Atraída por um Darcy escrita por Efêmera


Capítulo 19
Lance Ace do Amor ― Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Olá, amores. Eu estava pensando se postava este capítulo como está agora ou se continuava até terminar, deixando-o com apenas uma parte, até que minha inspiração falou por mim. Tenho tanta coisa na minha mente que nunca poderia deixar tudo em um capítulo, ainda tem muita coisa para acontecer até o jogo dos dois! Ah! Eu vi que algumas pessoas ficaram confusas com a prévia, mas garanto que não é um sonho, vai realmente acontecer, só que não será tão imediatamente. Ainda tem tanta coisa para acontecer, alguns boas e outras muito ruins. Aguardem e verão! Outra coisa... eu realmente amo os comentários de vocês, ainda mais as recomendações. Saibam que leio e respondo a todos os comentários, mesmo que demore um pouco. Alguns comentários me fazem até deixar de fazer meus relatórios chatos ou estudar para ir terminar o capítulo e, assim, postar aqui antes do tempo que eu havia programado antes. Amo a opinião de vocês. *-* Bjs, até lá embaixo.



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Tantas coisas passavam pela minha mente e eu não conseguia pensar qual era a pior. Eu não queria deixar a família Darcy por vários motivos, entre eles Darcy, mas o principal era que finalmente eu sentia que tinha uma família e não achava justo ter que abrir mão dela assim do nada. Mas papai não estava se sentindo bem e eu não podia fazê-lo se sentir ainda pior ao dizer que ele não era o suficiente para eu me sentir em casa, afinal ele sempre havia sido. O problema era que eu só vim perceber o quanto sentia falta da minha mãe e da minha irmã quando convivi com Georgie e Maggie. Eu as queria ao meu lado.

Eu estava me sentindo tão solitária que não consegui mais ficar trancada naquele quarto. Eu precisava dar alguma volta, mesmo que já não fosse tão cedo, embora também não fosse tão tarde. Não me vesti, só joguei um suéter por cima da minha camisola e comecei a andar pela mansão, parando apenas quando cheguei à biblioteca – o lugar que mais me lembrava dele. Ao entrar, não notei que algumas luzes estavam acesas, a julgar pelo tamanho do ambiente, foi só quando já estava no centro do cômodo que vi aqueles olhos, negros pela escuridão do vão, me olhando.

― O que você está fazendo aqui?

― Eu... é... estou dando uma volta.

Ao ouvir a minha resposta, ele deu de ombros, acredito que considerou irrelevante me questionar, e voltou para a leitura. Eu não era tão insensível quanto ele e me aproximei.

― Meu pai falou que encontrou um bom lugar para morar.

Ele não deu muita atenção por um tempo, seu rosto encarando o livro, até que ergueu a cabeça e me olhou.

― O que você disse?

Eu não podia acreditar que ele estava pedindo para repetir algo, com toda certeza não estava me escutando.

― Nossa nova casa. Ele ainda não assinou o acordo de aluguel, está esperando a minha opinião, mas estamos nos mudando. ― Ele ficou em silêncio me encarando, seu rosto sem denotar qualquer expressão que pudesse me dizer o que ele estaria pensando, então eu tornei tentando sorrir: ― Faz quase um ano que começamos a morar com a sua família, então ele achou que já era o momento para pensar sobre isso.

― Então você está se mudando?

Ficamos em silêncio, eu sem responder, ele sem voltar a falar, até que criei coragem para perguntar o que estava em meu coração. Eu só esperava que a resposta me agradasse, pois dela viria a minha última resolução.

― Se isso acontecer... sentirá nossa falta?

Ele se levantou de repente e passou por mim, caminhando até uma pilha de livros que estava do outro lado da sala. Senti meu coração apertar, pois sabia que ele estava me ignorando. Eu queria que ele respondesse logo e acabasse com a minha angustia.

― Darcy?

Ele ficou em silêncio por mais alguns minutos, até que, quando eu já estava quase desistindo, falou sem se voltar para mim:

― Finalmente... eu irei voltar a viver como antes.

E dito isso, ele saiu, deixando-me sozinha na biblioteca. Eu estava sem entender. Ele era tão complicado para mim, sempre me deixando achar que ele sentia algo por mim e em seguida fazendo algo para demonstrar justamente o contrário. Aquilo era tão complicado que me deixava quase sempre frustrada. Eu queria tê-lo para mim, mas não se isso significasse que eu teria que abrir mão da minha paz de espírito. Eu não estaria ali para ser um brinquedo para os joguinhos dele. Papai estava certo, eu estaria aproveitando aquela oportunidade para esquecê-lo e iria me importar com ele tanto quanto ele se importava comigo.

@@@@

No dia seguinte eu saí antes das últimas aulas para encontrar papai e ver o apartamento. Ele não era bem o que eu estava acostumada, pequeno perto da nossa última casa e minúsculo se comparado com a mansão, mas eu disse a papai que ele estava perfeito e assim ele fechou o negócio. Naquela mesma noite, quando voltamos para casa, papai foi falar com Maggie e o duque. Ele disse que preferia fazer isso sozinho, pois sabia que seria difícil para todos se eu estivesse lá. Eu não sei o que aconteceu naquela noite, mas Maggie correu para o meu quarto assim que a conversa acabou e tentou me fazer mudar de ideia. Eu agradeci por tudo, mas disse que não poderia fazer nada, que aquela foi uma decisão do meu pai e que eu o apoiava. Era difícil, mas eu o apoiaria sempre.

Georgie foi a próxima a vir falar comigo. Ela estava triste por eu ter que ir embora e disse que nada iria mudar por causa daquilo, apenas que eu não poderia estar sempre com ela. Eu fingi acreditar naquilo, pois sabia que tudo iria mudar. Uma vez que eu saísse dali, iria fazer de tudo para me afastar por um tempo. O meu esforço não valeria de nada se no fim eu continuasse tendo relações com todos. Eu precisava me afastar por um tempo até que pudesse estar perto deles sem me lembrar de Darcy.

O dia da mudança finalmente chegou e eu e papai deixamos a família Darcy logo cedo. O duque estava sério, mas eu podia ver uma nota de tristeza no semblante dele. Maggie e Georgie, por outro lado, não escondiam a tristeza e não pararam de chorar enquanto eu estava presente, mas eu também não estava muito diferente. Já Darcy... ele só estava presente porque a mãe o obrigou, mas ainda assim pouco olhou na minha direção. Eu tentei me despedir dele, mas ele ignorou qualquer contato visual. Infelizmente eu teria que abrir mão dele sem ao menos ouvi-lo mais uma vez. Eu poderia fazer isso.

Não demorou muito e eu e papai chegamos ao apartamento novo. Eu tentei carregar meus pertences até o quarto, mas eram tantos que papai teve que me ajudar. Maggie e Georgie haviam me obrigado a levar tudo o que estava no closet, mesmo depois de eu ter dito que não conseguiria usar mais da metade. Não demoramos muito e todos os itens estavam dentro do apartamento.

― Nossa casa está a caminho de ficar pronta, mas isso ainda vai levar alguns meses. Por esse tempo, podemos ficar aqui. Veja ele como um apartamento temporário, Lizzie.

Eu fiquei olhando para todos os lados. Ele era pequeno, mas quando estava vazio parecia ser até possível de se viver, mas uma vez que todos os nossos bens estavam dentro eu pude ver que ele era muito menor do que pensei. Talvez ficar nos Darcy fosse uma ideia melhor... Não, eu não iria pensar mais nisso! Aquela seria a minha casa sem Darcy e a partir de hoje minha nova vida iria começar... sem ele.

