Faça-me Acreditar escrita por Mary N Braga


Capítulo 23
Capítulo 22


Notas iniciais do capítulo

VOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOLTEEEEEEEEEEEEEIIII!!!!

Tudo bom, meu povo? Férias maravilhosas, hum?

Ok, não vou me demorar muito aqui hoje, porque o capítulo é longo, importante e tenso — acho que vocês vão gostar. Só que tem aquele porém — é o penúltimo ~chooooooora~

Eu espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/488757/chapter/23

No caminho, imagens da minha família — os Swan e os Anderson —, Jacey e dos Cullen rodopiavam em minha cabeça. Toda a minha infância; os nascimentos de minhas irmãs; o dia em que compramos Jacey; quando descobrimos que mamãe estava grávida mais uma vez; o momento em que acordei depois do sonho que gerou meus livros. O incêndio em minha casa, o fogo consumindo tudo o que tocava, arrastando pessoas que eu amava para a morte. Os anos que passei com Nora, Barty e Alicia seguiram-se em minha mente. Pude ver Edward em seu primeiro dia de aula; pude ouvir sua voz. A grande casa branca escondida entre as árvores estava impressa no interior de minhas pálpebras.

Quando abri os olhos novamente, foi porque o taxista me cutucou. Eu dormira durante a viagem.

— Senhorita, tem certeza de que este é o lugar correto? A estrada acaba aqui. A partir daí, só tem deserto.

Com firmeza, assenti.

— Sim. É este o lugar. Daqui em diante, posso ir a pé. Muito obrigada, senhor, e boa noite.

O homem balançou a cabeça afirmativamente, um pouco desconfiado. Saí do carro e bati a porta.

Esperei até que o táxi tivesse desaparecido na estrada escura devido à noite que acabara de chegar para virar-me em direção ao horizonte árido. Minhas lembranças da cidade de Phoenix me diziam que tudo o que eu veria se pudesse fazê-lo seria areia e montanhas avermelhadas. Então, procurei formas que diferissem desse padrão.

Após alguns momentos, notei um vulto grande e semelhante a uma grande caixa. A cor, pelo pouco que eu podia ver pela luz da lua, era diferente da presente no restante da paisagem — mais apática, por assim dizer. Uma casa ao longe, aparentemente abandonada quando ainda estava em período de construção. Estremeci ao pensar na possibilidade de um desabamento por causa da estrutura que talvez fosse fraca. Enquanto andava, tropeçando um pouco, imaginei quem iria querer viver ali. O pensamento, por falta de resposta, logo deixou de prender minha atenção.

Quando me aproximei da casa, pude formar melhor uma imagem desta. Eu supunha ser cinza, da mesma cor de concreto — era quase certo que não haviam pintado-a antes de abandoná-la. As sombras de vinham de dentro me pareciam sinistras. A estrutura me lembrou um mausoléu quando parei a alguns metros dela. Estremeci.

Quando cheguei à entrada, percebi que não havia porta — só um buraco negro, literalmente, onde ela deveria estar.

A imagem daquele lugar sem porta, a entrada que levaria à morte caso eu não pudesse me defender — e eu não podia —, fez com que minhas pernas travassem, e não pude dar mais um passo. O pânico e o medo me dominaram. Por quanto tempo eu poderia atrasar James? Seria isso suficiente para que Edward chegasse com seus irmãos? E, mesmo que fosse, talvez o caçador pudesse sentir que meu "resgate" aproximava-se, e meu fim chegasse mais rápido.

Pensar em Jacey foi a única coisa que me trouxe de volta. Eu precisava, ao menos, tentar. Minha sobrevivência era improvável, mas eu não deixaria que James machucasse o pouco que restava de minha família desmantelada. Engolindo em seco e respirando fundo em seguida, transpassei o portal de entrada.

Lá dentro, o único som era de meus passos e minha respiração. Não podia ver nada através do breu que tapava meus olhos, e aquilo me deixou ainda mais desprotegida. Tremores se alastraram por meu corpo, e o medo me preencheu.

Subitamente, lembrei-me do isqueiro em meu bolso. Eu entendi o que precisava fazer para deter James — tentar queimá-lo não o impediria de fazer o que quer que quisesse. Contudo, queimar o lugar em que estávamos...

Rasguei um pequeno pedaço da camisa que eu usava por cima de uma blusa de alças finas e guardei-o junto com o pequeno objeto de prata. Cerrei os punhos, uma nova determinação dentro de mim. O medo se extinguiu; a coragem irracional tomou seu lugar.

Então, havia uma fraca luminosidade alaranjada vinda de algum lugar de dentro da casa. Com o pouco brilho que esta projetava, pude ver que havia uma escada de concreto a alguns metros de distância de onde eu estava, levando ao segundo andar. Era de lá que vinha a estranha claridade. Respirei fundo e segui para o começo dos degraus.

