04/08, Quarto de Arthur Schreave, Palácio de Illéa. 2:36p.m.

Arthur quase roía suas unhas. Em questão de minutos, as suas trinta e cinco possíveis escolhidas estariam chegando ao Salão das Mulheres, para que passassem por alguns consertos. Porém, depois das fotos, ele queria que ninguém tocasse nas garotas. Elas eram dele; e, até sair da Seleção, exclusivamente dele. E olha que o príncipe não costumava ser egoísta assim.

Ele caminha até a sacada e por alguma coincidência da vida, é na hora em que Agatha aponta sua suíte, do jardim. As Selecionadas contemplaram a (linda, se me permitem) visão do príncipe sem camisa, apoiado no guarda corpo. Ele, que olhava os muros, não percebeu o grupo até que todas, em conjunto, fizeram uma reverência. Olhou, então, o estranho grupo. Loiras, morenas e ruivas; altas e baixas; com aparência nobre e desleixo evidente. Correndo os olhos, enfrentou o páreo duro oferecido pelo frio olhar de Aurora Bocchi. A garota era a única que não ficara vermelha, pois eles já se conheciam previamente. Ela balançou a cabeça, fingindo desaprovação. O príncipe segurou a risada.

Sara Reynolds parecia prestes a desmaiar: era Arthur. Ali, logo ali. Tão perto, mas tão longe. Victoria Alasca(a qual tratarei por somente Alasca, pois existem duas Victorias) não pode conter um suspiro, assim como a agora conhecida Beatrice Winchester, a garota que gritou com o governador. Arthur se assustou um pouco diante da reação das demais, e se sentiu mal. Ele próprio ficou da cor de seu cabelo, ao se lembrar que estava sem camisa. Acenou antes de entrar no quarto de volta. Ele não deveria vê-las. Elas não deveriam vê-lo. Mas, como de praxe, isso não funcionou.

Logo depois do incidente, as garotas continuaram seu tour pelo castelo. Agatha as guiava, e suplicava mentalmente para que essa bendita Seleção acabasse logo. Como se estivesse lidando com crianças, a mulher falava pausadamente e sempre lembrava as garotas de não tocar em nada. Sarah Campbell Chase, para ela, era a mais irritante de todas as garotas, com todas as tatuagens e tal. Ela também estava odiando Demetria Elizabeth Morgan, com o jeito frio de falar e o mascar irritante do chiclete. Agatha odiava chicletes.

Charlotte Duncan estava tendo dificuldades particulares, afinal, era cadeirante. Rampas portáteis haviam sido instaladas, mas os guardas não deixaram a garota subir com a cadeira: lhes parecia muito perigoso. Então, é claro, um deles a carregou. Esse foi Marcus Leger, filho mais velho de Aspen e Lucy Leger. Tanto Charlotte quanto as outras ficaram encantadas com a doçura e cortesia do louro de olhos verdes. Algumas outras, como Piper Signoretti, tentaram até mesmo fazer o homem tropeçar para tirar a atenção de Lottie. Mas, é claro, não deu certo.

Vez ou outra Juliet Grace gritava pelas galerias "Aquele quadro é do meu pai/mãe/irmão(N/A:/cachorro, tio, papagaio... Eu pensei nisso, mas...)!". E algumas elogiavam, outras sentiam inveja e outras ainda sentiam que o remonte à casa trazia uma pontada de nostalgia.

Agatha, a pobre coitada, queria somente um belo tampão. Quem olhasse pensaria que ela estava sozinha naquela jornada, mas, na verdade haviam assessoras à disposição das garotas: elas foram divididas em sete grupos. Por esses grupos, ficaram responsáveis funcionárias aleatórias. Que, no momento, faziam uma reunião não tão às escuras.
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04/08, Sala de Agatha Nienor, Palácio de Illéa. 3p.m. Assessoras das Selecionadas.

"Okay, meninas.", disse Amandla, a sub-chefe das assessoras, "Não sou a Agatha para passar sermão, mas temos que ser sérias aqui, está bem?", a sala assentiu, e a mulher se direcionou à uma garota em especial, Lux, "Então, Lux, jogue esse chiclete fora. Preciso de sua atenção.", a loira suspirou, fazendo o indicado. As outras riram "Está bem. Vocês têm que saber quem são suas garotas, pois vão lidar com elas por toda a sua estadia a partir do momento que elas pisarem fora do quarto. Agatha se auto-excluiu da contagem, então é o seguinte: eu vou ficar com a Duncan, a Blanco, a Bocchi, a Evans Rosier e a Gardner. E é isso. Já você, Annia querida, pegou a Spinelli, a Payne, a Sobrine, a Crane e a Petrov. Belle, com você estão Grace, Lancaster, Young, Salvatore e... Swan.", observou, as sobrancelhas levantadas. Como assim? Que sobrenome era aquele?

