(Hiatus) The Soul escrita por Rose


Capítulo 9
Capítulo Dois, Desvirtuada e Egoísta


Notas iniciais do capítulo

Meus queridos, desculpem-me a demora!! Gostaria de agradecer aos novos favoritos e, principalmente, aos comentários!! Obrigada mesmo por se manifestarem. Espero que curtam esse cap, embora curtinho, foi resultado de inúmeras tentativas. dkaslçdksças Boa leitura a todos!!
P.S.: Narração de volta à Peg.



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Eles me contaram a grande história do meu resgate. Mas não há nada de grande nisso.

Primeiramente porque, para me salvarem, deixaram Ian de lado, o que resultou... Bem, acho que não é preciso ressaltar o resultado. Em segundo porque, para me salvarem, muitas pessoas do grupo do George morreram, inclusive o Evan. Em terceiro e último porque, para me salvarem, desencadearam uma animosidade tão cruel e desnecessária com outra célula de sobreviventes que não é mais uma questão de almas contra humanos, e sim dos poucos humanos que restam contra eles mesmos.

O que há de grande nisso?

Disseram que estávamos em uma carcaça de hospital psiquiátrico. Disseram que havia cerca de quarenta ou cinqüenta pessoas, e conseguimos irritar cada uma delas com a invasão. Melanie e Jared lideraram o plano e contaram com a ajuda de Jake para entrarem sem serem notados. Não me respondem como me acharam; evitam essa pergunta a todo custo. Soube que até mesmo o Cal teve uma participação significativa, e graças à esta, quebrou uma das pernas. Enfim. Depois do que Jamie descreveu ser um tiroteio, Sara e William morreram, assim como George. Enquanto eu estava desmaiada, sem poder fazer absolutamente nada para impedir toda aquela guerra, pessoas morriam por minha causa. Eu não pedi isso. Eu preferia ter morrido no lugar delas, morrido no lugar da supressão de Ian, eu sou a raiz de todos os problemas. Se eu não existisse neste planeta, nada disso teria acontecido. E eu só posso me lamentar debaixo dos grossos cobertores puídos que Jeb me cedeu ontem à tarde. Por minha causa, todos estão alertas para um possível ataque. Parabéns, Peregrina.

Gostaria muito de ter Melanie em meus pensamentos agora. Algo para me distrair, contar uma piada ou lançar memórias bonitas sobre ela e Jamie, ela e Jared. Todavia, minha mente é um vazio perturbado, tudo o que há é um eco interminável. Não tenho forças ao menos para me levantar da cama, alimentar-me, beber água, estou definhando.

Um irmão, uma alma, apoderou-se do bem mais precioso que eu poderia ter adquirido neste planeta, o amor. Como eu posso revidar? Como posso ter raiva, ódio? Não sei como me sentir em relação a isso; talvez tristeza profunda, depressão. Talvez ironia do destino. Certamente Ian vai me odiar depois que se ver livre de Oito. Ah, disseram que era esse o nome. Oitavo Olho Cinzento, vindo do Mundo das Aranhas. Eu não posso pedir para que retirem um irmão, ainda mais quando este clama que seu hospedeiro está morto. Não posso acreditar que Ian sucumbiu... Que nunca mais o reaverei. Sunny implora para que eu dê uma chance a ele, mas isso é impossível. Como poderei olhar os olhos azuis, circundados agora por uma aura que repentinamente me parece horripilante, sem ser transportada para os dias em que estávamos juntos? Como posso tocá-lo, ver seu rosto, e não chamá-lo de Ian? Como ele pode ser outro alguém? Sinto uma dor tão grande que me faz pedir desculpas para Jared em cada oportunidade que tenho de vê-lo. Foi assim que ele se sentiu quando me viu no corpo de Melanie? Será que Oito sente algo por mim da mesma forma que eu senti por Jared?

Esses pensamentos apenas me fazem encolher-me cada vez mais na bolota de cobertores; fico na esperança de me sufocar, mas não consigo. Também não conseguirei me afogar em minhas próprias lágrimas, pois já chorei o suficiente para me desidratar, e não há mais uma gota sequer para escorrer. Agora tudo é um vazio inóspito.

— Peg? – uma voz tão familiar quanto o assobio de Jeb ecoa no quarto. Não consigo me esgueirar para fora da minha fortaleza de mantas, mas não preciso confirmar a identidade, de qualquer forma.

— Jared, eu sinto... – começo a me desculpar novamente, porque o sentimento de culpa que me invade cada vez que o ouço é arrebatador.

— Sem mais desculpas, por favor – ele me interrompe delicadamente – Eu só quero conversar. Será que poderia sair debaixo das cobertas? – ele não costuma ser gentil comigo desta forma, e só o vejo assim com Melanie.

Entretanto, por mais que seja motivador, não deixo a segurança do calor dos cobertores. Não me vejo os deixando tão cedo, aliás.

— Eu nunca desconfiei que Melanie estivesse resistindo até ter te beijado – ele diz calmamente, e ouço seus passos se aproximarem da cama. – Posso me sentar? – ele pergunta rapidamente, e eu murmuro um “sim”. Sinto o colchão velho e gasto afundar-se com o peso. – Mas Melanie era forte... E Ian também é. Não importa o que aquela alma diga, Peg, Ian está resistindo, eu sei disso. E se quer saber minha opinião, ela não é como você – ele fala, mas parece dizer mais a si mesmo do que para mim.

— O que quer dizer com isso? – eu me permito espionar por uma fresta aberta entre um cobertor e outro. Eu vejo apenas alguns fios de cabelo de Jared.

— Ele não é bondoso ou gentil como você, muito menos amável. Acho que ele está mentindo. Peg, se quer uma sugestão, eu acho que você deveria procurar pelo Ian, porque certamente ele está lá dentro – ele fala por fim, e então noto que está se levantando.

Mas que conversa curta! Não quero que ele vá embora.

— E se ele não estiver? – eu pergunto, minha voz é apenas um cochicho alto o suficiente para fazer com que Jared torne a se sentar.

— Caberá a você e ao Kyle decidir o que irá acontecer com o Oito. Mas Peg, eu tenho certeza que ele está lá, e se eu fosse você, não desistiria tão fácil – Jared se levanta sem me dar chance de respondê-lo, seguindo para longe de mim.

E se ele estiver certo? E se tudo o que eu precise fazer é procurar por Ian? Mas e se eu achá-lo? O que será de Oito? Mas, de repente, não me importa; e pensar isso me traz uma sensação esquisita de culpa. Contudo, não posso me dar ao luxo de me sentir culpada por ser um pouco mais humana, por querer de volta o que me pertence. Eu pertenço ao Ian, e ele me pertence; se for necessário uma busca intensa para encontrá-lo, eu buscarei. E se eu o achar, pedirei para que mandem o Oito para o mais longe possível de mim. Seria isso egoísmo? Talvez seja só desespero. Estou desesperada para tê-lo de volta e então o conselho de Jared me parece plausível – ele apenas está sugerindo que eu seja um pouco mais humana. Seja egoísta, Peg. Seja se isso significar ter o Ian de volta.

E eu o terei de volta.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Ficou meio sem graça, bleh, mas vou incrementar o próximo. Não se esqueçam de deixar seu manifesto.
Como foi curtinho, estou contando em postar o próximo em breve. Em que pov vocês gostariam de ler?
Xoxo, darlings!!