– Ah! Rosquinhas! – Skye exclamava, contorcendo-se sofá como se tivesse cinco anos de idade. – Como senti falta de comer esses pequenos pneuzinhos de milho!

Fitz concordou e Simmons jogou os dados antes de guiar seu bonequinho pelo tabuleiro. Ward chegava com as bebidas e as colocava na mesinha de centro, admirando a namorada encolhida no sofá e agarrada ao pacote de rosquinhas.

– E você perdeu a vez, Sr. Barman – Skye o puxou para um beijo rápido. – Já estamos nove casas à sua frente.

– É mesmo? – ele sorriu, devolvendo o beijo. – E quem eu sou?

– Adivinha? – ela perguntou e Fitz-Simmons seguravam o riso.

– Eu não sei – ele sentou-se ao lado dela no sofá e inclinou-se para pegar o abridor em cima da mesinha. – Se eu fosse um personagem... Quem eu seria?

– Quer uma dica? – a garota perguntou virando-se para ele no sofá e ele apenas balançou a cabeça, afirmando. – “WARD ESMAGA!” – ela apertou os punhos e fez uma careta, tentando imitar o Hulk e todos caíram na risada.

– Isso é ridículo, amor – disse o agente, descruzando as pernas da garota e fazendo cócegas em um dos pés dela. – MIM NÃO SER HULK! HULK VERDE! WARD NÃO VERDE! E WARD ATIRA!

Skye se contorcia de rir, não apenas pelas cócegas, mas pela performance de Ward tentando imitar o Hulk. Simmons ria sem controle e Fitz guiava o seu bonequinho (que era um macaco, óbvio) pela trilha do tabuleiro, enquanto procurava com os olhos o outro saco de rosquinhas.

– Quem deixou ele usar animais na corrida? – Ward largou o pé de Skye e deu um gole na sua bebida, apontando para o tabuleiro em seguida. – As regras não incluíam apenas super heróis e personagens de filmes de...

– E Planeta dos Macacos não é um filme, Sr. Pode usar Animais na Corrida? E o Donkey Kong não é um primata? Assim como o King Kong...

– Wow, calma aí, macaquinho! Foi só uma pergunta! – Skye sorriu e virou-se pro outro lado, colocando a cabeça no ombro de Ward e pegando uma das bebidas na mesinha. – E outra coisa, os dois nerds aí estão ficando iguaizinhos a uma certa garota de St. Agnes...

– Hey, não me mete nisso! – Skye encostou a garrafa congelante no pescoço dele e Ward se encolheu com o choque térmico. – Não tenho culpa se eles estão pegando as minhas manias.

– Ah, Skye – Jemma apenas balançou a cabeça e pegou sua bebida, voltando a encostar as costas na poltrona. – Acho que eu ganhei de novo.

– Não é justo! – Fitz protestou. – o Sr. Monkey estava paralisado devido uma infração cometida pela negligência do agente à sua esquerda.

– Nada disso, Fitz – ela disse, tirando um pequeno caderninho do bolso do short. – E isso me rende mais quinze pontos. – ela tomou nota. – O que me faz a vencedora do Campeonato de Tabuleiro dos Personagens!

– Meus parabéns – Fitz resmungou a contra gosto, fazendo Simmons se compadecer daquela carinha inconformada.

– Oh, Fitz – ela segurou seu rosto com as duas mãos e o beijou, na frente do grupo.

Skye ainda estava deitada junto a Ward no sofá e ao ver a cena, sentiu o líquido voltando incrivelmente rápido pela garganta. Como ela ainda estava transformada em Hela quando Fitz e Simmons assumiram que se gostavam, ela não tinha visto os dois juntos. Até aquele momento.

– Amor? – Ward franziu a testa e se inclinou pra checar se ela estava bem.

– Espera aí – ela tossiu mais algumas vezes antes de sua garganta voltar ao normal. – Alguém quer me explicar o que foi isso?!

– Bom, quando você ainda estava na forma daquela... Coisa – Ward meio que gaguejou nessa última parte. – Você não viu os dois nerds assumindo o romance mais previsível da face da Terra.

– Oh droga! Eu perdi o acontecimento do ano! – ela bateu o punho fechado sobre a coxa, se lamentando.

– Mas quer saber de uma coisa irônica? – Fitz perguntou a Skye, enquanto trazia Simmons pra junto de si com um dos braços. – Promete não ficar mal se eu contar?

– Não, Fitz. – Skye respondeu, começando a estranhar. – E fala logo que eu tô me assustando com isso.

– Foi a “Hela” quem acabou por nos aproximar um do outro.

– Quer dizer – Skye voltou a cruzar as pernas e olhou para Fitz-Simmons, pensativa. – A Hela, no caso “Eu” – ela fez as aspas com os dedos. – Foi a responsável por unir vocês dois? – ela perguntou sorrindo.

– Isso aí. – Ward confirmou.

– Uau! Isso sim é ironia! Mas nossa... Até no corpo daquela coisa eu consegui fazer isso... Acho que era o meu desejo de que vocês ficassem juntos, assim como uniram Ward e eu.

– É, bom... Isso quase me rendeu um enorme buraco no meio dos pulmões, mas... Isso é outro assunto. – Jemma esclareceu, sorrindo pra amiga ao perceber que tudo tinha acabado bem.

