Por varias vezes naquela ambulância Maria perdeu a vida, mas Deus não a quis naquele momento e sempre a devolveu pra mim, eu já não suportava mais, minhas lagrimas não cessavam, porque Ana Rosa fez essa loucura, eu a odeio tanto. Assim que chegamos ao hospital Maria foi levada ao centro cirúrgico, eu andava de um lado para o outro naquela sala de espera, gelada um ambiente sombrio pra mim, somente conseguia pensar em Maria, rezava para que ela se recuperasse, para que salvassem a vida da única mulher que fui capaz de amar, passou um tempinho e meus familiares chegaram, Estrela, Heitor e Ângelo logo correram para me abraçar, o abraço de meus filhos era tudo que eu precisava naquele momento.

– Eu não posso perde-la meus filhos, não posso, não suportaria viver sem ela. – Eu disse os apertando contra mim.

– Eu sei papai, posso ver o quanto ama Maria, achei que nunca iria amar outra pessoa que não fosse a mamãe, mas me enganei, mas mesmo assim eu quero que Maria fique bem, eu sei o bem que ela faz ao senhor e sei o quanto ela te ama também. – Estrela disse se soltando dos meus braços com os olhos cheio de lagrimas.

Naquele momento não fui capaz de dizer nada, não fui capaz de contar que Maria era a mãe deles, e que ela estava morrendo, eu não sabia o que fazer, até que tia Alba chegou fazendo suas insinuações.

– Então, Maria já morreu? – Falou em tom irônico.

– Tia não me venha com suas ironias, Maria vai se salvar, ela é forte, minha virgenzinha ira proteger ela eu sei disso.

– Ana Rosa é um espetáculo, realmente ela me surpreendeu. – Alba deu um sorrisinho.

– O que quer dizer tia, por acaso a senhora tem algo por trás de tudo isso. – Perguntei desconfiado, pois acabei lembrando da cena que vi em casa.

– Ai Estevão sabe que eu nunca me importei com Maria pra mim ela já estaria morta faz tempo, e você viu quem atirou foi Ana Rosa e não eu, agora vou pra casa, só me avisem se ela estiver morta. – Alba saiu me deixando atordoado com tudo aquilo, Heitor, Estrela e Ângelo não se conformavam com a frieza da tia e o ódio por Maria, logo eu saberia que teria que enfrentar as perguntas deles, mas antes que isso ocorresse o médico os interrompeu.

– Família de Maria San Roman? – Perguntou diretamente a nós.

– Sim, sou o marido dela, como ela esta Dr.? – Estava aflito

– Sou o Dr. Maldonado, e sinto lhes informar, mas o estado de Maria é gravíssimo, a bala acertou um local muito delicado, mais alguns centímetros e acertaria a Aorta, conseguimos retirar a bala, porem ela perdeu muito sangue, e esta em estado critico, esta em coma induzido por agora, ainda não sabemos como será sua recuperação, as próximas 36 horas será delicada, necessita de um cuidado intensivo, se ela passar dessas 36 horas, podemos dizer que ela esta se recuperando bem, depois disso damos mais 72 horas, e passado essas Maria não corre mais tanto risco de vida assim. Mas ainda requer cuidados específicos. E por hora preciso de doação de sangue, o tipo sanguíneo dela é raro O-, e sinto lhes informar nosso banco de dados esta em falta com esse tipo, alguém da família tem esse tipo sanguíneo? – Ele esperou respostas, estávamos todos sem chão com aquilo.

– Dr. eu não tenho esse tipo sanguíneo, e não sei dizer nossos filhos. – Quando vi já tinha soltado aquelas palavras Heitor e Estrela me olhando sem entender, mas em meio as circunstância não deram bola para o que o disse, pelo menos naquele momento.

– Podemos fazer o teste, não me importaria de doar sangue a senhora Maria, tudo pela vida dela. Não sei porque sinto isso, mas saber que ela pode morrer é estranho pra mim, sinto como se eu fosse perder algo importante, perder uma parte de mim, dói saber que o estado dela é grave. – Heitor disse aquilo e deixou lagrimas rolarem, aquilo me comoveu por dentro, eles a amavam, o laço de sangue que os unia gritava, mas ninguém sabia a verdade, logo eles acompanharam o Dr. Maldonado me deixando sozinho novamente, eu pensei e repensei queria ver Maria, e depois que a visse eu iria contar a verdade aos nossos filhos, essas 36 horas poderiam ser as ultimas horas de Maria viva, e ela tinha todo direito de ouvi-los chamar de mamãe. Assim que voltaram, questionei o medico sobre a visita.

