A família real havia ido par Yosemite em busca de calma? Verdade. Eles a acharam? Nem por um segundo.

Por todos os dias a Rainha America passou mal, vomitando e mal conseguindo andar direito. Internaram-na em seu quarto, para que tomasse soro na veia, esperando o nascimento dos gêmeos. O Rei Maxon só saía de seu lado em situações extremamente necessárias, chegando ao ponto de fazer todas as refeições no quarto.

As princesas, inquietas, já haviam explorado tudo o que podiam. Hannie estava começando a ler os livros de história de seu pai em tamanho desespero, vez que os seus já havia relido e as telas e tintas acabado. Louise andava por todo o lugar, pensando no que faria em seguida. Sabia que, logo após a Seleção de Arthur, ela também iria se casar. Com Lucas, o Príncipe de Foundant. E ela tinha nojo só de pensar nisso.

Arthur e Anthony tinham infinitas aulas com Stavros, algumas requisitadas por eles mesmos. Os irmãos não aguentavam o tédio, e estavam sempre em busca de algo para se fazer. Phillip, por sua vez, fazia muito correr e dormir-e tentava se contentar com isso somente, o pobre e hiperativo bebê.

Mas, como o tempo estava claramente contra eles, somente uma semana havia se passado.

Foi quando Arthur decidiu que precisava de alguma coisa para fazer de imediato. Chamou Celina, sua quase prima agora, Alice e Astra para que descobrissem algo para ele. “Como o que, seu doido?”, Alice exclamou. “Existem muitas coisas para se serem descobertas!”

“Qualquer coisa que me dê uma tarefa.”, ele devolveu simplesmente. “Ache algo sobre as meninas.”

“Fala como se já fosse Rei, seu esnobe.”

“Ali, para.”, Astra disse, interrompendo a ruiva. “Sabemos que você tá carente e com raiva, mas a culpa não é do Archie.”

Celina limpou a garganta. “O aniversário de Alyssa está chegando.”

“Tem certeza?’, Arthur perguntou, e ela assentiu. Celina havia se tornado infinitamente mais confiante depois do início de seu namoro com Austin. Arthur gostava de ver que aquilo tinha tornado-a alguém melhor. “Então faremos o que os Singer fazem de melhor.”

“O que faremos?”, Alice perguntou. “Não consigo pensar em nada que n-“

“Alice, força da expressão.”, Astra a cortou, e sorriu. “Faremos uma festança, não é mesmo?”

“E que festança.”

***

Alyssa parecia ter mergulhado em um de seus sonhos. Quando Vênus retirou sua venda, ela viu um salão preenchido por mesas e mesas repletas de tudo quanto é tipo de doces. Chocolates, marshmallows, balas de geletina, jujubas, e tudo o mais, espalhados por todo o lugar. Balões de hélio azuis tifanny e cor-de-rosa estavam no teto, e outros subiam das mesas. Ela segurou o gritinho que estivera prestes a dar, colocando as mãos em frente à boca.

Ficou feliz por ao menos ter se vestido de acordo com a ocasião. Ela usava, alheia ao que acontecia, um vestido azul curto de festa; e saltos dignos de uma festa também. Viu, ao fundo, a família real e cia, enquanto as selecionadas estavam espalhadas pelo salão-que até uma boate tinha. Arthur, o único que ela ainda não havia achado, apareceu ao seu lado.

“Gostou?”, ele perguntou, sorridente.

Ela olhou para ele, estupefata. “Eu adorei.”

“Que bom", sorriu, condicente. "Aproveite. É toda sua."

Alyssa nem teve tempo de agradecê-lo. "Estamos esperando o quê?!", Vênus perguntou, em voz alta. "Se sua Alteza está mandando, devemos aproveitar!"

E saiu puxando Alyssa para a pista.

Não que ela se arrependa. Foi incrível dançar com as meninas, conversar com todas elas e receber toda a atenção que estava recebendo. Até Piper, mesmo que evidentemente por pura imagem, lhe deu os parabéns acompanhados de um abraço. Foi nesse momento de fraternidade, inclusive, que ela percebeu o porquê de Vênus ter entrado para o Ballet de Illéa.

Era evidente que a morena havia nascido para a dança. Agora, uma música agitada e saltos, ela pulava e mexia o corpo tão naturalmente quanto Alyssa bebia água. E, cinco minutos antes, valsava com perfeição com um guarda qualquer. Alyssa estava meio boquiaberta em sua presença impossível de se ignorar.

