Amor Eterno escrita por TAYAH


Capítulo 2
Nova/velha sensação - Emma


Notas iniciais do capítulo

Como no capítulo anterior, eu fiz apenas uma pequenina modificação. Seria bom para os que já leram, ler mais uma vez também.

Boa leitura!



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Não era todo dia que eu ganhava flores, ainda mais da mulher que tinha. Mas confesso que o que me deixou mais pensativa não foram as rosas vermelhas e o lindo cartão da Zelena. O que tinha me deixado desconcentrada com todo o resto do mundo, foi a Florista Regina que as entregou.

Eu não me lembrava de tê-la visto, nem mesmo de passagem. Mas quando eu parei para olhar aqueles olhos... eles eram tão intensos e tão familiares, que foi como se já a conhecesse. Mas não como alguém que vi pela rua, ou que esbarrou em mim na hora do almoço. Foi como se eu conhecesse-a intimamente, como se soubesse seus segredos, seus medos, suas felicidades... Mesmo não me lembrando de nada.

Talvez fosse aquela coisa que muitos falam, que nos conhecíamos “de outras vidas”. Não que eu acreditasse naquela bobeira toda. Mas ela era verdadeiramente linda e parecia guarda um mistério por trás daqueles olhos castanhos.

Sua presença, mesmo que tenha durado alguns poucos minutos, fez meu coração sorrir. E de alguma maneira bem entranha, despertou algo dentro de mim. Como um estalo que diz “ai está, você encontrou” mesmo eu não procurando nada.

Fiquei o inicio da tarde tentando arrumar o que fazer na delegacia. Mas a única coisa que ocupava minha cabeça era a florista, ela havia mexido comigo. E mesmo eu tentando espanta-la de minha mente na maioria das vezes, eu me pegava olhando para aqueles olhos outra vez.

Nem mesmo Zelena causava aquele efeito em mim. Na verdade é sempre diferente. Não tem como ter sentimentos iguais por pessoas que são distintas.

Sentimentos? Eu realmente me peguei pensando em sentimentos por uma pessoa que eu só sabia o nome e a profissão. E o pior, por alguém que eu havia acabando de conhecer. Aquilo era estranho, se eu acreditasse naquela baboseira de “a primeira vista” eu até teria uma justificativa, mas já que nada daquilo existia, eu estava era precisando de um copo de wiskey, para ver se aqueles olhos sumiam da minha mente.

Eram quase duas da tarde e Henry ainda não havia aparecido. Está certo que meia hora de atraso não era nada, mas eu achei estranho, já que ele  era sempre tão pontual.

No mesmo instante em que peguei o celular para ligar para o meu filho, ele vibrou mostrando o próprio me ligando. Confesso que senti meu coração apertado, como se alguma coisa estivesse errada. Mas algo tinha mesmo acontecido, Henry estava na floricultura, desesperado com a florista que havia desmaiado a sua frente.

Corri até o outro lado da cidade, sentindo meu coração pular dentro do peito. Preocupada com Henry que estava lá sozinho sem saber o que fazer, e com a mulher que eu havia acabado de conhecer. Aquela sensação era estranhamente familiar, aquela angustia e aquela ansiedade para socorrê-la o quanto antes. Como se eu já tivesse passado por aquilo. Como se eu tivesse que ser rápida para não perder o que mais me importava no mundo.

Essas eram exatamente as sensações que senti por todo aquele percurso. Mesmo sem entender o porquê de tudo aquilo.

— Henry? – Eu entrei já ofegante chamando por ele, que não estava em minha visão.

— Eu estou aqui atrás. – Sua voz veio de trás do balcão.

Eu praticamente corri até lá, meu coração estava doendo e eu nem sabia o motivo. E ao vê-la caído ao chão com a cabeça apoiada no colo do meu filho, eu estranhamente senti vontade de chorar. O que estava acontecendo comigo, eu não era do tipo sentimental... Ainda mais com uma estranha.

— O que foi que aconteceu? – Eu perguntei ao me abaixar ao lado deles.