"Isso deve ser brincadeira!", diz Annia, uma baixinha dos cabelos cor de bronze "O sobrenome da garota não pode ser Cisne!"
"Mas é. E ainda por cima, são todas ruivas.", Amandla observou de novo.

"Uhu! Ala das ruivas! Red on the head, fire on the bed! As minhas meninas vão vencer essa joça!", grita a ruiva Isabelle, fazendo festa.

"Que seja. Lux, minha não-tão-linda, você ficou com a Campbell, Morgan, Padley, Timber Davis e Hellfield."

"Obrigada pela parte que me toca, minha menos-linda-ainda Amandla. E eu fiquei até arrepiada com o nome dessa última. Hellfield. Ui.", Lux brincou, dando uma falsa tremida. Muito falsa, por sinal.

"Hm, Okay. Eu só quero acabar essa coisa pra fazermos o bolão.", diz Amandla, compenetrada.

"Não te avisaram não, Amandla?", pergunta a doce e calma Carmen, e Amandla balança a cabeça, "O bolão só vai ser feito depois do café. Amanhã de manhã."

Amandla bufa. Ela concordara em fazer tudo no lugar de Agatha só para elas poderem fazer o bolão. Tinha fortes apostas sobre quem sairia na primeira eliminação. Mas, como tinha uma memória um tanto falha e uma língua um tanto grande, queria falar logo o que pensava sobre o assunto, para que todos soubessem.

"Monday, você está com a Lewis, a Du Barry, a Hudson, a Viana e a Deveraux."

"Confere, capitã!", a morena com nome de dia de semana diz, batendo uma continência.
"Clariance pegou a Pleasent, a Onuki, a Smith, a Delacour e a-"Amandla tentou falar, mas foi interrompida por Clariance:

"Sara Reynooolds!! Minha Dois diva, linda, gata, cantora inigualável e futura Rainha!", gritou a morena dos cabelos lisos, explodindo em felicidade. A garota era sua ídola.

"Clariance, cale a boca. Entendemos que você ama, adora, cultua e louva essa menina, mas temos trabalho a fazer aqui.", Isabelle sai dos eixos, e Clariance se encolhe num canto, com a costumeira cara amarrada. Amandla respira fundo antes de continuar.

"Carmen, você está com a Cairstairs, a Cooper, a McLean, a Signoretti e a...", a mulher claramente tentara permanecer firme, mas sua voz sumira. Olhava para a folha, espantada.

"Que foi?", pergunta Carmen "Não pode ser tão ruim assim."

Monday pega a folha das mãos de Amandla, e arregala os olhos quando os coloca no papel. Pisca forte, voltando à realidade. Se vira para Carmen.

"Depende.", diz, "Você considera ter numa mesma sala uma garota conhecida por ser esnobe e outra conhecida por ter gritado com uma autoridade? Porque se considerar..."

"Você quer dizer Piper Signoretti e Beatrice Winchester?", Carmen grita, e Monday somente engole em seco, com pena da amiga, o que já é o bastante, "Estou perdida! E se elas fizerem coisas erradas? Vou ser prejudicada?"

"A triste notícia é que talvez, Cammy.", Amandla coloca a mão no ombro da loura, em uma falha tentativa de consolo, "Mas está tudo bem. Acho que não pode ser ruim assim."

"Então eu tenho outra notícia pra você: pode sim!", a garota já estava a chorar. Como sua mãe, Lucy Leger, e diferente do irmão, Marcus Leger, ela era sensível, "Eu escolhi trabalhar aqui, Amandla! Não posso falhar!"

"Você não vai falhar.", diz Isabelle, "E, se acontecer-"

"Não que haja uma remota chance de acontecer, claro.", acrescenta rapidamente Lux.

"Se acontecer, você é da Dois.", retoma Isabelle, "As pessoas não vão te rejeitar do modo que me rejeitariam ou a qualquer outra. Nós somos Seis. E essa é nossa melhor e única chance."

"Eu sei, meninas, eu sei. E não é justo com vocês.", Carmen limpa suas lágrimas, "Mas não foi eu que escolhi assim. Foi Gregory Illéa. E o Rei está mudando isso, vocês sabem."