– Uau – a garota voltou a deitar-se próxima a Ward, suspirando. – Nem acredito que tudo se resolveu.

– Nem eu – Ward concordou, enquanto enrolava uma mecha de cabelo da namorada nos seus dedos. – Fiquei com medo de você nos matar e se tornar a Rainha de Nifheim mesmo.

– Ward! – ela deu um tapa no braço dele. – Eu não consigo me lembrar de nada... É tão esquisito...

– Será que você ainda tem aquele poder? – Fitz divagou. – Tipo, absorver as partículas de energia de um campo magnético alienígena e controla-lo? Porque seria muito útil para nossa nova pesquisa.

– E o que estão pesquisando? – Skye perguntou, colocando a garrafa vazia em cima da mesinha. – Vocês não vão me abrir pra me estudar não, né?

– Não, Skye! – Jemma gritou, fazendo uma cara estranha. – Não vamos abrir você. Foi só uma ideia absurda que tivemos no caminho de volta.

– Mas não mudem de assunto! – Skye interrompeu, divertida. – Vocês estão juntos e eu tenho quinhentas perguntas pra fazer, então preparem-se.

– Boa sorte pra vocês – Ward olhou para os dois cientistas com o canto do olho. – Ela não vai parar enquanto vocês não contarem cada detalhe.

– E eu não sei? – Simmons revirou os olhos. – Essa daí é a pessoa mais curiosa que eu conheço na face da terra.

– Tá bom, tá bom! Podem ir parando com esse filhote de conspiração. – ela levantou-se e deu um beijo em Ward antes de sair. – Vou ver como o Coulson está.

Ela levantou-se e seguiu em direção ao escritório, mas não o encontrou. “É óbvio que ele está na cabine com a May” ela pensou, se repreendendo por ter sido um pouco lenta. Seguiu em direção à cabine e deu duas batidas na porta antes de entrar. May estava pilotando tranquilamente e sorrindo, enquanto Coulson contava-lhe alguma história, sentado no assento do co-piloto. Ao perceber a aproximação da garota ele a olhou, cumprimentando e May apenas acenou com a cabeça, pelo reflexo do painel.

– Olá, meu terceiro casal favorito desse avião! – ela falou assim sem mais nem menos, fazendo com que os dois corassem. – Vim ver como estão.

– “Terceiro Casal Favorito?” – Coulson perguntou, erguendo as sobrancelhas.

– É! – ela contava com os dedos. – Ward e Eu, que dá Skyard. Fitz-Simmons que já são um shipp desde sempre e Cousay!

– Espera aí... Um shipp? O que é um shipp? – Coulson perguntou, ainda mais vermelho, encarando a garota que se divertia a suas custas.

– Shipp é quando juntam um nome de um casal pra formar uma só palavra. Coulson somado com May fica Cousay!

– Cousay? Sério? – Agora foi a vez de May protestar. – Se não fosse pela falta de educação, a asquerosidade e a violenta força física de Hela, eu poderia jurar que eu preferia a outra Skye. – May respondeu, sem ao menos olhar pra ela.

– Obrigada, May – ela disse com sarcasmo. – Também estou feliz de ter voltado ao normal – ela olhou para o chefe e fez uma cara preocupada. – Fitz-Simmons querem fazer testes em mim, isso não é contra o protocolo? Ou sei lá... Abrir um membro da equipe para estuda-lo...?

– Eles não vão abri-la, Skye. Disso pode ter certeza. – Coulson respondeu sério, mas contendo o riso.

– Okay, se vocês estão dizendo... Não se assustem se acordarem pela manhã e virem minhas vísceras e sangue espalhados pela mesa do café.

– Agora sim, parece a Hela. – May comentou e Coulson balançou a cabeça confirmando.

– Nossa, eu era tão ruim assim?

– Era. – os dois responderam em uníssono.

– Okay, okay... Acabei de confirmar minha teoria. Aqui também cheira a conspiração. Tchauzinho, vou deixar vocês sozinhos de novo. Aproveitem. – ela sorriu pra Coulson e dirigiu-se a saída. – Cousay!

Assim que a garota saiu os dois caíram na risada dentro da cabine.

– Cousay? – Phil repetia, inconformado. – De onde ela tira esses nomes?

– Phil, devíamos tê-la deixado em Asgard. – ela sorriu. – Como será que ela ficou em deixar a mãe e a irmã depois de lutar tanto pra encontrar sua família?

– Ela parece muito bem pra mim. Mesmo com aquela choradeira na hora de se despedir delas. Thor e Odin nos deram autorização para viajar com ela pra Asgard quando ela sentir saudades de Idunna e Skadi. Com aquele pequeno amuleto vermelho.

– A “Campainha de Asgard”?

– É. - ele sorriu. - Como estava dizendo, não sei de onde ela tira esses nomes.

– E como será que ela descobriu sobre a gente, Philip?

Ela estabilizou o manche e o largou por alguns segundos, levantando-se do seu assento para sentar no colo de Coulson. Ele apenas sorriu levantando as mãos como quem diz “eu não sei” e deu um leve beijo nela. Ela passou os braços ao redor do pescoço dele e sorriu, como se não acreditasse no que estava acontecendo.

– Eu não sei, Linda. Eu juro que eu não sei.