Imediatamente levei uma de minhas mãos até o nariz da florista, o que me fez soltar o ar aliviada ao sentir sua respiração bater em meu dedo. Só em saber que ela estava viva eu senti meus nervos se acalmarem e fazer minhas ideias começarem a voltar para o devido lugar.

— Eu não sei mãe... E-eu não fiz nada. – Henry disse ainda nitidamente nervoso. – Eu entrei, perguntei se ela vendia sementes... Ai ela perguntou meu nome e desmaiou. – Ele a segurava em seu colo com tanto cuidado que mesmo que esquisito eu senti vontade de sorrir.

— Está bem, fica aqui com ela que vou ver se acho álcool... – Eu disse já procurando com os olhos.

Eu deveria era ter ligado para a ambulância, mas eu sentia que tinha o dever de fazer aquilo. Que era eu que deveria acorda-la, era eu quem deveria está ali quando ela abrisse os olhos. Eu mal conhecia aquela mulher, mas a cada minuto que se passava eu sentia que a conhecia mais que tudo.

— Pronto... – Eu disse ao me abaixar já com um paninho molhado no álcool em mãos. – Espero que ela acorde. – Eu disse ao aproximar o pano de seu rosto com todo o cuidado do mundo.

— Será que vai funcionar? – Henry perguntou apreensivo.

Eu não respondi, apenas esperei alguns poucos segundos para que a florista franzisse o nariz e tentasse abrisse os olhos querendo afastar aquele cheiro de perto dela. Tanto eu quanto Henry nos entreolhamos e sorrimos felizes em ver que ela estava viva.

Ela aos poucos conseguiu abrir os olhos, sua expressão era de dor, mas não me parecia dor física, me parecia tristeza. E aqueles olhos tão intensos olhando ainda para o nada, tão perdidos, me fizeram querer segurar sua mão e dizer que tudo iria ficar bem.

— Você está bem? – Eu perguntei com calma fazendo-a olhar para mim, e depois para Henry.

Seus olhos que estavam tristes se misturaram com uma confusão ainda maior. O que a fez se afastar bruscamente de perto de nós. Como se meu filho e eu tivéssemos alguma doença contagiosa. Ela nos olhava de um jeito tão incomodo que eu me segurei para não abraça-la. E aquele sentimento de superproteção era algo completamente novo para mim, ainda mais por uma pessoa que eu tinha acabado de conhecer.

— Estou... Estou bem... – A florista disse como se estivesse tonta.

— Você não me parece nada bem... – Eu disse tentando entender tudo aquilo. – Quer que eu ligue para a ambulância? Ou para algum parente? – Eu perguntei já com o celular em mãos.

— Não, eu estou bem... – Ela disse com mais firmeza.

— É sério senhorita Mills, você já se sentiu mal quando foi à delegacia mais cedo e agora desmaiou... – Minha preocupação estava saindo com tanta naturalidade. - Se não fosse meu filho... Sabe-se lá Deus, quando seria socorrida.

— É seu filho? – Ela perguntou curiosa ao olhar para ele ainda com aquela dor nos olhos.

— Sim... – Eu respondi sem entender o porquê da pergunta.

— E você tem outros? – Ela disse ao desviar o olhar e ajeitar o cabelo.

— Não, só o Henry mesmo... – Respondei, já ela afirmou uma única vez com a cabeça como se não soubesse mais o que dizer e logo tentou se levantar, mas parecia meio fraca. – Deixa que eu te ajudo... – Eu fiquei de pé e lhe estendi a mão.

Por alguns segundos ela pareceu analisar se deveria ou não aceitar aquela simples ajuda. Mas acabou optando por pegar em minha mão e se levantar com meu auxílio. Eu estava sentindo uma necessidade absurda em proteger aquela estranha tão familiar.

— Olha... Se você não quiser quer eu ligue para ambulância, eu posso te levar até o hospital. – Eu disse preocupada ao ver que ela estava fazendo forças para permanecer em pé.

— Eu não preciso ir ao hospital. – A florista respondeu séria, como se não gostasse muito da minha insistência. – Eu só preciso comer alguma coisa. – Ela disse ao levar uma de suas mãos ao estomago.

