Desumano escrita por DreamRock70


Capítulo 1
O Monstro Dentro de Cada Um


Notas iniciais do capítulo

Se vocês gostarem e tiver uma boa recepção, porque sim, eu prefiro escrever terror a romance, eu posso fazer uma maior nesse estilo.



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Uma vida amaldiçoada tem o desejo de amaldiçoar as demais vidas. E era isso que eu desejava, um pouco de sangue inocente correndo pelos meus dedos e alcançando meus lábios pálidos, buscaria um pouco de vida em mim mesma, algum propósito maior do que só a total falta de sentimentos. Mas essa era minha situação em estado permanente, poderia ver uma flor e uma mulher esviscerada da mesma maneira e sob as mesmas expressões, bem, talvez houvesse certo prazer em ver a mulher esviscerada.

Buscar o prazer no que espanta, enfurece e entristece as demais pessoas, pode tornar sua vida complicada. Ou você aprende a resistir ou se joga da total decadência dos instintos mais obscuros e malévolos. Quanto a mim, estive resistindo durante todo esse tempo. Imagine não querer ferir alguém não por medo de machucar a pessoa, mas por medo de acabar gostando e sorrindo, de sentir uma satisfação na expressão de dor e no saber que infligiu sofrimento a alguém.

Saí de casa em busca de um fim para essa ansiedade mórbida que vinha me seguindo. Em cada espelho vejo uma sombra distorcida que sorri diabolicamente e diz “Vá, acabe logo com essa resistência, satisfaça-se”, e eu tinha a intensão de fazê-lo. Se antes as amarras de uma moralidade implantada por meus pais me impediam de seguir além, naquele momento me via tomada pelo desejo irrefreável, isso não é algo que eu possa conter, eu não queria conter.

Avistei aquela que seria meu caminho até a ascensão do prazer. Tirei minha melhor tesoura do bolso, a que me ajudou a cortar muitos pedaços de pano junto a minha mãe, aquela cuja minha mão sempre tremeu ao empunhar. Tinha comigo também um pacote de agulhas que fora esquecido em uma gaveta há muito tempo. Aproxime-me da mulher de aparência grotesca e modos vulgares, parada displicente próxima a um poste. Solitária, não pareceu notar-me até que me fixei a sua frente. Ouvi um “O que você quer?” cuspido de forma grosseira, cheirando a cigarro e a bebidas. Aproveite-me da tão conhecida escuridão e a atingi em cheio no crânio, ela pendeu e então caiu.

Arrastei seu corpo até uma parte ainda mais afastada e obscurecida, apoiei suas costas em uma cerca num terreno baldio, amarrei suas mãos e pernas com uma boa corda que também trouxera. Não adiantaria amordaça-la e eu queria ouvir sua dor, já não me importava mais se todos me vissem e se eu fosse punida por meus atos, eu estava completamente incontrolável.

Assim que ela acordou, uma enxurrada de xingamentos e obscenidades saíram daquela boca imunda, então fiz a primeira coisa que meu corpo teve vontade de fazer, do bolso peguei minhas agulhas, desferi um tapa com total força para que ela se calasse e assim, puxei sua língua para fora, firmemente para que ela não pudesse puxá-la e para que não escapasse entre meus dedos, rápida e firmemente enfiei a primeira agulha naquele músculo. Um grito estridente e maravilhosamente lamurioso saiu daqueles lábios vermelhos e o sangue começou a escorrer.

Num movimento involuntário para tentar colocar a língua novamente na boca, assim que a soltei, devido ao tamanho da agulha esta acabou prendendo entre os lábios e parando, enquanto a língua voltava agora com um imenso rasgo. Outro grito agoniado e falho fez-se ouvir, fazendo todo meu corpo se arrepiar e uma satisfação calorosa tomar conta de mim. Uma grande quantidade de sangue começou a escorrer dos lábios daquela mulher, cujo nome eu não sabia.

Sem demora, peguei mais duas agulhas, enquanto ela gritava de forma incoerente, algo que creio, eram súplicas pela sua vida, mas isso não a ajudaria. As agulhas foram inseridas nas bochechas dela, encontrando-se no interior da boca, algo que tornou difícil a tarefa de gritar. Arranquei ambas as agulhas e guardei uma delas.

Peguei a tesoura, já vendo e ouvindo alguma movimentação por perto, logo eu estaria acabada, mas pelo menos experimentara a verdadeira felicidade. Rasguei o pescoço daquela desconhecida com a tesoura, uma torrente de sangue atingiu meu rosto, e foi como se meu coração tivesse começado a bater só naquela hora. Um ultimo lamento engasgado saiu de sua boca antes de seus olhos perderem o brilho e morte alcança-la.

Ouvi passos atrás de mim, mas ignorei-os, aproveitando o êxtase em que me encontrava. Não sei dizer ao certo o que fiz naquela noite, após ter matado aquela mulher, minha mente se entorpeceu completamente. Pude saber apenas no tribunal, meses depois, que num ataque de fúria completamente assombroso, matei mais dois homens e uma mulher, curiosos a respeito dos gritos.

Agora estou numa casa para doentes mentais porque sou “perigosa demais até mesmo para bandidos, uma completa psicopata sem conhecimento de limites”, não espero que eles entendam minha completa alegria por aqueles atos, sou considerada um monstro desumano, mas sou tão humana quanto qualquer um e mesmo que todos tentem negar, resistir e refrear, todos temos um monstro dentro de nós, só o que eu fiz foi deixar o meu sair.


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Notas finais do capítulo

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