Lily! Lily! Onde você vai passar o natal? James perguntou insistente. Deveria ser a décima terceira vez que ele fazia a mesma pergunta naquele dia.

Já disse mil vezes que eu vou para a minha casa James. Será que é algo difícil para esse seu minúsculo cérebro assimilar? Lily respondeu com cara de tédio.

Faz algum tempo que Lily e James acertaram suas diferenças e desde então são como melhores amigos, ou o mais próximo disso possível. Ela parou com a mania de xingá-lo a todo momento, mesmo que às vezes lhe escapava um xingamento ou outro, afinal, velhos hábitos tardam a morrer. Ele parou com a mania irritante de chamá-la para sair toda vez que à via, o que acontecia com bastante frequência já que eles tinham basicamente todas as aulas juntos.

É claro que James ainda gostava da ruiva, porém esse foi um dos pedidos da mesma para que virassem amigos. James aceitou prontamente sendo que, visto as circunstancias, era bem melhor ficar do lado dela sendo amigos a viver em pé de guerra com a garota que tomou seu coração.

Nossa Lils, que estresse é esse? perguntou brincalhão, como sempre Não quer passar natal aqui em Hogwarts comigo? perguntou um tanto apreensivo sem esperar a resposta para a outra pergunta.

Você vai ficar aqui? estranhou a ruiva de olhos verdes a sua frente.
Todo ano James passava o natal com a família na mansão Potter, ou em qualquer outro lugar, que não Hogwarts.

Eu decidi fazer as coisas meio diferentes este ano. disse em um tom misterioso típico de quando está aprontando algo.

Eu vou pra minha casa James. disse a ruiva. Sabia que ele estava aprontando algo, porém não sabia o que, e não estava disposta a ficar para descobrir. Já avisei meus pais. completou.

Por favor, Lils. Eu nunca te pedi nada.

Lily apenas riu. James Potter nunca me pediu nada? pensou.

James repense essa sua ultima frase, por favor. disse levantando uma sobrancelha.

Okay eu já te pedi MUITA coisa, mas fica aqui comigo, por favor. Pediu mais uma vez. Olhou nos olhos verdes profundos de Lily com tal intensidade que para a garota foi difícil dizer não.

Okay James, mas não faça com que eu me arrependa de ter ficado. James nada disse, apenas fez uma cara de anjo, com um sorriso de canto que quebrou toda a inocência que tentava transparecer. eu sei que está aprontando alguma coisa, Potter. Eu te conheço há muito tempo. a ruiva riu desconfiada.

Eu não estou planejando nada Lily, deixe de desconfiança. disse com a mesma cara. agora vem. Você precisa avisar a McGonagall que vai ficar aqui. disse puxando-a pela mão em direção a sala da professora de transfiguração.

E aos meus pais também. Mamãe não vai gostar nada disso. disse ligeiramente preocupada.

Porque ela não gostaria? o moreno perguntou curioso.

Porque eu estou avisando de ultima hora James.

Você supera isso, ruiva. Relaxa uma vez na vida. Pode ser? o moreno parou no meio do corredor, fazendo com que a ruiva parasse junto.

Eu estou relaxada James. Só estou dizendo que minha mãe e até mesmo meu pai, que é bem mais tranquilo, não vão gostar disso.

Lily, você tem que mudar a sua concepção do que é relaxar.

Mas...

Mas o que ruiva? Por Merlin, pare de se preocupar, por favor. A vida é sua, e você não nasceu para agradar à todos. disse ele calmamente.

Está bem. Vou parar de encher a minha cabeça com essas coisas, mas se eu me arrepender de ter ficado aqui Potter, eu garanto que te culparei pro resto da sua vida. Lily disse séria, mas não conseguiu se manter assim por muito tempo. Logo abriu um sorri, pequeno, mas ainda assim um sorriso.

Tudo bem Evans James entrou na brincadeira Mas eu lhe garanto que você não irá se arrepender. deu uma piscadela e voltou a caminhar.

Depois dessa conversa Lily pareceu bem mais tranquila. Conversaram e riram durante todo o caminho. James não conseguiu deixar de se encantar mais pela garota, reparando em seus trejeitos e manias. Achava lindo o jeito que o canto de seus olhos enrugavam quando ela sorria, adorava o som leve de sua risada, o jeito que ela levava a mão aos cabelo quando ficava confusa. Ele adorava tudo que se referia a Lily Evans. E Lily. Esta custava a admitir que achava o sorriso de James o mais bonito, que gostava de seus cabelo arrepiados naturalmente. Custava admitir que o queria só para si, pois acima de tudo ela adorava tê-lo por perto.

Assim que chegaram à porta da sala, Lily já estava decidida e sem peso na consciência. Pediria desculpas a sua mãe depois, mas este ano ficaria em Hogwarts com seu melhor amigo.