— Sei que não é da minha conta... – Eu comecei a dizer já com cautela. – Mas ficar sem comer não é legal... Digo... – Ela me olhava como se não estivesse entendendo muito bem o que eu estava dizendo. – Você já é linda assim do jeito que é... Não precisa ficar sem comer... Essas dietas malucas nunca são uma boa escolha... – Eu disse achando que ela tinha algum problema com alimentação, já que isso era algo tão comum.

— Que? – Ela perguntou como se eu tivesse falado a maior besteira do mundo. – Do que você está falando Xerife Swan? – Seu jeito meio autoritário era estranhamente reconfortante. – Eu me alimento muito bem e não estou interessada em perder peso. – Ela dizia um pouco irritada e diferente de quando era com a Zelena, eu estava achando bonitinho. - Tive apenas alguns problemas hoje e acabei deixando de comer.

— Tudo bem... Me desculpe... - Eu disse sem graça, mas feliz por dentro. – Eu não quis te ofender. Eu só estou querendo ajudar.

— Eu tenho chocolate aqui na minha mochila, a senhora quer? – Henry perguntou já colocando a mochila de lado.

— Não querido... – Mills disse com um sorriso encantador nos lábios, como se sentisse paz com aquele pequeno gesto do meu filho. – Eu vou comer assim que chegar em casa. Obrigada! – Ela disse tão sincera, que dava para ver seus olhos brilhando. – Obrigada a você também... – Ela disse ao voltar seus olhos para mim. – Por me ajudar pela segunda vez, não sei nem como vou retribuir... – Ela disse com uma leve timidez na voz.

— Não tem que retribuir nada, eu estou apenas fazendo o certo. – Eu sorri para ela que me olhava de um jeito tão único, como se seus olhos conversassem com os meus.

— Tudo bem... – Ela disse ao olhar ao redor e mexer em seu cabelo de novo. – Obrigada mais uma vez... Mas eu preciso ir para casa. – Ela disse ao pegar um caderno em cima do balcão. – Eu só tinha vindo resolver algumas coisinhas quando o... – Ela olhou de relance para o meu filho. - Henry apareceu.

— Me desculpe, eu não quis causar nenhum problema. – Henry disse com a voz culpada.

— Não! – Mills disse ao dar um passo em sua direção. – Não tem nada a ver com você... – Ela voltou para onde estava. – Na verdade, se você não tivesse aqui, eu ainda estaria lá caída... Você salvou minha vida. – Ela sorriu para ele, que sorriu de volta de um jeito que eu não costumava ver todos os dias.

— Então fico feliz de ter vindo. – Henry parecia verdadeiramente feliz com o que tinha acabado de ouvir.

— Eu também. – Mills disse também sorrindo com os olhos.

Aquela cena, um sorrindo para o outro, parecia que estava em câmera lenta. Como se o mundo tivesse parado por alguns segundos apenas para eu apreciar algo tão unicamente lindo. Aquela era mais uma nova/velha sensação, onde eu me sentia completa em ver algo tão simples a minha frente.

— Como vai para casa? – Eu perguntei não querendo que aquele momento acabasse.

— Vou andando, não fica tão longe daqui. – Mills disse naturalmente. – Meu carro está no concerto e eu não gosto muito da dirigir a Van da loja. - Ela fez uma carinha engraçada e foi inevitável não soltar um sorrisinho de canto.

— Então vamos te levar. – Eu disse ao abraçar Henry de lado que me olhou ainda sorrindo.

O jeito em que ela recusou, a maneira com que eu consegui convencê-la, nossos olhos sempre um no outro... nada daquilo me parecia a primeira vez. Eu sabia como agir, eu sabia o que ela faria. Eu só não fazia ideia de como, mas eu conhecia aquela estranha e algo dentro de mim gritava de uma maneira absurda, algo que eu não fazia ideia do que era. E todas aquelas coisas juntas e misturadas dentro de mim, estavam começando a me dar um pouco de medo. Mas era um medo gostoso, desses que da frio na barriga e vontade de rir.

Dentro da viatura não teve conversa. A única que falara era a Srta. Mills que indicava o caminho de sua casa. Não era tão longe como imaginei, mas também não era tão perto quando ela tinha dito.