@@@@

Dar a notícia para Char e Jane não foi como eu pensei que seria. Enquanto eu esperava que elas fossem comemorar o fato de eu ter saído da casa dele, elas ficaram surpresas, se não chocadas, por eu não morar mais lá. Ambas tentaram arrancar de mim alguma explicação, mas eu só disse que essa foi uma decisão tomada por papai e que eu iria acatar. Elas também falaram que agora todos os laços que me aproximavam de Darcy haviam sido cortados, uma vez que nem sequer para o treino do clube de tênis ele ia. Eu, por outro lado, disse que isso era uma coisa boa, pois eu havia decidido que iria esquecê-lo.

― O quê? ― falou Char e Jane ao mesmo tempo.

― Isso o que eu falei. Irei parar de aparecer nos mesmos lugares que ele e irei me concentrar em meus estudos. Aproveitarei a vida acadêmica ao máximo e, se der, ainda arrumarei um namorado.

― Desde que isso seja sincero, você sempre tem o Will. ― disse Jane. Eu tentei não revirar os olhos, às vezes Jane pode ser ingênua ao extremo. Char não era tão sensível quanto eu.

― Collins? Se for Collins, não tem como ser pior. ― ela afirmou.

― Eu realmente amo Collins, mas ele está mais para um irmão mais velho que eu não quero ter sempre ao meu lado. ― suspirei e elas assentiram. Eu não esperaria que de uma hora para outra Collins virasse o grande amor da minha vida, o que eu precisava mesmo era conhecer alguém novo.

Char, nós precisamos sair. Eu já tenho 18 anos e preciso aproveitar! ― falei animada ao virar-me para a minha amiga. Ela sempre vinha me convidando para sair. Embora ela fosse jovem, o corpo dela podia se passar facilmente por uma mulher na casa dos 20. Eu e Char éramos o completo oposto. O que sobrava nela faltava em mim. Minha amiga, como já era esperado, sorriu abertamente para mim.

― Perfeito! Nós estamos saindo nesta sexta! ― e depois, ao virar-se para Jane, tornou: ― Então, Jane, qual vai ser?

Jane pareceu sem graça diante do convite e não precisou muito para sabermos a resposta:

― Charles! ― dissemos eu e Char ao mesmo tempo. Eu tornei a falar sozinha: ― Só não se apresse, Jane. Ficou claro que Charles é submisso à mãe e não quero vê-la sofrendo.

Para minha surpresa, Char concordou comigo e Jane suspirou. Pelo jeito ela já havia se apressado!

― Desculpem não ter contado a vocês, meninas, mas eu fiquei com vergonha do que poderiam pensar. Nós estamos namorando há tão pouco tempo e...

― Tudo bem, Jane. Só certifique de estar se cuidando, afinal não sabemos o que esperar desse relacionamento. ― disse Char. ― Afinal sexo não é lá coisa do outro mundo, eu mesmo já estou no esporte há algum tempo e não tenho do que me queixar. ― finalizou, piscando.

Eu fiquei vermelha. Embora eu fosse a mais velha das três, me sentia como uma criança em situações como aquela. Char já tinha uma vida sexual ativa há anos e Jane, que eu achava que iria demorar mais do que eu, havia se apaixonado e se entregado a Charles, enquanto eu ficava aqui esperando, como uma idiota, que Darcy olhasse para mim. Eu estava definitivamente perdendo a minha vida e deixando de viver determinadas experiências que era esperado já ter vivido. Não poderia mais deixar que algo assim acontecesse!

E com isso em mente eu passei os dias que se seguiram. Foram muitos e eu sentia falta de Darcy, mas tentei ocupar minha mente a todo custo com qualquer coisa que pudesse desviar minha atenção. E funcionou. Eu nem sequer lembrava dele durante o treino, afinal já era esperado dele não aparecer aos treinos, só ir em ocasiões especiais como jogos importantes ou quando ele quisesse. Eu já estava acostumada a isso. E naquele dia, como todos os outros, eu fui para o treino recolher as bolas que eram lançadas pelos outros jogadores. Eu estava na minha atividade quando Stefanski chegou, como sempre, e se aproximou de mim segurando sua raquete.

― Eu definitivamente não consigo compreender o motivo de você entrar neste clube. ― Eu tentei ignorar, mas ela continuou: ― Se fosse eu que tivesse de catar as bolas, realmente seria vergonhoso fazê-lo. Além disso, Darcy nunca vem praticar. ― Ela me olhou e continuou: ― Isso é meio triste, não é? Não irei mais tocar no assunto, afinal você não tem o visto e eu passo todos os dias com ele. Bem, agora vou para a quadra treinar. Bom trabalho, Lizzie. Tentarei não jogar as bolas em você.

E ela se afastou sorrindo.

Eu não a suportava, ela tinha essa coisa de me provocar e despertar em mim um ódio. Ela poderia ficar na dela, mas tinha que vir até mim. Essa arrogância dela me irritava, mas eu sabia como a sorte podia mudar, afinal a minha vivia dando voltas irritantes. Tentei ignorar ao máximo a idiotice dela e voltei ao meu trabalho. Eu estava bem recolhendo as bolas, embora meu corpo já apresentasse um desgaste, quando alguém pisou na bola que eu estava tentando alcançar. Aquilo sim me irritou e eu me ergui já falando antes mesmo de olhar o rosto do imbecil que tinha se achado no direito de me atrapalhar.

― O que você pensa que está fazendo pisando na bola assim? Voc- ― parei quando vi quem estava fazendo aquilo.

― Você ainda está recolhendo as bolas? ― ele perguntou de repente, seu semblante parecendo irritado. Mas com o quê? Aquilo era a minha função, não dele, e eu estava fazendo porque queria. Afinal, o que ele estava fazendo ali?

― O que você está fazendo aqui? ― perguntei uma vez que a curiosidade era bem maior do que meu constrangimento.

― Obviamente vim jogar tênis. ― ele respondeu ao mostrar a raquete que segurava. Eu fiquei vermelha.

― Mas você disse que não iria vir...

Ele olhou para os lados, obviamente desconfortável com a situação.

― Então isso quer dizer que estou proibido de vir? ― respondeu uma vez que tinha controlado o seu desconforto. Eu sorri, a felicidade em vê-lo em meu rosto. Quando notei, tentei controlar meu comportamento.

― Não é isso, só...

Não consegui terminar, pois Stefanski se aproximou para roubar a atenção dele.

― Darcy, que bom que veio. Vamos jogar!

Eu me irritei e estava a ponto de dar uma rasteira nela quando Depardieu se aproximou.

― Darcy, quanto tempo! Que tal uma partida?

Darcy assentiu, seu sorriso arrogante tomando seu rosto. Ele sabia que não precisaria ver o final para saber que iria ganhar de Depardieu.

― Não tenho problema nenhum com um jogo, meu medo é que você se machuque novamente. ― ele replicou, presunçoso. Depardieu paralisou, seu rosto sério.

― Não há como saber quem irá se machucar. Por que nós não fazemos uma aposta?

― Uma aposta? E o que seria? ― ele respondeu sorrindo.

― O que nós deveríamos apostar...? Bem, tenho algo perfeito. Se você perder, irá participar do nosso treinamento de verão.

Darcy assentiu.

