O choro de Fitz saíra alto e quente de sua garganta e só bastaram cinco segundos para que suas pernas perdessem o equilíbrio e ele desabasse no chão. Seus olhos explodiam em lágrimas e suas mãos tremiam enquanto ele apertava o barro entre os dedos, recusando-se a acreditar no que via: sua amada Jemma Simmons morrendo nos braços de Skye.

Ward gritou desconsolado enquanto tentava livrar-se daquele feitiço gravitacional ou o que quer que aquilo fosse, mas aparentemente, sua estranha situação era o que menos importava no momento. Ele não podia admitia que Skye havia feito aquilo, não a sua Skye. Coulson não conseguiu segurar uma lágrima calada ao ver suas agentes naquela situação e May se encontrava da mesma forma. A piloto tinha os punhos cerrados e apenas balbuciava um “não” como se fosse uma prece. Ninguém estava preparado para aquilo.

– Ah, que pena – Skye deixou Simmons no chão e passou o dorso de sua mão no rosto da garota que gemia descompassadamente pela falta de ar. – Você era realmente uma boa garota, não era?

– Sk-kye – Jemma tentava pronunciar, fazendo com que o choro de Fitz se tornasse ainda mais penoso. – Eu... A-amo vo-cê, a-miga.

O rosto da nova Hela agora ficou sério. “Aquela garota não poderia estar falando sério. Eu acabei de mata-la!” Pensava enquanto assistia Jemma suspirando cada vez mais fraca naquele chão empoeirado. Não havia tempo para arrependimentos. E ela ainda era a Rainha de Niflheim. Seu coração enegrecido parecia não conhecer o significado da palavra “Compaixão”.

– Okay, já chega com esse showzinho. – Hela pôs-se de pé e observou os agentes um a um. – Quem será o próximo?

– Você.

Antes que Skye virasse as costas na direção da voz, ela foi atingida por uma espécie de raio que a atirou fortemente contra um conjunto de rochas que desabaram sobre ela.

– HELA?! – Todos gritaram em coro.

– Olá, povo de Midgard. Sinto muito pela sua amiga.

– Como... O que... Mas você... – Ward perguntava, depois de ter caído no chão novamente.

– Com o tempo que vocês ganharam, eu consegui recuperar minhas energias e canalizar um raio que pudesse lança-la pra longe. Infelizmente, só agora eu consegui força o suficiente para atingi-la e se eu o fizesse antes, a amiga de vocês teria sofrido o impacto também.

– Por que você nos ajudou? – May perguntou.

– Eu não os ajudei por bondade, se é o que pensam. Nós apenas tínhamos um inimigo em comum.

– Bem, ela não é exatamente nossa inimiga. – Coulson argumentava, enquanto Fitz encontrava-se ajoelhado, tendo a cabeça de Jemma em suas mãos.

– Não? – Hela arqueou uma sobrancelha, direcionando o olhar para Simmons. – E o que foi aquilo?

– Essa não era a nossa Skye.

Todos os outros seguiram até onde Fitz estava com Simmons, a espada ainda estava cravada no seu peito e ele temia que ao retira-la, Jemma partisse imediatamente. Ele também estava nervoso demais para fazer qualquer coisa que pudesse coloca-la mais ainda em risco.

– Jemma, fique comigo, Jemma! Por favor.

– F-Fitz – ela apenas tocou o seu rosto com a mão. – Es-ta tudo b-bem. – ela sorriu docemente, fazendo uma expressão de dor logo em seguida.

– Pessoal, pessoal! – Skadi aparecia, trazendo consigo o trono que traria Skye de volta. Onde está a Violet... Uh-oh – ela olhou para Jemma que ficava cada vez mais pálida. – Receio que Violet tenha feito algo...

– Ela está ali, Skadi – Ward apontou para o desabamento de rochas. – Mas no momento que a tiramos de lá ela nos machucará como fez com a Simmons.

– Não, ela não vai. Lady Sif está nos dando apoio aéreo. Ela está ajudando Thor no momento. A essa altura ela já deve ter disparado o míssel paralisador nele. É só fazermos o mesmo com a Violet.

