A Saga de Ares - Santuário de Sangue escrita por Ítalo Santana


Capítulo 70
Capítulo 64 – Julgamento, sentença e batalha. Reúnam-se com Atena!


Notas iniciais do capítulo

Atena retornou do Tártaro e agora aguarda seus cavaleiros. Enquanto os cavaleiros erguem seus cosmos e partem em direção ao Santuário, um antigo e poderoso subordinado surge para enfrentar a deusa, trazendo consigo uma promessa feita há milênios. No Santuário, Alecto de Erinia, que agora comanda as tropas de Ares no lugar dos deuses Phobos e Deimos, marcha com o exército de berserkers para as montanhas ao leste. A grande Guerra Santa finalmente começou, e os deuses do Olimpo estão com suas atenções voltadas para Terra.



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Capítulo 64 – Julgamento, sentença e batalha. Reúnam-se com Atena!  


Rozan, China – 9º dia - Horas antes de Atena retornar do Tártaro

Shiryu estava sentado diante da grande cachoeira observando atentamente a imagem projetada nas águas agitadas. A imagem era uma mancha escura formada por berserkers, marchando por um caminho tortuoso cercado por rochas e rodeados por montanhas.

— O que você está vendo... — perguntou Tourmaline, se aproximando de Shiryu. — É o Santuário?

— Depois que os berserkers se reuniram no Templo do Grande Mestre, o resto do exército de Ares começou a se mover. Estão saindo do Santuário e indo para as montanhas ao leste. — respondeu Shiryu.

— Ares está agindo novamente e o prazo está terminando, Shiryu. — alertou Suzaku, uma das quatro divindades celestiais de Senkyou, se materializando ao lado do Cavaleiro de Libra, com seu kimono vermelho esvoaçante. Seus longos cabelos brancos com bordas vermelhas voavam agitados pelo vento forte de Rozan. — Lembre-se do nosso acordo. Se Atena não retornar até o sol se pôr, iremos isolar a China completamente e levá-la para a dimensão de Senkyou. Não vamos mais arriscar a segu...

Um som alto e ressoante abafou as palavras da deusa, e seus olhos foram ofuscados pelo forte brilho emitido pela armadura de ouro de Capricórnio trajada por Tourmaline.

— Esse som... As armaduras estão... Fazendo ressonância?! — perguntou a deusa.

— Sim, estão. — respondeu Shiryu, se levantando. — E este som significa que estamos em situação de urgência.

A imagem na cachoeira mudou. Agora as águas agitadas estavam mostrando a imagem da deusa da guerra acompanhada por Seiya e os outros saindo de uma caverna na montanha.

— As armaduras estão respondendo ao chamado de Atena. — disse o cavaleiro de libra, ao mesmo tempo em que uma estrela dourada atravessou o teto da casa de Shiryu e cruzou o céu. — A armadura de ouro de Aquário... A alma de Hyoga está indo ao encontro de Atena. — disse surpreso e emocionado. — Tourmaline... Vá para o Santuário.

— Você não vem?

— Preciso da autorização de Atena ou do Grande Mestre. Por enquanto eu não fui convocado. Mas tentarei ajudá-los o máximo que puder.

— Está bem. Estou indo.

Tourmaline elevou o cosmo e saltou em direção aos picos, cruzando as montanhas na velocidade da luz.

Shiryu elevou o seu cosmo, fazendo seus olhos brilharem reagindo ao seu cosmo, e a imagem na cachoeira mudou mais uma vez. Agora ela mostrava o palácio de Jamiel.

— Kiki!

—...—


Jamiel – Fronteira entre a China e a Índia.

Kiki estava do lado de fora do palácio com sua atenção voltada para Rozan. Ele estava acompanhado por Kastor e Shalom. E suas armaduras também ressoavam e brilhavam intensamente.

Uma fagulha de cosmo dourado brilhou a poucos metros de Kiki e os outros, e repentinamente o vento soprou ao redor daquela fagulha, formando a imagem cósmica de Shiryu em pé diante deles, trajando sua roupa casual.

Kiki...

— Estou aqui. — respondeu o Mestre de Jamiel, se ajoelhando. Kastor e Shalom repetiram o gesto e se prostraram diante do Cavaleiro de Libra.

Vocês devem ir para o Santuário. Atena está na região leste aguardando os cavaleiros para dar início ao avanço. Existe um exército de soldados berserkers em prontidão diante da montanha. Aparentemente esperando ordens. Tourmaline já está a caminho do Santuário.

— Iremos imediatamente. — disse Kastor.

Ryuho e os outros... Eles ainda não retornaram? perguntou Shiryu.

— Já estamos aqui. — respondeu Ryuho, que havia regressado de Senkyou a poucos minutos.

Ele saiu do palácio de Jamiel trajando a armadura de bronze de Dragão. Atrás dele estavam Johan de Corvo, Marin, Shina, Alec de Lagarto, Marcel de Perseu, Láthos de Sagita, Miguel de Cães de Caça, Jabu e Asterion. Todos se ajoelharam em respeito.

Asterion... Tem algo que queira acrescentar? perguntou Shiryu.

— Não. É aqui que o plano de Delfos termina. — respondeu o antigo Cavaleiro de Prata de Cães de Caça. — Daqui para frente é tudo um campo de incerteza. E o resultado não depende mais da genialidade do Grande Mestre, mas sim do cosmo de cada um de nós. Agora é apenas o momento que ele proporcionou.

Então vão! E tomem cuidado. Kiki.. deixo a liderança do grupo sob sua responsabilidade. Encontrem Atena, e derrotem os berserkers.

— Sim senhor! — respondeu o mestre de Jamiel.

A imagem se desfez e o cosmo de Shiryu regressou para Rozan, deixando Kiki e os outros para trás.

— Reúnam-se aqui. — ordenou Kiki, elevando o cosmo.

Círculos dourados surgiram diante de Kiki e através deles ergueram-se urnas de armaduras. Corvo, Cobra, Águia, Lagarto, Perseu, Sagita, Cães de Caça e Unicórnio.

— Eu restaurei as suas armaduras para que elas possam ter mais resistência nas batalhas que vocês irão enfrentar. Mas lembrem-se, as armaduras são apenas ferramentas de auxílio. Não sejam dependentes delas. Elas lutam junto com vocês alimentando seus cosmos, e os defendem.

As urnas se abriram e as armaduras voaram até seus donos, vestindo seus corpos. Além de restauradas, algumas armaduras haviam evoluído, aumentando suas áreas de proteção.

— A armadura de Unicórnio... Está mais viva e... completa. — disse Jabu, impressionado.

Kiki se aproximou de Ryuho.

— Ryuho, lembre-se que você está trajando a armadura que o seu pai um dia usou. Essa armadura possui componentes que podem lhe dar vantagem em batalha. O sangue de Atena continua presente. Não sei quais propriedade esse poder ainda pode lhe conferir, então...

— Entendi. — disse Ryuho.

— Ótimo... — Kiki voltou-se para os outros. — Quando chegarmos no Santuário, esperem as ordens de Atena. — o cosmo dele se ampliou e envolveu a todos. — Agora vamos! Atena nos aguarda!

—...—

O chamado de Atena percorreu toda a Terra na forma de ressonância. E onde quer que estivessem, as 88 armaduras responderam emitindo o mesmo som e um intenso brilho. Independente de terem ou não um usuário para trajá-las. Até mesmo aqueles que um dia foram cavaleiros, mas que hoje em dia já não são mais devido a idade ou confinamento, sentiram em seus cosmos a deusa os convocando.

Em Rozan, Jamiel, Senkyou, Tóquio, Camarões, Grécia, Brasil, Guiné-Equatorial, México, França, Argentina, Itália, Angola... Dezenas de cosmos se acenderam e partiram em direção ao Santuário.

—...—


Grécia, Santuário – Templo do Grande Mestre

— Atena está convocando seus cavaleiros. — disse Ares, sentado no trono, para seus berserkers. — E sinto seus cosmos se elevando ao longe e se direcionando ao Santuário. Estão vindo com vigor e entusiasmo. Logo eles estarão reunidos com ela.

Alecto deu um fino sorriso.

— Se eles soubessem o que os espera... Não teriam tanta pressa. — disse a pequena berserker, ajoelhada liderando o grupo.

O deus se levantou.

— Alecto, você sabe o que fazer daqui pra frente. Deixo o comando dos berserkers está sob as suas ordens.

— Sim, meu senhor! — disse ela. — Lutaremos com todas as nossas forças, senhor. — prometeu

— Não espero menos que isso. — disse o deus, se retirando junto com Anteros e Phobos, deixando os berserkers e os espíritos da guerra para trás.

Os deuses atravessaram as cortinas vermelhas que escondem a passagem que leva ao antigo templo de Atena, e seguiram pelo corredor.

— E quanto a irmã do Pégaso? — perguntou Phobos.

— Eu pretendia retalhá-la e espalhar seus pedaços nas escadarias das doze casas para que o Pégaso enlouquecesse a cada passo que desse. — disse Ares. — Mas eu tive uma ideia melhor.

...

No Salão do Grande, Alecto de Erinia se levantou e os demais berserkers se ergueram em seguida.

— Berserkers! — gritou ela. Não tenham qualquer misericórdia ou hesitação. Quando segurarem no pescoço de um cavaleiro, rasguem a garganta dele. Arranquem seus membros e corações. — Alecto deu um paço a frente e os berserkers abriram caminho para a pequena comandante passar. —  Que Atena ouça o desespero de seus cavaleiros! Compreenderam?!

— Sim, senhora! — responderam em um só grito.

Alecto olhou para os Espíritos da Guerra por cima do ombro.

