Coroada - A Seleção Interativa escrita por Lady Twice


Capítulo 8
Garotas do Sul...


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem pelo cap horrível da minha personagem, mas estava ansiosa com a parte das garotas de vocês! A Celina é de autoria da Juuh Blanco Efron e a Hilda é da L Valdez! Espero que tenham saído como esperavam! Boa leitura!



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Karen

Penduro minha bolsa no ombro e saio para mais um dia de trabalho. Ao abrir a porta, sinto o cheiro repugnante carregado pelo ar de Hansport- dizem que é assim por todo o Sul. Se eu pudesse, compraria uma máscara de gás. Mas, como Quatro, logicamente não tenho dinheiro para extras.

Passo o dia trabalhando-como de praxe-, mas minha cabeça está longe.

Cada vez que tusso, me lembro de Hailey, e cada vez que alguém grita, me lembro de Smiley. As pessoas maquiadas me lembram mamãe e Celia, e as crianças brincando na rua me lembram Jerry. Quem são esses? Minha família. Quem sou eu? Karen Padley, uma lojista que sonha em ser escritora. Qual é a minha história? Já lhe conto. O que eu pretendo ganhar contando? Ouvintes, Illeanos que me entendam.

Erámos sete irmãos, e eu sou a caçula- e a única restante. Nascemos Quatro, mas vivíamos como Sete: o que comíamos quase não nos nutria por completo, e por isto perdemos mamãe e papai- teríamos virado Oito, mas vovó veio para nos ajudar. Ela e Hailey, que na época já tinha dezesseis anos, trabalharam duro para nos manter. Quando Smiley fez 13 anos, tentou ajudar, mas era agitada demais. Acabou morta- um soldado a confundiu com uma rebelde, por tamanha gritaria- e o governo nos pagou. Por pouco tempo, vivemos daquilo. Por pouco tempo.

Jerry, o único homem dos trigêmeos- que eram cinco anos mais velhos que eu, mas quatro mais novos que Smiley- acordou para a vida quando ouviu a tosse de Hailey, devido ao nada limpo ar de Hansport. Então, arranjou emprego numa fazenda. E Kamber, outra gêmea, começou a trabalhar como joalheira. Celia precisava ficar em casa, para cuidar da pequena Karen. E mesmo assim, a fome assombrava nossas noites.

O grande golpe foi a morte de Hailey, por uma doença que tinha haver com sua tosse. Celia morreu de depressão, ela era a mais ligada ao nosso primogênito. Kamber não suportou a perda de sua igual, e seguiu para a vala comunitária. Sobrávamos vovó, Jerry e eu, a pequena Karen.

Cansado de nossa vidinha infernal, Jerry foi jogar bola na rua, em nome dos velhos tempos. Eis que surge um carro, e leva meu último irmão para onde não há mais volta. Eu e vovó, o legado deixado pelos Padley.

Essas lembranças me perseguem a cada segundo, de modo que quase esqueço de que eu ainda estou viva.

No final do expediente, vou para casa. Ao passar pela rua, recebo olhares e assobios importunos. Estou cansada disso.

“Chega de lutar. Chega de resistir. Eu é quem mando no meu destino, só eu posso controlar minha própria sina. E o mundo vai conhecer a filha de Thomas Padley, nem que eu tenha que passar algumas semanas no palácio para este”, penso comigo mesma, antes de entregar o belo envelope de veludo à moça sorridente atrás do balcão.

Celina

Me espreguicei. Olhei pela janela e vi o sol nascer vagarosamente, ao longe. Ao meu primeiro movimento, uma sombra pula em mim:

–Ah!- grito com o susto, caindo da cama- Lua, você quer me matar?- brinco com minha irmã mais nova

–Levanta logo, Celi!- grita pulando. Seus grandes olhos azul-esverdeado brilham, e seus cabelos negros balançam- Tia Magnólia tá te chamando!

–Tá, tá bem! Mas para eu ir, você tem que sair de cima de mim!- retruco, e começo a fazer cócegas nela

–Okay, okay! Desisto!- ela diz, em meio às suas gostosas gargalhadas

–Bom mesmo!- finalizo vitoriosa, e vou pôr roupa.

Depois de pronta me dirijo à varanda, onde nossa “tia”estava. Ela e mamãe conversavam, embora seus olhos glaucos estivessem longe. Já minha mãe, mantinha seus belos olhos verde/azul/não dá pra dizer que cor é aquela, como os meus, na mão de Tia Magnólia. Aos seus pés, Elly, a gata de Lua, ronrona. Nenhuma das duas tinha me visto, então resolvo brincar um pouco.

Pego a cadeira de minha mãe pelas pernas( se tem um pé, tem uma perna, oras bolas). Depois, a tremo. Ela, coitada, quase cai de susto. Já eu e a senhora ali presente, caímos sim, mas de rir.

–Celina Blanco, pare de brincar! Temos um assunto sério a tratar aqui!- ela esbraveja e tento me recompor. Mas não consigo segurar a risada quando ela olha e fala com Tia Magnólia, que ainda ri- Tia, Sra. também não está ajudando.