– Isso pode funcionar – Coulson levantou-se e andou em direção à Skadi. – May você fica aqui com Fitz-Simmons. Ward, Skadi e eu vamos até Skye tentar estabiliza-la.

– E nós dois? – Gymir e Gerda perguntaram em coro.

– Vocês ficam de olho na Hela. – Skadi ordenou, lançando um olhar desconfiado para a deusa. – Eu não confio nela.

– Mesmo depois da ajuda, queridinha? – Hela fingiu estar ofendida.

– Você só ajudou a si mesma. – ela pronunciou séria. – Agora, pode ir embora de Asgard. Você já a derrotou. Violet não tomará o seu reino.

– Por que eu...

– Gerda e Gymir vão escolta-la até Heimdall. – Skadi continuou.

– Eu não preciso dele. – ela cuspiu no chão e começou a abrir novamente um portal de volta para Niflheim. – E eu não recebo ordens de você. – ela deu um sorriso triunfante. – Vou voltar para o meu reino. Asgard não tem mais diversão por hoje.

E numa nuvem negra ela desapareceu.

– Menos um problema – Skadi respirou aliviada. – Vamos atrás de Violet.

(...)

– Bom trabalho, Sif! – Thor abraçava a guerreira logo ao retornar à nave. – Aquele foi um alvo difícil!

– Eu tive um bom professor. – ela sorriu, olhando para Loki que estava paralisado e preso numa espécie de jaula.

– Quanto tempo ele passará assim? – o deus do trovão perguntou.

– Não sei, mas acho que é suficiente para que o prendamos novamente naquela cela que bloqueia a sua magia. Estaremos bem.

– Você foi incrível hoje. – Thor voltou a admirar a beleza da mulher à sua frente.

– Não é a minha primeira missão, Thor. – ela devolvia, ainda sem saber qual era a dele. – Já me viu fazer isso mais de mil vezes.

– Não. Eu sempre via apenas uma guerreira lutando. Agora eu vejo a Lady Sif.

Ele respondeu simplesmente, fazendo com que as palavras não mais saíssem dos lábios de Sif. Ela o queria há tanto tempo, que nem mesmo lembrava-se da última vez que havia acreditado que aquilo pudesse ser possível. Ele aproximou-se dela e segurou seu rosto com as duas mãos. Não esperou mais nenhuma palavra, ou desculpa o reação. Apenas a beijou.

Ela fechou os olhos e sentiu os lábios dele nos seus. Seu coração não podia acreditar no que estava havendo e em resposta espancava as paredes de seu peito, batendo tão rápido que ela não poderia contar. Sem pensar muito, ela lançou seus braços ao seu pescoço e continuou o beijando enquanto bagunçava os loiros cabelos do argardiano.

– Isso foi...

– Novo. – ela o interrompeu e os dois sorriram. Ela estava com as bochechas avermelhadas.

– Você está – ele apontou para as bochechas dela, fazendo com que ela corasse mais ainda. – Com vergonha?

– Não! – ela respondeu, confusa.

– Então porque suas bochechas estão...

– Thor, Lady Sif? – A voz de Skadi os interrompiam pelo comunicador.

– Sim, Skadi. Estamos na escuta. – Sif respondeu.

– Tragam a nave para cima agora! Temos um último alvo por hoje. – Skadi informava, eufórica.

– O que? Hela está causando mais problemas?

– Hela não... Skye.

(...)

As rochas começavam a rolar, da menor à maior delas, anunciando que Skye não estava nada feliz por ter sido arremessada naquele pedregulho todo. Coulson, Ward e Skadi estavam apreensivos, esperando a garota ressurgir para dar um fim àquele pesadelo. Skadi estava camuflada e camuflando o trono para que Skye não percebesse o que estavam querendo fazer. Aquilo não podia dar errado.

– Ah! – ela gritou irritada, lançando a ultima rocha há alguns metros dali. – Quem foi o louco que me atacou pelas costas?

