4º Desafio Sherlolly escrita por MandyCillo


Capítulo 1
Crying In The Rain




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Jonh continuava muito magoado comigo, não entendo por que. Poxa vida! Eu voltei, não estava morto, ele quer mais o quê? Um buque de flores e um cartão com pedido de desculpas? De jeito nenhum! Ele agora tinha a Mary que poderia dar um jeito nesse drama todo que está fazendo.

A vida continuava seu curso, casos chatos e outros nem tanto para tentar resolver, mas o problema agora é que eu estava sozinho. Mais uma vez sozinho. É certo que nunca tive muitos amigos...pensando melhor, nunca tive amigos.

Molly Hooper era até dois anos atrás a médica legista sem graça do St. Barts Hospital. Mas agora Molly não era mais a mesma, não era mais aquela garota insignificante examinadora de corpos mortos e que eu adorava provocar. Na ausência de John a chamei para me ajudar a resolver alguns casos, afinal eu teria que chamar alguém de John não é mesmo? Cada vez que a chamava de John ela me olhava com uma cara feia, parecia que eu conseguia ouvir seus pensamentos “meu nome é Molly seu idiota!”. Confesso que isso começou a ficar interessante e passei a fazer de propósito só para ver até onde ela aguentaria.

Surpreendi-me quando em alto e bom som ela soltou:

-Meu nome é Molly! E até quando você vai ficar brincando com a minha cara Sherlock? Não bastou eu ter te ajudado, ter fingido para o mundo que você estava morto e quase ter perdido meu emprego por falsificar documentos oficiais, não é mesmo? Lógico que não, você nunca está satisfeito! Saiba que eu segui em frente, segui minha vida, estou noiva e tenho um cachorro!.

Molly parecia uma metralhadora falante e enquanto ela falava meus olhos se arregalavam. Como não tinha reparado no tamanho do diamante que ela carregava em seu dedo anelar? Aquela pedra a levaria para o fundo mar, mas quem estava prestes a se afogar era eu.

Após esse dia mal nos vimos e as poucas vezes que nos encontramos no hospital ela fingia que eu não estava lá, a impressão que eu tinha era que ela havia me apagado de sua memória. Isso estava me incomodando muito, pois por mais cruel que eu fosse – e eu sei ser cruel- isso nunca havia acontecido, antes ela sempre dava um jeito de vir falar comigo, tirar uma dúvida ou oferecer um café. Isso só deixava mais claro que ela “seguiu em frente” realmente, por que ela tem até um cachorro! Por Deus! Não entendo a relação de pessoas felizes com cachorros, isso é estranho pra mim.

Cada dia que se passava o ambiente se tornava mais hostil e frio. Eu a olhava através do microscópio e nem sinal de que ela estava prestando atenção em mim, eu deixava algumas coisas caírem e nada! O problema é que eu não conseguia seguir minha vida daquele jeito, não dava, não tinha sentido. Dei-me conta que isso só poderia ser uma coisa e eu estava relutando para aceitar. Não queria acreditar que estava acontecendo o fatal erro humano. Jonh é que sempre foi expert em mulheres, não eu. Mas isso não ia ficar assim, eu não merecia tanto desprezo... ou merecia? Amanhã seria o dia que isso acabaria ou meu nome não era Sherlock Holmes!

Caí da cama as 6:20. Rolei a noite toda pensando no que lhe falar e como falar. Teria coragem de me declarar? Dizer a Molly Hooper que estava perdidamente apaixonado por ela? Saí apressado de casa em direção ao hospital, estava muito tenso e ansioso pelo que estava prestes a acontecer.

Ao entrar na sala vi Molly de costas. Com o barulho da porta ela se virou assustada. Seus olhos estavam vermelhos e úmidos. Sim ela estava chorando e a grande questão era: Por quê? Andei em sua direção e quanto mais eu me aproximava mais ela se afastava. Descobri o motivo do choro ao olhar no fundo dos seus olhos, aquele canalha do seu noivo havia lhe feito alguma coisa, só me restava saber o que.

-Molly, precisamos conversar.

-Conversar o que Sherlock? Perdeu seu senso observador por acaso? Não estou para conversas hoje. – Ela enxugou as lagrimas com a manga do jaleco e meu coração estava apertado ao olhar para seus olhos inchados de tanto chorar.