–Fique calma, Katherine. A garota só fez uma brincadeirinha, e ainda temos três semanas.- ela se pôs ereta e passou as mão em meus longos cabelos castanho-avermelhado, herdados de papai

–Três semanas pra quê, afinal?- indago, tranquila

–Para isso!- mamãe levanta uma carta de veludo, com o selo da Coroa- Feche a boca, Celina, pois mosquito não tem freio.

Tia Magnólia dá uma risadinha e minha mãe sorri vitoriosa, e só então percebo que estava boquiaberta. Minha mãe deposita o envelope em minhas mãos.

–Vá para seu quarto minha filha. Se quiser, preencha o formulário. Mas faça-o rápido, pois o ônibus para a cidade passa em uma hora. Ah, e escove os dentes.- mamãe diz, segura e cautelosa. Reconfortante

–Então... Acho que...- gaguejo, andando de costas. Ao tentar me virar, acabo por tropeçar

–Ah, e não se esqueça: Olhe para frente!- brinca minha tia postiça, e recebe uma careta.

Ao abrir a porta da sala, me deparo com um projeto de gente, que chamo de Lua.

–É verdade então, Celi? Você vai pro castelo?- pergunta a danada, aos sussurros- Também vai ser a namorada do príncipe?

Rio de suas perguntas inocentes. Ah, como eu sentiria a falta de Lua!

Hilda

Fechei a coreografia com um Barrel, terminando de costas. O público aplaudiu. Sorri, e me virei para eles. Agradeci, e, em meio à gritos e rosas, me retirei.

Me encostei na parede de madeira, e fiz os alongamentos finais. Mas só troquei o figurino depois de pagar 30 abdominais- para fortalecer, é necessário. Pus então minha bata e shorts, e saí para o ar impregnado com o cheiro de fumaça presente em Lakedon.

Como eu ainda ofegava um pouco, acabo dando umas tossidas- principalmente depois de respirar aquele ar. Então me pus a andar, naquela quente noite sem estrelas. Poderia até ir de ônibus, mas demoraria a passar. Indo à pé, eu já perderia algumas coisas, de ônibus, chegaria mais tarde ainda.

No percurso, mesmo descabelada e sem maquiagem, chamo atenção de algumas poucas pessoas que estão nas ruas. Sim, poucas. E a razão pra isso é bem simples: hoje é o sorteio da Seleção- o (único) concurso que pode melhorar a vida de minha família. E a minha.

Chego em casa e todos- mãe, Jenny, Georgie, Camaron e Ryan- estão sentadas em frente à TV.

–Boa noite, gente!- digo

–Cala boca, Hilda.- cuspe Georgie, meu amado irmão mais novo. O ignoro.

–O sorteio já começou?- eles assentem em conjunto- E Lakedon?

–Faltam sete províncias para Lakedon. Boa noite, Honey.- diz mamãe, me chamando pelo apelido.

–Senta aqui, Honey!- grita Camaron, já me puxando- Rápido!

Me sento e observo a tela. Lá, o apresentador- Dade Fadaye- está tirando da urna uma Selecionada. Cada província tem sua própria urna. Ele tira, vitorioso, uma garota de St. George.

–Sylby Du Barry, St. George, Três.

No canto da tela, a imagem do príncipe. Ele sorri ao ver a imagem da bela quase loira- eu a reconheço, é uma escritora. Ele mete a mão em Clermont.

–Anne Elizabeth Cairstairs, Clermont, Três.

Dessa vez, uma garota de feições pequenas e delicadas. Arthur permanece sorrindo, mas olha feio para seu irmão quando ele comenta algo. Coloca a mão em Angeles, faltando esta e mais uma para Lakedon.

–Aurora Bocchi, Angeles, Quatro.

O príncipe estava se voltando para a imagem, sorrindo novamente. Mas, ao ver a imagem da morena, ele se espanta, arrancando risos de America. Dominca, a última província antes de Lakedon, tem a vez.

–Ashley Spinelli, Dominca, Quatro.

A garota de cabelos negros e olhos azuis provoca um tique no olho de Arthur, e o resto da família real ri. Pobre príncipe. Agora é a vez de Lakedon.

–Hilda Crane, Lakedon, Cinco.

Ao som de meu nome, sinto o peso de cinco pessoas malnutridas cima de mim. “Não vamos mais passar fome!”, grita um. “Vou sentir sua falta”, diz outro. Eu começo a chorar de emoção. E o telefone toca.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? No próximo, vão aparecer, Sylby Du Barry, Delancy Lewis e Vênus Petrov! Beijooos
Foto da Celina:http://2.bp.blogspot.com/-Mcn-JdF1vOk/UQA1i5oh42I/AAAAAAAABa4/5kUpaTW88Nc/s1600/46336_589891747694771_1754374319_n111.jpg
Foto da Hilda:http://4.bp.blogspot.com/-5arPgUt99vg/TaJD_nnttxI/AAAAAAAABso/1JkoxKGol0Q/s1600/saoirse+ronan+make