― E se eu ganhar?

― Se você ganhar... Eu comprarei o seu almoço durante um mês inteiro.

― Sem problema. ― replicou Darcy sorrindo. Aquele seria um jogo ganho.

Ele já estava se preparando para jogar quando Henry tornou:

― Eu só esqueci de dizer... essa partida será em dupla. ― Darcy parou e voltou-se para Depardieu.

― Em dupla? Você não disse nada!

― Eu irei jogar com Meghara e você... com Elizabeth.

Darcy olhou para mim e eu olhei para Depardieu sem enxerga-lo. O que ele esperava com aquilo?

― Bennet! Ei, você está brincando comigo?

― Brincando? Não é brincadeira. É muito justo, Darcy. As duas são calouras. ― replicou Depardieu.

― Justo? Você lá sabe o que é justiça? Não tem jeito de eu ganhar jogando no mesmo time que ela! ― ele falou apontando para mim e eu senti a vergonha em meu rosto. ― Mesmo que eu fosse campeão mundial...

Aí sim eu me senti ofendida, afinal ele não me conhecia direito.

― Ei, não precisa ofender tanto! ― Então ele me fuzilou, seus olhos furiosos. Eu agradeci por Depardieu falar e chamar atenção dele.

― Você concordou com o jogo, não foi forçado. Apenas aceite. Na verdade, não vou te obrigar a jogar, apenas admita que perdeu para mim e ficaremos por isso. Então, vai jogar ou não?

Eu vi Darcy olhar para longe e pude ver que ele estava pensando sobre aquilo. Eu achava uma ideia idiota, pois era óbvio que eu não poderia jogar. Aquilo estava além de minha capacidade no momento. Desde que eu havia parado minhas consultas com o psicólogo, não havia segurado uma raquete. Não seria agora que eu iria conseguir.

― Eu não posso aceitar isso. ― falei nervosa, não iria colocar Darcy em uma situação como aquela. Sem falar que o meu objetivo era ficar longe dele. Mas Depardieu não estava a fim de ajudar.

― Se você não jogar, ele perde.

Irritada, fuzilei Depardieu com o olhar, mas ele apenas deu de ombros.

Que cara idiota! Será que ele não pode apenas aceitar que não é melhor que Darcy?

― Não tem nada de errado com isso, Darcy. Eu realmente quero que você participe do treino. ― disse Stefanski. Droga, até ela!

Darcy se irritou e caminhou apressadamente para um lado da quadra, gritando com ignorância para que eu me aproximasse. Eu estava irritada, muito irada com tudo aquilo. Como eles podiam me colocar em uma situação onde eu não poderia sair? Pelo jeito papai tinha razão novamente, aquilo definitivamente não era uma boa ideia.

― Darcy, jogue com tudo o que puder, pois eu não irei perder. ― gritou Stefanski do outro lado.

Que tipo de sentimento idiota era esse que ela tinha por ele? Era puro egoísmo, isso sim!

― Ei ― comecei ao me aproximar dele. ―, apenas volte atrás e desista disso, é ridículo.

Ele ficou calado, seus olhos presos em algum ponto na frente dele enquanto fazia o aquecimento. Depois de um tempo, ele se posicionou e eu fiz o mesmo.

― Apenas fique quieta e não me atrapalhe.

Eu me irritei com as suas palavras. Era irritante saber que ele me achava realmente uma inútil, mas desde que eu tinha parado de jogar, não iria voltar a fazer isso por causa de uma aposta idiota. Eu não poderia, ele teria que arcar com as consequências sozinho. Não fui eu quem fez aquela aposta. Ainda assim, eu não queria complicar tudo, pois estava óbvio que eu iria evitar qualquer bola que fosse lançada para mim. Sendo assim, me aproximei do meio da quadra e pedi para que Stefanski fizesse o mesmo. Quando ela se aproximou, tentei apelar para o seu bom senso – se é que ela tinha algum.

― Você poderia não jogar a bola para mim?

Ela me olhou, depois sorriu e deu de ombros.

― Tanto faz, darei o meu melhor no jogo. Se a bola chegar até você, o problema será seu.

Então se afastou, seu sorriso de escárnio direcionado a mim. Eu não sabia onde Darcy arrumava amigos, mas definitivamente ele precisava aprender um pouco mais comigo.

Então o jogo começou e eu fiquei parada, fugindo sempre que a bola era lançada na minha direção. Parecia até que Stefanski e Depardieu estavam fazendo de propósito. De qualquer forma, eu não iria rebater nenhuma. O problema era totalmente dele. Eu falei para desistir, mas ele tinha que ser cabeça dura e orgulhoso. Então mais uma jogada perdida. Eu poderia ter rebatido facilmente e o ângulo seria tal que a bola iria incidir entre Stefanski e Depardieu, seria uma jogada tão perfeita que ambos não iriam ver o que os teria atingido. Mas eu não o fiz e foi mais um ponto para eles. Darcy me olhou irritado e eu dei de ombros. Meu orgulho estava ferido, ele estaria perdendo aquele jogo. E então, mais algumas jogadas depois e o jogo estava terminado. Darcy havia rebatido todas as bolas que eram lançadas para ele e feito vários pontos perfeitos que muitos achariam impossível, ele era um ótimo jogador e poderia rebater qualquer um ali. Não diria o mesmo se ele jogasse contra mim, mas desde que eu estava fora de forma, era possível. Ainda assim, ele perdeu e eu senti a minha consciência pesada por ter facilitado aquilo, mas ainda assim a culpa era dele. Às vezes o melhor é recuar.

Eu estava adotando aquela filosofia de vida a partir de agora.

Eu me afastei da quadra assim que o jogo terminou e fui me sentar em um dos lugares vagos perto da rede. Darcy, irritado pelos pontos que perdeu, fez o mesmo e se sentou ao meu lado, organizando seus pertences. Eu nunca o havia visto tão irritado.

― Ei, Darcy, vocês formam um ótimo time. ― disse Depardieu ao se aproximar. Como Darcy não falou, ele tornou: ― Você poderia encontrar alguém para jogar no treinamento de verão, o que acha? ― Darcy permaneceu calado. Depardieu começou a falar com alguns outros calouros, se vangloriando por ter vencido Darcy. Isso deve tê-lo irritado, pois ele se levantou e fez menção de sair. Nesse momento Depardieu se levantou e acelerou seus passos para o acompanhar. Mesmo um pouco distante, a conversa entre os dois era ouvida facilmente. ― Darcy, essa foi a primeira vez que me diverti jogando com você. Me sinto muito bem. O que acha de jogarmos novamente ao fim do treinamento de verão? Claro, com o mesmo time.

― Eu não quero. ― respondeu Darcy.

― Isso é muito ruim, estou lhe dando a chance de se redimir. Se você não pode aceitar a derrota, então esqueça.

E dito isso, Depardieu se voltou para sair. Darcy foi mais rápido, o chamando antes que ele deixasse a quadra.

― Quem disse que eu não posso?

Ele não poderia simplesmente saber quando se retirar?

― Se você pode, por que não joga novamente? ― replicou Depardieu. ― Então, que tal isso? Eu prometo concordar com qualquer exigência sua, não importa o quão absurda ela seja.

― E se eu perder? ― perguntou Darcy.

― Se você perder, só precisará vir treinar vestido de mulher durante uma semana. Então, não é bom o suficiente? É apenas um jogo.