Bateram na porta e ouviram a professora os convidando a entrar.

Com licença professora. Disse a menina, entrando na sala. Sendo seguida prontamente por James. Eu vim para dizer que este ano ficarei em Hogwarts para o natal.

A claro senhorita Evans, aqui está a lista. disse a professora estendendo um pergaminho a menina, logo depois a pena e o tinteiro. - Mas a que se deve a mudança? Se me permite perguntar. uma olhada discreta de Lily a James.

Resolvi passar este natal com meus amigos Lily disse sorridente, terminando de escrever seu nome.

Sendo assim. disse ternamente. E lhes dando um sorriso, que raramente era visto em seu rosto. Espero que aproveitem bem o natal. Dizem que no natal esse castelo tem uma magia peculiar.

Obrigada professora. dizendo isso a ruiva, ainda sorridente, caminhou para fora da sala. pronto Jay, agora só falta a carta de minha mãe.

Então vamos escrevê-la logo. James disse animado. Vamos ruiva, você é muito lerda, meu Merlin!

Você que é rápido de mais. disse quando James começou correr puxando-a pelas mãos. Não vejo necessidade de correr.

Você está muito sedentária! ele riu gostosamente contagiando a ruiva que se esforçava ao máximo para manter o ritmo de James.

Jay diminui o passo, não consigo correr na mesma velocidade que você ela disse tentando soltar-se das mãos do moreno.

Ele parou de súbito, fazendo com que a ruiva lhe desse um encontrão. Ela quase caiu, porém ele lhe segurou rapidamente. De repente um brilho apareceu em seus olhos. Tão rápido quanto apareceu ele se foi, não tendo tempo o suficiente para adivinhar a próxima ação de seu amigo Lily foi pega de surpresa.

James acabara de pega-la no colo e saiu correndo pelos corredores de Hogwarts em direção ao salão comunal. Lily estava eufórica. Com medo de cair agarrou-se em James e escondeu seu rosto na curva do pescoço do maroto.

James me põe no chão, nós vamos cair! berrava em desespero, mas ainda com o rosto escondido.

Ué, arrumei um jeito de você conseguir acompanhar meus passos. e riu como uma criança. Tinha tudo o que mais queria em seus braços. Não podia estar mais feliz, talvez somente no dia de seu casamento com a ruiva, ou nas núpcias, pensou safado.

Mas desse jeito nós vamos morrer. disse quando percebeu que estavam subindo as escadas. PARA DE CORRER!
James gargalhava, mas resolveu obedecer as ordens da ruiva. Sabia que se continuasse sua corrida por mais um tempo, ele passaria o natal em um leito na ala hospitalar.

Considere-se um homem morto James Potter. disse em tom ameaçador.
Isso lembrou a James tempos distantes onde se tratavam como cão e gato. Lily sempre gritava as mesmas palavras para você é Evans, Potter seguidas de ameaças de morte lentas e dolorosas. James sempre com as mesmas brincadeiras infantis e com sua típica frase Evans Potter? Bela combinação.

Lily, Lily. Se você realmente cumprisse suas ameaças eu estaria castrado, sem braços, sofrendo em alguma masmorra ou provavelmente morto em uma delas. enumerou algumas ameaças proferidas pela menina.

James, não teste a minha paciência. disse em tom de aviso.

Mas o que eu fiz de tão ruim Lils? perguntou sacana. Sabia que a ruiva não teria um motivo bom o suficiente para ficar bravo com ele.

Você saiu correndo comigo no colo. Podíamos ter caído. disse sabendo que por mais verdadeiro que o seu argumento fosse, não era o suficiente para convencer James de que ela tinha bons motivos para ficar brava.

Realmente podíamos, mas não caímos. E eu não deixaria você se machucar, caso caíssemos. O real motivo de estar brava comigo é teu orgulho ferido. Lily empinou o nariz você está brava comigo pois pela primeira vez na vida Lily Evans não tem argumentos suficientemente bons contra James Potter seu ex-inimigo e agora seu melhor amigo o moreno disfarçou o desconforto com suas ultimas palavra com um sorriso.

– Okay. Okay. Melhor amigo Lily, por mais incrível que pareça, sentiu o mesmo desconforto ao dizer melhor amigo para James Você tem razão. Agora vamos escrever logo essa carta antes que eu desista e fale para McGonagall que mudei de idéia.

Vamos. disse puxando a menina mais uma vez pela mão.
Finalmente chagaram ao salão comunal e Lily foi pegar pergaminho, pena e tinteiro para começar a redigir a carta. Desceu dois minutos depois com tudo nas mãos.

– Como vamos começar? perguntou o de óculos.

