Caretrisse escrita por Millena


Capítulo 12
Você sabe as constelações?


Notas iniciais do capítulo

Eu acho que não ficou muito bom, sério. Eu estou aqui sentada e pensando: será que ficou legal? Comentem!!



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12

Miguel fala que vai me esperar próximo ao bar que não fica muito longe da minha casa, onde nos esbarramos uma vez. A primeira vez que eu vi ele sem a farda do trabalho e sendo “normal”.

Eu não contei a ele que seria difícil conseguir sair de casa por conta do horário, conheço ele muito bem e sei que se ele soubesse disso pediria para eu não ir, não me arriscar e blá blá blá. Como se por ele eu não escalasse uma roda gigante, se fosse preciso.

Agora são 12:20, é o que eu percebo no meu relógio enquanto troco de roupa, escolho uma calça jeans e a primeira blusa que aparece na minha frente.

Caminho devagar pela casa e espio o quarto dos meus pais, eles estão dormindo. Ando até a porta e abro ela tentando fazer o barulho mínimo possível.

Quando estou do lado de fora, observo que a rua está totalmente silenciosa, olho para o céu e vejo que está repleto de estrelas. Queria dizer que sou muito bem informada e sei reconhecer constelações mas eu não faço a mínima ideia.

“Me ajudem.”, eu falo baixinho para elas e sorrio.

Assim que chego na esquina tento apressar bastante os passos, quando entro na rua do bar está muito barulhenta, muitas pessoas falando e vários carros de som ligados além da musica que toca dentro do lugar.

Alguns caras me acompanham com os olhos e eu finjo não notar. Um homem gordo e com um cigarro na boca não para de olhar para mim, depois que passo próximo a mesa dele, que está na calçada, ele levanta. Continuo andando normalmente e não olho para trás, apesar de saber que ele ainda está me vigiando.

Um cara mais jovem que está na mesma mesa que ele pergunta porque ele levantou e está parado igual uma estátua, e ri como se tivesse dito a coisa mais engraçada do mundo.

“Vou pagar a conta. Achei o que eu queria.”, o cara do cigarro responde.

Eu começo a correr.

Pensei que deveria ficar calma e não mudar o ritmo dos meus passos, entretanto antes que eu colocasse esse plano em prática, eu já estava correndo.

Corro até ficar sem fôlego e a esquina não chega nunca, quando estou me aproximando percebo o quanto a rua em que eu preciso entrar é escura. Eu preciso fazer isso.

De repente falta energia e todas as luzes dos postes se apagam de uma só vez.

Seja corajosa, Tris.

Seja corajosa!

Eu me preparo para dobrar a esquina, não consigo enxergar absolutamente nada.

Acontece muito rápido, quando eu vejo estou na rua que eu queria entrar mas alguém segura os meus braços, estou ofegante. Então Quatro aproxima seu rosto do meu, sinto como se meu coração fosse saltar do peito.

Ele coloca as mãos no meu rosto e me beija, trilhões de borboletas dançam no meu estômago.

Eu aproximo o meu corpo do dele e ele passa o braço na minha cintura, me puxando. Eu coloco as mãos no rosto dele e sinto sua mão acariciando minhas costas, eu começo a rir porque sinto cócegas e interrompo o beijo, então dou vários selinhos nele até ele começar a rir também.

Ele me olha sério e eu estou sorrindo feito boba, pensando que a qualquer segundo vou explodir como um balão de festa cheio de estrelinhas, que vão se espalhar nessa rua que eu nunca estive antes.

“Quando eu tinha mais ou menos cinco anos de idade, eu caí de bicicleta e furei o queixo, não me lembro disso mas os meus pais me contaram que saiu muito sangue, e fiquei com uma cicatriz. Essa cicatriz é engraçada.”, Miguel fala e ri, mas depois volta a ficar sério. “Ela parece ter o formato do numero quatro, e eu chorava muito por causa dela e porque lembrava da queda, então a minha mãe começou a me chamar de quatro para brincar comigo e fazer com que eu achasse engraçado ter uma cicatriz legal e não chorasse por uma coisa tão boba.”

“Sua mãe parece ser uma pessoa incrível.”, eu digo e passo a mão pela barba dele, tentando encontrar a cicatriz.

Depois de alguns segundos ele se afasta de mim e eu o observo fechar os olhos e depois abri-los, me deixando ver as lágrimas que ele tenta segurar. Antes que eu notasse, as minhas já estão vindo também.

“Ela está morrendo, Beatrice.”, ele fala. “Minha mãe está morrendo.”

Eu abro a boca para falar mas não consigo dizer uma palavra. Me sinto fraca.

“Eu não quero te colocar nessa situação.”, ele diz voltando a ficar com a expressão séria. “Eu vou te deixar em casa.”

“Desde quando você me diz o que fazer?”

“Você é só uma criança.”, ele fala.

“Você me beija e depois eu sou só uma criança?”, eu falo me aproximando dele. “Onde está a sua mãe? O que aconteceu com ela?”

“Eu estou tentando me afastar de você porque você merece alguém melhor.”, ele diz quase gritando e eu me concentro na expressão confusa do seu rosto.

“È uma maneira nova e mais fácil que você encontrou para me dispensar?”, eu falo. “Por que pelo menos você não fala a verdade? Eu posso aguentar!”

Ele me beija e eu sinto todo o meu corpo se arrepiar, depois ele me abraça forte.

“Eu amo você. Eu amo você. Você contando todas aquelas suas histórias engraçadas e sorrindo do jeito que você sorri. Eu queria que você se visse pelos meus olhos.”, ele fala.

“Onde está sua mãe?”, eu pergunto, me afastando do corpo dele para olha-lo.

“Ela está morrendo. Eu preciso vê-la mas eu não tenho coragem.”, ele diz.

“Onde ela está, Miguel?”, eu falo.

“Está numa casa de idosos. Por muito pouco tempo.”

“Quanto tempo?”, pergunto.

“Meu pai disse que talvez só um dia.”, ele fala.

“Vai ficar tudo bem.”, eu digo.

“Vamos sair daqui, eu quero que vocês se conheçam.”, ele fala e me beija, depois me puxa pelo braço.

Estamos caminhando de mãos dadas e eu olho para o céu estrelado.

“Você gosta das estrelas?”, eu pergunto ainda as observando.

“Você sabe as constelações?”, ele pergunta.

“Não.”, eu falo olhando para ele. “Você sabe?”

“Não.”, ele diz com a expressão séria, e eu rio.

“Eu sinto muito pela sua mãe.”, digo.

“Você é a minha estrela, Tris.”, Quatro fala.


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