Coroada - A Seleção Interativa escrita por Lady Twice


Capítulo 31
Eliminação, II


Notas iniciais do capítulo

Ois!
Bem, chegamos à mais um afunilamento. Queria me desculpar com as eliminadas, mas teve de ser assim.
Sugiro que leiam ouvindo I Can Go The Distance, de Hércules.



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Arthur suspirou. Sua mãe fizera questão de acordá-lo pessoalmente naquele nada-lindo-dia. Afinal, era hora de mais um afunilamento. Outra sofrida eliminação.

E, como que para melhorar tudo, ele estava indisposto como no dia anterior. Seu tom de voz autoritário assustou até a si próprio.

“Então, Arthur, como vai ser?”, o tom da mãe, porém, indicava que ela não desistiria facilmente. Estava pronta para qualquer coisa.

Ele, porém, balançou a cabeça em negação. “Não vou lhe dizer, mãe. Sinto muito.”

“Como não?”, America pareceu convicta. “Preciso providenciar de que sejam avisadas.”

“Eu mesmo o farei.”, o Príncipe declarou, tão convicto quanto a mãe- que se chocou um pouco.

“Mas, filho-“

“Sem mas, Majestade. Eu tenho 20 anos.”, ele a cortou, pensando que tinha acabado de ultrapassar um limite. Os olhos gelados da mãe confirmaram isso, mas ela ficou quieta. A gravidez devia estar afetando sua cabeça-quente. “Vou ser Rei em breve. Está mais que na hora de eu aprender a cuidar de minhas coisas.”

Ela torceu o nariz de brincadeirinha, e riu. Arthur ainda via a raiva no gelo de seus olhos, mas se forçou a sorrir. “’Suas avós estão aí.”, a ruiva se virou. “Querem falar contigo assim que possível.”

Arthur sorriu de verdade ao pensar nas avós. “Falarei-lhes depois. Primeiro, o afunilamento.”

“Agora sim, falou como um Rei.”, e deixou o quarto, a barriga lhe pesando.

***

May Cooper e Sarah Deveraux aceitaram normalmente sua eliminação.

May contou à Arthur como fora parar ali, e ele riu. Prometeu-lhe que mandaria cartas; e disse que queria conhecer sua irmã, a princesinha.

Segredou à Sarah que lhe ajudaria na busca pelos pais biológicos, discretamente. Atuaria nos bastidores da coisa.

Ambas foram ótimas amigas, muito compreensivas. Arthur ficou triste por ter que manda-las de volta para casa. Ela disseram à ele o que pensavam de cada uma das garotas, de suas intrigas, suas amizades... tudo. Era estranho como, mesmo estando com elas todos os dias, ele as conhecia muito mal.

Mas ainda faltava uma garota.

Ele bateu na porta à sua frente, e uma loira abriu.

“Alteza.”, Hilda Crane disse, e o reverenciou.

“Senhorita Crane.”, ele devolveu. “Posso entrar?”

“Claro.”, Hilda saiu da frente do portal. “Fique à vontade.”

Ele a olhou, curioso. Hilda parecia distante, pensando em outra coisa. Seus olhos mostravam tamanho desinteresse que Arthur quase se entristeceu. Antes que pudesse conter, uma pergunta saltou-lhe aos lábios: “Por que ainda está aqui?”

Ela pareceu surpresa por um momento. Então sorriu. “Perdão, Alteza?”

“Seu desinteresse é veemente, senhorita.”

“Sério?”, ela perguntou, vermelha, e enfiou a cabeça nas mãos. Riu sem-graça. “Minhas desculpas.”

“Não deve se desculpar.”, Arthur devolveu, sorrindo desajeitado. “Nenhuma de vocês é obrigada a me amar. Mas eu espero que uma de vocês o faça.”

“Essa não serei eu, Alteza. Me perdoe, mas não sou sua garota.”, a loira falou, tímida e cabisbaixa.

Arthur colocou a mão em seu ombro, sentando ao seu lado na cama. “Por que continua aqui?”, murmurou, a voz suave como a do Rei quando queria.

“É que..”, ela começou, temerosa. “acho que me, hm, apaixonei pelo seu irmão.”

“Anthony?”, Arthur perguntou, se repreendendo mentalmente: Não, imagina. É claro que foi por Phillip. “Ele não é, hm, a pessoa mais indicada para se apaixonar. Principalmente nessa situação. E é muito, hm, versátil. Pra não falar galinha.”

A loira soltou uma risada fraca, balançando a cabeça. “Falou, cara das 35 namoradas.”

“Vocês combinaram de me chamar assim ou o quê?”, o ruivo brincou, e Hilda sorriu, cansada. Se segurou para não responder: Ou o quê. “E, a partir de hoje, serão só 29.”

