POV Aquamarine Cancilliery

Acordo, procurando Eden ao meu lado, mas ele não está. Deve estar tomando o café da manhã mais cedo hoje ou ficou olhando o céu como raramente fica. Mas hoje não vai ser uma surpresa isso acontecer, afinal, hoje é o dia da Colheita.

Levanto, percebo que estou usando uma roupa completamente suja, então a troco por outra bem mais bonita e limpa, eu não posso ir feia e suja para a Capital. Você pode se perguntar por que eu vou ir para a capital com tanta certeza. Eu vou me voluntariar, porque meu namorado morreu ano retrasado nos jogos, e agora vou ganhar. Eu sempre quis ir aos jogos, claro, pois sou do distrito 1. Mas agora é outra coisa. Eu quero me vingar da capital, ganhar esses jogos e poder finalmente começar algum tipo de rebelião que pode Pará-los, apesar de não ser a coisa mais fácil do mundo.

Vou até a sala, olho em meu relógio, Seis e dez da manhã. Geralmente minha família acorda lá pras sete e meia, mas é melhor assim, vou poder conversar com Jade, minha amiga antes de ir para a praça me voluntariar.

Lá está ele, Eden, diferente de como sempre o vi, ele é um pouco menor que eu, mediamente musculoso, seus cabelos grandes que chegam até o pescoço. Está sentado no quintal olhando o belo nascer do sol que não durará muito tempo. Exatamente como imaginei. Vou até ele e sento á seu lado.

– Oi – digo.

– O que você quer? – responde ele, com arrogância. Diferente de todos os dias.

– Por que tá assim hoje? Você sempre está calmo...

– Por que sim, eu já decidi irmã. Eu vou para os Jogos esse ano – Diz ele, e olho com uma cara de terror.

– Não. – digo e ele faz uma cara de por quê? – Eu vou para os Jogos. Você não pode ir junto!

– Não, deixa que eu vou. Eu ganho, e ano que vem você vai, ok? – diz ele.

– Quem se voluntariar primeiro ganha. – digo, mas ele sabe que as garotas são sempre escolhidas primeiro – fica aqui mais um pouco, você vai ter mais tempo pra ficar com o Gold – completo.

– Não coloca meu namorado na conversa! – Exclama ele. E sim, é o que você está pensando.

– Então ta, eu me voluntario e você não vai poder fazer nada! – digo, me levantando – Tchau, eu vou sair um pouco. – completo.

Perfeito, se eu me voluntariar ele não poderá fazer nada, e terá que ir ano que vem! Ando até um quarteirão depois de minha casa, e me encontro com Jade, minha melhor amiga.

– Oi! Tudo bem? – pergunto.

– Claro, e você? – ela responde.

– Nada bem, eu vou para os Jogos nessa colheita! – digo, e ela fica chocada.

– Mas você só tem 16! Por qu- eu a corto.

– Por causa do Chiffon. Eu quero acabar com os Jogos!

– Antes dele morrer ir para os jogos com 18 era seu sonho. – retruca ela. – Todos morrem nos jogos, se ele ganhasse seria pior. Pense, ele todo ano sendo tirado de você para dizer a dois jovens como matar pessoas. Não gostou, né? Então para! – diz ela, eu não posso contrariá-la, mas ela não pode me impedir de ser voluntária.

Depois de algum tempo, volto para casa, Eden não está nem falando comigo, me arrumo do jeito que consigo e depois, ás uma e meia da tarde, finalmente estamos na praça, faltam meia hora para a Colheita, como tenho 16 anos, fico no mesmo local que Jade, ela está a meu lado, mas não fala uma palavra.

Finalmente começa tudo, o prefeito lê um texto incrivelmente longo que conta toda a história de Panem e blá blá blá... Depois Mary Jason, a mulher da capital que vem aqui todo ano para ler – ou ouvir – os nomes dos tributos se levanta da cadeira e vai até o globo de vidro onde se encontram o nome de todas as garotas elegíveis para os jogos.

– Primeiro as damas! – diz ela, como sempre – Temos alguma voluntária? – pergunta ela, mas não respondo, acho que não conseguirei gritar isso, mas, como raramente acontece aqui no 1, ninguém diz nada. – Então vamos escolher a garota! – ela diz, pega o primeiro papel que se encontra no globo de vidro e começa a ler seu nome. – Jade Lafayette! – ouço, e minha mente processa o nome de maneira lenta, como se fosse uma pessoa totalmente desconhecida.

Jade, minha amiga foi escolhida para os Jogos, ela começa a andar em direção ao palco e quando ela levemente olha para mim e dá um sorriso como se estivesse dizendo “Tchau” eu volto à realidade e faço o que quis fazer dês de o início, mas não tive a coragem até agora.

– Eu me ofereço! – grito, desesperada e corro para frente de Jade – Eu sou voluntária como tributo! – completo.

Subo ao palco e Jade me olha como se estivesse cometendo algum tipo de crime, mas não me importo, agora, com esse grito acabei de superar meus dois obstáculos, Jade e Eden.

– Qual seu nome, garotinha? – pergunta Mary.

– Aquamarine Cancilliery. – respondo, sem muito entusiasmo.

– Então agora vamos conhecer o rapaz! – diz ela andando até o globo de vidro, parece que ela se esquece de perguntar sobre os voluntários e já escolhe um pequeno papelzinho com o nome do garoto que foi escolhido. – Gabe Los- Ela é cortada por uma voz mais desesperada que a minha, e quando reconheço a voz, não deixo de perceber que o único obstáculo que superei foi Jade.

– Eu sou voluntário! – grita ele correndo até o palco.

– Oh! É mesmo, eu esqueci de perguntar “por você”. – diz ela, complementando sua fala com uma pequena risada. – Então... qual seu nome, meu rapaz?

Ele olha para mim por um curto tempo e depois finalmente volta a atenção para a pergunta de Mary quando responde com uma voz que faz uma lágrima cair do meu olho direito, agora só um de nós vai poder sair vivo de lá, se é que um de nós vai sair de lá mesmo.

– Meu nome... Eden Cancilliery.