Quando cheguei ao andar superior, olhei ao redor. Uma lâmpada a óleo — era isso o que projetava a luz — estava no chão. Tinha uma base de ferro escuro, e o fogo estava protegido por uma camada de vidro que fazia uma curva, como uma jarra de suco. Era antiquada, motivo pelo qual achei-a estranha. Mas minha atenção logo desprendeu-se do objeto, e foi dirigida ao cão deitado próximo a ela.

Jacey estava encolhida perto da fonte de luz. Uma de suas patas estava afastada de seu corpo, claramente machucada, mas, fora isso, parecia bem. Assim que me viu, começou a ganir e esticar o pescoço na minha direção, tentando erguer-se e falhando. Corri até ela e ajoelhei-me ao seu lado.

O curto momento em que eu me esquecera de James acabou quando ouvi uma risada cortante atrás de mim. Olhei por cima do ombro enquanto ele saía das sombras, e seu olhar denunciava seus pensamentos — o caçador achava que já tinha ganho seu pequeno jogo.

Depois de me analisar, ele disse:

— Sabe, depois de atravessar o país atrás do seu namoradinho, quando você na verdade não estava com ele, achei que teria de, ao menos, procurá-la eu mesmo. — Ele sorriu com deboche — É a maior idiotice que uma presa já fez, vir me procurar sozinha.

O escárnio dele não me intimidava. Contudo, não queria enfrentá-lo ainda; precisava enrolar até que Edward estivesse mais perto.

— O que você fez com ela? — perguntei, levantando-me e apontando para Jacey.

Ele deu de ombros.

— Quando eu cheguei na sua casa, foi fácil entrar por uma janela que não estava trancada. Essa daí — James balançou a cabeça na direção do cachorro — estava no sofá, e rosnou bastante. Contudo, o que é muito curioso, não resistiu quando tentei levá-la.

Minha voz estava carregada de sarcasmo quando respondi:

— Jacey é bem inteligente. O suficiente para saber quando seria uma luta perdida.

Ele meneou a cabeça novamente, como que em concordância.

— Impressionante — E acrescentou, como se achasse graça na situação — Especialmente para um cachorro.

Ele prosseguiu:

— Eu meti-a nas costas e fui embora. Acho que ela se machucou porque derrubei-a muito bruscamente durante uma parada para, sabe como é, "fazer uma boquinha"...

Estremeci enquanto pensava que ele poderia ter amarrado Jacey e largado-a no meio da floresta enquanto caçava.

James me analisava, como se estivesse apreciando o prêmio de sua última caçada bem-sucedida.

"Se eu não for esperta o suficiente para retardá-lo, é exatamente isso o que ele estará fazendo", pensei.

Eu precisava contar com minha suposição de que conhecia o homem a minha frente, pois era o mesmo que eu imaginara tantos anos antes. Era a única vantagem à minha disposição, se é que eu a tinha. Era imprescindível que tivesse isso a meu lado.

O caçador andou a passos calmos e silenciosos, atravessando o cômodo e parando a alguns metros de distância de mim. Um sorriso debochado brotava em seus lábios.

— O que você está fazendo? — perguntou-me.

Só então eu percebi a postura protetora que eu adotava, permanecendo levemente agachada entre meu cão e James. Ele sem dúvida percebeu que estava me portando como uma das de sua espécie naquele momento, mas não pareceu se importar — eu era só uma humana estúpida bancando a vampira que deveria ser poderosa. Eu não era nada.

O caçador virou-se, rindo, e foi em direção a um buraco quadrado feito na parede que eu até aquele instante não havia notado — uma janela, percebi. Ele caminhava calmamente, como se tivesse todo o tempo do mundo.

Foi aí que, enquanto ele estava distraído, vi minha chance.

Aproveitando a proximidade de minhas mãos com o chão, peguei a lâmpada a óleo e joguei-a para a frente.

Eu tinha a consciência de que, para que meu plano desse certo, uma série de fatores estava envolvida nisso, como o óleo usado para manter a chama acesa, a quantidade que tinha ali e muitas outras coisas; e também sabia que, se eu falhasse, James perceberia a minha tentativa, e eu perderia minha única forma de defesa. Sendo assim, quando arrisquei jogar o objeto no chão entre mim e ele, precisei confiar em meus instintos, talvez um pouco danificados por meus nervos em frangalhos.

Minha confiança foi recompensada.

Na metade do cômodo, havia uma linha de fogo, formada pelo óleo espalhado e pela pequena chama que antes estava dentro da lâmpada. Eu sabia que James poderia sair pela janela, então tinha que me afastar do incêndio o quanto antes com Jacey. Abaixei-me e, com toda a força que pude reunir, levantei-a. Olhei para o caçador, que não mexera um músculo. Talvez eu estivesse vendo mal por causa da fumaça que as labaredas causavam, mas um pequeno sorriso parecia se alastrar por seu rosto. Não fiquei muito tempo para ver — atirei-me em direção às escadas, cambaleando até o andar de baixo na maior velocidade que podia sem derrubar Jacey.