Todos ficaram em silêncio enquanto Darcy pensava sobre a proposta. Quando ele finalmente falou, eu não podia acreditar no que ele havia feito.

― Claro.

Como assim claro? Ele não pensava nas coisas? Como ele pode ser um gênio quando se comporta como uma idiota quando é necessário pensar bem sobre as ações?

Depardieu comemorou a decisão, já Stefanski estava me olhando irritada enquanto Darcy deixava a quadra. Eu não pude ficar parada, então corri irritada atrás dele e o alcancei dentro do vestiário, que não havia separação de masculino e feminino.

― Ei, qual o seu problema? Como você pode achar que tem o direito de tomar decisões pelos outros? Eu... não... quero... jogar! ― falei irritada.

Ele virou-se e me encarou, seus olhos me encaravam com perspicácia e eu pude ver que ele já havia visto algo que eu não queria que ele tivesse visto.

― Eu sei.

Então se afastou, indo na direção do chuveiro. Eu o segui. O que ele poderia saber? Não havia nada para saber, certo? Eu nem havia jogado.

― O que você sabe? ― Ele não se virou. ― Ei, me responda! O que você sabe?

Darcy se voltou irritado e descalço, ficando mais próximo de mim do que eu estava acostumada.

― Eu sei que você perdeu o jogo porque quis. Sei que as jogadas que não rebateu foram por escolha, não porque não conseguiria. Eu conheço muito bem os olhos de um bom jogador, assim como seus movimentos, estou nisso há muito tempo. Mas tem uma coisa que eu não sei... eu não sei como você pôde fazer isso! Como deixou que a gente perdesse o jogo quando poderíamos ganhar facilmente? Qual é o seu problema?

Eu fiquei paralisada. Ele havia visto muito, muito além do que qualquer pessoa havia feito.

― Não seria assim tão facilmente... ― sussurrei depois de algum tempo.

― Eu não entendo, Bennet, como você pode dizer que ama alguém e deixar que ele seja humilhado dessa forma na frente de todos. Que tipo de amor é esse que você sente, hein?

― Eu não... eu... ― tentei falar, mas as palavras haviam fugido. Ele estava certo. Que tipo de amor era esse? Eu sei que ele me humilhava direto, mas ele não me amava. Já eu o amava tanto e não era justo o que eu havia feito. Eu havia deixado o orgulho cegar o meu sentimento e me vingado dele. Mas o que eu havia ganhado com isso? Apenas o deixei irritado e se sentindo mal, além de mostra-lo que o que eu sentia não era tão forte assim. Eu poderia querer esquecê-lo, mas não queria que ele pensasse mal de mim.

― Eu nunca poderia sentir nada por alguém tão egoísta. ― então ele se afastou de mim e começou a tirar a camisa. Quando percebeu que eu ainda estava ali, ele se virou: ― Vou tomar banho agora, então saia se não quiser me ver sem roupas. Se quiser, isso é problema seu, só mostra que é bem pior do que eu pensei.

Meus olhos se abriram mais ainda diante daquelas palavras. Eu não podia acreditar que ele estava pensando aquilo de mim, mas em parte ele tinha razão. Eu poderia ter sido sincera com ele antes, certo? Talvez assim ele não tivesse me colocado nessa. Mas ele também tinha culpa, afinal havia aceitado aquela aposta. Eu não sabia o que fazer. E o pior... eu teria que jogar alguma coisa se não quisesse que Darcy fosse ainda mais humilhado. Seria algo que ninguém iria esquecer, nem ele... e ele iria sempre associar a mim.

Eu fiquei sozinha, fora do vestiário, esperando até que ele terminasse o banho. Levou muito tempo e a minha ansiedade só piorou tudo, mas finalmente ele saiu. Seus olhos se prenderam em mim por alguns segundos, mas ele virou-se e seguiu seu caminho. Eu o alcancei com facilidade, visto que ele não apressou seus passos.

― Darcy, eu não posso fazer isso. ― Ele não respondeu. ― Você precisa compreender que está além de mim jogar tênis.

Ao ouvir minhas últimas palavras, ele parou e se voltou para mim.

― E isso vindo da garota que só precisou de uma semana para conseguir um dos primeiros lugares do TOP 50.

E então ele se foi.

Aquelas palavras dele haviam me quebrado. Eu sabia que poderia conseguir se eu quisesse... mas eu não queria. Na verdade, eu nunca realmente quis tentar. Até agora quando eu entrei para o clube. Meu único pensamento era do que eu não poderia fazer, mas nunca que eu poderia tentar e talvez conseguir. Eu vivi fugindo da única coisa que me lembrava dela apenas porque era mais fácil assim, ou porque eu não queria dar o meu braço a torcer. Eu não poderia ser mais ridícula.

Eu faltei às aulas naquele dia. Não tinha cabeça para falar sobre romances, ou outros assuntos relacionados, quando a minha mente estava tão confusa sobre o que eu poderia fazer. Tinha me comportado de forma tão infantil e no fim vi como havia sido ridícula. Não importava como ele me visse, apenas como eu me via, e eu não conseguia me perdoar por ter feito aquele papel de idiota. Eu tinha que fazer algo sobre isso, mas ainda não sabia o que fazer.

Dois dias depois estávamos todos a caminho do acampamento onde seria o treinamento de verão. Eu não achei estranho por Darcy estar no mesmo ônibus que todos, afinal ele tinha essa coisa de sempre viver como uma pessoa normal, mas o que me surpreendeu mesmo foi que ele evitou ficar ao lado de Stefanski e se sentou sozinho, colocando a sua bolsa no banco vago ao lado. Quando Stefanski se aproximou, eu vi claramente quando ele fingiu que estava dormindo. Eu já o conhecia o suficiente para saber quando ele fingia. Era meio óbvio. Para mim, claro.

A viagem passou sem muitas dores de cabeça. Embora eu soubesse que precisava ser sincera com ele, ainda assim não consegui pensar em mais nada assim que ela começou, caindo em um sono profundo. Eu não havia percebido o quanto estava cansada até que minha cabeça encostou-se ao travesseiro de viagem. Mais quatro horas e estávamos todos descendo do ônibus, com um aviso de que deveríamos estar todos no pátio para os avisos. Eu me apressei, pois precisava de um momento para falar com Darcy.

Assim que cheguei ao pátio, no entanto, Stefanski já estava ao lado dele e ambos estavam em uma conversa a qual eu não vi lugar para mim. Irritada, caminhei na direção de Depardieu, que me recebeu com um sorriso e o retribui.

― Já que estão todos aqui, vamos aos avisos. Este é mais um Treinamento de Verão, uma tradição do nosso clube para a recepção dos novos membros. Para este ano temos um novo jogo... Cada membro antigo ficará responsável por um calouro e lhe mostrará como funciona o nosso clube. Esses membros não poderão ficar a mais de dois metros um do outro, exceto dentro da quadra, havendo punição em dinheiro e física para ambos os membros.

Todos assentiram, exceto Darcy, que pareceu irritado.

― Que história é essa? Não sabia que existia essa tradição. Eu preciso treinar com Bennet!

Depardieu riu.

― Sinto muito, Darcy, mas regras são regras. Vocês ficarão separados, a menos que pague a multa pela separação dos seus membros. Você pode até pagar, mas será que os outros irão aceitar?

Darcy revirou os olhos, irritado. Era óbvio que Depardieu estava querendo que nós dois ficássemos separados, qualquer um podia ver. Foi nessa hora que o capitão se aproximou e perguntou o que estava acontecendo.

