Amor Eterno escrita por TAYAH


Capítulo 13
Criatura misteriosa - Emma


Notas iniciais do capítulo

Antes de tudo, queria agradecer a todos. Agradecer por estarem aqui e por fazerem com que eu sempre queira mostrar mais e mais à vocês. Agradecer, que mesmo demorando vez ou outra, não desistiram de mim. Cada comentário me da forças para sempre querer fazer o meu melhor.

Agradeço também a MODREAMER, CARLASNAPE e REGAL B pelas lindas e maravilhosas recomendações. Fiquei muito, muito feliz em vê-las aqui, e saber que minha história está realmente agradando a muitos!!! ♥

De verdade, eu só tenho que dizer isso, MUITO OBRIGADA A CADA UM!

Boa leitura!




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— Você tem que comer alguma coisa, Regina! – Eu empurrei o prato de comida em sua direção.

— Qual a parte do, eu estou enjoada, você ainda não entendeu, Emma? – Ela perguntou irritada.

— Deixa ela, querida. – Minha mãe pediu com calma. – Enjoo no início da gravidez é comum, você sabe disso. Eu mesma não consegui comer tudo. – Apontou para o próprio prato.

— Desde ontem, quando descobrimos sobre a gravidez que ela não come nada! – Falei já impaciente. – Ela tá preocupada e não enjoada. Ela tem que se alimentar.

— Isso é verdade... Você tem que se alimentar, Regina. – Mary Margaret disse com cuidado.

— Eu sei cuidar de mim. Não preciso de duas mães me dizendo o que devo ou não fazer. – Reclamou com a voz firme e o olhar irritado. Regina estava mesmo muito preocupada com toda aquela situação.

— Olha... – Eu hesitei por alguns segundos em pegar sua mão. Ainda era muito recente, não tinha me acostumado com o fato de todos saberem de nós. – Rumple já vai chegar para resolvermos as coisas. Não tem que ficar preocupada. – Hesitei mais uma vez em prosseguir, mas consegui ao respirar fundo. – Não vamos perder nossa família, Regina. Vamos arrumar um jeito de ficarmos todos juntos. – Sorri tentando acalma-la.

— Desculpa. – Pediu ao soltar o ar. – Depois da reunião eu como alguma coisa, está bem? – Eu ia dizer que não, mas ela me interrompeu. – É serio, eu estou mesmo muito enjoada agora. – Largou minha mão levando-a até sua barriga.

— Tenta beber pelo menos o suco? – Empurrei o copo em sua direção.

— Só o suco... – Henry a encorajou com um sorriso.

Regina pegou o copo a contragosto e bebeu alguns goles.

O dia anterior tinha sido um dia cheio de surpresas. Minha mãe estava grávida. Regina estava grávida – de gêmeas – e eu era a responsável pela gravidez. Contei a eles que estávamos juntas, mas todos já sabiam. Rumple falou por cima da nova profecia. Descobrimos que a tal da bruxa má do oeste estava mesmo recolhendo ingredientes para a maldição que Regina havia lançado há mais de trinta anos, mesmo sem saber como ela havia conseguido, já que Regina tinha destruído o pergaminho quando quebrou a maldição de Pan junto com a dela. E por último meus pais nos deram de “presente”, um quarto bem maior e melhor só para gente.

Todos nos aceitavam e nos apoiavam. Aquilo era algo que eu levaria um tempo para me acostumar. Realmente achava que teria muitos problemas quando meus pais descobrissem que eu havia encontrado o amor verdadeiro na mesma mulher que nos amaldiçoou em busca de vingança – mesmo que Regina já não fosse mais a mesma há muito tempo.

— Rumple chegou, ele espera por nós no salão de reunião. – Tinker se aproximou já nos avisando. Todos estavam ansiosos por uma solução.

Meus pais, meu filho, Tinker, Azul, Belle, Gold e eu nos acomodamos em volta da mesa redonda. Granny e Ruby que estavam na reunião do dia anterior não puderam comparecer.

Todos em silêncio, diferente da como havia sido antes de descobrirmos que Gold tinha visto o futuro. Antes de sabermos das gravidezes. Antes de eu contar e de assumirem que já sabiam sobre meu relacionamento. Antes de termos a certeza que mais uma vez uma maldição se aproximava.