"Sabemos.", Annia interrompe, "Ele desfez a Oito. Foi assim que vim parar no Palácio. Me transferiram para a Seis."

"Calma aí.", Clary(Clariance) faz sinal de para com as mãos, "Aquela menina, Delacour, era da Oito. Até virar Três e tal, claro. Mas era da Oito. Por quê?"

As meninas se entreolharam. Ninguém sabia porquê diabos Sofia Delacour não fora movida da Oito. E saberiam só muito depois: ela não era Oito de nascença. Era uma órfã, que vivia como os, agora inexistentes, Oitos. Uma mendiga. Um dos poucos casos assim em toda a Illéa.

"Bom, meninas,", disse Agatha, aparecendo na porta, "fiquem felizes em saber que não vão ter que se preocupar com isso. Não é para o bico de vocês."

"Agatha. Já passei os grupos."

"Muito bem, Amandla. Estou exausta. Que tal o bolão?", diz Agatha, se sentando ao chão junto às assessoras, que caíram na risada.
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05/08, Segundo Andar do Palácio de Illéa. 1:27p.m.

Arthur andava pelo Segundo Andar, como que esperando alguma garota sair implorando para ir ao Jardim. Mas, é claro, aquilo era coisa de seus pais. As garotas haviam passado o dia no Salão das Mulheres e nos Quartos, e ele ainda não vira nenhuma delas depois do pequeno incidente. Ele teria que acordar cedo para o café, mas era o Príncipe. Achava que não teria problema em pedir mais cinco minutos de sono, apesar de seus 20 anos dizerem o contrário.

Olhava cada plaquinha, examinando o nome das garotas- como se já não os soubesse de cor. Smith, Sobrine, Delacour... Ele pensava em toda a diversidade que tinha em seu Palácio. Ali haviam garotas de quase todas as Castas. Só a Sete não tivera uma Selecionada. Quer dizer, até a Oito, que nem existia, tinha mandado uma garota. Nem existia. Por causa de seu pai.

O Grande Rei Maxon. O Justo. O Piedoso. O Implacável. O pai perfeito. Arthur se perguntava se algum dia conseguiria sair da imensa sombra que seu pai fazia sobre ele. Muito embora Maxon fosse o Ídolo, o Herói, do filho; Arthur não queria ser só Arthur, o filho de Maxon. Ele se lembrou de um livro muuuito velho que lera uma vez, chamado O Silmarillion, de J.R.R Tolkien. Nesse livro, sempre se lembrava de quem as pessoas eram filhas. Ele não queria ser como Malach, que era simplesmente o filho de Marach- ou vice-versa, esses nomes são uma complicação que só vendo. Ele queria ser como Túrin Turambar, o filho de Húrin, ou Tuor, o filho de Huor. Esses heróis eram filhos de enormes guerreiros, mas fizeram sua própria fama. Era isso o que Archie queria. Na verdade, ele não sabia se queria ser Túrin, porque, entre os homens, ele foi um dos que tiveram uma das mais horrorosas sinas- perdeu o pai, a irmã, se mudou pra longe sem a mãe, foi tomado como filho adotivo, se arrependeu fugiu, encontrou uns homens, viveu com eles, achou sua outra irmã, mas ela tinha perdido a memória, se casou com ela, aí quase morreu lutando com um dragão, mas matou ele, ficou desmaiado, acharam que ele tava morto, ele matou o cara que falou isso, a irmã dele se lembrou de tudo e se matou e ele morreu. É, Arthur não queria ser Túrin.

Seu devaneio foi interrompido por gritos femininos,mas desta vez ele não tentou ver quem era a Selecionada. Na verdade, se escondeu. Só foi reportado do acontecido na manhã seguinte. Mas os gritos ficaram em sua mente:

"Me soltem! Quero ficar na Sala de Música!", gritava a garota.

"Receio que não possa, srta.", um dos guardas respondeu.

"Timber Davis! Isla Timber Davis!", a garota gritou em resposta.

"Senhorita Davis, no momento, a sala está restrita a membros da família real.", o guarda respondeu, "E eu sinceramente não sei se alguma de vocês poderá vir a usá-la."

"Hmpf. Eles nem devem usar aquele paraíso."

"Mais do que você pensa, Senhorita. Agora, tenha um bom sono.", o guarda pôs Isla no chão, e ela bateu a porta do quarto.

Arthur correu de volta para seu quarto. Pelo que viu, teria um longo dia.