— É ali. – Mills disse assim que viramos uma esquina.

— Na casa lilás? – Eu perguntei ao ir parando o carro.

— Exatamente... – Ela disse já soltando o cinto.

— Casa legal! – Henry disse ao colocar a cabeça entre os bancos.

— Ela é pequena, mas até que é aconchegante. – Mills disse assim que eu parei o carro em frente a sua porta. – Obrigada. – Ela disse ao se virar ligeiramente para mim. – Por tudo que fizeram por mim hoje. – Ela olhou para Henry lhe dando um sorriso, mas voltou a me olhar. – Até mais. – Ela disse ao abrir a porta e descer do carro.

— Não saia daqui, eu já volto. – Eu disse para Henry, já indo atrás dela.

Eu não sabia ao certo o que ia dizer ou fazer, apenas deixei o meu lado recém descoberto me guiar. Eu senti que ele se sairia bem, eu havia presenciado aquilo há poucos minutos. Eu conhecia a Srta. Mills, mesmo sem conhecer.

— Srta. Mills? – Eu disse ao alcança-la.

— Sim Xerife Swan... – Ela se virou para mim, seu olhar estava um pouco medroso, mas sua voz saiu firme.

— Você não quer mesmo que eu ligue para alguém, algum parente... – Eu disse com calma para não irritá-la, eu só queria que ela ficasse bem.

— Não Xerife, sou só eu, mesmo que eu quisesse não tem para quem ligar. – Ela disse como se não se importasse, mas eu vi a dor em seus olhos. – Eu vou ficar bem, não se preocupe. – Ela forçou um sorriso.

— Olha... toma... – Eu disse ao procurar um cartão em minha jaqueta. – Esse é o meu numero se alguma coisa acontecer, se tiver algum problema, você pode me ligar, a qualquer hora, de qualquer dia. – Eu disse com o cartão estendido em sua direção.

— Não precisa... Você já fez o bastante... – Ela recusou com seus olhos assustados.

— Eu insisto. – Eu peguei sua mão e coloquei o cartão nela, a soltando em seguida. – Fique com ele, você pode precisar. – Eu sorri para ela que sorriu de volta, fazendo meu estomago revirar.

— Eu realmente não sei como vou fazer para retribuir isso depois... Eu nem sei direito como é ter pessoas se preocupando comigo. – Mills disse rapidamente como um desabafo.

— Não precisa saber... Apenas sinta e aproveite. – Eu sorri mais uma vez. – Ou talvez possa me pagar um café qualquer dia desses... – O meu novo lado falando mais alto novamente.

— Acho que a Prefeita não ia gostar muito disso. – Ela disse me dando um banho de realidade, mas o meu novo lado ainda estava no comando.

— Quem precisa gostar sou eu, não ela. E aposto que Henry também iria gostar, já que ele é seu mais novo herói. – Eu disse sabendo sem saber que se eu usasse o meu filho naquela situação, ela acabaria aceitando.

— Eu vou pensar. – Sorriu de canto, como quem quase aceita uma cantada, não que eu tivesse de fato dando uma.

— Você tem meu numero... – Dei alguns passos para trás. – E, por favor, Srta. Mills... Se cuide e me ligue se tiver algum problema. – Eu sorri tentando lhe passar toda a força do mundo.

— Pode deixar Xerife Swan... – Ela retribuir o sorriso e dar as costas.


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Notas finais do capítulo

Para quem não percebeu diferença nenhuma, aqui vai uma ajudinha....

cap 1:

"...tudo aquilo que você conquistou, tudo aquilo que você construiu vai pertencer somente a mim... Henry será meu, essa coisinha crescendo dentro de você será minha, Emma será minha..."

"...E tinha também o bebe que ainda ia nascer, tinha o menino, Henry..."

cap 2:

"– É seu filho? – Ela perguntou curiosa ao olhar para ele ainda com aquela dor nos olhos.
— Sim... – Eu respondi sem entender o porquê da pergunta.
— E você tem outros? – Ela disse ao desviar o olhar e ajeitar o cabelo.
— Não, só o Henry mesmo... "