Um silêncio pairou sobre eles durante alguns minutos, e o sorriso de Hilda se abrandou. “É por isto que está aqui, não é?”

Arthur se desajeitou. A garota o pegara de surpresa. “Hã?”

“Alteza, creio que tenha me ouvido perfeitamente.”, ela devolveu, cética. “Eu estou fora, não estou?”

Ele baixou a cabeça. “Infelizmente, senhorita.”

“Então, devo me aprontar para a partida.”, ela se levantou, e Arthur a acompanhou.

“De fato, senhorita.”, ele beijou a mão da loira, que lhe fez uma reverência. “Espero lhe ver no almoço.”

“Com a sua permissão, Alteza.”, ela riu, e Arthur deixou o quarto. Hilda era divertida, no final.

Mesmo assim, sua cara queimava. Não era surpresa que alguém se apaixonasse pelo irmão, mas, agora, isso podia significar uma tragédia. Anthony poderia virar Oito; e, apesar dos apesares, eles ainda eram irmãos.

Pensava nisso quando ouviu duas cozes, vindas do pé da escadaria. As reconheceu de imediato: Magda Singer e Amberly Schreave, vulgo avós, o aguardavam.

Escorregou pelo corrimão, silenciosamente, parando atrás da avó Magda. Colocou o dedo na frente da boca, para que a avó Amberly não o denunciasse, e então pôs ambas as mãos nos ombros da ruiva: “Bu!”

Ela deu um pulo para o lado, e um gritinho. Arthur se pôs ao lado dela, rindo. “Arthur! Sua avó está velha! Não faça isso!”

Amberly segurava o riso educadamente. “Magda está certa, querido.”

Ele a mirou, cético, dizendo: Você estava à beira dos risos. Seus olhos castanhos, porém, respondiam: Eu também já estive a beira da morte, mas continuo aqui.

A ex-Rainha, na realidade, ficara à beira da morte por meses, um ano e pouco. Tinha variações toda noite, chamava pelo falecido marido e pelo filho. Quando voltou à si, America já havia tido Louise.

“Desculpa, vó.”, ele riu um pouquinho, e beijou a bochecha das duas. “Ouvi dizer que queriam me falar.”

“De fato, meu querido.”, Amberly enlaçou seu braço no do neto, enquanto Magda fazia o mesmo.

“Vovó, não me chame de querido.”, Arthur disse.

Magda riu. “Você se parece tanto com seu pai...”

“Discordo.”, Amberly brincou. “Acho que ele puxou à mãe.

Arthur entrou na brincadeira. “Só tentam não começar uma discussão como da última vez.”

As duas riram. Arthur adorava estar com as avós, mas tinha certeza de que elas não viriam até ali para discutir frivolidades como com quem ele se parecia. Magda e Amberly sempre tinham seus motivos, mas apressá-las a conta-los seria suicídio. Ele conhecia às avos melhor do que isso.

“Mas, Archie”, Magda disse, quando eles se sentaram no jardim. “, diga-nos: o que está achando da Seleção?”

“É estranhamente surpreendente.”, ele respondeu.

“E as meninas?”, Amberly tornou. “O que acha delas?”

Ele se forçou a pensar antes de responder. “São adoráveis, em sua maioria.”, pensou mais um pouco, escolhendo alguns nomes. “Umas mais do que outras, mas totalmente adoráveis.”

A ruiva riu. “E alguma delas te machucou, como sua mãe fez ao seu pai?”

Arthur se lembrou do tapa dos finos dedos de Alyssa, mas se limitou a um balançar de cabeça.

“E alguma delas é, hm, meio claustrofóbica como sua mãe?”, a morena levantou uma sobrancelha, enquanto era fuzilada de brincadeira por Magda.

Arthur balançou a cabeça de novo.

“Então conte-nos como está sendo, oras!”, Magda o cutucou, e ele riu.

Quando deu por si, suas avós sabiam de tudo. De suas preferencias, seus encontros, suas perspectivas. Tudo.

Era bom tê-las ali. Ele nunca contaria tudo para mais ninguém.

“Interessante.”, Amberly coçou o queixo. “As meninas são diferentes das minhas colegas ou até mesmo das de sua mãe.”

“São únicas, vó.”, Archie concordou.

“E como.”, Magda assentiu. “Mas, na verdade, todas são assim no mundo real. Sua avó Amberly sempre teve uma visão enobrizada do mundo, Archie, querido.”

“Não me chamem de querido.”, ele resmungou. “É humilhante.”

“Mas você é nosso querido netinho, não é?”, Amberly lhe fez um carinho na bochecha, seguida por Magda. Arthur acabou por abraças as duas, rindo.

“E sempre vou ser.”, murmurou.


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Notas finais do capítulo

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