Ele estava deitado em um sofá próximo a lareira enquanto a ruiva estava confortavelmente sentada na poltrona ao lado.

Jay, é uma carta para minha mãe, não para o Ministro da Magia. disse risonha.

James não pode deixar de sorrir. Apesar de serem muito amigos, Lily raramente o chamava de pelo apelido.

Lily escrevia a carta distraidamente e inconsciente do olhar do moreno sobre ela.

Para ele era impossível não olhá-la. Ela não saía de sua mente e tudo o que ele mais queria era que seu plano desse certo. Se tudo ocorresse como deveria. Este, com toda certeza, seria o melhor natal de sua vida.

Acabei.

Mas tão rápido? James estava surpreso.

Eu escrevi um bilhete James, não um monologo, envolvendo todas as razões possíveis do por que eu não voltaria para casa neste natal. Lily ria gostosamente.

Tudo bem. Vamos ver o que você escreveu para minha sogra. disse chegando mais perto da ruiva. Ele nem ao menos percebeu suas palavras, mas elas não passaram despercebidas por Lily que arregalou os olhos.

O que disse? perguntou incrédula. Não só com as palavras de James, mas por mais estranho que pareça ela realmente gostara do que ouviu.

O que? perguntou confuso.

Nada. Eu... eu devo ter escutado errado. Empresta a sua coruja? Eu emprestei a Cristal para a Lene e ela ainda não voltou.

Claro.

Caminharam em um silencio estranho, ao menos para Lily, até o corujal. Ela ainda estava com a frase de James na cabeça; vamos ver o que você escreveu para a minha sogra. A palavra sogra se destacava, como se estivesse em neon, em sua mente.

Assim que chegaram o maroto foi pegar sua coruja para logo em seguida amarrar a carta de Lily em seu tornozelo, disse para a ave onde deveria entregar a correspondência, e a mesma deu-lhe carinhosamente uma bicada na mão do dono, logo em seguida alçando voo.

~*.*~

O tempo passou voando. A maioria dos alunos retornou às suas casas para passar o natal junto da família. Sobravam poucos dentro de Hogwarts e entre eles estavam Lily, James, Marlene e Sirius que estavam no salão comunal da grifinória.

Já era véspera de natal às 20h07min. Lily, James, Marlene e Sirius estavam no salão comunal, jogando conversa fora e enfeitando uma arvore de natal perto da lareira, esperando ansiosamente para a chegada do natal, quando Sirius decidiu brincar um pouco com Lily.

Lily, Lily. Se eu não te conhecesse, diria que essa súbita mudança de opinião é por você estar apaixonada pelo nosso James aqui. Sirius disse sorridente abraçando James de lado.

E-eu não estou apaixonada pelo James. Eu só acho que entre ficar em casa ouvindo minha irmã me xingar por respirar o mesmo ar que ela, e ficar aqui em Hogwarts com meus amigos, eu prefiro a segunda opção.
A gagueira de Lily não passou despercebida.

Tem certeza que não sente nada mais que amizade Lily? James se aproximou da ruiva, ignorando as expressões maliciosas dos amigos.

C-claro James. Porque eu estaria em duvida? perguntou nervosa. Nem ela mesma sabia o porquê de estar tão nervosa perto de James.

Você está gaguejando. ele sorriu e a abraçou pela cintura. Você sabe que o que sinto por você continua o mesmo. Senão mais forte. continuou, agora sussurrando, para que só a ruiva pudesse ouvir.

James eu... ela simplesmente o empurrou e saiu correndo deixando Sirius e Marlene confusos.

O que deu nela?

O maroto não respondeu. Sabia o que estava acontecendo com sua ruiva, e só desejava que ele conseguisse passar por cima disso hoje de noite.

~*.*~

Lily passou o resto na noite sozinha na torre de astronomia. Queria ficar sozinha com seus pensamentos e lá era o lugar mais silencioso que podia encontrar.

Se perguntava quando seus sentimentos por James haviam se transformado assim. Quando passaram de amizade para esse sentimento indefinido que estava dentro de seu peito agora.

Quando aceitara ficar em Hogwarts para o natal ela sabia que, lá no fundo, não tinha nada a ver com o fato de ficar longe de Petúnia. Sabia que ela queria ficar pelo moreno, só não conseguia entender o porquê. Muitas coisas lhe passavam pela cabeça, mas nada parecia um motivo plausível. Ela não queria aceitar que James finalmente alcançara seu objetivo. Lily Evans não podia estar apaixonada por James Potter.

Terem se tornado amigos já foi uma coisa surreal de mais. Ela mal acabara de aceitar esses fatos e agora se descobre apaixonada por aquele que um dia foi o garoto que ela mais odiou na vida.