— Talvez sobre alguns ratos amedrontados para os senhores.

—...—


Monte Olimpo – Palácio dos deuses

O sol estava se pondo preguiçosamente entre as montanhas, emitindo seus últimos raios de luz que pintava o céu sagrado do Olimpo com uma aquarela de cores.

Apolo, o deus do sol e atual senhor do Olimpo, estava na sacada do palácio observando a Terra através do sol. Seus olhos flagravam tudo aquilo que a luz do sol banhava. Principalmente o retorno de Atena.

Ao seu lado, de joelhos, havia um anjo. Seus longos cabelos vermelhos escorriam de sua cabeça como um rio de fogo e sangue, e seu corpo estava coberto por um traje alado de cor branca e dourada.

— Já está na hora do sol se pôr, irmão. — disse Ártemis, deusa da lua e da caça, se aproximando.

A deusa tinha longos cabelos amarelo claro esverdeado, olhos verdes e o símbolo de uma lua crescente da testa. Ela estava usando um longo vestido branco esvoaçante de mangas longas e peças douradas de armadura.

 A deusa estava acompanhada por suas satélites da guarda real. Um grupo de guerreiras arqueiras que usam traje branco-acinzentado por cima de um vestido branco curto. Em suas cabeças elas usam elmos que possuem adornos semelhantes a orelhas de coelho, que é um dos animais sagrados da deusa da caça, representando a pureza da casta de guerreiras virgens.

— Atena retornou. — disse o deus.

Ártemis se aproximou da sacada e olhou para baixo, para a Terra. Seus olhos brilharam, e a lua, que já estava se posicionando no firmamento para tomar seu lugar na noite que se aproximava, mostrou para a deusa a região montanhosa onde Atena estava aguardando seus cavaleiros.

— Ela está diferente. Parece mais forte. — disse a deusa. — Pretende fazer algo?

— Deixarei que Atena e Ares lutem. Todo o Olimpo está proibido de interferir. —  as últimas palavras do deus pareciam também uma advertência para Ártemis, já que a deusa da lua é bastante apegada a Atena. — Apenas enviei um grupo de soldados celestiais para guardar o Monte Etna devido a fabricação de arma que solicitei a Hefesto.

— Não é lá onde o Fênix também está se recuperando?

— Sim. Por isso enviei o anjo Teseu entre os soldados. Caso surja a oportunidade de abatê-lo. — respondeu Apolo.

— Mesmo que Teseu seja um anjo poderoso, não acho prudente que apenas ele seja enviado para essa tarefa. — disse Artemis. — O Fênix enfrentou Ares. Acha que um anjo vai dar conta?

— No momento eu não irei mover mais do que isso para dar conta desse empecilho. Eu poderia com uma simples flecha pulverizar o Etna e o Santuário, mas além de envolver inocentes, isso seria se esforçar demais para se livrar de seres tão pequenos. — disse o deus. — Então eu espero que Ares consiga pelo menos punir os demais Lendários. Eles não podem servir de inspiração para outros almejarem confrontar os deuses.

— Dezenas de cosmos estão cruzando o céu e as dimensões em direção a Grécia. — comentou Ártemis, olhando para a Terra. — São... Os cavaleiros.

— Se soubessem que estão caminhando para a morte, não teriam tanta pressa. — disse o deus, se afastando. — Irei me retirar. Campos de sangue não me agradam. Pollux, me acompanhe. — o anjo se levantou, fez reverência para Artemis, e acompanhou o deus. Na medida em que Apolo se afastava, o sol lentamente ia se pondo no horizonte. — E Artemis... — o deus parou. — Se a guerra se estender e colocar a humanidade em risco... Só então o Olimpo deve intervir. Mas apenas nessa situação.

—...—


Grécia, região leste do Santuário

— Agora devemos aguardar. — disse Delfos, ao lado de Atena. — Eles não vão demorar a chegar.

O sol começou a se pôr e a lua já se posicionou... pensou a deusa, fitando o céu por um instante. Era como se ela sentisse seu irmão e sua irmã observando-a. Afastando seus pensamentos, ela mirou seus olhos para o Santuário.  — Aquela é a estátua de Ares? — perguntou a deusa.

— Ele ergueu após a ascensão. Como o novo símbolo da ordem na Terra. — explicou Ápis de Touro.

— Aquela estátua emana tudo o que ele e seus subordinados representam. Não há nada de ordem vindo dela. Apenas caos, desejo de sangue e violência. — respondeu a deusa. — Eu sinto que ele está lá, onde era o meu templo. E não está sozinho. Há outros cosmos ao redor dele.

— Provavelmente Afrodite e Dionísio. — disse Delfos. — Os dois deuses não são combatentes, então é provável que fiquem ao lado dele. Mas... Ares não virá para a linha de frente?

— Pelo visto não. — disse Atena. — Não é algo comum. Ele nunca foi um deus de ficar sentado, de braços cruzados. Eu sinto seus subordinados se movendo, mas ele permanece parado. E também... — a deusa fechou os olhos se concentrando. — Ele ergueu uma barreira. — disse, abrindo os olhos. — Eu pretendia desativar a minha e assim invadir o templo diretamente, mas a minha barreira já cedeu devido a minha ausência, e no lugar dela ele ergueu outra. Ares quer me forçar a seguir o trajeto até lá. Subir cada uma das doze casas.

— Se é isso o que ele pretende, então deve ter armadilhas no caminho. — comentou Seiya.

— Sim. Provavelmente. Eu não consigo mirar um teletransporte ou distorcer uma fenda dimensional até o topo. No máximo até a entrada da casa de Áries.

— Iremos subir as doze casas? — perguntou Shun.

— Não. — respondeu a deusa. — Chega de subir as doze casas. O Santuário possui outros caminhos, e com certeza Ares não tem conhecimento disso. Eu tenho um plano...

— Desculpa interromper o início da explicação do seu plano Atena... — disse Henry. — Mas... Falando em doze casas... Parece que um dos templos do zodíaco se apressou e veio até o seu encontro.

Em meio aos milhares de soldados berserkers havia uma estrutura semelhante a um dos templos zodiacais.

— Já estava ali quando chegamos? — perguntou Alkes. — Eu não lembro de ter visto.

Todos observaram com estranheza. Delfos olhou para Atena e viu que a deusa parecia tão intrigada quanto eles.

— É o templo de Escorpião. — disse Eros.

— O templo saiu da montanha das doze casas e surgiu aqui? — questionou Henry.

— Não. — respondeu Atena. — O guardião está aqui, mas o templo verdadeiro continua nas doze casas. O que está diante de nós é apenas uma ilusão. Uma materialização do cosmo. — explicou — Mas de uma forma tão perfeita que torna a ilusão bastante real. — a deusa olhou de forma pensativa para o templo. — Vamos descer.

— É seguro? Sinto cosmos hostis se aproximando. Ficaremos cara a cara com o exército. — disse Alkes.

— E em poucos minutos estaremos passando por cima deles. — respondeu Seiya.

— O único cosmo que deve ser temido aqui... — o cosmo de Atena se elevou. — é o meu.

—...—

 
Templo do Grande Mestre – Santuário, Grécia

Medusa estava parada no corredor diante de uma porta. Sua mão segurava na maçaneta, mas havia hesitação sem sua postura.

— Ela não está aí. — disse um homem, surgindo no corredor principal e caminhando até Medusa.

Sua pele era escura, seus olhos eram brancos como a neve e sua pupila era bastante minúscula. Um ponto negro na imensidão branca de sua íris. Ele era esguio, musculoso, com uma expressão séria, e cabelos negros modelados em dread's caindo até os ombros. Em cada dread existia fios de cabelos dourados que os enfeitava. Ele trajava uma robusta Onyx negra com detalhes e adornos dourados. Seu elmo tinha o formato da cabeça de uma pantera mostrando suas duas poderosas presas prateadas.

— Alceu?! Por que você não está com Alecto e os outros? — perguntou Medusa, se afastando da porta.

— Eu estava fazendo a guarda do cômodo da sua filha. Mas acabei de levá-la para o Senhor Ares.

— Ah...

— O que queria com ela?

— Apenas vê-la. E talvez... Talvez eu mesma acabasse com a vida dela ao invés de submetê-la as torturas do senhor Phobos. — disse Medusa.

— Quanto a isso, não se preocupe. Ela não será torturada. O senhor Ares parece ter outros planos para ela.

— E o que seria?

— Eu não sei. Nesse momento ela está diante da estátua do nosso Senhor. Sob os cuidados do senhor Dionísio já que ele tem apego aos humanos. Talvez o Senhor Ares a use como escudo quando o Pégaso vier. Imagino que... O seu filho não mataria a própria irmã, não é?! Acredito que o Senhor Ares pense a mesma coisa. Mas é só um palpite. — Alceu encarou a berserker. — Medusa... Você por acaso trairia o senhor Ares para salvar sua filha?

Medusa encarou Alceu olhando-o nos olhos e passou por ele, parando lado a lado com o berserker.

— Nunca questione o que uma mãe pode fazer pelos seus filhos. — respondeu a berserker. — Assim como não questione a minha fidelidade para com o senhor Ares.

Alceu olhou de lado para ela.

— Sua resposta não me passa segurança.

— Então... — Medusa seguiu andando pelo corredor em direção a saída. — Se quer segurança, fique longe desse assunto. Não se envolva e também... Não olhe nos meus olhos.

— Espere! — disse Alceu, com uma voz grave.

Medusa parou e olhou para ele por cima do ombro.

— O que foi agora?

— Aracne... Onde ela está?

— No Tártaro. Morta por Atena. — respondeu a berserker.