– Hela. – Ward deu um passo em sua direção, respondendo sua pergunta. – Hela a lançou neste monte de pedra.

– A impostora, você quer dizer não é? – ela o confrontou, aproximando-se com um sorriso pretensioso. – Você continua tentando, não? Você me ama tanto assim, doce guerreiro de Midgard?

– Você não faz ideia do quanto. – ele apelou para o sentimentalismo.

– É uma pena que eu não o retribua, lindinho. – ela passou a mão no rosto dele e deu as costas em seguida. – Em mim não existe espaço para fraquezas... E o amor é a pior delas.

– Então... Deixe-me ao menos... Beijá-la uma última vez – ele encenava, para ganhar mais tempo. – E então voltarei para Midgard e vou me conformar com o fato de que nunca serás minha novamente.

– Olha, querido. – ela soltou uma gargalhada farta. – Primeiro erro: você não quer mesmo me beijar. Um único beijo provavelmente lhe mataria. Você já deveria saber que tudo que emana do meu corpo é mortal. Segundo erro: você voltar para Midgard? – ela soltou outra gargalhada. – Nenhum de vocês voltará para lugar nenhum! Não depois de se meterem no meu caminho! Todos provarão da ira de Hela...

– Agora! – Skadi gritou, chamando Lady Sif.

Skye ainda falava seu discurso quando foi atingida pelo míssil paralisador. Outra pequena explosão derrubou a garota e o impacto também lançou Coulson e Ward no chão.

– Vamos! Precisamos coloca-la ali! – Skadi gritou, ajudando os dois a se levantarem. – Se ela acordar não teremos outra chance.

Com cuidado, Ward e Skadi a sentaram no enorme trono dourado e prenderam seus pulsos no apoio lateral. Ela não poderia estar inconsciente no momento da transformção, então eles se certificaram de que ela estava bem presa para que ativassem o processo assim que ela abrisse os olhos.

– Espero que isto funcione. – Ward despejou.

– Vai funcionar. – Coulson respondeu, otimista.

– Mas espera um pouco – Skadi lembrou-se de um detalhe. – Como vamos colocar uma nova memória nela? Temos o capacete, mas... Não temos como criar uma linha do tempo como Loki fez com ela! Precisamos primeiro recolher as memórias de...

– Agora precisam de mim? – Idunna apareceu atrás da filha, a assustando.

– Mamãe! – a garota deu dois passos para trás. – Não me assuste desse jeito!

– Lembre-se de quem te ensinou aquele feitiço de camuflagem. – Idunna sorriu e se direcionou a Skye. – Como ela está?

– Estável – Ward respondeu, passando a mão sobre o rosto de Skye. – Espero que ela retorne.

– Você a ama mesmo, não ama meu jovem? – Idunna perguntou, observando a expressão de Ward.

– Sim, Idunna. Nunca amei ninguém dessa maneira.

– Então, cuide dela.

– Sim, senhora – ele assentiu, ficando sério logo em seguida. – Simmons. – ele lembrava-se. – Como vamos salvá-la?

– Uma coisa de cada vez, Ward. – Coulson o respondeu. – Primeiro, precisamos colocar todos em segurança. Jamais poderemos ajudar Simmons com Skye transformada nos atacando por aí.

– Então vamos agir. Desamarrem a garota, rápido. Precisamos colher a consciência da mamãe. Com isso, teremos como trazer Violet de volta.

Eles desamarraram Skye e prenderam Idunna no trono, recolhendo suas memórias para dentro daquele capacete. Alguns segundos e Idunna já havia completado sua parte do trabalho. Skadi e Coulson retiraram a deusa, que ficara um pouco fraca após a transferência e colocaram Skye no seu lugar.

– Rápido, ela está acordando! Prendam os pulsos dela novamente!

Skadi gritava enquanto Coulson e Ward posicionavam o capacete na cabeça dela, que já mostrava sinais de que estava voltando ao normal.

– O que vocês...

– Pronto! – Skadi empurrou a alavanca. – Isso termina aqui!