— Você poderia nos contar com detalhes sua visão? – Tinker foi a primeira a se pronunciar, falando diretamente com Gold, que estava sério e aparentemente preocupado.

Não era comum ver Gold com aquele olhar aflito. Talvez fosse o fato de que finalmente estava feliz. Porém, com a nova vilã ele poderia perder aquilo que demorou tanto tempo para encontrar – paz com seu amor verdadeiro. Não só minha família seria prejudicada com aquela possível maldição. Sim todos daquele reino, mais uma vez teriam seus finais felizes roubados, por uma louca querendo vingança. Contos de fadas eram realmente muito mais complicados do que a “vida real”.

Eu como salvadora deveria impedir a nova ameaça, mas estava trancada naquele castelo, em vez de agindo lá fora. Eu tinha que fazer alguma coisa.

— Eu vi Snow, Charming e uma desconhecida, voltando de uma terra distante com três crianças. Um menino e duas meninas. – Era a resposta da pergunta da Tinker, mas ele falava diretamente comigo e Regina.

— Eu falei que era menino! – Meu pai vibrou olhando para minha mãe. Gold o ignorou, mas antes de prosseguir David o interrompeu de novo. – Mas calma... – Ele fez uma pausa – Eu, Snow e uma desconhecida... Isso quer dizer que nós também vamos ficar de fora da maldição?

— Exatamente. – Gold se limitou em responder, voltando a olhar para Regina e eu. – Quando as meninas completarem exatos nove anos elas retornarão. – Fechou os olhos como se tentasse rever o futuro. – O poder delas é algo completamente único, do mesmo jeito que o amor que as gerou. Por isso são tão importantes... – Fez uma pausa. – Mas o que traz os finais felizes de volta não é só poder extraordinário que ambas carregam... Mais uma vez será o amor a grande peça para quebrar essa maldição.

— Nós temos é que acabar com ela, antes que lance essa porcaria de maldição! – Eu falei nervosa. Não queria pensar que teria mesmo que passar por aquilo, não queria nunca mais ter que me separar daqueles que amava. – Podemos mandar nossos homens até lá! Eu posso ir até lá! Temos que tomar providencias para toda essa coisa de nova maldição não se repetir.

— Já está escrito. – Gold disse sem emoção, como se o que eu tivesse sugerido fosse algo inútil. – Não temos como mudar isso. O que nos resta a fazer é pensar em como vamos concretizar a profecia.

— Não! – Me levantei batendo as mãos na mesa. – Eu me recuso! Me recuso a acreditar que vamos mesmo entregar tudo de bandeja para ela. – Minha voz estava exaltada. – O futuro não está escrito, nós fazemos o nosso destino! – Eu parecia a única que estava contestando aquilo. – O mal não pode nos vencer... – Falei com mais calma quando vi que todos me olhavam tristes. – Somos muitos! Eu sou a salvadora, você o senhor das trevas... – Apontei para Gold. – Você a antiga Rainha má... – Apontei para Regina... – Porque todos parecem conformados? – Perguntei indignada.

— Emma... Querida... – Minha mãe tinha a voz triste. – O mal não vai nos vencer. Mas todos nós já passamos por isso antes. Não vamos conseguir reverter a situação nesse momento. Lutar aqui e agora não é uma solução. Temos que pensar em como fazer para quebrar essa maldição no futuro. Temos que nos certificar que vai sair tudo certo para que minhas netas... – Ela sorriu ao dizer netas. – Quebrem a maldição.

— Se o futuro está mesmo escrito, por que temos que pensar sobre ele? – Eu disse irritada sem acreditar que não faríamos nada. – Vamos cruzar os braços e esperar que ela faça o que quiser. – Voltei a me sentar, indignada. – Não sei nem o motivo de estarmos fazendo essa reunião...