—...—


Grécia, região leste do Santuário

 O cosmo de Atena envolveu Seiya e os outros e teletransportou o grupo para o sopé da montanha. Atena ficou em cima de um rochedo, enquanto seus cavaleiros tomaram seus postos abaixo.

Agora frente a frente com o exército de Ares, cercados por altas montanhas em ambos os lados, os soldados pareciam ainda mais intimidadores e numerosos8iu8. Estavam minuciosamente organizados em fileiras e suas expressões eram sérias e fortes. Mas era o templo no centro das hostes que chamava a atenção de Atena.

— Tem um cavaleiro lá dentro. — disse Shun.

— Sim... — disse Ápis, concordando. — E ele está esperando pela senhora, deusa Atena. — disse virando-se para a deusa. — O homem que está lá dentro... De alguma forma eu consegui ler a mente dele e...

— Ele fez questão que você o lesse. Mas é muita audácia dele achar que eu irei responder a uma afronta como essa. — respondeu Atena.

— Perdeu a cordialidade, deusa da guerra?! — disse Alkes, olhando para Atena por cima do ombro, mas a voz não era dele. Os olhos do cavaleiro de prata ficaram dourados e seu rosto estava com expressão vazia. — Seja mais diplomática e venha discutir a luta com o seu oponente.

— Alkes?! — disse Seiya.

No interior da casa de Escorpião, o cavaleiro guardião estava sentado em um trono em meio a escuridão. Apenas seus olhos dourados brilhavam intensamente com seu cosmo.

— Não preciso ter cordialidade com alguém que mira um cosmo agressivo como esse para mim. — respondeu Atena, ríspida, encarando o templo. — Ainda mais se tratando de um cavaleiro. Alguém que me deve submissão e obediência. Olhe para o seu corpo e veja o traje que veste. 

— Você mudou, Atena. — disse Henry, encarando a deusa, e assim como Alkes, a voz não pertencia a ele e seus olhos mudaram de cor.

— Não é a mesma que eu conheci. — disse Eros.

— Também não é a mesma que eu ouvi falar. — disse Henry, novamente.

— Pois não parece ser uma mulher despreparada e assustada. — disse Alkes.

— Ele está usando um alto nível de telepatia para falar com Atena através de Alkes e os outros. — explicou Ápis, que não havia sido afetado.

Um adversário assim... pensou Delfos.

— Já chega! — disse Atena. Seus olhos brilharam, rompendo o domínio psíquico que estava controlando seus cavaleiros. — Agora saia dessa casa e se apresente aos demais!

— Atena... Você o conhece? — perguntou Delfos.

— Conheço. Ele foi o primeiro Cavaleiro de Ouro de Escorpião que lutou ao meu lado nas primeiras Guerras Santas na Era mitológica. Ele foi enviado pelos deuses do Egito como símbolo de aliança. É um homem que diz ser imortal graças a benção do deus Anúbis, e desde então vem renascendo durante os séculos. Seu nome é Selkh, e ele é o Cavaleiro de Ouro de Escorpião.

Selkh se levantou do trono emanando um poderoso cosmo dourado.

— Isso mesmo, Atena. — disse ele, através do cosmo que fluía do seu templo. — Mesmo depois de séculos, você não esqueceu.

Um sobrevivente da primeira guerra santa?! pensou Seiya, surpreso. Algo assim é possível?!

O cosmo dele... É gigantesco.  A única vez que eu senti tanto poder fluindo de um cavaleiro assim foi...pensou Henry, olhando para Shun. Foi quando Shun despertou a armadura divina.

De dentro da casa surgiu Selkh. Seus cabelos eram roxos, seus olhos eram dourados como ouro e sua pele era parda. Nos ombros de sua armadura de ouro havia uma longa capa preta presa, semelhante a de Henry.

No momento em que o cavaleiro de escorpião pisou no solo fora da casa, houve um rápido tremor, causando espanto a todos. Exceto Atena, que manteve sua expressão firme. A presença forte daquele homem era intensa como a de um deus. Era um cosmo bruto e imponente, e em seu rosto resplandecia confiança e soberania. Ao seu redor o seu cosmo queimava de forma tão vigoroso que agitava sua capa.

Diante de tamanha demonstração de poder, a corrente pontiaguda divina de Shun foi tomada por cosmo e se moveu, apontando para Selkh.

— Shun... — disse Seiya, cochichando. — Sua corrente...

— Eu sei... A minha corrente não havia se movido nem mesmo com a presença dos soldados de Ares. Mas esse cavaleiro... A corrente pontiaguda o considerando uma poderosa ameaça. Se eu solta-la... — Shun fazia força segurando a corrente. — Ela irá perfurar o coração dele.

— Os olhos dele... Estão normais. — constatou Eros. — Isso significa que ele não está dominado pelo deus Anteros. Então, por que está se comportando como inimigo?! — questionou.

— Ele está aqui para me julgar. — respondeu Atena. — Depois de milênios ele retornou para dar a sentença que ele prometeu.

Os cavaleiros ficaram surpresos.

— Sentença?! Mas... Como assim?! — perguntou Shun.

— Então você lembra da minha promessa?! — disse Selkh, para Atena. Uma longa unha vermelha cresceu em seu dedo. — Mas e então... Culpada ou inocente?!


Antiga Grécia, base do exército de Atena – Era mitológica – Fim da I Guerra Santa contra Hades

 Dezenas de túmulos estavam sendo velados em um terreno ao norte de uma grande montanha. Eram dezenas de lápides com nomes de cavaleiros marcados nelas. Após travar as primeiras batalhas contra Poseidon, Ares e Hades, dezenas de combatentes deram suas vidas para manter a paz, a ordem, o amor e a justiça na Terra.

Atena, que usava um longo vestido branco, estava em pé diante de um túmulo onde tinha escrito na lápide “Rodório – Bronze - Pégaso”. Seus longos cabelos castanhos voavam com o vento forte que soprava.

— Atena.... — disse Selkh, se aproximando. Ele observou a expressão de tristeza da deusa que encarava o túmulo do Pégaso. — Ele foi um bom combatente. A essência de Rodório voltará a reencarnar nos Cavaleiros de Pégaso nas próximas gerações.

— Sim, com certeza. — disse ela. — Lamento por ele e por todos os outros que perderam a vida. E ao mesmo tempo também fico feliz em saber que alguns tenham sobrevivido. — a deusa fez uma pausa. — Precisarei de vocês para preparar a próxima geração no período em que eu estiver ausente.

— Irá se afastar do Santuário?

— Irei. Eu fui até o Templo de Apolo em Delfos¹, me consultar com as Pitonisas e receber a previsão do Oráculo. De acordo com as previsões do futuro, nenhum outro deus tentará dominar a Terra nos próximos séculos. E os selos que eu usei para conter Poseidon e Hades irão afastá-los por pelo menos duzentos anos.

— Mas... E se alguma ameaça imprevisível surgir? — perguntou Selkh.

— Nós estaremos aqui. — respondeu um homem se aproximando.

Seus cabelos eram longos e branco azulado, e seus olhos eram de um azul gélido, como um denso bloco de gelo. Sua expressão era serena, e ele estava trajando a armadura de ouro de câncer, arrastando uma longa capa azul anil presa em seu ombro.

— A senhora mandou me chamar, Atena?

— Sim, Tithonos. Gostaria de falar com vocês dois.

— E do que se trata?

— Para garantir que as próximas gerações de cavaleiros venham existir, transformarei esta montanha em meu Santuário. Uma base de guerra, e também, uma fortaleza. — explicou Atena. — Aqui os cavaleiros serão treinados e protegerão a Terra. E seus ensinamentos serão preservados e passados para as próximas gerações.

O báculo dourado surgiu na mão direita de Atena e ela o ergueu, elevando seu cosmo e teletransportando eles para o topo da montanha do Santuário. Lá, a deusa fez surgir uma pequena estatua em sua mão, a armadura de Atena, e a colocou no chão. A estátua então cresceu, revelando a imagem da deusa da guerra com mais de trinta metros de altura.

Da estátua fluiu um poderoso cosmo, criando uma cúpula que se expandiu por toda a montanha do Santuário e as regiões mais próximas da montanha. A cúpula então se modelou, e como um manto de seda desceu e cobriu o Santuário, se fundindo.

— Isto é... uma barreira? — perguntou Tithonos.

— Exatamente. Essa barreira irá proteger o Santuário e dificultar o acesso de invasores. Mantendo os humanos comuns longe da região também. — disse Atena. — E para guardar o meu templo e a minha armadura, os Cavaleiros de Ouro irão se tornar guardiões permanentes nas casas do zodíaco. Ninguém conseguirá chegar até o meu templo sem passar por elas. Nem mesmo com poder psíquico de teletransporte. Esta barreira irá garantir isso.

— A senhora já vinha arquitetando tudo isso? — questionou Selkh.

— Sim. Já faz algum tempo.

E como iremos proteger daqui os selos que prendem Hades e Poseidon? — perguntou Tithonos.

— Quanto a isso, eu já adiantei. Enviei o Cavaleiro de Bronze de Dragão para Rozan. Concedi o misopetha-menos para que nos próximos dois séculos ele possa proteger a Torre Maligna onde os espectros e os deuses aliados de Hades estão selados. — explicou Atena. — Para vigiar Poseidon, eu enviei um grupo de cavaleiros de bronze para o leste da Sibéria, no vilarejo de Bluegraad. Quanto ao Santuário... Preciso de um líder.

— Um... Lider?! — disse Selkh. — Mas a senhora é a líder.

— Preciso de alguém que ocupe uma posição entre mim e os oitenta e oito cavaleiros. Um Grande Mestre. Um sacerdote que será meu porta-voz e comandará o meu exército na minha ausência, protegendo a Terra de qualquer mal. Humano ou divino.

