Cicatrizes de Outra Vida. escrita por Prímera


Capítulo 1
Capítulo 1 - Atração que transcende espaços.


Notas iniciais do capítulo

Fiz uma tentativa dessa estória com o anime Soul Eater, porém fiquei sem animo para conclui-la, o que resultou na sua exclusão. Mas a salvei por completo no PC, e com poucas alterações, decidi lançar com os personagens de Fairy Tail.

Espero que gostem :)



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No tempo do Japão feudal, quando as guerras frequentes e sanguinárias entre homens do grande poderio japonês assolavam a superfície daquele vasto lugar, deixando rastro de dor e escuridão, um grande amor nascia naquele berço de sofrimento. Uma princesa e um samurai de dinastias distintas.

Ela, criada em volta de reverências e requintes, dos mais luxuosos palácios e cuidados do pai. Já ele, nascido para proteger, com experiências em batalhas devido aos treinamentos desde a infância. Encontram-se por um acaso do destino.

Após uma derrota, aos cuidados da princesa do feudo rival, o jovem samurai dado como morto pelos seus coligados cura-se de suas feridas no aposento real de maneira oculta. Com sua nova vida dedica-se a proteção da princesa, e no decorrer, recebendo a confiança do cuidadoso pai, um Shogun*.

*Grande general do poder japonês.

Porém, mais uma pessoa ficou sabendo dessa sua segunda oportunidade de vida. Uma bela mulher possuidora de grandes poderes, considerada uma feiticeira naquele tempo e que ajudava o feudo antes servido pelo samurai.

Supria um grande amor pelo jovem e, no momento, encontrava-se insatisfeita com o suposto romance vivido pelo casal alheio. A cada dia passado, seu ódio apenas aumentava e consequentemente seus poderes eram tomados pelas trevas.

Sentindo-se traída, o desejo almejado e alojado em seu peito era somente um: Acabar com ambos e tudo que se opusesse a ela, nem que para isso desse sua vida em prol.

Conjurado e lançado o feitiço de morte sobre o casal, no mais tardar o feudo da princesa foi atacado e destruído. O general e os demais samurais foram mortos no campo de batalha. A jovem princesa junto ao amado, com ordens expressas de seu pai no leito de morte, conseguem fugir a tempo rumo a uma floresta situada nas imediações. No entanto, em meio ao trajeto, foram pegos e cercados pela feiticeira e ordenados do feudo rival.

A batalha foi curta e o valente samurai morto tentando proteger a vida da princesa, que assistia horrorizada a cena. Em seguida, sem esforços, a mesma também foi assassinada e seu corpo lançado ao mar iluminado pela lua cheia - testemunha do destino trágico daquele amor.

Encerrando o tal feitiço, a bela mulher cortou os pulsos em sacrifício, derramando seu sangue pelo chão misturando-se com a terra fria. Vendia assim sua alma para que as próximas reencarnações do casal conjurado, o mesmo fosse realizado...

Eu rogo-lhes a dor e a separação...

Para que suas almas sofram de eternidade em eternidade.

“Nela” o esquecimento será dado como sentença

e não mais lembrará o amor vivido no passado.

A “ele” será sentenciado o peso de sua escolha...

Para que a dor da morte lhe atormente as futuras vidas,

e jamais possa se juntar a ela devido ao sofrimento que sentirá com sua presença.

Assim eu lanço sobre ambos e assim será...

Cicatrizes de Outra Vida. – Atração que transcende espaços.

Lucy

– Ahhhhhh!! – Acordei aos gritos e arfando, outra vez. Havia sonhado novamente com aquilo, não sabendo bem o que era exatamente. Me encontrava molhada de suor sobre a cama em total desordem. Sentei-me inclinada, colocando as mãos sobre o rosto e fechando os olhos, pensativa. Respirei fundo. Tentava me acalmar, pois ainda me vinha à mente pequenos fragmentos do sonho horrível que tivera.