― Depardieu apostou uma partida em dupla comigo e inventou uma regra onde não poderei treinar com Bennet para essa partida. ― Sua voz era tão fria e superior que até o capitão se sentiu envergonhado pela atitude de Depardieu.

― Regra? Que regra, Depardieu?

Depardieu passou a mão pelo cabelo, olhando sem graça para o capitão, depois para os membros do clube, então para o capitão novamente.

― Só uma brincadeira que desenvolvi com alguns membros onde teremos a aproximação dos membros antigos com os novos. Aqui. ― Então ele entregou o papel com as regras para o capitão, que as leu por algum tempo até que ergueu a cabeça.

― Compreendo e achei interessante. Pelo que entendi os membros não podem ficar separados por mais de 30 minutos, certo? ― Depardieu assentiu. ― Não vejo problema em Darcy e Bennet formarem dupla, afinal Darcy joga muito melhor que qualquer um aqui. ― Depardieu tentou replicar, mas o capitão não permitiu. ― Seja justo, Depardieu. Ele joga melhor que você, mas agora o vejo tentando complicar as coisas para ele. Deixe-o treinar com a parceira ou irão pensar que você é um mau perdedor. ― finalizou o capitão ao piscar para ele e eu tentei segurar o riso.

Assim que o capitão se afastou todos se separaram para os seus quartos, que estavam divididos de modo que cada quarto seria ocupado por quatro pessoas. No meu quarto haviam ficado três outras garotas que eu não conhecia bem, mas sim de vista. Todas as três evitaram falar comigo desde o momento que eu havia entrado, e me olhavam de modo estranho, como se quisessem minha cabeça em uma bandeja de prata. Eu não procurei entender o motivo, estava mais ocupada sentindo medo de dormir naquele quarto e acordar (ou não acordar) sem vida. Que diabos eu havia feito?

Eu tentei evitar ao máximo qualquer uma delas enquanto fui obrigada a ficar no quarto, e agradeci a Deus quando precisei sair, pois era obrigada a ficar na companhia de Darcy pelos dois dias de acampamento. Isso era outra coisa tensa e eu não sabia se gostava ou não, afinal minha resolução de esquecê-lo iria por água abaixo já que eu teria que vê-lo sempre. Quando eu estava a caminho de onde deveria encontra-lo, no entanto, me deparei com Depardieu, que me olhava sorrindo.

― Ei, Elizabeth, que bom que te encontrei.

Não gostei muito da forma como ele sorria para mim, nem de suas palavras. Então, olhando-o desconfiada, repliquei:

― E o que você poderia ter comigo para estar tão feliz em me encontrar?

Ele sorriu mais abertamente, me mostrando uma lista onde continha as obrigações de todos os membros. Segundo a lista, eu deveria ficar responsável pelo jantar nos dois dias. Meu queixo caiu. A menos que eles gostassem de comer tortas ou qualquer outra coisa doce, eu não poderia cozinhar um jantar.

― Isso não pode ser possível! Você só pode estar de brincadeira comigo, Depardieu!

Ele não respondeu, apenas gargalhou. Eu saí correndo irada, não poderia cozinhar nada, mas ao mesmo tempo não poderia ir contra aquilo, afinal todos teriam funções. E, se olhasse bem, poderia ver que eu tinha a vantagem. Seria tenso acordar às 3 da manhã para fazer o café da manhã, então eu estava no lucro. De qualquer forma, eu teria que encontrar algo que eu poderia cozinhar. Quando cheguei à cozinha, no entanto, tudo complicou, pois a grande quantidade de legumes, verduras e demais coisas eram sem dúvida grande demais para que eu pudesse fazer algo. Eu não sabia cozinhar de forma alguma para mais de duas pessoas. O que eu iria fazer? A única coisa que veio à minha mente foi senta e chorar. E foi isso que eu fiz.

Não sei quanto tempo eu fiquei ali lamentando a minha sorte, mas só voltei a si quando ouvi aquela voz que já conhecia tão bem.

― Quanto tempo mais você vai ficar aí se lamentando? Vamos, se apresse para que a gente comece a treinar!

Eu me virei no mesmo instante para ele, em meus olhos um brilho de lágrimas não derramadas.

― Você não pode estar achando que eu poderei conseguir cozinhar algo com essas coisas, certo? Eu nunca preparei nada para mais de duas pessoas! Só sei fazer coisas doces. ― lamentei novamente, voltando à minha miséria.

― Então se resolva com Depardieu. ― ele falou e se voltou para sair, mas fui mais rápida e segurei seu braço, fazendo-o se voltar para mim.

― Por favor, por favor, me ajude. Eu sei que é pedir muito, já que você com toda certeza não deve ter chegado a colocar os pés em uma cozinha na sua vida, mas talvez possa me ajudar, sei lá, com sua inteligência e arrumar uma forma para que eu me livre disso. ― implorei. Enquanto eu o olhava, pude ver que ele estava amolecendo, algo que meses atrás nunca faria, então tentei novamente: ― Por favor, Darcy. Eu te imploro! Se você me ajudar, eu prometo que farei de tudo para a gente ganhar!

Eu não sabia se poderia cumprir a minha promessa, mas ele não sabia disso. De qualquer forma, eu poderia tentar. Ele me olhou por mais algum tempo, até que fez uma careta de desgosto e me afastou, entrando na cozinha enquanto resmungava.

― Lave essas verduras e legumes.

E então, para minha surpresa, ele vestiu um dos aventais e começou a separar os mantimentos. Meu queixo estava caído, eu nunca iria adivinhar que ele sabia cozinhar. Como no mundo um herdeiro de ducado precisa saber cozinhar? Que homem era aquele que, além de inteligente e bonito, podia cuidar de rosas e ainda cozinhar? Que tipo de educação ele tinha tido para ser tão perfeito?

― Eu... eu... não... sabia que... voc-

― Como se fosse algo do outro mundo ler uma receita e colocar em prática. Vamos lá, se apresse.

Então ele pegou um grande livro de receitas que estava sobre a mesa e começou a folhear, parando quando encontrou algo que lhe agradava. As horas seguintes foram passadas com Darcy cortando os ingredientes, adicionando às panelas e preparando os diversos pratos do jantar. Eu apenas lhe dava suporte, repetindo algumas coisas que ele me ensinava. Eu não posso dizer que ficou tão bom quanto da primeira vez que ele fez, mas eu não era uma completa inútil e podia repetir algumas coisas facilmente. Quando já estava perto da hora do jantar, Darcy retirou o avental e me deixou sozinha na cozinha, com tudo pronto, faltando apenas colocar nas travessas, o que fiz sem problema algum.

O jantar seguiu normalmente com todos elogiando a “minha” comida. Eu ri por dentro, imaginando o que diriam se soubessem quem realmente cozinhou aquilo, era tão inacreditável que nem eu mesmo conseguia acreditar. Arrisquei olhar na direção dele e o encontrei com o semblante sério, do seu lado Stefanski parecia estar irritada com alguma coisa, mas permanecia na dela. Eu não sabia qual era o problema daquela garota, sempre com aquela cara de poucos amigos. De qualquer forma, eu não iria perder meu tempo com ela. Foi quando eu já estava voltando meus olhos em outra direção que vi quando ela se inclinou para sussurrar algo para Darcy, voltei a olhar para os dois na mesma hora. Ela se levantou e saiu, depois Darcy a seguiu.

O que eles estavam fazendo?