— Atena... Está dando o controle da Terra para os humanos? — questionou Selkh.

— Sim, estou. E o Santuário não comandará mais as nações. Será um apenas um suporte, supervisionando. Cada nação terá seu Chefe de Estado e farão suas próprias políticas, se adequando a seus costumes e crenças.

— Mas isso é um erro. Os mortais não têm capacidade para guiar suas nações. Em sua maioria são egoístas, traiçoeiros, vaidosos e mentirosos. O Santuário precisa ser o “norte” para a humanidade. Deixar humanos no comando das nações e de uma força poderosa como o Santuário, ainda que seja apenas para supervisionar... É um equívoco gravíssimo.

— Não acho que seja assim, Selkh. Existe humanos prudentes que podem se tornar bons líderes.

— Esses homens bons não chegam ao poder para se tornarem líderes, Atena. — rebateu o cavaleiro de Escorpião. — Geralmente são sacrificados ou detidos no meio do caminho por homens ambiciosos. Além disso, os humanos são tão tolos que escolhem os ignorantes para assumirem o poder. Escolhem os intolerantes, os autoritários e os hipócritas porque acham que esses têm força para governar. Essa gente é tola desde berço. Eles são capazes de escolher loucos. Se continuar pensando assim, não se surpreenda se um dia receber a notícia de que um insano colocou fogo em uma cidade inteira, ou provocou um holocausto com ideias de raça pura.

— Você tem aversão aos mortais, mas lembre-se que apesar da sua atual condição imortal, você um dia já foi um humano comum. — disse Atena. — E você se tornou um homem detentor de um grande poder, e lutou para manter o equilíbrio na Terra.

— Mas nem mesmo eu me candidataria para uma posição de comando como está querendo propor. — rebateu. — O poder corrompe. Nem todo homem está capacitado para isso.

— Está enganado. — disse Tithonos. — O poder não corrompe ninguém. Quem usa esse argumento para justificar seus atos são aqueles que já estão corrompidos em seus corações. Na verdade, um corrupto só espera uma oportunidade para se beneficiar. — explicou. — Um homem de caráter não se deixa levar pelas corrupções ao seu redor. Se ele considera aquilo verdadeiramente errado, ele jamais se inclinará a cometer aquele erro. Em hipótese alguma. Não importa quanto poder ele tenha em suas mãos.

— Não me diga que você concorda com essa ideia de Atena, Tithonos?!

— Compreendo sua opinião, Selkh... — disse Atena. — Mas a minha decisão já foi tomada. Tithonos, alguma objeção?

— Não, minha senhora. — respondeu o Cavaleiro de Ouro de Câncer.

— Eu sei da falha humana. — disse Atena. — Mas também acredito no potencial que eles possuem. Quanto aos cavaleiros... Eu acredito que o destino irá se encarregar de escolher bons homens que lutarão pela justiça. Deixarei que as constelações guiem os destinos dos cavaleiros, e que as armaduras julguem seus corações.

— A senhora nasceu e cresceu longe dos humanos. Apenas os observa de longe. — disse Selkh. — A senhora não compreende a desgraça de caráter que se arrasta entre eles.

— Talvez tenha razão. Mas logo irei ter certeza quanto isso. Eu irei reencarnar na Terra há cada duzentos anos para me juntar aos cavaleiros e uma vez mais lutar pela paz na Terra. Sendo assim, nesse período nascerei como uma criança mortal e crescerei sentido todas as fraquezas humanas em meu corpo. Irei crescer e olhá-los a partir do ponto de vista deles. Preciso entender aqueles que eu quero proteger. Preciso ver qual é o campo de visão que eles têm quando olham para os problemas e para os deuses.

— Reencarnar?! — disse Tithonos, com estranheza. — A senhora vai...

— Nascer como uma mortal? — perguntou Selk, incrédulo com essa ideia. — Mas isso é perigoso para a senhora e para a própria humanidade. A senhora ficará vulnerável nascendo dessa forma. A senhora... Você está louca, Atena? Isso é tolice! — disse alterado.

— Selkh... Contenha-se. — pediu Tithonos. — Falar desse jeito com Atena é um crime gravíssimo.

— Não! De forma alguma! Atena... Existe uma boa razão para a Era de Ouro ter sido a melhor época para se viver na Terra. Os humanos eram puros e eram comandados pelos deuses. Depois que os males da caixa de Pandora corromperam a humanidade e os deuses nos abandonaram, a Terra começou a caminhar para o caos apesar de alguns mortais tentarem por ordem. Essa Era deve ser retomada, Atena.

Atena balançou a cabeça negando.

— Você está errado, Selkh. Lembre-se que foram os próprios deuses que criaram a Caixa de Pandora e colocaram nela todo o tipo de mal que há no mundo. A humanidade está nesta situação porque assim os deuses quiseram. E eu também participei disso. — disse reconhecendo seu erro. — Não espere de nós a salvação. Deus nenhum salvará a humanidade. Essa salvação virá de vocês. Os humanos podem evoluir e superar os deuses.

— Atena, eu lhe imploro, comande a Terra, imponha suas leis e estabeleça a ordem.

— Impor? — perguntou Atena. — Está querendo que eu me torne uma ditadora? Os humanos devem ter a liberdade de viver e tomar as suas decisões. Fazer as próprias escolhas. Criar suas próprias leis. A Terra é povoada por diferentes culturas e povos. Jamais deve haver uma imposição universal. Isso é autoritarismo. Eles irão crescer e se desenvolver como sociedade.

— Você está sendo imatura e imprudente! Seus pensamentos estão sendo opostos aos quais deveria ter como deusa da inteligência. — disse Selkh, furioso.

— Diminua o seu tom de voz. — disse a deusa. — E como eu falei anteriormente... Já tomei a minha decisão. Apenas estou comunicando a vocês dois.

Selkh cerrou o punho e elevou o cosmo, expulsando a armadura de ouro de escorpião do seu corpo.

— O que está fazendo, Selkh? — perguntou Tithonos. — Por acaso... Está renunciando?!

Atrás do cavaleiro de Escorpião surgiu a imagem de um ser com cabeça de chacal e corpo de homem. Sua pele era negra como as trevas, seus olhos eram vermelhos como sangue e sua expressão era de fúria. Ele trajava roupas egípcias que deixava grande parte do seu corpo exposto, revelando um corpo musculoso. Em sua mão direita trazia um cajado que tinha em sua ponta duas hastes que formavam uma balança, com um coração de um lado e uma pena do outro. E em sua mão esquerda trazia um cajado com o símbolo Ankh na ponta, simbolizando a vida.

A imagem do deus Anubis surgiu atrás de Selkh. pensou Tithonos.

— Ouça bem, Atena, isso é uma promessa... — disse Selkh em tom de alerta. — Eu vim do Egito até aqui para formar uma aliança de paz, na intenção de junto com você estabelecer a harmonia e equilibrar o Maat, a ordem cósmica e social. Mas eu sinto que a sua decisão põe isso em risco mais uma vez. Por tanto, se a sua escolha levar a humanidade para a beira do caos e a Terra cair nas mãos de algum deus inimigo, de algum cavaleiro inconsequente ou de algum humano ambicioso por sua culpa, eu voltarei para julgá-la e puni-la!

— Selkh... Você está cometendo um crime. — disse Tithonos. — Está ameaçando Atena.

— Já tomei a minha decisão. — disse Selkh, dando as costas. — Apenas estou comunicando a ela.

O Cavaleiro de Câncer segurou no braço de Selkh.

— Eu não posso ver uma cena como essa e ficar parado. Você me entende, não é?

— E o que pretende fazer, meu amigo? — perguntou Selkh.

— Não se esqueça que você não foi o único humano que se tornou imortal. Então isso significa que viverei tanto quanto você. Se você ousar levantar os punhos contra Atena, eu saberei.

— Então, meu amigo... — Selkh puxou o braço das mãos de Tithonos. — Viva para ver que eu estou certo e que eu cumpro o que prometo.

— Espere, Selkh!

— Deixe-o, Tithonos. Você o ouviu. É a decisão dele. — Atena deu as costas e encarou a sua estátua. — Não cabe a nós dois mudar o destino que ele decidiu traçar. Nós três seremos testemunhas no futuro.

— Sim, senhora.

— Tithonos... Gostaria de saber se está disposto a me seguir na minha decisão.

Ele se ajoelhou diante da deusa.

— Como um cavaleiro, eu estou aqui para segui-la e servi-la.

— Obrigada. Então deixe-me abusar um pouco mais da sua servidão e lhe pedir para ser o primeiro Grande Mestre do Santuário.

— Será uma honra.

—...—


Grécia, região leste do Santuário

— Está nos dizendo que esse homem esperou milênios para chegar esse momento? — perguntou Ápis, incrédulo.

— Para um ser imortal, o passar do tempo é como um piscar de olhos. — disse Selkh. — Não somos presos a contagem de tempo. Mas infelizmente, nesse período eu pude ver coisas que jamais fugirão da minha mente. 

— Em todo esse tempo você não mudou a sua ideia, não é? — perguntou Atena.

