O fim de semana estava acabando. E eu não tinha feito nada o fim de semana inteiro. A única coisa que eu fiz foi ficar dormindo e ir à trilha. Bom, falando na trilha. Ela virou uma de minhas atividades do dia-a-dia. Eu estava estudando e terminando algumas lições para segunda, quando mamãe entrou em meu quarto me dizendo

– Liz. Seu pai virá te buscar amanhã de manhã e você voltara no domingo de tarde.

– Posso dizer, se eu quero ou não?

– Está marcado. Acho melhor arrumar as coisas para amanha, não se atrasar e ele bater com a cara na porta.

– Bom, então é isso que vou fazer.

– Não vai não. Porque eu vou estar com você.

Eu fiquei muito chateada com mamãe, por simplesmente decidir as coisas e não me avisar ou perguntar se quero ou não. Mas, depois de um tempo sozinha no meu quarto, fiquei pensando que na verdade seria melhor ajeitar essa situação com meu pai. Se eu ficar fugindo, vai ser pior. Adiar essa situação e toda vez ter que ouvir mamãe falar sobre isso.

Liguei para minhas amigas, desde ontem não nos falávamos e perguntei se elas podiam sair comigo. Mas, todas estavam ocupadas com deveres, etc.. Leslie estava vendo alguma atividade para fazer fora da escola, um curso acho. E Emilly tinha que ir pro inglês para a prova. Então fiquei sozinha na madrugada de sábado. Arrumei minhas coisas, guardei meu material e me joguei em minha cama, como se estivesse me afogando nas nuvens. Acordei com os berros de minha mãe ás nove da manhã. Me arrumei e desci para tomar café, junto comigo, desci com minha mala para deixar já, perto da porta. Fiz eu café e fiquei um pouco no celular. Estava fazendo frio, portanto, coloquei um moletom azul cor do mar, com um tênis preto e um casaco. Quando acabei de comer, a campainha tocou. Novamente minha atendeu. Mandou-meeu ficar ao lado dela.

– Oi filha, Oi Marion.

– Oi, Bryon! – Disse minha mãe, que viu que eu estava falando com uma amiga e me deu uma cotovelada.

– Oi pa.. Bryon.

– Oi Filha. – Disse ele ajeitando os cabelos.

– Então vamos logo?

– Ta.

– Tchau mãe- disse dando um beijo nela e um abraço apertado. Estava me redirecionando ao seu ouvido e disse – Se eu morrer mande reforço. Porque não quero ficar lá por muito tempo.

– Filha – Disse meu pai me chamando.

– To indo, não me apressa que há quatro anos eu não te apressei. – Ele ficou meio triste e entrou no carro, estava me aguardando.

Entrei no carro e partimos. Fiquei olhando para trás até minha casa desaparecer de vista. Virei para frente do carro e respirei fundo, foi quando ele começou a puxar conversa.

– Então, filha, como está indo na escola?

– Bem.

–Ahn, está em que ano?

– No 1º médio.

– Nossa, quando eu te vi pela ultima vez você estava em qual serie?

– 6º ano.

– Ah, ansiosa para ver Brittany e Angel?

– To ansiosa é para chegar em casa amanha.

– Filha, facilite as coisas, por favor. Assim fica difícil. Vejo que não esta com vontade de ficar aqui. Sei que também não quer se acertar. Mas, vamos tentar não ter briga, por favor.

– Tanto faz. O que eu quero é ir para casa e nada que você faça irá mudar minha opinião. Agora era só o que faltava você, que não me vê há exatamente quatro anos quer me colocar de escanteio. Olha, trouxe meus livros. E não disfarçar minha cara de desfeita. Então, não me critique.

Depois eu também me calei, e então ficamos calados o momento todo. Não me importei com o que ele pensava e peguei meu fone que estava dentro da mochila e comecei a escutar musica em meu celular. Quando chegamos eu tirei o fone do ouvido, e desci do carro. O prédio dele era muito grande havia cinco lances de escada, era um prédio velho e então não havia elevador. Quando subimos ele abriu a porta, e eu me senti totalmente deslocada. Angel saiu de seu quarto e quando me viu me abraçou, eu abri um sorriso irônico e então, abri a porta do “meu quarto” e estava Brittany deitada, de pijama, e o quarto estava cheio de garrafas vazias de coca-cola e red Bull. Ela me olhou de um jeitinho dos pés a cabeças. Disse um “OI” meio irônico. Joguei minha mala num canto e fui para sala, deitei em um sofá de três lugares e então, fiquei ouvindo musica e mexendo no celular. Só que uma hora as coisas enjoam certo? Então fui ler. Li por mais ou menos 2 horas e consegui ler bastantes capítulos.

Quando fui ver a hora ainda era 5 da tarde. Tinha muito ainda para aquele dia acabar. Pedi dinheiro para meu pai e decidi ir ao shopping e no cinema. Ele brigou comigo, para eu não ir e disse:

– Lizzie, eu te peguei na sua casa, para ficarmos juntos e não para você sair.

– Ta, mas, eu não quero ficar aqui na sua casa, sem fazer nada. Eu quero sair, se você não quer. Não me prenda!

Ele não quis me dar dinheiro e bateu o pé para eu não sair de casa. Então, eu tinha um dinheiro guardado na minha mochila, foi minha sorte. Eu havia pegado de minha mesada 150,00 para caso precisasse e ainda bem que vou usa-ló. Eu me arrumei, quando estava me abrindo meu pai perguntou:

– Você está indo para onde?

– Ué pro shopping. Por quê?

– Porque, pelo que eu me lembre eu não te dei permissão.

– Mas eu vou sair. Você querendo ou não. Acha que vou ficar aqui, presa?

– Vamos conversar, vai, filha.

– Não tem conversa. Eu só quero sair. Que mal a nisso?

Eu abri a porta e fingi descer as escadas. Quando ouvi minha madrasta falando que eu era a errada e que ele ficar insistindo para que eu fosse para a casa deles foi um erro e tudo mais. Logo depois eu parei de ouvir a conversa e resolvi andar um pouco. Sentei-me na praça de alimentação, fiquei mexendo no celular, enquanto tomava um sorvete de creme. O shopping estava muito lotado, acabei nem pegando sessão para ver filme. Eram oito horas da noite, então resolvi voltar para a casa. Quando cheguei foi uma briga com meu pai, ele acha que depois de quatro anos sem me ver, ele quer mandar em mim e querer da opinião em algo da minha vida. Fui ao banheiro, liguei para minha mãe e pedi que John fosse me buscar. Ela perguntou o porquê eu queria ir embora e eu expliquei e ela disse que John iria me buscar naquela noite, mesmo.