Com muito esforço, saí da casa aos tropeços. Uma vez do lado de fora, minha força pareceu renovar-se — apesar de estar mais cansada, carregava o animal de quase quarenta quilos com mais facilidade, e corria mais rápido, caindo menos. Em pouco tempo, estava a quase cento e cinquenta metros da construção iluminada pelo fogo. Não havia sinal do caçador em lugar algum. Franzi a testa, uma sensação estranha tomando conta de mim. Um tremor me percorrer, e perdi o equilíbrio, indo ao chão.

Afastei-me de meu cão, que gania de dor pela queda. Distanciei-me ao máximo que meu corpo convulso permitiu, até não poder mais manter-me em pé. Olhando para trás, vi Jacey a quase trezentos metros de mim. Ela e a luz que vinha da casa eram tudo na escuridão.

Então, algo puxou-me para cima pela blusa. James virou-me para ele — não sei onde tinha se escondido, ou por que demorara tanto para vir, mas estava lá. Era o que importava.

Ele não segurou meus braços ou mãos, sabendo que eu não era idiota a ponto de tentar algo — na verdade, supondo. Eu era imbecil o bastante para tal, sim.

— É, foi muito melhor eu ter esperado antes de começar a segui-la — Sua voz soou próxima ao meu ouvido — Não imagina o quão engraçado foi vê-la cambaleando, achando que eu não pensaria em pular pela janela.

Eu estava ofegante, tanto pela curta corrida aos tropeços quanto pelo medo iminente que corria por minhas veias. Talvez não desse certo pegar o pedaço de tecido rasgado e o isqueiro, e depois tentar jogá-los em James, mas eu tentaria tudo a meu alcance.

— Na verdade, eu poderia simplesmente pular a estúpida barreira que criou — era baixa demais, até uma humana frágil e destrambelhada feito você poderia fazer isso. — continuou. Em seguida, riu — Mas deixá-la pensar que poderia fugir, por pelo menos um tempo, foi impagável.

Eu ainda podia ouvir o cão ganindo de dor ao longe. Travei a mandíbula quando James soltou minha camisa e andou a minha volta, analisando-me. Com as mãos trêmulas, coloquei-as nos bolsos da calça, para não levantar suspeitas. Com a esquerda, agarrei o pedaço de blusa que eu rasgara e o que o incendiaria — o isqueiro de prata. Tentei puxar o mais lentamente possível, o olha fixo no nada a frente enquanto o caçador continuava sua análise.

No meio do caminho para tirar a mão do bolso, James grunhiu:

— Ora, tenha santa paciência!

Estava atrás de mim, e agarrou meu braço com força, puxando-o para trás para ver o que eu tentava pegar. Ouvi um barulho de ossos se quebrando e senti uma dor lancinante onde ele segurava.

O caçador suspirou.

— Eu esperava uma presa mais original — E tomou-me o que eu tinha na mão. — E mais esperta, também.

Empurrou-me para o chão com descaso, e jogou os objetos para outro lado. Depois, chutou minhas costelas com o que, para sua espécie, era pouquíssima força, mas um humano, era o mesmo que um boxeador em sua potência máxima. Isso fez com que eu virasse, ficando de barriga para cima — eu estivera de bruços antes. Com a mão direita, apertei o tórax oposto. Naquele lado eu tinha um braço e talvez mais que uma costela fraturados. Meu isqueiro tinha ido parar em algum lugar na areia do deserto, que ficava entre o nada e lugar nenhum. Eu estava completamente indefesa.

Eu estava morta.

Tive vaga consciência de que James passava por cima de mim, ficando do lado onde eu estava machucada — o esquerdo. Ele ergueu aquele braço — Deus, como aquilo doía! — e murmurou:

— Sabe, nunca uma presa me escapou. Você, uma humana desprotegida, não seria diferente.

De algum modo, encontrei forças para dar um sorriso que deve ter parecido doentio e grunhi:

— Acho que se esqueceu de uma certa humana que você quis, mas nunca teve — Ele não precisava de explicações; a única pessoa que ele estava caçando e não conseguiu atingir fora Alice. James sabia disso.

Com um rosnado de raiva, cravou os dentes em meu braço já quebrado.

Um grito de dor rasgou minha garganta, e depois disso, não vi mais nada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Yey, é para ferrar com todo mundo, mesmo.

Gente, muuuuuuuuuuuito obrigada por todos os reviews que vocês mandaram ultimamente! Agora estamos com incríveis 126 comentários, e isso tudo eu devo a vocês! Saibam que eu não seria nada se alguém não se disposse a ler minhas histórias, e vocês me dão um apoio muito grande. Espero reencontrar cada um na segunda temporada, por mais que ela demore a chegar, viram? Mas, se algum Potterhead quiser me ver mais cedo... Quem sabe nos próximos meses, hum?

Tchauuuuuu, até o capítulo que vem — ou aos reviews, rsrs. Alguém se habilitaria a, sei lá, recomendar? Deixaria meu coraçãozinho feliz : D