Faça-me Acreditar escrita por Mary N Braga


Capítulo 20
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora!

Boa leitura : )



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Eu não conseguia falar. Por mais que me esforçasse para tal, nada saía. E, mesmo que saísse, o que eu diria? Talvez fosse melhor assim, sem ter de proferir meus pensamentos, sem expor as tenebrosas formas e as cores medonhas que compunham aquele quadro aterrador.

Por sorte, ou talvez azar, não precisei fazê-lo. Edward falou por mim:

— O rastro de Bella leva à família que a criou. É para a casa deles que James vai.

Minha respiração ficou pesada e rápida.

— Ele ainda não tomou uma decisão — declarou Alice — Mas, de fato, está procurando rastros de Bella.

Um curto silêncio se seguiu.

— Então, acho que todos sabemos o que deve ser feito agora — supôs Edward.

Todos assentiram, assim como eu, que completei:

— Nós vamos à casa dos Anderson, e tirá-los de lá e protege-los antes que seja tarde.

Ele virou a cabeça na minha direção e perguntou, a voz ligeiramente irritada:

— O que você quer dizer com nós? Você vai ficar aqui, onde aquele miserável não será tolo o bastante para atacá-la.

Trinquei os dentes e cerrei os punhos.

— Eu vou ver minha família e garantir que ela esteja bem, Edward. Isso não é um pedido — afirmei.

— E como garantir que estará segura se for? — questionou-me.

— Simples — disse, e me virei para os outros — Se algum de vocês não se importar, seria bom que fosse comigo e com Edward, para o caso de...

"Imprevistos indesejáveis", pensei, mas não quis completar. Em vez disso, engoli em seco.

Meu namorado bufou, e eu girei a cabeça em sua direção. Ele olhava para mim, aborrecido por eu me recusar a ficar em segurança. Nos encaramos por um momento — ambos nem ao menos piscávamos —, mas, afinal, venci o impasse.

Ele suspirou e virou-se para o restante das pessoas presentes na sala, como eu.

— Emmett. Alice.

Os dois que ele chamou assentiram leve e um pouco mecanicamente. Entendi que, como eu sabia ser melhor, eles viriam conosco.

Edward olhou para os quatro que permaneciam calados, detendo-se brevemente em Carlisle, numa comunicação silenciosa.

— Vamos — murmurou, já indo em direção a porta, e puxando-me mais levemente dessa vez.

Enquanto ia andando aos tropeços, observei os quatro Cullen que continuavam parados. Rosalie, com a expressão dura; Jasper, provavelmente tentando acalmar os ânimos — já que uma leve tranquilidade se instalava em mim —; Carlisle, o rosto sereno, apesar da situação tensa. E Esme, o olhar de um choro sem lágrimas. Senti-me culpada por tumultuar tanto a vida de sua família e deixá-los em perigo. Queria que tivesse meu próprio modo de defesa, mas era apenas uma humana fraca. Apesar de odiar esse fato, no momento eu precisava daquela proteção se quisesse permanecer viva.

A essa altura, Edward já tinha chegado à porta, me arrastando junto, Emmett e Alice em nosso encalço. Ao saírmos da casa, o rapaz alto e a garota baixinha entraram no banco de trás do Volvo, seu irmão assumindo a condução. Fui para o banco do carona, afivelei o cinto, e nós partimos, a construção branca de três andares ficando para trás entre as árvores.

Durante uma parte do percurso, permanecemos em silêncio, até que Emmett indagou:

— Onde eles estão agora? Alguém tem ideia?

Minha respiração estava acelerada, assim como meu coração.

— Laurent deve estar procurando algum lugar para ir — disse — Não vai ajudar James e Victoria. Pode ter parecido que ele era o líder do clã, mas aquilo era só uma aparição. James comanda os outros dois. Agora que ele decidiu enfrentar um grupo muito maior e perigoso, por causa de apenas mais uma caçada, por que Laurent se arriscaria? Não, somente Victoria permanecerá, para ajudar seu parceiro.

Havia um grande bolo em minha garganta, que eu não conseguia mandar goela abaixo, e eu já começava a tremer.

Ninguém falou mais nada. Imaginei em que estariam pensando; talvez Edward estivesse tentando ouvir pensamentos de algum dos nômades, para conseguir informações ou antecipar ataques; Alice provavelmente concentrava-se, procurando as decisões do caçador, verificando se ele havia tomado uma decisão; e Emmett... Não queria imaginar o que ele estava pensando, porque, pelas minhas experiências na situação, era algo sobre arrancar membros vampíricos e queimá-los. Estremeci.

Um arquejo vindo do banco de trás cortou ar, e eu percebi ter sido de Alice. Olhei para ela, que tinha os olhos arregalados, a boca entre aberta. Mas o que me assustou de verdade foi um som, meio grito, meio engasgo, vindo de Edward:

— Não!