"Que você tá olhando, Alyssa?", ela sorriu, percebendo o olhar da amiga.

"Ah, eu-"

"Ah, deixa pra lá. Foi só uma brincadeira", Vênus diminuiu seus pulos. "Estou com sede. Vamos pegar um pouco de ponche?"

"Claro", Alyssa respondeu, sem hesitar. Tivera sorte de ter usado p cabelo solto, ou estaria com rabo todo bagunçado. As cascatas negras de Vênus, porém, continuavam caindo normalmente. Alyssa ouvia parabéns por todos os cantos em que passavam, e murmurava um obrigada tímido. "Onde aprendeu a dançar assim?"

"Minha mãe era professora de ballet", Vênus se explicou.

"Mas você era Cinco", Alyssa levantou as sobrancelhas.

"Talvez minha família não tenha tanto zelo pela lei qua to seria indicado", Vênus sorriu, marota.

Alyssa piscou em concordância enquanto se servia de ponche. "É tipo uma coisa de família?"

"Uhum. Bom, não para meu pai ou madrasta. Digamos que costumava ser."

"Então por que você parou?"

Vênus suspirou. "O Ballet de Illéa tem uma idade máxima, sabe?", respondeu, vaga. Alyssa compreendeu que deveria se calar sobre aquilo, mas sua curiosidade foi mais forte.

"E o que pretendia fazer da vida?"

"O mesmo que minha mãe."

"Ensinar ilegalmente?", brincou a ruiva, e a morena riu.

"Por aí."

"Daí você entrou para A Seleção", concluiu Aly. "Por quê?"

Vênus baixou o olhar para o chão, subitamente interessada no mogno. "Eu, hm, não queria entrar. Mas o meu pai precisava do dinheiro. Então ele..."

"Não precisa falar mais", Alyssa acabou por ela, vendo a mistura de raiva e tristeza em seus olhos. "Quer saber? Dane-se o ponche. Você precisa de dançar."

Vênus sorriu. Diferenças e discussões à parte, ela adorava ter Alyssa como amiga.

A ruiva a arrastou para a pista como se nada mais importasse. Ignorou inclusive Arthur, que parecia querer lhe tirar para dançar por um segundo; com o maior prazer.

“Aly?”, Vênus chamou.

“Oi?”

“Obrigada”, ela abraçou a ruiva.

“Não agradeça”, devolveu Alyssa. “É isso que amigas fazem.”

E só então Vênus se tocou que nunca tinha tido uma amiga antes de Alyssa.

***

Arthur ficara a festa inteira atrás de Alyssa, mas parecia haver um imã de pessoas na garota. Ela estava sempre conversando com alguém ou dançando, Vênus ao seu lado.

Ele nunca havia reparado na irmandade existente entre as garotas. Mas, agora, que ele era forçado a observá-las juntas por puro tédio, ele podia ver claramente: Vênus e Alyssa num tipo de cumplicidade implícita; Aurora, Sofia e Calliope tentando animar Delancy- que parecia estar num enterro desde a festa de Hannie -; Helena e Alasca discutindo animadamente- como sempre -, e Skyler aparentemente moderando a discussão; Sarah escolhia um doce junto à Lux- a assessora, ele reconheceu -e Danica, que ria de sua cara após experimentar as azedinhas; e Beatrice, junto à Anne Elizabeth, tentava persuadir Amberly de algo. Era como se elas se conhecessem desde sempre, amigas e confidentes desde crianças, enquanto a realidade era que elas se conheciam havia dois simples meses e, teoricamente falando, eram rivais. Arthur nem sabia o que pensar daquilo.

No único momento que Alyssa ficou sozinha- Vênus havia ido dançar com um guarda -, Arthur deu um passo à frente. Haveria de ser agora ou nunca.

E foi aí que ele descobriu que ele teria de passar em seu quarto mais à noite.

“ALTEZAS! PRÍNCIPES ARTHUR E ANTHONY, E AS PRINCESAS TAMBÉM! SUA MÃE VOS CHAMA!”, Marcus Leger aparecera gritando à porta.

“Que houve?”, May Singer perguntou, preocupada com a irmã.

“O PRÍNCIPE E A PRINCESA!”, gritou outro guarda, pois Marcus já havia disparado corredor adentro novamente. “ELES NASCERAM!"