– Olha Sr. San Roman, eu não aconselho, pois é muito critico o estado dela.

– Mas Dr, é muito importante que eu a veja agora, eu preciso falar, eu sei que ela esta em coma, mas sei que ela pode me ouvir não é? – o questionei.

– Sim ela pode ouvir tudo, e por isso essas 36 horas são mais criticas ainda, ela não pode se alterar, não pode sofrer tantas emoções, por um lado seria muito bom, pois as palavras de conforto da família, ajudaria a trazer Maria de volta mais rápido. Vou te levar até ela, posso ver em vocês o desespero, mas peço Estevão somente palavras de carinho. – Ele me acompanhou até a CTI, ao entrar e ver Maria cheia de fios, somente o barulho daquela maquina, onde mostrava o batimento dela, aquilo em deu uma angustia um medo, não podia perde-la de jeito algum. Me aproximei e segurei sua mão, antes de falar qualquer coisa apenas a observei, ela é tão linda, o tempo só fez bem a ela, fiquei imaginando como seria se ela estivesse passado esses 20 anos do lado dela, talvez teria mais filhos, muitas coisas passaram por minha mente, meus olhos já estavam marejados.

– Maria meu amor, estou aqui pra você, volta pra mim, volta pros nossos filhos, eles precisam de você, assim como eu. Nós temos uma batalha juntos, temos que descobrir a verdade, sei que vamos ser muitos felizes, mas eu preciso de você do meu lado, preciso daquele seu sorriso que eu me perco, das suas palavras doces, do seu carinho, do seu amor. Eu esperei tanto o seu regresso, e quando te tenho novamente em meus braços eu não te aceito perder, hoje era pra ser um dia de grande alegria para nós, afinal nos casamos de novo, e juramos que nada ia nos separar, por favor meu amor volta pra mim, eu te amo Maria, amo você mais que minha própria vida, daria tudo pra não te ver ai, te quero nos meus braços de novo, Maria minha Maria, volta logo, eu te amo, te amo muito. – Levei meus lábios até o dela, e fui me retirando devagar, não tirei os olhos delas e pude ver que uma lagrima escorreu de seu rosto, ela estava ali ainda para mim.

Quando sai de lá, já não encontrei nem Estrela e nem Ângelo.

– onde esta seus irmão Heitor? – Perguntei um pouco nervoso, pois eu precisava lhes contar toda verdade.

– Papai eles foram pra casa, Estrela estava dormindo aqui, ela estava um pouco fraca, afinal foi a única que pode doar sangue a Maria, e falando nisso como ela esta papai, nenhum progresso enquanto você esteve lá? Eu queria muito vê-la será que eu não posso, pelo menos por 5 minutos? – Aquele pedido de Heitor me desmoronou, não podia negar, ele era filho dela, e eu sabia que ele não iria feri-la , apenas consenti com a cabeça e vi meu filho se distanciar naquele corredor. Mas por um impulso decidi ir atrás, chegando na porta apenas vi Heitor debruçado segurando a mão de Maria e chorando.

– Me perdoa senhora, me perdoa por meus insultos, é que é difícil não ter minha mãe, e de repente outra mulher entrar em nossas vidas, mas que queria que apesar de tudo, você ganhou um espaço no meu coração e no coração de meus irmãos, se pudesse te veria como mãe, mas é difícil para mim, agora vendo você aqui tão debilitada, me sinto culpado por algumas vezes ter te insultado, sei que faz meu pai feliz e sei também o quanto o ama, vim aqui dizer que você é digna de ocupar um lugar em casa, e nos nossos corações, você esta se tornando pra mim a mãe que a 20 anos eu não tenho. – Aquelas palavras de Heitor me arrebentaram a alma, eu fui culpado desses 20 anos ele não ter a mãe, sei que Maria ficou presa, mas ela estava viva, e eu a matei. Mas o que me assustou foi o aparelho, assim que Heitor disse que ela estava se tornando a mãe dele, o aparelho de Maria disparou e depois voltou ao normal, de repente disparou de novo e fez aquele barulho que eu nunca queria ouvir, o barulho que diz fim de jogo pra você, Maria estava morrendo, rapidamente tiraram Heitor dali, ele estava completamente abalado.

Começaram a fazer os procedimentos para reanimá-la, eu observava de longe enquanto tinha Heitor chorando loucamente em meus braços, não Maria não podia morrer, aquele aparelho não saia do zero, Maria já estava praticamente morta, e aquilo eu não podia crer, não podia aceitar.