Sem pensar sobre isso, me levantei e fui na mesma direção deles, tendo alguma dificuldade para encontrá-los. Eu não poderia perder Darcy para aquela mulher, ela era a última mulher que poderia merecer ele. Eu me apressei em procura-los, até que finalmente pude ouvir o som de vozes e me aproximei, tomando cuidado para não ser notada.

― Então, você não queria me dizer algo? ― disse Darcy, sua voz tão baixa que eu precisei fazer algum esforço para ouvir.

― Bem, essa não é a forma que eu costumo levar as coisas, mas as circunstâncias me obrigaram a fazer... ― disse Stefanski.

Que droga de circunstâncias era essas? Me encolhi para que eles não me vissem, escutando com ainda mais atenção aquela conversa. Não importa como terminaria aquilo, eu iria escutar até o fim.

― Antes de falar o que venho querendo, eu gostaria de perguntar uma coisa, se você permitir.

Eu não pude ver o que Darcy fez, mas considerando que ela continuou, ele deve ter concordado.

― Você acredita em amor à primeira vista?

Que diabo de pergunta era aquela? Desde quando isso era da conta dela?

O silêncio durou mais tempo do que eu desejava, mas Darcy finalmente respondeu.

― Não. Acho absurdo alguém amar outra pessoa que não conheça. O amor é acomodação, e você só pode ficar acomodado em algo que tenha certo convívio.

Então era isso que ele achava que eu sentia por ele? Acomodação?

― Então... então você não acredita em amor verdadeiro? Eu realmente acredito nele, e espero que um dia eu possa encontrar esse tipo de amor. ― Stefanski falou.

― Eu não acredito em amor verdadeiro, não no sentido horizontal. Todo amor tem um fim, um propósito. Eu não acredito que alguém ame outra pessoa apesar da aparência ou situação social. Se fosse tão simples assim, ninguém se sentiria sozinho neste mundo. ― ele falou, sua voz parecia calma, distante. Eu queria saber o que ele estava sentindo ao dizer aquelas palavras, mas era difícil sem poder olhar para o rosto dele.

― Darcy, eu não posso acreditar que com tantas pessoas ao seu redor que te amam, você ainda se sinta sozinho. ― murmurou Stefanski e eu estava odiando que era ela que estava tendo aquela conversa com ele, não eu. ― Talvez, você só se sinta solitário porque escolheu assim. Sabe, desde que eu ainda estava no Ensino Fundamental ouvia falar de você. Todos falavam dos seus méritos, exaltando o fato de ser gênio, bonito e muito talentoso em tudo o que fazia. Quando cheguei ao Ensino Médio passei a ouvir ainda mais, o que aumentou a minha vontade de te conhecer. Então, quando vi a grande chance de estudar na mesma faculdade que você, eu não pude evitar agarrá-la, mesmo que já tivesse sido aceita nas melhores faculdades.

Então era por isso que ela havia ido para Derby? Atrás dele?

― Oh! Por que você iria querer estudar na mesma faculdade que eu? ― perguntou Darcy.

Eu não sei se ele era ingênuo ou o que, mas será que ele não sabia mesmo?

― Porque você é inteligente e eu gosto de estar perto de pessoas assim. Sabe, às vezes eu ignoro algumas pessoas apenas porque elas são idiotas. Me irrito em ter que perder meu tempo com elas.

Novamente tudo ficou silencioso, o que me deixou nervosa, afinal eu os preferia falando! Depois do que me pareceu uma eternidade, finalmente alguém falou.

― Você vai finalmente dizer o que disse que queria ao me chamar até aqui?

Silêncio. Isso estava me irritando.

― Eu... Você sabe como eu me sinto em relação a você, não é?

Hã?

― Sim.

O quê?

Stefanski riu e falou logo em seguida:

― Você pode me dizer o que sente por mim? ― Silêncio novamente. ― Ou... você gosta dela?

Dela? Poderia ser eu? Não, não podia ser!

― Não sei. Ultimamente eu só tenho me concentrado no que fazer do meu futuro. E você... Eu sempre a considerei como minha amiga.

Pude ouvir algum barulho e me inclinei para vê-los, embora fosse arriscar ser vista. Eu não podia ficar na curiosidade, detestava quando eles ficavam em silêncio.

― Eu sei. ― sussurrou Stefanski. Ela estava em pé, ao lado de Darcy, seu olhar preso no chão. Darcy não parecia confortável em seu lugar, mas ele não parecia triste. Então, do nada, Stefanski se aproximou dele, se ajoelhando e o abraçando pela cintura. Isso ia além de qualquer coisa que eu tinha feito. ― Mas para mim... ― ela continuou entre lágrimas. ― Você não é apenas um amigo. Já me disse várias vezes para desistir de você, pois já me disseram tantas vezes que você havia rejeitado todas as mulheres que haviam se declarado. Mas então eu pensei que talvez você estivesse esperando por mim, assim como eu estava esperando por você. Você é... o tipo de pessoa que eu quero para mim. Você entende o que é isso?

Nessa altura eu comecei a me sentir mal por estar ali ouvindo aquela confissão. No começo eu tive medo de perder Darcy, mas estava óbvio que ele iria rejeitá-la. Aquele era um momento dela e eu estava sendo a intrusa ali.

― Amar alguém que não te ama... ― tornou Meghara, sua voz embargada pela emoção. ― é muito mais doloroso e solitário do que não ser capaz de encontrar alguém que ame.

Então Darcy moveu seu rosto para olhar para ela e ela fez o mesmo, fazendo com que seus olhares se encontrassem. Eu senti meu coração apertar, eles iriam se beijar! Eu não poderia ver aquilo, seria como levar uma flechada no coração. Eu não poderia me recuperar! Ainda assim, não consegui tirar os olhos deles, eu precisava ver. Fiquei atenta olhando para eles, implorando mentalmente para que eles se afastassem. Meu coração apertou, meus olhos se abriram em choque, até que finalmente Darcy moveu o rosto novamente, virando para o lado contrário ao de Stefanski. Eu pude me senti aliviada. No momento seguinte, ele afastou ela dele, perguntando se ela estava bem e pedindo para que se acalmasse.

― Por que você não pode ficar comigo? ― ela falou novamente, sua voz começando a ficar alguns tons mais alto. Darcy suspirou, seus olhos distantes.

― Me desculpe. Não gosto de você dessa forma.

― De quem você gosta então? Será que é possível que você ame alguém neste mundo, além de você mesmo? Você já amou alguém?

Era difícil definir se Stefanski estava triste ou com raiva. Talvez uma mistura dos dois, sua voz trazia, além do esforço de falar entre as lágrimas, o rancor de alguém que não aguentava rejeição.

― Claro que quero sentir isso por alguém algum dia. ― apontou Darcy e eu senti meu coração aquecer. Esperava que esse alguém fosse eu.

Novamente o silêncio se formou, enquanto Meghara continuava lamuriando para Darcy. Depois de um tempo, ela tornou de repente, como se algo tivesse finalmente vindo à sua mente:

― Você já beijou alguém? Se não beijou como dizem, como pode saber como é amar alguém?

Nesse momento Darcy pareceu desconfortável e Stefanski esperançosa.

― Eu já beijei. ― ele falou finalmente e o rosto dela pareceu ainda mais triste. Eu não lamentei por ela.