Nunca conseguia me lembrar de todo ele com clareza. E os sonhos, apesar de sempre serem o mesmo, notava pequenas diferenças no princípio. Em um desses dias. Como hoje também. Sonhei que vestia um lindo quimono tradicional florido de cor rosa claro e estava sentada sobre um travesseiro macio na varanda em madeira escura, antiga, de um casarão. Fingia apreciar a chuva das restantes pétalas de cerejeiras, que vez ou outra acontecia com o soprar rigoroso do vento frio do outono, mas, que na verdade, estava completamente absorta em pensamentos.

Era quando ele, com sua chegada, me despertava, tomando posse de toda e qualquer atenção que eu pudesse lhe oferecer, me fazendo uma fanática espectadora de seus movimentos: Da reverência formal ao esboçar do simples sorriso maroto e relaxado. Meu coração reagia de pronto com batidas descompassadas, que precisava segura-lo se quisesse conte-lo dentro do peito. Sentimento não muito diferente de agora...

Por mais que tentasse lembrar seu rosto, eu não conseguia. Acabava ficando com uma baita dor de cabeça.

E o final desse sonho se tornava terrivelmente igual aos outros: Aquele chão gélido e arenoso. Os enormes pinheiros a minha volta, criando um ambiente sombrio e assustador, mas não tanto quanto ela, a estranha mulher que vejo em todos os meus sonhos. Sim, ela está em todos! Seus cabelos eram de um negro tão profundo que se misturavam com a escuridão a nossa volta. Os olhos da mesma cor que cabelos pareciam não terem fundos e estavam carregados de puro ódio, os quais me refletiam. Vestia, assim como eu, um quimono antigo sendo a cor vermelho sangue, semelhante ao sangue da pessoa caída a minha frente. E as flores de loto estampadas brancas. Reconheci de pronto, pois eram minhas favoritas. Eram!

O incrível é que sempre tive esses sonhos desde criança, e não consigo me acostumar.

Olhei para o relógio na cabeceira da cama e nele marcavam 04h36min. Dessa vez me acordei até mais cedo que nos outros dias, ainda faltavam aproximadamente quatro horas para as aulas. Me deitei e fiquei olhando para o teto até cochilar...

– Droga, droga, mais que droga! Estou atrasada! – Pulei da cama, apressada, e corri para o banheiro para tomar um banho rápido e fazer minha higiene pessoal em questão de segundos. Voltei escorregando, em consequência dos pés úmidos, para o quarto - não sem antes cair de bunda - e vesti o fardamento de minha nova escola: Saia de pregas cinza, camisa social branca acompanhada de uma gravata listrada e um suéter beje opcional. Abaixo, meias azul marinho e sapatos.

– Bom dia, Hime! – Saudou-me Virgo, uma empregada bastante confiável da família.

Quando, estranhamente, decidi mudar para Magnólia - uma cidade do interior, localizada ao sul - a fim de estudar na Academia de Fadas nos dois últimos anos do ensino médio, tive total desaprovação do meu pai, e com razão. Antes de me mudar para um pequeno apartamento de classe média nesse fim de mundo, sem, no mínimo, TV a cabo, eu morava em uma elegante mansão no distrito de Crocus (praticamente uma Hollywood), vizinha a capital de Fiore, e estudava na Academia para Jovens Srtas., onde somente frequentavam garotas da alta sociedade. Uma vida luxuosa, que deixei sem pestanejar ao me deparar com um simples anúncio de vagas num rodapé de jornal.

– Por que não me acordou? – Inquiri, engolindo meu café da manhã, literalmente.

Virgo foi peça essencial para minha vinda. Ela convenceu meu pai com a condição de me acompanhar e mantê-lo sempre informado sobre todos os meus passos aqui - o que de fato seria uma omissão a verdade, mas que funcionou. Apesar de ter ouvido partes de uma conversa aleatória sobre algo relacionado a “ser o meu destino”, que me deixou confusa. Entretanto, desconsiderei como sendo uma daquelas desculpas filosóficas a respeito do inevitável, coisa e tal. Afinal, já tinha alcançado o meu objetivo mesmo.

– Receei acorda-la depois da noite cansativa de ontem arrumando a mudança. Lamento. Hora da punição?