— Não é assim que as cosias acontecem, Emma. – Mary Margaret dizia com calma. –Temos que nos preparar, temos que fazer a coisa certa para que no final essas meninas possam reverter a situação. Enquanto ainda lutarmos para que o destino se cumpra, ainda haverá esperança. – Ela sorriu tentando me passar a sua fé. – Temos que nos planejar, arrumar um meio de tira-las da maldição... E ter fé! Porque quando completarem nove anos elas retornarão. Serão as salvadoras, assim como você...

Eu não sei se conseguiria ter toda aquela fé. Não sei se seria forte o suficiente para abrir mão das minhas filhas.

Ter deixado Henry no passado foi a coisa mais difícil que eu fiz em toda a minha vida e por mais que essa tenha sido não só a melhor chance dele, como a minha também – já que sem isso talvez ainda estaríamos vivendo em Boston – eu não queria ter que me desfazer da minha família. Eu não queria ter que passar por toda aquela tortura outra vez. Abrir mão de um filho é sem duvidas à decisão mais complicada do mundo.

Respirei fundo tentando absorver aquilo. Se a maldição fosse mesmo lançada, pensando em tudo e todos. A melhor chance que tínhamos de um dia voltarmos a ser felizes era deixa-las ir, para que um dia voltassem, mesmo que eu não aceitasse mais um abandono em minha vida.

— Temos que arrumar um jeito de tirá-las da maldição. – David estava preocupado.

— Essa é uma das peças mais importantes no momento. – Gold disse pensativo. – Só não consigo pensar em como.

— Eu sei como. – Henry disse com um sorriso no rosto, fazendo todos voltarem seus olhos para ele. Aquilo era uma surpresa.

— Como? – Gold parecia o mais curioso.

— Com isso aqui...

Henry levantou sem pressa. Desamarrou a pequena bolsinha de pano que levava preso em sua calça. Abriu aumentando ainda mais a expectativa de todos. Eu não tinha ideia do que esperar, ainda mais que ele não havia nos dito nada.

Ainda com toda a calma do mundo ele despejou em sua mão o conteúdo, fazendo um filme passar em minha cabeça. Com tudo que estava acontecendo eu realmente tinha me esquecido completamente daqueles feijões mágicos.

— Como e onde conseguiu isso? – Gold perguntou surpreso.

— Quando Emma e eu recuperamos nossas memórias ao cruzarmos a linha da cidade, fomos à busca deles... – Ele olhou para os feijões, mas voltou para Gold em seguida. – Mesmo que tudo tivesse sumido, nós achamos ao lugar onde haviam sido plantados, lá em Storybrooke... E como se o destino tivesse nos ajudando, tinha um pezinho com três feijões... Foi assim que chegamos até aqui. – Ele explicou satisfeito.

— E você os guardou esse tempo todo? Por que não nos disse nada, não nos contou que os tinha? - Gold.

— Bem não era bem um segredo já que eu já tinha falando deles para meus avós antes da Emma trazer de volta as memórias... Mas eu estava mesmo era guardando para uma ocasião especial. – Sorriu como se mostrasse que aquela era.

— Essa é solução! – Regina praticamente gritou. Cheguei a levar um susto. – Desculpa. – Ela me pediu ao perceber minha expressão. Prosseguiu em seguida. – Podemos usar esses feijões para fugir, para irmos para um lugar bem longe, vivermos nossas vidas sem nos preocuparmos com aquela... mulher verde. – Todos se encheram de esperança, menos Gold.

— Seria realmente uma ótima ideia, Regina... Mas sua irmã tem algo mais especial que esses dois feijões juntos. – Todos murcharam outra vez. – Ela tem um par de sapatinhos mágicos que a faz transcender reinos, quando quer e quantas vezes quiser. – Gold concluiu sem emoção.

Muitas emoções em poucos minutos. Sempre que eu olhava para minha antiga vida, eu acreditava que nada mais poderia ser tão complicado e triste, do que viver sozinha e não saber de minhas origens. Lembro-me até de algumas poucas vezes sonhar em viver feliz para sempre em um conto de fadas. O que eu não contava era que o real conto de fadas, não tinha nada a ver com aqueles filmes da Disney. Eles deveriam parar de enganar as crianças daquela maneira.

— I dai que ela tem esse sapato idiota? – Regina perguntou impaciente.

