Filho da Mentira escrita por Sirena


Capítulo 13
The Girl


Notas iniciais do capítulo

Haverá a introdução de um novo personagem. Espero que gostem.
Gostaria de dedicar este capitulo a todos aqueles estão lendo e ainda mais aqueles que estão comentando. Vocês são o que me motivam a continuar.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/490297/chapter/13

Capitulo Treze

The girl

Thor

– A partir do momento que você entrou aqui você não é mais merda nenhuma!- A voz do tutor ressoou na minha mente, enquanto eu olhava minha imagem no espelho partido.

–Qual é o seu nome?- Ele perguntou, apontando o dedo indicador para mim.

–Sou Thor, filho de Odin- Respondi com naturalidade.

Ele sorriu, sarcástico.

–Veja todos, se concentrem nessa figura. Este aqui é um príncipe, filho do rei. Alguém aqui quer se curvar perante ele?- Declarou, acompanhado por um coro de risadas.

–Eu vou te falar a verdade aqui “Thor filho de Odin”. Você não vale nada aqui. Um gato apodrecendo vale mais que você. O lixo vale mais que você. Qualquer coisa vale mais que você. – Ele disse, pausadamente cada frase- Esqueça seu nome. Esqueça qualquer coisa do seu passado. Pois aqui o que você era e o que você foi não vale absolutamente nada. Se você continuar se alto denominando filho do rei aqui, alguém vai te matar e depois arrancar suas tripas e juro que ainda o irei ajudar queimando seus restos como se fosse um assassino ou um qualquer jogado nas ruas. Estamos entendido?- Ele indagou, olhando fixamente para mim.

–Sim, senhor- Respondi, tentando manter a compostura.

Fechei os olhos por um instante, abrindo-os logo em seguida. Estava tentando me acostumar com os cabelos castanhos escuros curtos, desgrenhados, como se eles próprios estivessem tentando se adaptar. Por mais de dez anos havia os preservado longos, na altura dos ombros, extremamente semelhantes aos que meu irmão mais velho usava.

–Acabou- Declarou o homem responsável pelo corte. Outro garoto, alto e louro aproximadamente um ano mais novo que eu se preparava para o mesmo procedimento, realizar o “corte padrão”.

Levantei-me imediatamente, dirigindo-me ao Salão Central. Nenhum dos meus pertences havia permanecido comigo, nem meu arco, nem a flecha, nenhuma arma. Nem mesmo o cantil com agua fora permitido. Tudo entregue para meus superiores para ser queimado. Para que se transformasse em cinzas.

Como meu passado.

E sem duvida era isso que eu mais queria. Que tudo simplesmente desaparecesse. Não importava o preço que iria pagar.

Olhei para o colar com o brasão de Asgard, a única coisa que restara. A única macula visível do meu passado conturbado.

–Admirando suas jóias filho do rei?- perguntou uma voz delicada.

Imediatamente virei-me em direção ao som frágil que despertara minha atenção. Tratava-se de uma garota com cerca de dezoito anos, o rosto pálido e delicado com maças ressaltadas, destacas pela massa de cabelos negros controladas por uma tranças que se estendia até seu joelho. Os olhos eram puxados, finos e pequenos, azuis acinzentados, expressivos.

–Não é uma coisa digna de destaque- Respondi.

–Qual foi o preço?- Ela indagou.

Balancei a cabeça, tentando apagar as lembranças. O sangue em minhas mãos, os gritos de dor tão altos que pareciam que iriam me deixar surdo.

–Alto- Respondi, esquivando-me dos detalhes.

–Então ela é digna. - A garota respondeu.

–Está indo em direção ao Salão Principal?- Perguntei.

Ela sorriu, brevemente.

–Foi uma ordem, não foi? Ir para aquele lugar maldito?- Havia um traço sutil de raiva em sua voz, presa, controlada.- Não está muito acostumado com ordens?

–As pessoas tem uma visão diferente de viver com a merda de um rei.- Retruquei.

–È como quando alguém lhe pergunta se é pior morrer queimado ou congelado. Todos falam que é melhor morrer congelado, pois não param para refletir a questão como um todo, usar a razão para dizer a resposta.

Quando são as chamas que o engolem você sente dor, agonia, porem em menos de dez minutos seu corpo se desintegra e todo seu sofrimento dissipa. Mas quando é o frio, você congela até sua pele ficar negra e apodrecer com você vivo, respirando. Você sente seus dedos se separando de sua mão, o sangue em suas veias congelando. Um processo bem mais lento que o calor e muito, muito pior. Por que a morte demora em te alcançar, para encontra-lo. E você implora por um fim que parece que nunca irá chegar. Isso se chama tortura. E a tortura é muito pior que a morte.

Suspirei, parando alguns segundos para refletir sua frase.

–Você viveu nas chamas ou está sendo congelada?

–Eu ainda estou no gelo. E sei que passarei toda minha vida presa ali. No sofrimento. –Uma pausa-Você não tem medo?

–Do que?

Ela abaixou os olhos, enquanto colocava uma mecha de cabelo solta atrás da orelha.

–Do frio?- Perguntou a garota, nossos olhos se encontrando.

–Eu nasci no gelo, num lugar mais frio que dez invernos. O que eu temo é o fogo.

Ela abriu um meio sorriso, fraco, triste.

–Acho que você não conhece o verdadeiro inverno. Seu conhecimento mais extenso são as chamas. Talvez você já se extinguiu no fogo. Foi queimado. Provavelmente teve a chance de ver a nevasca e os primeiros sinais do inverno, mas jamais viveu nele. Nunca teve a chance.

–E como tem certeza?- Estávamos próximos do Salão Central quando fiz esta pergunta.

Ela encobriu a mão direita com a esquerda, fazendo-me notar pela primeira vez que a garota não possuía o dedo mínimo na esquerda, nada a não ser um toco encoberto pela pele disforme.

–Eu apenas sei- Ela disse apressando o passo.

–Ei!- Chamei-a, correndo para alcança-la- Você se vai antes mesmo de se apresentar?

–Nós não temos um nome aqui. Na verdade, faz mais de dez anos que não utilizo o meu.- Ela disse, sem se virar para me fitar.

Numa atitude impulsiva, agarrei seu pulso fino, tentando fazer com que ela parasse.

–E se tivesse um nome. Qual seria?

Ela me encarou com seus pequenos olhos azuis, a respiração fraca saindo pelos lábios finos e rosáceos.

–Se eu tivesse um nome e se fosse digna de usufrui-lo, carrega-lo como no dia em que fui abençoada com ele, meu nome seria Sif.

Eu larguei seu pulso.

–Foi um prazer conhece-la.

Ela olhou para baixo.

–A pergunta é... Por quanto tempo? - Ela disse, se afastando, dirigindo-se a multidão de homens no interior do salão, perdida em meio aos outros.

Sim, certamente muito em breve, quando menos esperasse iria descobrir.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então gostaram?
Bem, sem dar spoilers, gostaria de dizer que o próximo capitulo será a continuação do ultimo.
Adoraria opiniões e comentários. Já disse que amo os leitores que comentam?