— Preciso realmente responder?! Herodes e suas torturas e assassinatos. Hitler e o extermínio de oito milhões de judeus, ciganos, homossexuais e outras minorias. A igreja Católica e a morte de milhares de pessoas em nome do Deus Cristão. Basílio II e a morte de quinze mil pessoas e a tortura de outras quinze mil, cegando mulheres e crianças com adagas em brasa. O Islamismo e a perseguição religiosa ceifando milhares de pessoas e destruindo culturas. Rainha Ranavalona I e sua vaidade ambiciosa que matou milhares. Kim II-Sung e a guerra da Coreia que vitimou três milhões de pessoas. Pinochet e sua tirania e torturas no Chile. A ditadura militar em países da América do Sul, Itia e a tentativa de dividir a Terra em doze nações subjugadas ao Santuário no século XV... — o cosmo de Selkh se elevou, e ao seu redor surgiu brotando do chão centenas de espíritos de coloração negra lamentando e esticando as mãos para alcançar o cavaleiro de ouro. Eram milhares se amontoando ao redor dele.

Esses são... Os mortos citados por Selkh! pensou Atena. Mas eles não vieram do antigo mundo dos mortos de Hades. Eles vieram... Do Duat!! O mundo dos mortos Egípcio.

— Eu lhe avisei, Atena, e hoje esses mortos clamam por justiça. Milhões de vidas foram perdidas pela ganância de líderes soberbos e ambiciosos, mas você foi alertada quanto a isso. Os humanos são tolos e imbecis. Possuem memória curta e são burros ignorando a história da humanidade. Elegem ditadores e amantes da ditadura. Queimam livros, enaltecem a ignorância, idolatram líderes políticos e reis, criam regras de censura, perseguem aqueles que são diferentes e impões suas ideias religiosas. A humanidade está declinando em nome de falsos “bons costumes”, em nome de “deuses” e hipocrisias. A Terra chegou ao estado que eu lhe alertei que ela chegaria.

— E nada disso é culpa minha. — disse Atena. — Não cabe a mim, e nunca coube, impor ordem na humanidade. Tão pouco tomar decisões por eles. Como deusa patrona da Terra, minha missão é proteger a Terra da ambição de outros deuses, e impedir que a humanidade seja extinta por um capricho divino, ou se perca em suas guerras e ideias. E para garantir isso, os meus cavaleiros sempre participaram das grandes guerras, encerrando-as para que a justiça prevaleça. São humanos resolvendo problemas de humanos. Era isso que eu estava propondo. Deixar a humanidade caminhar com as próprias pernas e apenas guiá-los para evitar tropeços, mas sem tomar decisões por eles. É fato que ao longo dos anos eles tomaram decisões erradas, mas também tomaram decisões certas e evoluíram para melhor. Como você acha que um planeta, com bilhões de habitantes, não haveria conflito? Houve, mas veja que os humanos criaram medidas para evitar que atrocidades semelhantes voltem a acontecer. Isso é evolução, Selkh.

Os cabelos roxo-azulado de Selkh se agitaram e seus olhos dourados brilharam.

— E quantos bilhões morreram em troca dessa evolução?! Você continua com esse discurso tolo, Atena! — disse furioso. O cosmo de Selkh se elevou e a capa negra se agitou com a intensidade do cosmo. — Você continua cega. Apesar de ter nascido como humana nos últimos milênios, você não entende a necessidade deles. A cede de paz. A cede de justiça que assola os lares. Mas eu farei você sentir na pele.

— E você se acha no direito de julgar Atena? — perguntou Seiya, dando alguns passos à frente e abrindo as asas divina de Sagitário para proteger a deusa e o grupo.

— Desde a Era Mitológica eu sou juiz, júri e carrasco. Sou alguém que está em posição de exercedor arbitrário pleno de julgamento, e determinador de penalização. — disse Selkh. — Em outras palavras, eu sou um homem que julga e puni humanos e deuses. Para isso me foi dado esse poder! — disse abrindo os braços. Os mortos se dissolveram em cosmo e se uniram a Selkh, aumentando ainda mais a intensidade do seu poder. — Agora saia da minha frente, cavaleiro. Enterrarei a minha sentença no peito de Atena.

— Você pagará por fazer essa ameaça. — disse uma voz de mulher.

No céu, dez círculos dourados surgiram brilhando.

A posição desses círculos foram a constelação de... pensou Selkh.

Dos círculos surgiram espadas douradas e afiadas, e avançaram em tiros seguidos contra Selkh, que desviou de cada uma delas. O impacto das lâminas no chão abriu pequenas crateras e levantou uma cortina de poeira.

— Você sendo juiz, deve saber qual sentença é dada para um cavaleiro traidor. — a poeira rodopiou e foi dissipada pelo balançar do braço de Tourmaline, que estava em pé diante do grupo de Seiya, encarando Selkh. — Como braço direito de Atena, eu sou aquela que pune homens feito você. Dança das espadas! Dance Excalibur!

Selkh sorriu.

— Não há homem ou mulher capaz de punir alguém como eu. — disse o cavaleiro de Escorpião. Seus olhos brilharam e de sua testa ele emitiu ondas vermelhas que interceptaram as lâminas douradas de Tourmaline. Restrição. E você por acaso esqueceu que eu conheço essa sua técnica? Eu vi você lançando esse golpe contra o seu irmão no dia do Bacanal de Dionísio. Sentença de Antares!

A constelação de Escorpião surgiu atrás de Selkh emitindo o brilho das quinze estrelas que formam a constelação. Selkh então estendeu o braço para frente, e dez feixes de luz saíram da constelação até a palma de sua mão concentrando uma esfera de cosmo, em seguida o cavaleiro recuou o braço pegando impulso e disparou o seu golpe. A rajada foi lançada.

Tourmaline elevou o seu cosmo e disparou um golpe cortante afim de rasgar o golpe ao meio, mas a rajada vermelha se dividiu em dez feixes de luz semelhantes as Agulhas Escarlates. No corpo de Tourmaline surgiu os pontos estelares da constelação de Capricórnio, os seus pontos vitais.

Ele a marcou! pensou Atena. Se ela receber o golpe naqueles pontos... Tourmaline, cuidado! — gritou a deusa, que materializou seu escudo diante da saintia.

Mas o escudo não foi necessário. A armadura de Ouro de Aquário surgiu diante de Tourmaline e bloqueou o golpe, recebendo as perfurações do golpe.

— Aquário?! — disse Selkh, confuso.

— Hyoga! — disse Seiya.

Seiya olhou para os lados procurando pelo companheiro, mas franziu o cenho quando não o encontrou.

— Seiya... — disse Shun, cabisbaixo. — Você já havia entrado no castelo de Oberon quando Ápis contou... O Hyoga... Ele...

— Está morto. — disse Selkh

— Mo-Morto?!

— Isso mesmo. Morreu lutando contra Éris. Seu último folego de vida foi para selar a deusa da discórdia. Quanto a você, saintia... Você teve sorte. O meu golpe teria acertado os seus pontos estelares e você estaria morta agora. Agora saia do meu caminho. A armadura de Aquário não vai proteger você e Atena para sempre. — os olhos de Selkh brilharam em um tom vermelho novamente. Restrição!!

Mas mais uma vez a Armadura de Ouro de Aquário interferiu, elevando seu cosmo e disparando círculos de gelo que colidiram com a ondas circulares de Selkh e as bloqueou. E por um rápido instante a imagem do espírito de Hyoga surgiu pairando atrás da armadura.

Hyoga... Seiya cerrou o punho. — Vá para junto de Atena, Tourmaline. — disse, passando por ela. — Deixe-o comigo.

— Mas Seiya... — disse Tourmaline.

— Mesmo morto, a alma de Hyoga continua lutando por Atena! —  disse Seiya. — O seu cosmo e suas memórias residem em Aquário com o mesmo vigor. Isso é o que significa ser um cavaleiro. Nós confiamos nossas vidas e a segurança da Terra nas mãos de Atena, e continuamos lutando por ela mesmo quando a vida abandona os nossos corpos. Você não tem o direito de julgar e punir Atena por causa dos crimes de outros. — o cosmo de Seiya se elevou. — E como Atena disse, humanos resolvem problemas de humanos. Todos nós somos responsáveis pelos nossos próprios atos, e não os outros. Se existe um tirano no poder, foram os humanos que colocaram ele lá, e cabe apenas aos humanos tirá-lo. Reis, rainhas, imperadores, políticos... Não importa quem seja. Irá cair. Se Hyoga estivesse aqui, ele já teria destronado essa sua arrogância. Mas eu serei seu oponente. — Seiya passou ao lado da armadura de Aquário e se colocou diante dela. — Hyoga, obrigado meu amigo. Eu não sou tão bom quanto você, então peço que proteja Atena e os outros de qualquer resquício que eu deixar passar.

— Seiya... — disse Atena.

— Se você vier, é certo que morrerá. — disse Selkh. — A minha Sentença de Antares tem o poder de atingir os pontos vitais do meu adversário. Sabe o que isso significa para um cavaleiro, não é? São seus pontos estelares. Ao ser golpeados neles, você morrerá! — a imagem da constelação de Escorpião voltou a aparecer e brilhar com seus quinze pontos.

— Nunca explique a sua técnica para o seu oponente. — disse Seiya.

Selkh sorriu.

— Morra! Sentença de Antares!

— É por isso que humanos não devem viver mais do que o necessário... Com o passar do tempo se tornam insanos e se acham donos da verdade. — o cosmo de Seiya explodiu, e seu arco e flecha se materializou em suas mãos. O golpe se concentrou em sua flecha, e na ponta dela surgiu um brilho que se dissipou formando um círculo de luz Flecha estelar!

Do círculo de luz surgiu centenas de flechas douradas, disparando uma chuva de centenas de estrelas que cruzaram o campo devastadoramente e colidiram com os disparos lançados por Selkh. Os trezes feixes de Antares que acertariam os pontos vitais de Seiya foram bloqueados, mas Selkh voltou a atacar disparando centenas de feixes. Era uma chuva de estrelas vermelhas cruzando o campo colidindo com as flechas douradas.

— Eles empataram! — disse Alkes, surpreso.

