A Saga de Ares - Santuário de Sangue escrita por Ítalo Santana


Capítulo 40
Capítulo 37 - O monte da expiação. Os reinos do mundo.


Notas iniciais do capítulo

Ares se reúne com os deuses na "Sala do Grande Mestre" para discutir a respeito da invasão dos outros Impérios e sobre os cavaleiros rebeldes que estão indo atrás do deus da morte, mas a reunião é interrompida com a chegada do deus da escuridão. Enquanto isso no Tártaro, