Give me love escrita por Clarice Reis


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem :)



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Give me love

Observava Lily e Anthony se beijando e não pude deixar de sorrir. Ficava satisfeita de ver meu trabalho dando certo.

Meu nome é Rose Wealey, tenho 16 anos e desde pequena tenho um hobbie um pouco estranho, eu junto casais. É isso mesmo, eu sempre fui apaixonada por histórias de romance e quando entrei em Hogwarts (talvez pelo fato de não ter muitos amigos) eu passava uma boa parte do meu tempo livre observando as pessoas. Eu tenho facilidade em perceber quando alguém está apaixonado e mesmo não sendo da minha conta eu faço o possível para ajudar, mas como eu não os conheço eu faço o meu trabalho em segredo, mando bilhetes, marco encontros, faço todo o possível. Eu não entendo bem, mas sinto uma felicidade imensurável em ver casais se acertando.
Você deve estar se perguntando E você, não gosta de ninguém? Bom, pode parecer loucura, mas eu gosto justamente da pessoa mais fria e insensível da escola, Scorpius Malfoy.

Eu o observo desde o terceiro ano e nunca consegui vê-lo esboçar qualquer tipo de sentimento, apesar disso, ele é muito popular entre as garotas, já perdi a conta de quantas se declararam ou o convidaram para sair. O fato é que não importa o quão bonita ou legal a garota seja ele sempre a rejeita e foi esse comportamento que me deixou tão curiosa a seu respeito. Tentei perceber qualquer mínima mudança dele em relação a alguém e nada.... Isso é incrivelmente frustrante.

Uma das poucas pessoas que sabe sobre os meus sentimentos é meu primo Alvo Potter (meu melhor amigo) que defende com unhas e dentes sua teoria de que Malfoy é gay. Eu já pensei em dizer o que sinto e Alvo sempre me incentiva dizendo que se eu dou oportunidade aos outros de ser feliz porque não posso dar a mim mesma. Mas o problema é que os casais que eu junto tem sentimentos recíprocos e nesse caso aparentemente ele não tem sentimentos.

Sei que é cruel pensar isso a seu respeito, mas ele está sempre sério e com aquela máscara fria e inexpressiva em seu rosto, nunca o vi feliz ou irritado, está sempre com a mesma expressão vazia. Perdida em devaneios sobre Scorpius Malfoy esqueci totalmente do livro aberto em meu colo. " O morro dos ventos uivantes". Já era a terceira vez que lia esse livro, e toda vez me emocionava com a história. Olhei ao redor e reparei que a biblioteca estava quase vazia exceto por mim e um grupo da Corvinal que estudava.

Organizei minhas coisas e estava prestes a ir embora quando ele entrou. Scorpius Malfoy com sua postura perfeita e olhar vazio. Ele se sentou em uma das mesas e pegou sua pena e um pedaço de pergaminho " deve estar fazendo algum trabalho" pensei, mas logo mudei de ideia quando o vi tirar de sua bolsa um pequeno livro de poesias. Desde quando o Malfoy lê poesia? Ele se levantou e veio caminhando até o lugar onde eu estava. E eu não pude conter a surpresa ao ouvir sua voz sendo dirigida a mim.

– Seu nome é Rose Weasley,não é? - Assenti.
– Você é garota que junta os casais, certo?
– Como sabe disso? - Perguntei realmente chocada com a situação.
Sempre tomei muito cuidado para não ser descoberta e agora ele vem me falar isso como se fosse uma coisa óbvia?
– Não importa, mas tenho uma pergunta para te fazer. - Seus olhos azuis acinzentados encontraram com os meus.
– Que seria?
– Como descobre de quem as pessoas gostam?
– As atitudes delas, o modo de agir, o jeito como falam com a pessoa, o jeito diferente como olham...
– Por que as ajuda mesmo sem elas saberem?
– Acredito no amor e acho que as pessoas perdem muito tempo reprimindo seus sentimentos. As pessoas tem que ser capazes de demonstrar o que sentem.
– Isso nem sempre é fácil. - Ele comentou olhando para os lados.
– Por acaso gosta de alguém Malfoy? - Ok, acho que fui um pouco intrometida.
– Não é da sua conta. - Ele respondeu ríspido.
– Me desculpe, mas olha, se está com dificuldades em expressar seus sentimentos por que não escreve uma carta? É um bom jeito de desabafar e você nem precisa entregar se não quiser. - Terminei de recolher minhas coisas e saí deixando um Scorpius perdido em pensamentos para trás.