— O desgraçado é poderoso. — comentou Henry, sorrindo.

— Mesmo sem estar vestindo uma armadura divina, Selkh é equivalente a um cavaleiro divino. — disse Atena. — Na Era Mitológica ele era um dos mais poderosos entre os Cavaleiros de Ouro. Uma pena que seu senso de justiça tenha se tornado tão extremista.

Empatados, Selkh avançou e disparou sua Restrição, pegando Seiya de surpresa.

— Magnífico, mas não passa disso. — disse o cavaleiro de escorpião, parado ao lado de Seiya. Marionete rubra! disparou Selkh, atingindo Seiya com uma pequena picada.

Seiya gritou de dor e se contorceu, caindo de joelhos.

— Agora Seiya, você mesmo dará a punição para Atena. A Marionete Rubra faz com que eu possa controlar o fluxo sanguíneo do meu oponente e os movimentos do seu corpo. Agora eu quero que você saque a flecha divina que foi dada por Atena aos cavaleiros de Sagitário, e una ela com o seu golpe Flecha Estelar, potencializando o disparado da flecha. Atena pode até parar uma, mas jamais conseguirá parar uma chuva dela. Mate Atena e seus companheiros, Seiya!

Seiya se levantou contra sua vontade, e seus braços prepararam o arco e a flecha divina como Selkh havia ordenado. Seu corpo tremia tentando resistir, mas a força que o controlava era forte demais. Seiya mirou a flecha em direção ao peito da deusa e elevou o seu cosmo, concentrando-o na ponta da arma divina.

— Muito bem. Não adianta resistir. Agora puxe a flecha e dispare!

Seiya puxou a flecha no arco, mas parou o preparo.

— Você realmente desconhece a minha força de vontade. — disse Seiya, se esforçando para mirar a flecha em direção a Selkh. — Você nunca me viu cair várias vezes e me levantar em seguida. Você nunca me viu lutar mesmo quando meus sentidos haviam sido privados. Só um tolo mandaria eu apontar a flecha para Atena. Mas e você, Selkh... Sua Restrição consegue parar o trajeto das flechas?

— Não seja presunçoso, rapaz. Eu acompanhei o declínio da humanidade. Não me interrompa quando eu estou prestes a fazer Atena sentir na pele a dor humana que ela tanto queria conhecer. — o cosmo de Selkh se elevou.

— Você está errado. O que você espera atacando Atena e matando os cavaleiros? Por acaso pretende entregar essa guerra para Ares? Ou se acha suficiente para dar conta do deus da guerra sozinho? Seja lá qual for a sua resposta, não passa de um discurso deturpado e barato. — disse Seiya. — Não me obrigue a enterrar essa flecha em seu peito. A última coisa que eu quero nesse momento é abater um companheiro de guerra. Você é um homem bom, com boas intenções, mas está trilhando um caminho errado.

— Isso já foi longe demais. — disse Delfos, elevando o seu cosmo.

Divina autoridade! ecoou uma voz velha e cansada, trazida pelos ventos, cruzando dimensões.

— O-O quê?! Essa técnica... pensou Delfos. Quem além de mim conheceria essa técnica?!

Os cavaleiros e os soldados berserkers, que assistiam atentamente, olharam a procura do autor daquela voz. O nome de Atena - em grego - surgiu e brilhou em cosmo dourado diante de todos, e instantaneamente os cosmos de Selkh e Seiya recuaram para os seus corpos. Selkh cedeu de joelhos.

— O meu corpo está... pesado. — disse Selkh. — Essa é... A técnica de autoridade do Grande Mestre... — disse tentando se levantar. — Foi você... Grande Mestre? — perguntou ele para Delfos.

— Não. — disse um homem idoso surgindo através de uma fenda escura. — Não foi Vossa Excelência.

— Mas que poder é esse?! — disse Alkes, sentindo o cosmo que fluía daquele homem. — É tão poderoso quanto o de Selkh.

— Aquilo é... O Yomotsu! — perguntou Henry, vendo o espaço ao fundo da fenda.

O homem tinha longos cabelos e barba branca. Apesar da sua expressão cansada e da pele enrugada, seus olhos eram de um azul gélido bastante vivo. Seu corpo velho e um pouco corcunda estava coberto por um manto azul anil.

— Mas... O que está acontecendo com a minha armadura?! — disse Henry, sentindo a armadura vibrar e ressoar. — Ela está reagindo aquele homem...

O homem caminhou até Selkh e parou diante dele.

— Essa técnica foi desenvolvida por mim e por Atena na Era Mitológica para dar conta de cavaleiros rebeldes como você, Selkh. Não importa qual seja a força de um cavaleiro, ele sempre estará submisso as ordens de quem possuir essa técnica. A técnica que foi dada por Atena para que o Grande Mestre possa liderar o exército, e que é herdada de geração em geração pelos legítimos sacerdotes da deusa.

— Quem é você? — perguntou Shun.

— Ele é o primeiro cavaleiro de ouro de câncer. — respondeu Selkh, erguendo o rosto para encarar o antigo companheiro de guerra. — Aquele que, assim como eu, recebeu a benção da imortalidade, dada pela da deusa Eos. Ele é Tithonos de Câncer, o primeiro Grande Mestre. Você está atrasado, velho amigo.

— Eu disse que viveria para ser testemunha desse momento. — disse Tithonos. O cavaleiro de ouro virou-se para Atena e inclinou a cabeça para frente. — Atena, perdão pela demora. Vim aqui atendendo ao seu chamado. — disse com sua voz cansada.

Atena assentiu com um aceno de cabeça e surgiu diante de Tithonos, pousando a mão no ombro do antigo cavaleiro.

— Obrigada por vir. — disse ela. — Quanto a você, Selkh... talvez tenha um pouco de razão.

— Como?! — disse o Escorpião.

Atena caminhou até ele e parou diante de Selkh.

— Você uma vez me disse que humanos podem se tornar tiranos quando possuem um grande poder. Que podem se tornar soberbos, vaidosos e violentos. Mas você por acaso percebeu que estava se descrevendo? A sua convicção de justiça criou nos seus olhos uma visão dura demais, a ponto de cegá-lo, e você usou do poder que tem para impor a sua visão, se tornando um homem prepotente. Diferente daquilo que você foi um dia. — disse Atena. — Ouça Selkh... Naquele dia eu lhe disse que eu deixaria o destino dos cavaleiros, e até mesmo da humanidade, ser traçado pelas estrelas de suas constelações guardiãs, e que as armaduras iriam julgar os corações de quem elas fossem proteger. Eu tomei essa decisão para que a escolha fosse imparcial e justa. Sem imposição ou preferência minha. E eu não mudarei isso. A armadura de Escorpião foi até você e lhe trouxe até aqui, mas não foi para me julgar como você pensa. Foi para restaurarmos o equilíbrio que você tanto se importa. Esse seu senso de julgamento não passou de um delírio alimentado por uma forte obstinação. A armadura lhe trouxe aqui para que você punisse Ares e seus deuses ao meu lado. Mas isso depende de você. Por isso, eu lhe pergunto, você irá se erguer como meu inimigo, aliado, ou irá se abster da guerra?

Selkh sorriu.

— Você realmente está diferente, Atena. Como eu disse, você não é mais a mesma que eu conheci.

— Foi a perspectiva da visão humana que me moldou. — disse a deusa.

Com esforço, Selkh moveu os braços até sua cabeça e removeu o elmo, pondo-se de joelho.

— Eu sou um homem de palavra. Não mudarei a minha linha de pensamento. Vivo e luto pelo equilíbrio na Terra e pela preservação da humanidade que ainda está engatinhando a passos lentos. Então confiarei na nova Atena que está diante de mim, e depositarei meu cosmo a sua disposição mais uma vez.

— Obrigada. — disse Atena, tocando seu báculo no chão e libertando Selkh da restrição.

— Bem que eu disse ao senhor Ares que você seria um traidor.

A voz era meiga e de tom inocente, mas ao mesmo tempo ameaçador. Do outro lado do campo as fileiras de soldados berserkers se afastaram para abrir caminho para uma garotinha pequena, que aparentava ter dez anos de idade.

De pele clara, olhos vermelhos mergulhados em uma esclera negra e com longos cabelos loiros como ouro, ela vestia uma onyx e trazia em sua mão direita uma foice comprida e curvada. A expressão do seu rosto era inocente, mas seu cosmo era maligno.

Ela estava acompanhada por Tier de Shagfoal. Um berserker alto e bastante magro, de corpo esquelético um pouco curvado para frente e de pele esverdeada. Seus braços e pernas eram tão finos que davam a impressão de que iriam se quebrar com o peso da Onyx. Seus dedos eram longos e finos, com garras compridas e afiadas. Seu rosto tinha contornos profundos, ossos salientes e olhos afundados em olheiras pesadas. Uma parte do seu rosto era coberto pelo seu ondulado cabelo marrom esverdeado.

Além de Tier havia outros dois berserkers. Um era Brontë de Gytrash. Ele tinha mais de dois metros de altura e era bastante forte. Seu rosto barbudo era repleto de cicatrizes. Seus olhos vermelhos fitavam Tritão por debaixo do elmo que cobria seu curto cabelo cor de ferrugem. O outro estava a poucos metros atrás do trio. Ele tinha cabelos azul enegrecido e olhos completamente negros. Sua Onyx possuía longas asas.

— Olá, Atena. — disse Alecto.

Perto de Tier e Brontë ela ficava ainda mais pequena.

Sinto um cosmo ameaçador vindo dela. pensou Seiya. — Quem é você?