-Sinceramente não vai adiantar você esconder o que ele te fez, eu vou descobrir de um jeito ou de outro não é mesmo? – Meu subconsciente gritava de algum lugar: Olha o estado dessa criatura na sua frente! Deixe de ser irritante homem!

-Sherlock, me deixe em paz! Você veio fazer o que aqui? Zombar mais uma vez comigo? Claro que sim, isso é óbvio. Me dê licença, preciso sair daqui. – Ela me empurrou para o lado, pegou a bolsa em cima do balcão e saiu. Me deixou ali plantado, olhando pro vazio enquanto a porta se fechava. O meu erro humano estava em níveis estratosféricos. O amor nos deixa idiotas e eu estava convencido disso. Fui para casa arrasado, meu coração partido está me machucando tanto, mas tenho meu orgulho, sei esconder toda minha tristeza e sofrimento. Agradeci aos céus pela chuva que caia, pois assim ninguém perceberia as lágrimas escorrendo em meu rosto. Sim, estava chorando por Molly.

Ao chegar na Baker Street de longe pude ver alguém sentado a minha porta. Era Molly. Ela tinha suas roupas encharcadas pela chuva e seu rabo de cavalo torto. Aproximei-me devagar, não queria assustá-la novamente.

-Molly?

Ela ergueu seus olhos castanhos em minha direção e disse:

-Ele me traiu...ele me traiu Sherlock. – Ela levantou, agarrou a gola do meu casaco com as mãos, encostou o topo da cabeça no meu peito e chorou mais uma vez. Falava com a voz entrecortada.

– Como se já não bastasse tudo que eu sofri por sua causa Sherlock, ainda tenho que passar por isso. – “Ei, mas o que eu tenho a ver com isso?” eu pensava. E ela não parava: - Se você tivesse sido homem suficiente para perceber meus sinais em relação a você, isso não estava acontecendo agora. Eu não estava sendo obrigada a ficar com alguém que eu nunca gostei, mas tinha que me contentar, por que eu não tinha você Sherlock! – Aí vieram os gritos: - Consegue entender? Ou é muita informação para sua mente brilhante? O quão patética eu fui de manter um noivado de aparências e ainda ser traída? Isso é ridículo! Quero mais é que o Tom vá para o inferno e leve aquela vaca com ele. Tenho raiva de você! Tudo isso é culpa sua...sua Sherlock! Está me ouvindo?

Neste momento eu não ouvia mais nada, eu via sua boca abrir e fechar diversas vezes, mas tudo parecia em câmera lenta, eu via seu rosto molhado, suas lagrimas se misturando com as gotas chuva agora mais intensas, seu cabelo bagunçado e a única coisa que eu conseguia ver era o quanto ela era bonita. Ela continuava me segurando pela gola do casaco, sua cabeça balançava de um lado para o outro e meus olhos tentavam acompanhar os movimentos. Quando sua boca parou de se mexer, ela ficou parada me olhando. Acredito que estava chocada consigo mesma por ter me falado tudo aquilo e eu tive a certeza. Molly Hooper também me amava.

-Molly, cala a boca e me beija! – A agarrei pela cintura e lhe beijei. Era o certo a se fazer. Eu amava aquela mulher mais que tudo na vida e seria estúpido suficiente se a deixasse escapar. Ela tentou se soltar, não teve sucesso e aos poucos ela ia retribuindo meu beijo. Depois de longos segundos a soltei e disse:

- Cometi um grande erro de achar que eu não me importava com você, quando você era a pessoa com quem eu mais me importava. A partir de hoje você não vai mais se preocupar em procurar alguém para me substituir em seu coração. Eu preciso de um lugar para recomeçar e espero que seja ao seu lado Molly. E se você tiver um minuto por que nós não vamos falar sobre isso num lugar mais quente e seco? Estamos encharcados aqui fora. Eu amo você Molly e nunca me perdoaria se você ficasse doente.

Ela me olhava incrédula. Na verdade nem eu estava acreditando em mim mesmo depois daquilo. Quando ela fez menção de abrir a boca novamente, eu lhe agarrei pelas pernas, lhe joguei sobre meu ombro e entrei na porta de número 221B.

Isso poderia ser o final de tudo.


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Notas finais do capítulo

Espero mais uma vez não ter fugido do tema. A chuva está aí né?