Ao chegar ao dormitório refiz toda a cena que ocorrera minutos atrás em minha mente, Scorpius parecia tão confuso, mas ele precisava desabafar de alguma forma e se ele não queria conversar, escrever era uma boa maneira de fazer isso, o que ele não pode fazer é ficar reprimindo... Suspirei, por mais que eu dê bons conselhos eu nunca consigo segui-los. Eu digo que reprimir sentimentos é uma coisa horrível sendo que eu mesma o faço. Me sentei na cama e peguei uma pena e um pergaminho. Uma carta é uma boa maneira de desabafar." Não sei quanto tempo eu passei escrevendo, mas sei que quando terminei senti um alívio me preencher. Olhei para a carta e a guardei em minha bolsa. Talvez, só talvez amanhã eu tivesse coragem o suficiente para entrega-la. O café da manhã foi tranquilo, Alvo ficou chocado quando eu contei o que tinha acontecido na noite anterior.

– Como ele sabia? Quer dizer, ninguém nunca desconfiou.
– Não faço ideia. - Respondi meio distraída.
– Mas e então, vai entregar ou não? - Ele perguntou parecendo bastante curioso.
– Ainda não sei...
– Se dê uma chance Rose, mesmo que ele não corresponda pelo menos você vai se sentir aliviada por ter contado.
– Eu juro que vou pensar a respeito, mas agora eu tenho que ir, tenho aula de DCAT.- Disse pegando minhas coisas.

– Tudo bem, até o almoço. - Ele se despediu.

Assim que cheguei a sala me sentei na minha cadeira de sempre, esperava Emília (Minha parceira nessa aula) chegar quando vi Scorpius Malfoy entrando na sala, ele me encarou alguns instantes e logo veio até o lugar onde eu estava.
– Posso sentar aqui? - Perguntou no seu tom frio habitual.
– Fique a vontade. - Respondi.
– Weasley, seu conselho não foi muito bom. - Ele comentou.
– Por que não? - Questionei.
– Porque eu perdi muito tempo escrevendo e estou sentindo raiva de mim mesmo por não conseguir entregar.
– Não precisa entregar pessoalmente, pode pedir para sua coruja entregar. - Sugeri.
– É igualmente humilhante.
– Então fique com ela para sempre.
Ele suspirou e passou a me olhar nos olhos.
– Eu não deveria gostar tanto assim dessa pessoa.
– Por que?- Questionei.
– Nunca daríamos certo, somos muito diferentes.
– Isso não significa nada. - Afirmei. - Anthony e Lily são completamente opostos e mesmo assim estão juntos. Se arrisque Malfoy, nunca vai saber se não tentar.
– E você? Vive juntando casais, mas nunca a vi com ninguém, também não tem coragem de se declarar. - Ele disse tentando desviar do assunto.
– Eu não gosto de ninguém. - Falei baixo.
– Está mentindo. - Seus olhos me analisavam e não entendi o motivo, mas diante daquele olhar me sentia completamente exposta.
– Enfim, ainda acho que devia fazer o que eu disse. - Conclui.