— I dai, querida, que você passaria a vida fugindo dela. Seria apenas questão de tempo até ela te encontrar... E você Regina, já deveria saber mais que ninguém nesse mundo, que nada segura uma mulher faminta por vingança, ainda mais as da sua família. – Gold falou no mesmo tom que ela.

— Mas e se formos para um reino que ela não conhece? – Perguntei adorando a ideia de fugir.

— Bem, isso resolveria os meus problemas. Já que vocês partiriam, e a Zelena iria atrás. Com isso eu não teria mais que me preocupar em me separar da Belle. Mas, também não veria mais meu neto e provavelmente meu filho, já que ele iria querer ir junto com vocês para não sair de perto de Henry. – Ele respirou fundo antes de prosseguir. – Como não quero ficar longe do meu filho e do meu neto. Eu vou pensar em um lugar para Snow e Charming levarem as meninas quando nascerem. Porque essa é a única coisa que podemos fazer nesse momento.

— Pensei que eles fossem para o mundo real como eu fui, só que fora da maldição.

— Acredito que como isso já aconteceu antes, ficaria mais fácil para Zelena procurar por elas no mundo real. E como a magia por lá funciona diferente, acho que vai dificulta a busca pelas meninas caso estiverem em outro reino. E como temos dois feijões, podemos usar um para ir e o outro para voltar.

— Acho que sei o lugar perfeito para irem. – Belle se pronunciou com um sorriso singelo nos lábios.

— Qual, querida? – Gold sorriu para ela do mesmo jeito.

— Eu li sobre um reino... Muito, muito distante e que provavelmente vocês nunca nem ouviram falar... – Ela parecia feliz com o que ia nos contar. – Se chama Narnia.

— Narnia existe? – Perguntei perplexa. Será que lá os animais realmente falavam?

— Você conhece? – Belle parecia surpresa.

— Henry e eu assistimos aos filmes quando estamos em Nova York. – Comentei.

— Ah claro... – Ela pareceu não saber o que dizer, então prosseguiu. – Em Narnia o tempo corre diferente, na maioria das vezes é mais rápido. Para quem está lá parece normal, mas para nós o tempo é menor, mesmo que em raras vezes seja mais lento. – Fez uma pequena pausa. – Digo... Se Snow e Charming forem com as meninas para Narnia provavelmente vão voltar antes do esperado. Quero dizer, para eles vão ter sim se passado nove anos, mas par nós, talvez apenas alguns meses.

— Gold? – O chamei com várias perguntas em minha cabeça. - Porque nove anos? Porque não voltam uma semana depois?

— Eu não faço minhas visões querida, eu apenas as tenho... as querendo ou não. Mas acredito que seja pelo motivo de ser uma idade razoável para entenderem o que é certo o que é errado e para fazerem o que tem que ser feito. Não sei se dois bebês de uma semana seriam capazes de quebrar uma maldição.

— Belle, querida... – Regina falou naturalmente debochada. – Conte-nos mais sobre esse lugar.

Senti sendo tirada a força por um tornado, fui sugada repentinamente daquele salão. Tudo ficou preto. A voz de Henry me chamando ao fundo. Tudo era confuso. Em um segundo todos eram nítidos a minha frente, até os movimentos mais simples daquelas pessoas era algo que eu conseguia ver. No outro segundo em que abri os olhos e vi meu filho parado a minha frente. Já não lembrava mais de quase nada.

Sentei com pressa assustada e atordoada. Estava em casa, na sala para ser mais exata. Como Zelena havia realmente trancado a porta do quarto, eu fui para sala antes de ir para o quarto de hospedes, mas acabei apagando no sofá.

— Mãe, já são oito e quinze, não era para você estar na delegacia? – Henry tinha a voz cansada, o olhar triste e até um pouco vazio.

— Oito e quinze? – Perguntei ao ficar de pé em um pulo. – Nolan já deve estar me esperando. – Pensei em ligar e avisar que me atrasaria, mas não tinha seu numero ainda.

— Zelena vai me levar à floricultura e depois... Bem... – Seu olhar estava tão distante. – Depois eu vou para delegacia, não precisa me buscar.

