agora. Não definitivamente. – Eu não sou uma garota fácil, uma garota de segundas opções – falei para ele. – Não quero ser a segunda opção de ninguém, e sei que é isso que estou sendo para você. Você sempre amou essa garota, e de repente eu apareço e estrago tudo, como sempre faço. É melhor deixar as coisas do jeito que estão. – Eu não deixei você como segunda opção! – disse ele. – Eu... Eu... Eu só... Ah. Me desculpe. Ele olhou para baixo e se virou. Provavelmente, ele estava chorando. Eu nunca vira Leon chorar. Era diferente. Era estranho. Era bonito. – Eu não queria que soasse desse jeito, desculpe – falei para ele. – A questão é que eu me sinto como uma segunda opção, sabe? É como se eu sempre estivesse aqui para reconfortar você a qualquer momento. Caso alguma coisa acontecesse entre vocês, eu estaria ali para interferir. E não é isso que quero fazer. Quero que você tome suas próprias escolhas e siga os próprios caminhos. Se me quiser, ficarei feliz que sinta o mesmo que eu. Mas se quiser ficar com ela, eu... Eu vou tentar apenas entender. Dessa vez, ele se virou. Marchou com passos rápidos em minha direção, me encostou rapidamente na árvore e colou seus lábios nos meus com certa urgência. Não tentei parar aquilo. Apenas continuei, colocando meus braços em volta de seu pescoço e tentando encontrar o maior fôlego possível para demorar com aquele momento. Ele foi parando novamente com leves selinhos, como fez da última vez, no aeroporto. Gostei disso. Era bom relembrar coisas boas. – Senti falta disso – disse ele, e sorriu. – Tem certeza de que é isso que quer? – perguntei ainda de olhos fechados. – É que... Você parece gostar muito dela. – Nunca daria certo – dessa vez abri os olhos. – É claro que daria. Conhece o verbo ‘tentar’? – perguntei, arrependo-me no mesmo instante. – Conheço, e pretendo usá-lo especialmente com você, se me permitir – disse ele, fazendo me sorrir. Nos beijamos mais uma vez e quando percebi, estávamos dançando. Meus tênis estavam jogados no gramado, meu queixo estava apoiado em seu ombro e nada ali parecia ser real. Mas ERA real. Eu sabia que era real, e sorri por ter certeza disso.