– Primeiro dia de aula. Dessa vez passa. – Disse, jogando a mochila nas costas e seguindo em disparada porta a fora. Que insistência nesse negocio de punição! Ainda vou tirar essa mania dela.

Pode não aparentar, mas a Virgo é dez anos mais velha do que eu. A considero como uma irmã maior. Conhece muito a respeito dos Heartfilia, por servi-los desde os meus dois anos de idade, e esteve presente no triste dia do falecimento de minha mãe.

Às vezes chego a pensar que ela me conhece até melhor do que a mim mesma.

(...)

Natsu

– Bom dia, Nat-kun! – Lisanna me surpreendeu com um beijo assim que atravessei os portões de entrada da escola. Apesar do susto com a aparição repentina, - ou nem tanto, pelo meu estado desnorteado - retribui o beijo, acrescentado um afago em seus cabelos. – Chegou cedo. – Estranhou por eu ter a fama de retardatário.

Mesmo não sendo uma pergunta, ela permaneceu me encarando com seus grandes olhos azuis a espera de uma justificativa, analisando o cansaço da noite anterior passada em claro estampada em meu rosto.

Desviei do contato visual para observar o pátio sendo preenchido gradativamente pelos alunos.

– Pesadelo. – Respondi seco, o tom proposital para encerramento de conversa.

Lisanna pareceu entender, pois logo mudou o assunto para nosso terceiro aniversário de namoro.

Nos conhecemos na infância, quando sua família se mudou para Magnólia devido a problemas financeiros. Mas, somente há três anos atrás começamos a namorar, por iniciativa dela. Decidi nos dar essa oportunidade, e tudo por que a Lisanna é diferente daquela pessoa em questões como aparência e comportamento. A possibilidade de comparação seria muito menor. E Beija-la me trazia uma sensação ilusória de bem estar; como droga ocultando momentaneamente a realidade das coisas. E a minha realidade estava a quilômetros de distância, numa cidade longínqua. Assim eu esperava.

{... A “ele” será sentenciado o peso de sua escolha... Para que a dor da morte lhe atormente as futuras vidas, e jamais possa se juntar a ela devido ao sofrimento que sentirá com sua presença...}

Bastou tocar no assunto para que as palavras de conjuração viesse sibilar em meus ouvidos, causando arrepios por toda pele.

Constantemente tenho visões de minhas vidas passadas e do triste fim solitário por não ter resistido a ela. Exatamente! Eu consigo me lembrar de tudo, pois assim desejou a bruxa, assim fui amaldiçoado. Contudo, dessa vez não irei cometer o mesmo erro que cometi outrora. Não quero vê-la desfalecer em meus braços sem poder fazer nada para ajudá-la, e passar o restante da vida sofrendo, lamentando-me por tê-la amado e causado sua morte.

Dessa vez vou evita-la, procurar viver uma vida sem ela e deixa-la fazer o mesmo sem mim.

Enlacei o braço em torno do pescoço da minha namorada e seguimos sorridentes, em meio a conversas levianas sobre as férias, rumo ao corredor onde se encontrava a listagem das turmas.

(...)

– Os pombinhos estão alegres hoje! – Mencionou alguém atrás de nós, quando, ao final da escadaria que nos conduzia ao segundo piso, alcançamos o quadro de aviso contendo as turmas do andar.

Explico. No térreo estão às salas menos interessantes e as mais frequentadas por mim, do tipo: A direção, coordenação e sala dos professores. Também como a biblioteca, áudio e vídeo, salão de música, ateliê de artes... E logo na recepção há diversos armários enumerados e empilhados, formando corredores, para utilização dos alunos.

As turmas começam a partir do segundo piso, no caso do primeiro ano e do segundo ano. O piso superior ficou para as turmas do terceiro ano, os clubes - nossas atividades extracurriculares -, entre outras salas: Laboratórios e sala de informática.

– Tradução de quem teve boas férias, Erza. – Rebateu Mira, ocupando um espaço ao nosso lado em meio ao aglomerado de pessoas.

Tenho que concordar com ela.