— Você esta se sentindo bem? – Levei minha mão até sua testa, mas ele a afastou.

— Só estou com muito sono... – Ele forçou um sorriso. – Passei quase toda a noite lendo.

— Está escondendo alguma coisa.

— É serio, eu passei a noite lendo. – Aquilo era verdade, mas aqueles olhos não conseguiam esconder sua tristeza. – Depois a gente conversa, eu tenho que ir... – Ele foi dando passos para trás. – Você precisa se apressar.

Havia algo muito errado com meu filho. Em toda a minha vida, não me lembrava de já ter visto aqueles olhos tão perdidos. Assim que ele retornasse, eu o faria me contar o que estava lhe atormentado.

Enquanto me arrumava o mais rápido possível, tentava me lembrar com mais detalhes daquele sonho que eu tinha tido. Porem, apenas flashs foram guardados em minha memória. Lembrava-me de Henry com algo verde e brilhante em mãos. Da Florista bebendo um copo de suco a contragosto. Algumas pessoas aleatórias também estavam presentes, como a bibliotecária da cidade e a funcionária de Mills. Tudo era confuso demais. Eu até conseguia ver outras pessoas como Nolan e sua esposa, sentados enquanto Regina tomava o suco. Fora isso, eu não conseguia explicar o que exatamente estava acontecendo naquele sonho sem sentido.

Passei no Granny’s antes de ir à delegacia. Comprei café da manhã não só para mim como para Nolan também. Eu tinha que me desculpar de alguma maneira. E nada melhor do que donuts para compensar o meu atraso.

— Desculpa te fazer esperar por tanto tempo. – Eu cheguei já me desculpando – Eu realmente perdi a hora. – Sorri meio sem jeito, que sorriu de volta.

— O importante é que está bem, achei que tivesse acontecido alguma coisa. – Nolan parecia aliviado. Não estava bravo por me esperar por uma hora.

— Não, não, só dormi mais do que deveria mesmo. – Sorri do mesmo jeito que antes. – Mas, trouxe nosso café da manhã. – Mostrei a ele. – Espero que os donuts te faça esquecer que esperou por mim por tanto tempo.

— Esperei? – Falou como se já não lembrasse, o que nos fez rir.

Entramos, tomos o nosso café da manhã e conversamos sobre seu cargo de ajudante. Resolvemos tudo que tínhamos para resolver. O tempo com David Nolan voou, quando me dei conta já estava no horário de almoço. Entretanto, Henry não tinha aparecido, nem mesmo me ligado.

Entrei em desespero, ele parecia tão triste pela manhã que mil coisas ruins começaram a passar em minha mente. Antes de sair correndo pela cidade a sua procura, resolvi fazer o que já deveria ter feito há muito tempo. Ligar para o seu celular.

Henry atendeu no segundo toque, fazendo-me soltar a respiração que eu estava prendendo.

— Onde você está? – Perguntei em tom alto, já pronta para lhe dar uma bronca.

— Calma, mãe! – Sua voz estava completamente diferente de quando me acordou. Havia felicidade em seu tom.

— Calma nada! Você disse que voltaria para cá, já está na hora do almoço e você nem se quer me ligou para dizer se estava vivo. – Meu coração aos poucos foi se acalmando.

— Eu estou muito vivo e muito bem. – Conseguia sentir o sorriso em sua voz.

— Onde você está Henry? Está fazendo o que e com quem? – Eu ainda estava brava.

— Estou no Granny’s com a Regina. Vamos comer com a Mary Margaret e sua família. – Seu humor estava tão bom que nem parecia o mesmo menino de cedo.

— Henry, você ainda é meu filho, ainda tem treze anos e ainda me deve satisfação. Então não quero que isso se repita. Se for de um lugar para o outro eu quero ser avisada. Entendido? – Eu disse firme.

— Ok, mãe, não irá se repetir. – Ele falou como um robô.

— Xerife? – Nolan me chamou.

— Espera um pouco Henry. – Eu pedi ao tirar o celular do ouvido e dar atenção apenas para meu ajudante. – Diga Nolan.

— Acabamos de receber uma denuncia de que um homem foi levado por uma criatura voadora. – David falou nervoso.