James, por outro lado, pensava. Pensava como faria a ruiva aceitar o que ele sabia que ela começou a sentir. Como ele a faria acreditar que o que ela sente não é nada absurdo, não é uma coisa ruim.

Ele andava de um lado para o outro em seu dormitório. Queria fazer alguma coisa, e queria naquele exato momento correr até a torre de astronomia, onde ele sabia que ela estava, e tascar-lhe um beijo na boca, mas sabia que se o fizesse seria recusado. Parou na frente do mapa do maroto estendido sobre sua cama e ficou olhando fixamente o pontinho representando Lily. Ela não havia se movido nem um centímetro sequer.
Para a maioria pode ser precipitado dizer que um menino de apenas 17 anos possa ter a remota idéia de o que é o amor, mas James sabia. E se não sabia, para ele Lily era a melhor representação do que se possa ser o amor.

Mas afinal, quem realmente sabe o que é o amor, não é mesmo?
Quando 23h17 apareceu no visor de seu relógio, James não aguentava mais. Pegou a capa da invisibilidade e saiu correndo para a torre de astronomia. Chegou rapidamente e sem ser visto por ninguém. Lily estava apoiada na varanda olhando as estrela que apareciam gradativamente. A luz fraca da lua iluminava seu rosto, deixando James fascinado momentaneamente. Fazendo-o esquecer o que de fato viera fazer ali. Ele apenas apreciava a ruiva de olhar triste.

James tirou a capa, deixou-a cair no chão fazendo um ruído mínimo que atraiu o olhar ruiva.

Oi. James disse timidamente. Acenando com a mão.

Oi. respondeu com o mesmo tom.

Lily, nós precisamos conversar.

Jay o menino deu um leve sorriso ao notar que ela ainda o chamava pelo apelido. eu não sei o que me deu para sair correndo daquele jeito, hoje mais cedo.

Eu sei, e creio que você também saiba.

Eu não entendo isso direito. Eu não quero sentir isso, somo amigos.

E porque você não quer sentir isso Lils? O que te impede? perguntou nervoso. Tinha medo da resposta. e não me venha com somos amigos eu sei que não é esse o problema.

Eu não quero porque... James você é a pior pessoa por quem eu possa sentir isso. Não, não é pelo fato de ser meu amigo, mas pelo fato de ser você. falou triste. eu não quero estar com você e achar que está me traindo. Eu não quero estar com você e estar na duvida se você gosta mesmo de mim. James eu não quero... parou repentinamente pensando o quão grave seriam suas próximas palavras.

O que mais você não quer ruiva? James se agarrava ao ultimo fiozinho de esperança. Ele nunca deixaria de lutar pela sua ruiva, mas ouvir que ele não era a pessoa certa para ela doía. Principalmente quando quem, dizia isso era a própria Lily.

Ela o encarava. Não queria dizer em voz alta. Pois se dissesse seria finalmente admitir que estava apaixonada por James Potter. E isso ela não queria. Então apenas abaixou a cabeça.

Lily. Eu sei que eu não tenho me mostrado um cara muito serio, mas se eu já falei alguma coisa séria na minha vida é que eu realmente gosto de você Lils. Me da uma chance de te mostrar que eu posso ser o cara certo para você. Me da uma chance de te fazer sorrir, de ser o motivo do teu sorriso.

Lily não sabia o que dizer. Ela acreditava nas palavras de James e queria desesperadamente dizer sim para tudo, mas seu orgulho não permitia.

Eu...

Ruiva, deixa teu orgulho de lado pelo menos uma vez na vida. Eu te garanto que você não vai se arrepender. se aproximava cada vez mais da ruiva. Ela não se moveu nenhum passo, nem quando James enlaçou sua cintura como fizera apoucas horas atrás.

Ela apenas fechou os olhos sentindo o momento. O menino encostou sua testa na da menina também fechando os olhos. Acariciou sua face delicada. Ficaram assim. Aproveitando o silencio. Aproveitando a presença um do outro. Apenas sentindo.

Eu não quero estar apaixonada por você. sussurrou a ruiva. Mas infelizmente não escolhemos por quem nos apaixonamos.
Ainda da mesma maneira, sem abrir os olhos, James sorriu. Sorriu o sorriso mais sincero e natural.

Eu te amo ruiva. sussurrou também. E sem esperar resposta selou os lábios da pequena ruiva que, agora ele tinha certeza, era dele. O selinho abriu especo para um beijo apaixonado e puro. Um beijo como James jamais dera em menina nenhuma.

Feliz Natal James. disse baixinho o abraçando com força.

Feliz Natal minha ruiva. disse no mesmo tom retribuindo o abraçando levantando a ruiva do chão.

Esse com certeza foi o natal mais feliz na vida de ambos. O natal em que se tornaram um só. Um natal sem arrependimentos.