– O que fazem aqui? – Perguntei, ciente de que esse ano ambas são do andar de cima.

– Passeando enquanto as aulas não começam. – Erza respondeu, desinteressada, sua atenção voltada para a lista de nomes. – E então, em que turma vocês ficaram?

Nesse momento um gemido de insatisfação bem próximo a nós se sobressaiu aos falatórios em volta, e acabei por baixar a vista para me deparar com uma Lisanna de bochechas infladas. Ela apontou, silenciosa, a sequencia de nomes do segundo alfa, incluindo o seu, para depois abrir a boca em protestos.

– Isso é injusto! Amor, eles nos separaram! – Lançou um olhar de suplica na minha direção. Porém, o máximo que pude fazer foi conferir a veracidade de suas palavras.

Realmente estava certa, minha sala era o ômega, ou seja, no extremo do andar. Mas não via necessidades para tanto lamento, já que era da quarta classe depois da dela.

Para diferenciar a Academia das Fadas das demais instituições acadêmicas da cidade, o velhote (Diretor Makarov) propôs intitular as salas com alguns nomes do alfabeto grego, os conhecidos Alfa, Beta, Gama, Delta e Ômega.

Sinceramente, pra mim, não fazia diferença nenhuma a nomenclatura. Foi falta do que fazer mesmo!

Corri os olhos à procura de mais alguém do grupo, encontrando com poucos instantes Levy Mcgarden, Juvia Lockser, a repetente Kanna Alberona, Gajeel e...

– Merda! Estou na mesma sala do olhos caídos! – Praguejei, ouvindo algo parecido, direcionado a mim, do recém-chegado ao meu lado. – O que você disse? – Rosnei.

– Essa pergunta é minha, seu idiota! – Gray me desafiou. As pessoas ao redor, reconhecendo o inicio de uma briga pelas vozes elevadas, recuavam, porém interessadas em assistir.

Juro que quebraria a cara daquele stripper se não houvesse tocado o sinal na hora exata em que erguia o punho cerrado. Minha tolerância estava abaixo de zero naquela manhã.

Com um rápido selinho na Lisanna, segui para minha classe, acompanhando o fluxo de alunos no sentido leste.

Me joguei na cadeira da ultima fileira de mesas próximo a janela. Será que essa sensação incomoda nunca vai passar? Interroguei em pensamento no tom de reclamação, admirando com indiferença as nuvens através das vidraças transparentes. Desde o cair da noite de ontem, senti-me inquieto, ansioso, e não havia distração que os ocultasse, muito pelo contrário, crescia gradativamente.

Estava com um mal pressentimento a esse respeito.

– Sentem-se todos! – Ordenou o professor, interrompendo minha confusão mental. Não fiz esforço algum para mudar de posição, conservando o estado desleixado em que sentei.

Uma bola de papel me atingiu no rosto. Com o susto (o segundo em menos de trinta minutos), me aprimorei para fitar os supostos responsáveis Gray e Gajeel zombando da minha cara. Eles que me aguardem.

– Antes de começarmos, quero que conheçam uma nova estudante da Academia. Por favor, entre! – Exclamou, e todos olharam para a porta com certa curiosidade. Admito que também fiquei. Era raro um calouro nessa série, pois sua maioria estava um ano abaixo da nossa, o que seria uma norma da escola. No entanto, como dizem: Para toda regra há exceções. Não sabia eu, que essa exceção me causaria tantos problemas.

Até que pela porta passa uma garota loira. – Essa é Lucy Heartfilia, espero que sejam amigos dela. – Apresentou, dispensando a escrita na lousa como faziam os demais professores. Típico do Gildarts. – A propósito, ela não conhece a escola. Então quem puder__

As palavras do professor foram interrompidas com o barulho derivado do impacto da cadeira no chão por me levantar de súbito. A sala inteira se vira na minha direção, todos com expressões que variavam de dúvida à curiosidade e estranheza. No mais, os ignoro, permanecendo com o foco nela, e a mesma, demostrando visível interesse, em mim.

Droga! O que diabos ela estava fazendo aqui?


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Comentem!
Espero todos no próximo capítulo :)