— Ou as pessoas dessa cidade estão se drogando ou existe um monstro sobrevoando Storybrooke. – Eu falei sem acreditar que aquilo era mesmo possível. – Espera só um segundo. – Eu voltei o celular ao ouvido. – Henry, depois que acabar vai para casa, recebi um chamado e não vou ficar por aqui. – Eu já ia desligar, mas voltei a falar. – E não se esqueça de me avisar caso tenha outros planos e me ligue também quando chegar em casa.

— Ok, Xerife Swan. – Ele falou em tom de ironia.

— Se cuida. – Desliguei ao ouvir seu tchau.

Não era possível, se fosse apenas uma pessoa reclamando daquele tal pássaro, diria para ir procurar um terapeuta, mas não era apenas um sim vários indivíduos. E para deixar tudo ainda mais sem sentido, a última queixa era de que um homem havia sido levado pelo pássaro-monstro.

David e eu fomos direto a casa da mulher que havia nos ligado, chegando lá ela nos recebeu desesperada. Mesmo assustada e em lágrimas, conseguiu nos contar tudo o que aconteceu.

— Calma... – Eu tentei raciocinar sobre tudo que ela havia dito. – A senhora está pedindo para eu acreditar, que seu marido foi levado por um macaco voador? – Repetir suas palavras fez com que eu me sentisse uma idiota.

— Foi o que acabei de dizer, Xerife! – Ela respondeu nervosa.

— Senhora, tente se acalmar, talvez tenha se enganado.

— Eu sei o que eu vi, eu sei o que passei. – Ela quase gritava comigo. – Então não me diga que estou enganada. Enganada está você por ainda estar aqui parada a minha frente, questionando o que eu disse, em vez de ir atrás dele.

— Está bem, senhora. – Eu tentei me acalmar para não manda-la para um psiquiatra. – Vou fazer uma busca completa, vou interrogar algumas outras pessoas e assim que tiver noticias te comunico. Está bom assim?

David e eu resolvemos nos separar para recolher os depoimentos, assim seria mais rápido e poderíamos iniciar as buscas. Marcamos de nos encontrar na ponte Toll. Já que tratava de um macaco voador, uma busca pela floresta seria o mais sensato a fazer.

Eu estava procurando por algo que nem ao menos acreditava. Estava me sentindo uma completa idiota por buscar daquela criatura misteriosa. Mesmo depois de vários relatos, era algo muito difícil de aceitar. Já havia ouvido falar de cidades que tinham suas lendas de monstros, mas nunca achei que presenciaria algo parecido. David por sua vez parecia assustado, estava calado e alerta quase o tempo topo. Analisando seu comportamento eu podia ver que ele também acreditava naquela coisa de macaco com asas.

A maior parte da busca nós ficamos em silêncio. O que era péssimo, por que fazia com que eu ficasse o tempo todo pensando em Regina e estranhamente naquelas crianças – filhos do David. Depois de muito andarmos, tentando achar algum vestígio da criatura, nada encontramos além de um coelho. Logo a noite iria cair, ainda não havíamos comido nada além do café da manhã. Meu estomago roncando e minha paciência indo embora. Aquela busca era inútil. Não existia nenhum macaco voador.

— Logo vai anoitecer, vamos encerrar a busca. – Eu disse quebrando o silêncio e guardando minha arma. – Preciso comer alguma coisa.

— Vamos continuar amanhã? – Ele ainda parecia preocupado.

— É, amanhã a gente continua. – Comecei a traçar o caminho de volta. – Talvez a gente tenha que procurar pela cidade. Já que por aqui não tem absolutamente nada.

— Talvez tenha algum esconderijo. Casas velhas um galpão abandonado. – Ele realmente acreditava na criatura. Ou eu era louca, ou eles que eram. Porque eu ainda não havia conseguido digerir a ideia de um macaco voador.

— Você acredita mesmo que seja um macaco voador?

— Você não? – Sua pergunta soou como se eu fosse a doida da história.