— Alecto de Erinia. — respondeu Tithonos, reconhecendo a berserker. — Também é conhecida como a “Falsa diplomata”. Ela é enviada por Ares antes de começar uma guerra. Com essa aparência meiga e inocente, ela finge levar um acordo de paz, mas na verdade é uma assassina cruel que mata a todos e declara o início da guerra sangrenta. Muitas vezes ela era encontrada em pé no meio de uma pilha de corpos de soldados e representantes do povo, coberta de sangue e sorrindo como uma insana.

— Como se já não bastasse um cavaleiro primordial.... — disse Alecto se referindo a Selkh. — Agora tem outro que resolveu se arrastar até aqui. — a pequena berserker deu um sorriso malicioso para Tithonos. — A imortalidade lhe caiu tão bem, meu querido. Sinto você mais jovem do que há milênios atrás. Também sentiu nostalgia ao narrar o nosso primeiro encontro?! Eu senti.

— Onde está Ares? — perguntou Atena.

— Direta ao assunto. No topo da montanha. Onde era seu antigo templo. — disse a berserker. — Ele está esperando a senhora. E o Pégaso, é claro. Quanto aos demais... — Os olhos de Alecto percorreram o campo avistando os outros cavaleiros. — Que grupinho mais miserável. Vocês serão recepcionados pelos berserkers.

— Por que está perdendo tempo com diálogo? — perguntou Selkh, em pé ao lado de Atena. — Não é costume seu ficar conversando.

— Estou dando um pouco de vantagem para vocês. — disse a berserker, sorrindo. — Eu poderia dar a ordem de ataque agora, mas resolvi esperar os outros chegarem. A ordem é não deixar sobreviventes. Mas estou começando a ficar entediada.

Dezenas de feixes de luz caíram na área entre o grupo de Atena e o exército de Ares, erguendo colunas de cosmo.

— Estávamos fazendo você esperar? — perguntou Kiki, saindo de um dos pilares. — Muita indelicadeza da nossa parte. — Kastor de Gêmeos, Shalom de Virgem, Jabu e os outros surgiram em seguida, dissipando as colunas de cosmo. — Atena... Grande Mestre...

— Agora as coisas começaram a ficar interessantes. — disse Alecto.

A berserker ergueu a mão, e em resposta os soldados berserkers prepararam o escudo e apontaram as lanças e flechas para Atena e seus cavaleiros.

— Não tenha tanta pressa... — bradou uma voz vinda do céu.

O céu trovejou e as nuvens rodopiaram, emitindo relâmpagos dourados. Do centro do turbilhão desceu um raio dourado, que caiu a pouco metros diante de Alecto, trazendo um grupo de cavaleiros com ele.

— Ora, ora, o que temos aqui... — disse a berserker, reconhecendo a armadura dourada do cavaleiro que liderava o grupo. — Parece que temos um novo Cavaleiro de Ouro de Leão.

—...—


Topo do Santuário, antigo templo de Atena – Grécia

— Eles chegaram. — disse Phobos, parado na escadaria que dá acesso a estátua de Ares. Ele virou-se. — Senhor Ares...

— Parece que o Escorpião realmente me traiu. E há outro cavaleiro antigo lá também. — disse o deus, em pé diante de sua estátua, admirando sua própria imagem. — Alecto já está lá... Tudo seguirá como planejamos.

— E quanto a nós, deuses?! — perguntou Draco, trajando sua onyx escamosa, encostado em um pilar. — Iremos ficar de braços cruzados?

— Paciência, Draco. Paciência. — o deus da guerra sorriu. — Os deuses e os Espíritos da Guerra vão se mover conforme o exército de Atena se mover também. Agora eu entendo por que Atena fica aqui em cima... Nesse templo. Daqui do alto posso ter uma visão mais ampla de toda essa grandeza. Atena reunida ao leste, inimigos se preparado ao oeste, outros se movendo ao norte, e o Olimpo observando atentamente de cima... Essa batalha é a mais interessante que eu já travei desde a era mitológica. — Ares olhou para o céu. O sol já estava sumindo no horizonte, e a noite já acentuava o seu véu escuro com uma tímida lua a brilhar. — Amanhã Apolo fará o sol nascer para iluminar a minha vitória. Enquanto isso... Durante a noite... Artemis observará a morte de Atena. Eu não perderei essa guerra. Mesmo que o céu venha abaixo e o inferno reviva e ocupe o firmamento.

—...—


Grécia, região leste do Santuário

Diante de Alecto, Jake se ergueu com o cosmo elevado, os olhos tomados por um brilho dourado, e raios crepitando em seus braços e ao seu redor. Até mesmo os soldados temeram a chegada do jovem Cavaleiro de Ouro, mas a berserker não emitiu qualquer expressão além de um sorriso sádico. Ela inclinou a cabeça para cima afim de encará-lo.

— Jake! — disse Ápis, surpreso por ver o amigo.

O Leão dourado encarou Alecto por mais alguns instantes antes de dar as costas. Jake estava acompanhado por seu mestre, Chertan de Girafa, e pelos cavaleiros Dori de Cérbero e Lacaille de Mosca, e a amazona Mallia de Coma-Berenice. Todos libertos do controle do deus Anteros graças ao deus Asclépio.

— Acho que já temos o suficiente para começarmos, não é Atena? — perguntou a Berseker.

Ela fez uma pausa, passando os olhos no grupo de cavaleiros, analisando um por um. Estranhando a atitude da pequena berserker, Ápis de Touro se concentrou para ler a mente dela. Ao descobrir o que ela estava fazendo, Ápis estava prestes a se virar para relatar à Atena, mas Asterion olhou para o discípulo e balançou a cabeça, colocando o dedo diante da boca, fazendo sinal de silêncio. Ápis se conteve.

— Ou será que teremos outro cavaleiro fazendo entrada triunfal. — perguntou ela.

Jake parou no meio do caminho e olhou para Alecto por cima de ombro.

— Então fuja.

— O que disse?

— Fuja. Quando Atena der a ordem para atacar, eu vou atrás de você. Irei lhe caçar incansavelmente. Nenhum outro cavaleiro aqui será seu oponente. Apenas eu. — os olhos azuis de Jake se tornaram dourados, tomados pelo cosmo dele.

— Então faça isso, Leão. Eu e os demais berserkers esperaremos por vocês do outro lado das montanhas. Na base do Santuário. O abate será lá. Atena... Nenhum berserker atacará você e o grupo que lhe seguir até as doze casas. O Senhor Ares quer que você vá até ele. Quanto aos demais... Não posso garantir isso. É certo que morrerão. — Alecto deu as costas, sendo seguida por Tier e Brontë. — Aguardo ansiosa para matar os que sobreviverem ao primeiro ataque.

O espaço onde Alecto estava foi tomado pelos soldados berserkers. A pequena berserker sumiu em meio ao aglomerado de guerreiros.

— Ares criou uma armadilha. — disse Seiya. — E ele não faz questão de que a gente saiba disso.

— Esse recuo dela para o outro lado da montanha também é estranho. —  disse Shun. — Por que querem que a gente siga até lá? Por que ela se deu ao trabalho de vir até aqui? — questionou.

— Ápis... — disse Asterion

— Ela veio até aqui porque ela queria Shiryu. — explicou o cavaleiro de touro. — Foi isso o que eu consegui ler na mente dela. Ela só pensava nas armas de Libra. Ela queria saber se os cavaleiros de ouro estavam empunhando as armas ou se o Cavaleiro de Libra estava aqui.

— Shiryu está em Rozan, vigiando a Torre Maligna. — disse Kiki. — Ele não pode se afastar de lá.

Shun olhou para o cavaleiro de Áries, e por um rápido instante deu um fino sorriso no canto da boca.

— E segundo o julgamento dele... — continuou Kiki. — A nova geração é poderosa o suficiente para não depender das armas de Libra. Ou seja, ele vetou o uso nessa Guerra Santa. Apenas Atena pode recorrer a essa decisão.

— Nas guerras santas anteriores, o uso das armas de libra foi necessário para vencermos, mas se esse foi o entendimento de Shiryu, então eu irei respeitar. — disse Atena. — Quanto ao plano de Ares... Não é apenas ele que tem seus truques. — continuou. — Prestem atenção... — todos se ajoelharam diante dela. — Seguirei até o topo das doze casas com Delfos, Seiya, Shun, Selkh e Henry. Não há outro meio. Terei que ir até lá. Tithonos, vá para o Coliseu. Preciso de você lá. Tourmaline e Alkes, quero que vocês façam a guarda de Tithonos. Não deixem ninguém se aproxima dele.

— Atena... — disse Tithonos. — A senhora...

— Você entendeu, não é? — perguntou a deusa. — Delfos e eu resolvemos colocar esse plano em prática. Os demais, matem os berserkers e certifiquem de levar os corpos deles para a arena do coliseu. Todos eles. Principalmente os berserkers mais poderosos. Enquanto vocês seguem para a base do Santuário, irei para as doze casas. Kiki e Gêmeos... Liderem os demais.

— E mais uma coisa... — disse o Grande Mestre. — Existe cavaleiros que estão sob o domínio de Anteros, e outros estão sendo influenciados pelo medo implantado por Phobos. Eles irão se comportar como nossos oponentes, mas não o matem. Eles ainda são nossos companheiros.

O báculo de Atena brilhou e a deusa o apontou para o relógio de fogo. Uma rajada foi disparada, atingindo o símbolo do sol no centro, e se espalhou pelos traçados da torre, até se reunir nas doze constelações e acender mais uma vez as suas chamas.

