The Doll escrita por namisa
Notas iniciais do capítulo
Espero que gostem!
Estava ventando lá fora. Finas gotas de água caiam sobre a janela onde eu estava sentada, quase pronta. Os raios de som ensurdecedor e a luz que ofuscava os meus olhos iluminavam a minha pele de madeira ou seria de porcelana? Angelique pintava meus olhos, uma cor, no entanto indistinguível, mas que depois se tornaria a um tom escuro como o céu daquela noite, será que haveria um pouco de brilho nele como as estrelas que havia naquela escuridão lá fora?
Em frente da mulher de corpo esbelto e cabelos longos até a cintura, estava uma fotografia de um casal feliz, provavelmente no dia de seu casamento. A mulher da fotografia era linda olhos claros e um cabelo cor de mel, o homem do seu lado também olhos escuros e o cabelo preto.
Ao meu lado em cima da estante havia muitas bonecas, cerca de quinze, sentadas na mesma posição que eu: cabeça baixa e quase caindo. Algumas estavam prontas, bonitas com cabelo, olho, boca, nariz... Tudo que uma pessoa normal possui.
Depois que Angelique terminou meu olho, ela me pegou e colocou em cima da mesa colocando com cuidado aquele olho quase real. Pude vê-la, seus olhos eram velhos e cansados, sua mão era trêmula e seu rosto parecia envelhecer a cada minuto que se passava.
De repente, o som daquela porta com sino penetrou naquela casa. Eu estava em uma loja de brinquedos antiga¿ Um rapaz, robusto e bonito entrou pedindo sua encomenda, disse que era para sua mãe que desejava ter uma filha. Angelique perguntou onde estaria a mãe, e ele disse que ela não teria muito tempo de vida. Depois desse diálogo a velha deu de ombros e começou a mexer sua mão esquerda na frente do rosto do rapaz, uma luz clara começou a sair de dentro do nariz e pela boca do moço que estava lá. Aquela luz, era o seu espírito sendo sugado pelos longos dedos velhos de Angelique que a cada segundo a fazia ficar mais nova.
Sua coluna que antes era corcunda, em questão de dois minutos começou a se endireitar, o cabelo que era grisalho voltou a ser preto como carvão e suas rugas começaram a desaparecer. Isso tudo só pôde ser visto através de meu outro olho quase pronto que estava caído no chão.
Depois de ficar jovem novamente, Angelique se virou e empurrou o rapaz para fora daquela casa. Andou cantarolando até a estante de bonecas e pegou uma, de olhos verdes e cabelos dourados, colocou-a em cima de uma cadeira e pingou um líquido em seu rosto. Seus dedos se mexeram e depois seus olhos começaram a piscar. A velha pegou-a pela mão e caminhou com a boneca até o rapaz. Ele sorriu e pegou a mão da boneca fez cafuné em sua cabeça e despediu-se da bruxa com um pouco de medo e foi embora.
A bruxa caminhou até mim, reclamou onde deveria ter colocado o meu outro olho e se agachou até acha-lo perdido de baixo daquela mesa de madeira velha, depois colocou onde deveria, pude ver agora a sala inteira. As bonecas, os galhos secos das árvores e os raios iluminando cada vez mais aquele lugar.
Angelique fez minha boca, pintou-a de rosa claro, em minhas bochechas passou um spray rosa para marcar minhas maçãs e minhas sobrancelhas foram pintadas de preto. Meu cabelo foi colocado cuidadosamente fio por fio, até eu finalmente ser pronta três dias depois.
O dia de conhecer meus donos chegou e pela minha surpresa era o casal que tinha visto naquele retrato. A bruxa sugou a alma do homem e depois pingou aquele líquido gelado em minha pele, consegui mexer meus braços, piscar e dedilhar aquela cadeira de madeira. Estava fria. Angelique segurou minha mão e depois caminhou comigo até os meus respectivos donos, que sorriram ao me verem assustada.
Olhei para trás e vi aquela porta ser fechada, virei para frente e lá estava o carro onde eu iria conviver até a minha morte. A casinha velha foi ficando para trás e uma cidade com prédios começou a surgir em minha frente.
- Então, qual é seu nome? - perguntou a mulher loira sorrindo para mim.
Nome? O que era aquilo?
- Hm, que tal Aillen? - disse o homem olhando para mim através do espelho.
Apenas concordei com a cabeça. Aillen seria meu nome daqui pra frente.
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