— Ah... Não sei... – Não sabia muito bem o que responder. Por mais que achasse tudo loucura, algo dentro de mim pedia para ser mais como David e menos como eu. – Bem, chegando a delegacia vou ligar para a mulher do homem que sumiu e lhe informar que não achamos nada. Talvez ele tenha voltado para casa... Se não, completando 24h vai ser determinado como desaparecimento. – Andávamos em direção a ponte Toll, onde eu havia deixado a viatura e Nolan seu fusca. – E se esse for o caso, vamos ter muito trabalho pela frente.

— Amanhã, domingo. O horário é às duas horas cedo? – Ele perguntou. Mas, parecia apenas querer confirmar. Estranho já que não havíamos falado sobre aquilo. Era a segunda vez que ele acertava a hora.

— É, isso mesmo. Aos domingos entramos as duas. Mas não é todo domingo que vamos trabalhar. Na verdade já faz alguns que não vou. – Olhei para ele que não esboçou surpresa. Mais uma vez apenas parecia já saber.

Eu tinha muitas perguntas em relação a David Nolan, mas ao mesmo tempo eu não tinha necessidade de saber as respostas. Eu me sentia confortável com ele. Não sentia medo dele, nem maldade vinda da sua parte. Meu coração pedia apenas para confiar, deixar fluir, ignorar todas as coisas que eu acreditava não serem normais. Mesmo eu não sendo uma pessoa que era acostumada a deixar os sentimentos falarem mais alto do que a razão.

Chegamos à delegacia e pedi que Nolan ligasse para a senhora desesperada. Enquanto eu arrumava as coisas para irmos embora.

Peguei meu celular, pronta para ligar pra Henry e avisar que ficaria de castigo, por não ter me telefonado. Mas ao ver que tinham cinco chamadas perdidas, me senti um pouco culpada em achar que havia mais uma vez se esquecido de mim.

Liguei de volta na mesma hora. Sem duvidas era ele quem estava preocupado comigo, por não ter atendido nenhuma de suas ligações.

— Henry, desculpa não ter atendido antes, mas estava trabalhando. – Eu falei antes mesmo dele dizer alguma coisa.

— Swan? – Era a voz da Srta. Mills do outro lado da linha. Todo meu corpo ficou rígido. Um, por achar que algo havia acontecido com meu filho. E dois, por ser ela a falar comigo.

— Srta. Mills? Cadê o Henry? Aconteceu alguma coisa? – Meu coração se acelerou com a possibilidade de coisas ruins terem acontecido com ele.

— Ele está bem, deixou o celular comigo. – Seu tom de voz estava diferente. Firme, porem reconfortante. Soava estranhamente familiar.

— Como assim? Ele esqueceu o celular com você?

— Não, nós estamos na pracinha. – Ela explicou como se não tivesse nenhuma paciência, mas não parecia irritada. Era como se fosse algo natural, mesmo que eu nunca a tenha visto fala daquele jeito. – Henry foi comprar pipoca com as crianças.

— Que crianças? – Eu não estava entendendo nada e para me deixar ainda mais confusa, o flash do sonho onde ela bebia o suco a contragosto, me veio à cabeça.

— Emma? – O jeito com que disse meu nome me fez prender o ar e engolir a seco. – Vem para cá. – Mesmo que sua voz fosse mansa e até um pouco doce, não era um pedido, era uma ordem.

Minha cabeça deu um nó. Simplesmente não conseguia pensar direito. Meu coração estava acelerado, me pedia com todas as forças para ir até lá sem ao menos questionar. Não que encontra-la fosse uma coisa de outro mundo. Já que vê-la era algo que desde o dia em que a conheci, era mais necessidade do que vontade. Foi à maneira com que mandou, foi o seu tom de voz que fez meu estomago revirar. Mesmo que eu não quisesse, mesmo que eu tivesse que fazer outras coisas – como ver Zelena já que não falava com ela desde a ligação do dia anterior – eu não iria conseguir dizer que não.

— Está bem... – Eu falei em tom baixo como se tivesse perdido a voz. – Chegou em dez minutos.


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Notas finais do capítulo

Espero que algumas duvidas tenham sido respondidas. E espero também que todas elas sejam esclarecidas até o final de tudo.

Mas, e ai, o que acharam?