— Doze horas. — disse Atena. — É esse o prazo que eu estabeleço para derrotar Ares. Não vamos prolongar essa guerra além disso. Quando a chama de Peixes se apagar, a vida de Ares e seus berserkers também devem se extinguir. Agora, preciso que cubram a minha saída. Ares quer que eu suba as doze casas, mas eu não farei isso do modo que ele espera. — disse Atena. — Por isso... Henry abrirá o Sekishiki. Irei invadir as doze casas pela casa de câncer. E de lá irei tomar caminhos que me darão vantagem nessa subida.

— Ousada. — disse Henry, sorrindo e cochichando para Eros.

Delfos se levantou, sendo seguido pelos demais. Eles se voltaram para o grupo de soldados berserkers, que já estavam preparados e com suas armas apontadas para o exército de Atena.

— Não faça nenhuma bobagem. — disse Eros, para Henry. Havia um tom de preocupação.

— Tarde demais. — brincou Henry. — Você ouviu o plano dela.

Eros colocou a mão na cabeça de Henry e o puxou para um rápido abraço.

— Eu não quero carregar o seu corpo morto. — disse Eros, se afastando.

— Cavaleiros! — gritou Atena, mantendo o cosmo elevado.

Em resposta, Seiya e os outros também elevaram seus cosmos. Os cavaleiros de ouro ocuparam a linha de frente, seguidos pelos cavaleiros de prata e bronze. A visão era impressionante.

Ápis cruzou os braços preparando seu Grande Chifre, Kiki ergueu o braço para lançar sua Revolução Estelar, Kastor cruzou os braços no alto preparando a Explosão Galáctica, e Shalom ergueu o braço para o céu recitando palavras em latim. Era a elite de Atena reunidos na linha de frente. Os portadores das técnicas mais destrutivas em massa  

— Avancem! — bradou a deusa, apontando o báculo para frente e disparando disparos de cosmo contra a massa escura de berserkers que também gritaram e correram em direção aos cavaleiros.

Os golpes de Atena caíram como verdadeiras bombas, provocando explosões e erguendo colunas de cosmo que rodopiaram e se extinguiram.

O Touro dourado lançado por Ápis e as estrelas douradas disparadas por Kiki abateram uma grande quantidade de soldados, varrendo uma grande área. Kastor e Shalom saltaram juntos, disparando suas respectivas técnicas:

— Desapareçam com as estrelas!! Explosão Galáctica!!

— Que o julgamento sagrado caia sobre vocês!! Ignis Iudicio!!

O espaço se distorceu e a imagem de planetas surgiram em cima da tropa inimiga, rompendo-se em seguida em uma devastadora explosão que liberou uma massa de cosmo que caiu em campo e explodiu, erguendo uma devastadora coluna que subiu e expandiu, engolindo milhares de soldados.

Por fim, o cosmo de Shalom se converteu em chamas e avançaram contra os berserkers, abatendo centenas de soldados, e em seguida as chamas subiram até o céu, onde se concentraram em um turbilhão e desceram como um punho consumidor. O impacto gerou ondas de chamas destrutivas que varreram a área incinerando outras centenas de soldados. As chamas então recuaram novamente, subiram até o céu, se concentraram e desceram mais uma vez. Mas dessa vez se dissiparam.

Os poucos soldados que restaram foram surpreendidos pelos cavaleiros, que mataram um a um.

Aproveitando que os cavaleiros haviam chamado a atenção do exército de Ares, Henry elevou o cosmo e abriu uma fenda para o Yomotsu, por onde Atena e o grupo irão passar. Atena estava prestes a entrar quando uma presença poderosa se revelou em campo.

Em meio aos milhares de corpos e restos de Onyx, sobrou um único berserker. E era dele que fluía aquela sensação ameaçadora que chamou a atenção de Atena. Ele estava envolvido por uma esfera de cosmo azul, e dentro da esfera as suas grandes asas de mariposa também lhe cobria, compactadas na esfera.

— Aquele é um dos berserkers que estava acompanhando Alecto. — disse Delfos. — Ele não recuou com ela.

— O nome dele é Ascalapho de Mothra. — disse Selkh. — Ele é... — Selkh arregalou os olhos — Protejam-se!!

A esfera de cosmo erguida pelo berserkers se rompeu e ele abriu suas asas, liberando uma cúpula de cosmo que se expandiu por toda área.

Shalom e Kiki se teletransportaram e surgiram diante dos cavaleiros.

Muralha de Cristal!

Angelus Specularibus!!

A muralha dourada se materializou e por cima dela a defesa de Shalom, formando dezenas de barreiras circulares na forma de vitrais, mostrando imagens de anjos.

A onda expansiva e destrutiva colidiu com as barreiras erguidas, mas logo começaram a rachar.

— As nossas defesas não são suficientes?! — disse Kiki, surpreso.

A defesa de Shalom foi rompida, sendo feita em pedaços. Em seguida a Muralha de Cristal começou a quebrar.

— Se continuar dessa forma... Os cavaleiros de prata e de bronze serão pulverizados. — disse Kiki. Espelho de ouro!!

Kiki disparou a evolução da técnica Muralha de Cristal, criando uma segunda barreira. Quando a muralha foi rompida, a onda destrutiva se chocou com o Espelho de Ouro, que absorveu o golpe e repeliu na forma de uma rajada. Do outro lado do campo o golpe atingiu a região onde o berserker estava e explodiu.

— O que foi isso? — perguntou Shina.

— Não pensem que ele morreu com isso. — alertou Tithonos.

E o antigo cavaleiro de câncer tinha razão. O berserker estava vivo, levitando no centro de uma cratera.

— Atena... — disse Delfos. — Temos que ir.

Atena encarou o berserker de Mothra, que correspondeu encarando a deusa, e em seguida entrou na fenda aberta por Henry, que se fechou em seguida.

— Como ele conseguiu sobreviver aos primeiros golpes lançados? — questionou Jake. — Quatro cavaleiros de ouro lançaram seus golpes mais poderoso, e mesmo assim ele...

— A resistência dele vem daquele escudo projetado pelas asas. — respondeu Tithonos. — Não importa qual golpe você dispare contra ele, o escudo irá protegê-lo e absorver o ataque. Assim ele pode refletir toda a energia que foi absorvida. E caso aconteça desse golpe ser repelido contra ele... Será inútil. Não causará qualquer dano. É simplesmente anulado pela sua Onyx, que reconhece como um cosmo derivado dela, e absorve mais uma vez, mas agora para fortalecer a sua resistência física.

— Então foi isso o que aquela berserker quis dizer com “Aguardo ansiosa para matar os que sobreviverem ao primeiro ataque”. — disse Eros. — Ela chamou a nossa atenção com a sua chegada e manteve esse berserker atrás dela sem qualquer relevância, e assim não levaríamos ele em conta. Ao ir embora, ela o deixou para absorver todos os golpes que seriam lançados contra o exército. Dessa forma...

— Todos vocês morreriam. — completou o berserker. — Bastante perspicaz, Peixes. É certo que só restariam alguns cavaleiros de ouro.

Eros percorreu os olhos para os cavaleiros ao seu redor, e constatou que nenhum ali teria capacidade técnica para enfrentar aquele berserker.

— Kiki... Leve os cavaleiros com você. Eu vou enfrentar ele. — disse Eros, passando pelo grupo.

— É perigoso enfrentá-lo sozinho. — advertiu Tithonos.

— Conheço os riscos. — Eros elevou o cosmo dos seus pés brotaram rosas vermelhas, que seguiram se espalhando por toda a extensão da área, cobrindo rochas, crateras e a base das montanhas. — Saiam daqui.

— Kiki... — chamou Asterion. — Você o ouviu. Se continuarmos aqui, só vamos atrapalhar.

— Está bem. Eros... Tome cuidado.

Eros não respondeu. Trepadeiras gigantes romperam o chão para a surpresa do berserkers e o prenderam. Os cavaleiros correram, passando pelo berserker. Quando todos haviam sumido em meio as montanhas, as trepadeiras recuaram, libertando o berserker.

— Está me soltando? Por quê?

— Aquilo não iria lhe segurar. Queria apenas ganhar tempo para eles passarem.

O cosmo de Ascalapho se elevou.

— Aproveite todas as oportunidades de vantagem que você tiver. — disse o berserker. — Irá precisar.

Eros elevou o seu cosmo dourado. O jardim de rosas diabólicas também foi tomado por cosmo, mas um cosmo vermelho. Como se fosse um cosmo próprio. Centenas de Rosas vermelhas estão se desprenderam, levitando por todo o jardim, tomadas por cosmo.

Rosas diabólicas Reais!!

—...—


Observação:

* Templo de Apolo em Delfos¹: Delfos é o nome de uma cidade grega onde. Na Grécia Antiga, a cidade de Delfos era bastante conhecida devido ao famoso oráculo da região (o oráculo de Delfos), que ficava dentro de um templo dedicado ao deus Apolo.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo: Capítulo 65 - Campo de sangue: berserkers vs cavaleiros

Sinopse: Indefinido.

Data de publicação: indefinida

Olá galera!! Tudo bom com você?! Espero que sim.
Vou deixar abaixo para vocês a previsão dos próximos e ÚLTIMOS títulos da fanfic:

— Capítulo 66: Campo de sangue: Aliança de guerra
— Capítulo 67: Os cavaleiros sagrados de Ares
— Capítulo 68: Deuses da guerra em combate - Parte I
— Capítulo 69: Deuses da guerra em combate - Parte II
— Capítulo 70: Apolo

Tá acabando :'( E gostaria de mais uma vez agradecer a vocês que me acompanharam até aqui. Obrigado por tudo ♥


E como vocês já sabem, a critica de vocês é sempre bem vinda e fundamental para a história. Motiva bastante a escrever e caprichar.

Beijos e abraços!! Até o próximo capítulo!



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