― Quem? ― Silêncio. ― Bennet? ― Silêncio novamente. Eu não entendia como ela poderia citar meu nome quando existiam muitas outras mulheres, mas ainda assim eu fiquei feliz. ― Entendi. Mas ainda é difícil aceitar isso. Eu te odeio. Espero que um dia você sinta a mesma dor que estou sentindo.

Então ela se levantou e virou-se na mesma direção que eu estava, o que me fez me esconder. Ela não poderia me pegar ali. Enquanto eu estava escondida ainda pude ouvi a resposta de Darcy àquela afirmação dela.

― Me desculpe. Espero que você encontre alguém melhor do que eu no futuro.

No momento seguinte Meghara passou apressada por mim, seguindo o caminho que fizemos para chegar ali. Eu fiquei parada no meu lugar, perplexa. Porque, convenhamos, eu sabia que ela estava tentando ganhar ele, mas a rejeição dele me surpreendeu. Stefanski era uma das mulheres mais bonitas que eu conhecia... e eu convivo com mulheres incrivelmente lindas desde o dia que comecei a morar na mansão. Como ele poderia rejeitar alguém que era tão perfeita para ele, não só fisicamente como em gostos e inteligência?

Com um suspiro cansado eu tentei me afastar, mas uma mão em meu ombro me parou. Eu gelei.

― Você leva a questão de ficar sempre juntos a sério demais.

A voz dele me fez virar para encontrar o olhar frio dele e eu me senti sem graça.

― Desculpe... eu não... queria... ― tentei falar, mas estava muito encabulada. Eu esperava que ele fosse me repreender pelo meu comportamento, afinal escutar a conversa dos outros era algo muito feio, mas, para minha surpresa, ele riu.

― Não queria, não é? Você é inacreditável, Bennet! Vem, vamos sair daqui.

Eu o segui me sentindo mal pelo que tinha feito, apesar da risada dele, mas também satisfeita. Era um sentimento estranho.

― Pois bem, agora você me deve uma explicação. ― Darcy disse assim que chegamos à quadra. Ele havia me levado até um dos lugares na arquibancada e se sentado ao meu lado.

― Explicação? ― perguntei nervosa, escutar conversa dos outros só poderia me colocar em situações assim. ― Eu sinto muito por ter ouvido a conversa de vocês, Darcy. Prometo que não farei novamente.

Ele pareceu confuso, mas depois riu.

― Não estou falando disso, Bennet. A vi no instante que chegou.

Como... como ele viu?

― Você sabia que eu estava ouvindo? ― indaguei surpresa.

― Seria estranho se eu não soubesse... e você não é conhecida por ser discreta. ― ele respondeu sorrindo e meu rosto esquentou. Eu era tão ridícula.

― Sinto muito, eu não acho que posso realmente controlar minhas ações. ― lamentei. ― Não pensei claramente quando vi vocês saindo. Mas se você realmente sentir algo por ela, não há nada que eu possa fazer.

― Fico feliz em saber que estou livre para me interessar por quem eu quiser. ― disse e eu reconheci o tom de ironia. Meu coração se apertou, eu parecia ser assim tão obsessiva?

Apesar de me sentir constrangida, não falei mais nada. Darcy também, só ficava olhando para longe, até que ele falou de repente, me pegando de surpresa com suas palavras.

― Esse lugar que nós estamos é realmente alguma coisa, não é todos os clubes que conseguem um bom lugar como este para treinar. Mas como somos os melhores do país, nossa faculdade está sempre nos paparicando. ― Eu o olhei surpresa, ele estava mudando de assunto e tirando todo aquele constrangimento que eu sentia. Então ele continuou, me deixando ainda mais chocada: ― Dizem que aqui perto tem um lago muito agradável. Não pude ir mais cedo, estava bastante ocupado dando uma de cozinheiro... ― Então ele sorriu, olhando para mim. ― Quer dar uma volta por lá agora?

Assim que a pergunta saiu da sua boca meus olhos se arregalaram. Ele estava me chamando para estar ao lado dele em um lado? Era isso mesmo? Meu coração de acelerou, ele nunca havia me convidado para nada e ali estava ele, me chamando para uma volta em um lago que só deveria ser romântico, como quase todos os lagos eram, principalmente os da Inglaterra. Eu não hesitei em responder, aceitando o convite assim voltei a mim.

Quando chegamos ao lago eu pude ver que era realmente aquilo que eu esperava. O lago era bem iluminado com luzes amarelas que o rodeavam todo, tornando aquele ambiente muito romântico. Ao redor também tinha algumas flores, pelo menos até o ponto que eu podia ver. Eu nunca havia estado em um lugar tão lindo, não depois de Pemberley. Eu estava completamente fascinada, então me assustei um pouco quando ele falou.

― Você quer entrar?

O olhei chocada, ele estava mesmo me chamando para entrar em um lago àquela hora? Não mesmo.

― Não vou mesmo, está muito frio! Morrerei congelada antes de chegar ao quarto para me trocar.

Ele riu, depois apontou para o barco.

― Não diretamente na água, mas no barco.

E foi então que a ficha caiu e eu assenti, aceitando o convite.

O que poderia ser mais romântico do que estar em um lago tão lindo com Darcy? Estar em um barco, em um lago tão lindo, com Darcy remando! Óbvio que eu não perderia essa chance única.

Entramos no barco e Darcy começou a remar. Apenas por educação pedi para ajuda-lo, mas sua resposta sobre eu pouco poder ajudar considerando o tamanho que eu tinha foi o suficiente para me fazer aceitar que eu estaria bem melhor apenas olhando. Eu não poderia me sentir mais feliz, afinal em apenas um dia eu havia ficado sabendo que passaria todo o final de semana ao lado dele, além de vê-lo rejeitar Stefanski, e agora estávamos os dois em uma situação tão romântica. Era como um sonho que havia se realizado, e principalmente quando eu havia decidido desistir dele! Quando já estávamos ali a cerca de uns cinco minutos em silêncio, eu não resisti mais e falei.

― Esse lugar é muito lindo, incrivelmente romântico. Muitos casais devem vir furtivamente namorar aqui. ― disse sorrindo enquanto o olhava, ele me olhou de volta e arqueou as sobrancelhas.

― Dificilmente... há um boato que diz que se um casal vem aqui, eles vão terminar em seis meses. Você não sabia? ― Ele perguntou quando notou que meus olhos se arregalaram. ― Sério? Todos sabem sobre isso. ― finalizou sorrindo, mas eu não estava mais dando tanta atenção às suas palavras, eu queria fugir dali.

Sem pensar direito nas minhas ações, segurei nas laterais do barco e pedi para que ele saísse, eu queria voltar para margem imediatamente. Ele ficou rindo, mas eu não estava mais me importando em admirar a sua beleza, eu queria salvar o pouco do progresso que eu havia tido com ele.

― Vamos, Darcy. Eu quero sair daqui! ― insisti. Ele riu novamente, despreocupado.

― Calma, Bennet. Não há com o que se preocupar, afinal não estamos namorando.

― Eu não quero saber, só quero sair daqui agora! ― insisti novamente, segurando tão fortemente as bordas que ele começou a balançar. Darcy gargalhou e eu me perdi em sua beleza, até que me lembrei novamente do que ele havia me falado e insisti para sair. Ele deve ter finalmente sentido pena do meu desespero, porque começou a remar para o lado contrário e nos aproximamos da margem. Eu saí assim que chegamos e insisti para que ele se apressasse também. Ele saiu gargalhando, mas eu estava exaltada demais, meu coração palpitando de nervosismo.