O professor entrou em sala e passamos o resto da aula sem conversar. Não conseguia evitar olhar para o lado de vez em quando, quem seria a garota de quem ele gostava? A ideia dele namorando com alguém partia meu coração, mas o que eu poderia fazer? Absolutamente nada. Quando a aula acabou ele recolheu seu material e saiu sem ao menos se despedir. Estava guardando meus pergaminhos quando percebi algo no chão. Não podia acreditar naquilo, Scorpius deixou cair à carta. Olhei para o papel em minhas mãos sem saber o que fazer. Aquilo era muito pessoal e ele ficaria furioso se descobrisse que eu li... mas apesar de tudo, ser curiosa sempre foi um dos meus maiores defeitos. Me sentei na cadeira e me pus a ler o enorme texto.

Eu nunca fui bom com palavras, na verdade nunca fui bom com nada que envolva o ato de se expressar. Durante toda a minha vida acreditei que sentimentos fossem sinal de fraqueza e por isso me esforcei ao máximo para evitá-los e tudo estava indo bem... Até eu começar a reparar em você. Durante muito tempo tive raiva de mim mesmo, tentei ao máximo reprimir o que estava sentindo, mas cada vez mais queria saber a seu respeito, o que você gosta de ler, que tipo de música gosta de ouvir e até para que time de quadribol você torce. Eu sei que isso deve estar soando meloso e acredite, isso definitivamente não faz o meu estilo, mas quando pedi conselho a alguém que entende muito dessas coisas de relacionamento, ela me disse que essa era a melhor forma de tirar esse peso das minhas costas. Eu não pretendo de fato lhe entregar essa carta, na verdade se um dia você chegar a ler isso será um milagre. Mas de qualquer forma quero deixar aqui expresso tudo que eu venho sentindo por você Dominique Weasley. Aqui tem um poema de um autor trouxa que eu admiro bastante, espero que goste, pois toda vez que o leio penso em você:

"Objeto de meu mais desesperado desejo
Não seja aquilo por quem ardo e não vejo
Seja estrela que me beija oriente que me reja azul amor beleza
Faça qualquer coisa mas pelo amor de deus
Ou de nós dois
SEJA"

Ao terminar de ler aquilo pude sentir as lágrimas em meus olhos, meu coração apertava e parecia que ia despedaçar. Respirei fundo e contei até três. Essa carta mostrava o lado de Scorpius Malfoy que eu sempre quis conhecer, um lado apaixonado e capaz de se entregar as suas emoções, mas infelizmente não era eu a pessoa por quem ele nutria tais sentimentos. Dei mais uma lida no poema e cheguei a uma conclusão. Eu iria fazer a coisa certa. Peguei minha pena e um pedaço de papel e comecei a escrever.

Pov: Scorpius

Me preparava para dormir quando ouvi um barulho na minha janela. Uma coruja trazia consigo um envelope. O analisei com cuidado e pude ver escrito em uma caligrafia perfeita os dizeres:

De: Rose Weasley

Para: Scorpius Malfoy

Abri o envelope extremamente curioso sobre seu conteúdo. Havia dois papéis, ao abrir o primeiro, constatei que era minha carta e entrei em desespero. Rose Weasley havia lido minha carta? Abri rapidamente o segundo e vi que se tratava de um bilhete.

Malfoy, sinto muito por isso, mas tenho que dizer que não resisti a tentação de ler a sua carta. Não se envergonhe por isso, tudo que estava escrito era muito bonito e eu finalmente descobri quem era a pessoa que vinha mexendo com você. Bom, como já deve saber Dominique é minha prima e eu já meio que marquei um encontro para vocês dois (sei que você pode estar querendo me matar por conta disso), mas saiba que ela te acha um cara legal e bonito então creio que não vai ser difícil para você conquista-la. Desejo toda a sorte do mundo para você e quero que se as coisas derem certo ( tenho certeza que vão dar) vocês sejam muito felizes. Beijos da sua amiga cupido, Rose Weasley."

Encarei aquela carta com um sorriso no rosto, Rose Weasley era meu cupido e eu devia realmente muito a ela.


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