Assim que eu e meus amigos entramos na sala de aula, avistamos o Yankee. Até que não era feio. Tinha cabelos bagunçados da mesma cor que os olhos: castanho claro. A pele também era clara. Não aparentava ser rebelde. Vestia uma bermuda jeans com uma camisa branca com desenhos que não consegui definir e um tênis qualquer.

Me dirigi à carteira que ficava ao seu lado e me sentei. Ele me olhou, então lancei para ele um olhar frio, fazendo virar o rosto e se concentrar na matéria que o professor passava no quadro negro.

– Oi, Yankee - Eu o cumprimentei friamente, de maneira irônica. Até parece que queria ser educada com ele.

– Oi... Rockeira? - Ele tentou me cumprimentar.

– É, acho que serve.

– Como sabe que sou americano? - Ele perguntou.

– Primeiro: sei de muitas coisas. Segundo: meu amigo, Peter, falou com você. Terceiro: aqui você não vai ser conhecido como americano. Poucos vão chamar você assim. Você, pra gente, é um Yankee muito irritante. Quarto: se não quiser morrer de verdade, sugiro ficar sempre perto de mim ou de um dos meus amigos. E eu sou responsável pela sua 'segurança'. Acho muito bom, você fazer o que eu mandar, Yankee.

– Me dê um motivo para confiar em você e fazer o que quer, rockeira - Ele sem dúvida, estava me desafiando. Eu não gosto disso.

– Ok, não precisa confiar, mas hoje é dia de futebol, e eu queria que viesse comigo para ver uma coisa. Acho que você já deve confiar, ao menos, em meu amigo, Peter. Ele vai junto.

– Tudo bem. Eu vou, mas só hoje.

– Prometo que não vai se arrepender, Yankee - Eu afirmei com um sorriso no rosto.

No final dos primeiros períodos, eu e meus amigos, incluindo o Yankee (infelizmente), saímos da sala de aula e fomos para nossa mesa no refeitório, afinal, era intervalo.

– Depois da aula, vamos todos para minha casa trocar de roupa e ir para o estádio com o resto dos Hooligans, ok? - Eu perguntei, tentando lembra-los do combinado.

– Eu coloquei minha roupa na mochila! - Disseram Xanda e Tete juntas.

– Vou com esta roupa - Afirmou Peter.

– Minha roupa está no vestiário do clube - Explicou John.

– Tudo bem. Nosso ponto de encontro é lá, mesmo - Eu falei. - Droga! Vocês vão ter que ir antes pro clube, porque o Yankee, aqui, tem que mudar de roupa.

– Não tenho, não! - Caio retrucou.

– Vai com esta roupa, mesmo? - Peter perguntou.

– Sim.

– Tudo bem - Eu disse. - E você, Mily? Tem certeza de que não quer vir?

– Não. Minha roupa está na mochila. Acho que está na hora de mudar - Emily afirmou com um sorriso sacana no rosto. Parece que temos mais uma Hooligan!

– Tete, que tal ensinar a Mily a ser gente? - Eu perguntei para Charlotte.

– Amei esta ideia, Ali!

O resto da manhã passou rápido. Todos fomos para minha casa, inclusive o Caio. As meninas no meu quarto e os meninos no quarto de hóspedes.

Eu morava sozinha, já que meus pais estavam mortos. Meus avós moravam na França e não estava com vontade alguma de morar com meus tios ou me mudar, então ganhei uma mansão com dois dormitórios, o de hóspedes e o meu, que era uma suíte, também tinha o banheiro social, a cozinha, a sala de jogos, biblioteca, sala de estar e sala de jantar que ficava ao lado da cozinha.

Todas as meninas mudavam de roupa uma na frente da outra. Todas eram melhores amigas, mesmo. Qual era o problema? Quando ficamos todas prontas descemos e fomos esperar os meninos na sala de estar. Eu estava vestindo uma calça jeans skinny preta, uma camisa mais ou menos larga com as palavras ' you aren't my boss' (em português: 'você não é meu chefe') em letras grandes e brancas com um All Start preto de cano na altura do calcanhar.

Alexandra vestia um shorts jeans com uma meia calça rasgada, uma camisa de manga curta sob um moletom fino preto com uma All Start de cano parecido com uma bota cinza escuro. E tinha os cabelos envolvidos em uma rabo de cavalo.

Emily, tinha separado uma calça jeans, uma camisa rosa claro e um All Start branca de cano baixo. Eu e o resto das meninas achamos muito simples e delicado, então emprestei para ela uma roupa minha. Acabou que Mily vestiu um shorts jeans preto com uma camisa justa sob um moletom fino cinza, uma meia calça cinza e um All Start de cano alto preto. Seus cabelos estavam presos em uma trança muito bonita!

Charlotte vestia uma calça jeans qualquer com um blusão grande azul e um All Start branco na altura do calcanhar. Os cabelos soltos. Nada muito exagerado.

Ficamos conversando enquanto esperávamos os meninos descerem. Quando vi, o novato descia as escadas sozinho.

– O que houve, novato? Se perdeu? - Eu zoei ele.

– Haha! Sem graça! - Ele estava muito tímido.

– Que tal eu e a Charlotte te ensinarmos uns golpes? Iria ajudar. E eu não teria que ficar perto de você - É, até que a ideia era boa. E Charlotte era muito boa mesmo em luta!

– Tenho opção? - Ele perguntou.

Fiz cara de pensativa.

– Não - Respondi fria.

Eu e a Tete nos levantamos e fomos até ele. Ensinamos o básico a ele. Era obvio que não iria sobreviver só com o que aprendeu, mas me daria tempo de correr até ele para matar algum cara feio.

Avistei os meninos no corredor.

– Espero que não tenho quebrado nem bagunçado nada, senão acho que vocês serão meu aquecimento para a luta - Eu brinquei com eles.

John riu e Peter fez uma careta.

– Até parece que consegue, pirralha! - John me desafiou. Ele só me chamava de pirralha porque era um ano mais nova que ele. Nem uma diferença grandiosa.

– Aposta quanto? - Eu perguntei.

– Um braço - Ele respondeu.

– Engraçadinho. Mas se for o braço de um outro Hooligan idiota que vive torcendo para o time errado, eu até que posso conseguir um rapidinho - Sorri com aquele pensamento. - Todos pronto? O jogo começa daqui a pouco.