― Você! Como você pôde me levar lá quando sabia desse boato? ― o acusei apontando o dedo na sua direção. Ele riu e abriu as mãos se rendendo, mas seu rosto mostrava definitivamente o contrário.

― Não seja tola, Bennet. Não achei que fosse importar, não somos um casal.

Meu coração apertou um pouco ao ouvir suas palavras, mas eu não poderia o culpar, afinal não éramos mesmo um casal. Mas daí eu me lembrei do que havia acontecido mais cedo, dele ter rejeitado Stefanski e meu coração se aqueceu. Talvez ele fosse realmente como Georgie havia dito, talvez eu tivesse alguma chance...

― Hoje, mais cedo, Meghara se declarou para você... ― Ele ficou sério de repente, e caminhou para se sentar em um banco que ficava perto da gente. Eu o segui e também me sentei, iria aproveitar que ele estava se abrindo um pouco. ― Por que você a rejeitou? Ela é incrivelmente linda e vocês, por mais que eu deteste admitir isso, ficam muito bem juntos.

Darcy riu novamente, seus olhos presos no barco que antes ocupávamos.

― Há algumas pessoas que acham que estar com alguém não é apenas combinar perfeições.

― Não compreendi.

― Meghara é perfeita ― meu coração se apertou, então ele achava que ela era perfeita? ―, mas ela não é para mim. Somos ótimos amigos e eu sei que um dia, quando ela abrir os olhos e ver claramente como as coisas realmente são, voltaremos a ter a amizade de antes, mas eu não acho que poderemos ser um casal.

― Mas ela é linda... ― tentei novamente, mas estava feliz com a resposta dele. Eu só queria saber mais.

― Sim, ela é. ― ele disse simplesmente.

Droga, ele tinha que dizer mais!

― E você não acha isso importante? ― perguntei esperançosa. Ele sorriu me olhando, seus olhos cheios de algo que eu ainda não o conhecia muito bem para identificar.

― Claro que é, afinal eu preciso pensar nos meus herdeiros. Minha família é conhecida por gerações por ser linda e eu terei isso em mente quando chegar o momento de escolher minha esposa. ― Eu desviei meus olhos dele, estava me sentindo mais triste a cada palavra. ― Outra coisa com a qual também irei me preocupar vai ser se ela sabe cozinhar. Por mais que não precisemos, uma mulher que sabe cuidar de uma casa é sempre melhor do que uma que se limita a apenas uma coisa. Quero alguém independente. E ela precisará ser inteligente, afinal irá educar meus filhos. Não quero alguém que se concentre em mim e esqueça suas obrigações.

Ele continuou falando e a cada nova palavra meu coração se apertava, porque eu não era nada daquilo que ele estava procurando. Como eu iria competir com alguém que parecia ser tão perfeita assim, ainda mais que Stefanski?

― Sabe... ― ele tornou depois de um tempo. ― Stefanski era tudo isso que eu acabei de dizer. ― Minha atenção voltou para ele no mesmo instante. ― Mas eu não sei... faltou algo. Acho que conviver com a minha mãe e a minha irmã acabou por me tornar em um tolo romântico.

Eu sorri e ele sorriu de volta. Então uma coisa me veio à mente...

― Me desculpa por todo transtorno que trouxe para sua vida. Acho que agora que estou longe as coisas estão melhorando.

Ele ficou em silêncio por alguns minutos, então voltou a falar.

― Na verdade as coisas andam meio chatas. Eu sei que voltaram a ser como antes, mas naquele tempo eu estava acostumado, tudo era muito fácil para mim. Até aquele momento, antes de você entrar na minha vida, eu nunca tinha enfrentado algo que fosse difícil. Sempre me dei bem na escola, tinha quantos amigos eu desejava ter e todos faziam a minha vontade, meus pais estavam sempre me dando o que eu pedia e as pessoas simplesmente não podiam me dizer não. Eu estava acostumo com aquilo, acomodado. Minha vida estava perfeitamente organizada e eu agradecia por isso. Então você entrou na minha vida e me transportou para um mundo paralelo. Tudo realmente mudou. Tirando o fato de eu ter sido perseguido e quase perdido a vida, foi interessante ver que as coisas nem sempre eram fáceis e que nem tudo era do jeito perfeito ao qual eu estava acostumado. Digamos que é como se eu tivesse um problema para resolver e que só eu pudesse fazer, um desafio que não pode ser evitado.

Espera, ele ainda estava falando de mim?

― Esse desafio... sou eu?

― No começo eu não me preocupei em resolver e achava que evitar era o melhor a fazer. Evitar dores de cabeça, preocupações desnecessárias... Mas agora eu vejo que não há sentido em fugir dele, é até mais interessante enfrentá-lo. Se eu só me concentrar nesse problema, talvez eu encontre uma resposta. E eu tentarei até conseguir.

Espera... o que ele queria dizer realmente? Ele poderia muito bem ser mais claro!

― Você quer dizer... espera, não vai mais fugir de mim e tentar entender o que está acontecendo? ― perguntei o olhando e ele assentiu. Então, com mais confiança, tornei: ― Então... isso quer dizer que possivelmente... você me ama?

Ele, surpreso, arregalou os olhos e falou, dois tons mais alto do que estava falando antes: ― Como você chegou a essa conclusão? Só estou dizendo que não te odeio! Ficar com você não é fácil, mas eu não te odeio.

― Então... quer dizer que você... não me odeia? ― indaguei esperançosa.

― Eu posso ser grosso com você, mas eu não te odeio.

Eu não resisti e envolvi meus braços no braço esquerdo dele, sentindo o calor do seu corpo me envolver. Ele não se moveu e eu senti mais confiança em ficar naquela posição com ele.

― Obrigada! Eu realmente pensei que você me odiava e isso me atormentava. Eu tenho gostado de você por tanto tempo, desde o fundamental. Eu sei que não sou tão bonita quanto Stefanski e nem a minha família tem tanto dinheiro quanto a dela. Na verdade a gente não tem nada além do salário mensal do meu pai, que nem é grande coisa assim. E eu também não sei cozinhar bem, além de me concentrar tanto em você que me esqueço de mim. Mas eu prometo que vou me tornar alguém que você possa gostar.

Nós continuamos conversando, na verdade eu falava mais do que ele, perguntando o que ele realmente sentia quando eu fazia alguma coisa que o atrapalhava. Ele estava sendo tão sincero comigo que me fez ficar vermelha algumas vezes, afinal eu fui um peso enquanto estava na sua casa. Isso era muito vergonhoso. E mesmo achando que nada mudou, eu senti que o seu sorriso parecia diferente agora. Era como se, ao se abrir para mim, ele estivesse me mostrando que realmente tem algum sentimento dentro daquela muralha de frieza. Agora eu sentia que ele era capaz de amar, só queria que eu fosse a escolhida; queria estar ao seu lado quando ele descobrisse aquele sentimento mágico.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? É bem difícil para a Lizzie esquecer ele em situações assim, o cara é perfeito demais. *-* Eu tenho trabalhado ainda mais em melhorar o Darcy, ele pode ser perfeito quando quer. Essa conversa dele com Stefanski foi ótima, gostei do resultado dela, mas quero saber o opinião de vocês. Já sei a de alguns, vocês foram bem óbvios nos comentários anteriores. kkkk Estarei postando o capítulo entre o dia 28/10 e o dia 01/11, então até lá. :3 Bjs