Ele deu uma guinada brusca, entrando na última hora em uma rua pela qual passávamos e acelerou tanto, que eu agradeci aos céus por não haver nenhum carro a vista, nem pessoas andando nas calçadas. O caminho que ele tomava era mais longo para ir a casa dos Anderson.

— Merda! — Emmett grunhiu.

— O que foi isso?! — guinchei, as unhas cravadas no couro do banco — Droga, Edward, por que desviou do caminho? Agora vamos levar mais tempo para...

— Esse é o caminho mais rápido para a sua casa — ele me interrompeu.

— Mas por que nós... — Parei no meio da frase, e quando consegui retomá-la, o pânico tingia minha voz. — James achou meu rastro.

Ninguém respondeu. Olhei para a pessoa sentada ao meu lado, que mantinha os dentes cerrados.

— Ele achou meu rastro, não foi? — perguntei, meu tom subindo algumas oitavas.

— O caçador está muito mais perto da sua casa que nós, Bella — Alice disse — Nem com nossa máxima velocidade chegaremos lá antes dele. A única coisa que nos resta é esperar que ele ainda não tenha agido até estarmos perto.

Eu sabia que não nos restava nada, sendo assim.

Passei o resto do caminho olhando para o velocímetro. Eu odiava alta velocidade — mesmo tendo morrido cedo, Charlie me ensinara para tal —, mas James com certeza não estava preocupado em evitar um acidente enquanto tentava chegar a minha casa.

Soube que era tarde demais quando ouvi um som que indicava sobressalto atrás de mim, e um suspiro infeliz ao meu lado. Mas a situação não conseguia entrar na minha cabeça — a provável visão de Alice só me deixou com mais vontade de irromper pela porta e entrar na sala.

Quando finalmente chegamos, mal esperei o carro parar e já saltei para fora dele. Eu tinha plena consciência de que era seguida pelos três, que andavam a uma passo humano, alguns metros atrás de mim. Avencei o mais rápido que minhas pernas atrapalhadas permitiam, tirando as chaves do bolso — e quase deixando-as cair — quando cheguei a entrada. Quando finalmente consegui passar pela porta, abri-a bruscamente, quase caindo de cara no chão.

O sofá estava vazio. Assim como toda a casa, eu sabia. James chegara antes de nós, e levara Jacey.

Quantas pessoas mais haviam de ser tiradas de mim? Por que a vida não podia apenas decidir que eu já tinha sofrido o bastante? Uma dor dilacerava-me por dentro, ardendo como sal em uma ferida.

Fui entrando na sala lentamente, os passos arrastados. Parei próxima à mesinha ao lado do sofá. Havia ali um porta-retratos, com uma das poucas fotos que sobrevivera ao incêndio tantos anos atrás.
Ela mostrava eu, meus pais e minhas irmãs, quatro meses antes de meu aniversário de 12 anos. Mamãe ainda não estava grávida naquela época. Tínhamos viajado para Phoenix, e, ao ver na vitrine de um pet shop um filhotinho de Pastor Alemão, decidimos comprá-lo — assim, sem mais, nem menos. Lógico, compramos também tudo o que era necessário para que o bichinho vivesse com conforto em sua súbita mudança. Então, tiramos uma foto com o pequeno animal — aquela foto. Logo depois, lembro-me de ouvir Grace chamar o cachorrinho de "Jacey", e assim ficou seu nome.

Peguei o porta-retrato e apertei-o contra o peito, tentando preencher o vazio ali existente.

Só percebi que chorava quando Edward me puxou para si, e observei sua camisa ficar molhada ao contato com meu rosto.

— Bella? — chamou-me baixinho — Você tem alguma ideia de para onde ele foi?

Se ele me perguntava, era porque Alice ainda não tinha visto nada sobre isso — não que eu estivesse prestando atenção nela, agora. Mas não era necessário.

Na história, James seguia-me enquanto eu tentava fugir. Agora, ele devia ter visto a foto quando passou aqui. Não havia mais nenhum lugar para o qual ele pudesse ir.

— Phoenix — sussurrei — Ele foi para Phoenix.


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Notas finais do capítulo

Previsível? Sim ou claro? Ou nah?

Então, pessoal, algumas coisas:

1- Estou pirando porque o NaNoWriMo começa em quatro dias, e eu tenho que terminar de escrever FMA até lá. Faltam dois capítulos. Yey.
Alguém para pirar comigo nesse mês lindo?

2- Estamos na reta final da fic : (
E a segunda temporada não vai sair tão cedo; lista de coisas para escrever, sabem como é...

3- Em compensação, se tudo correr bem em novembro, os Potterheads podem esperar novidades no último mês do ano. Não é confirmado, mas vai que eu consigo...

Obrigada pelos reviews do último! Alguma recomendação, que, sabe...?

Estamos quase chegando a 100 reviews! Uuuuiiiiiii!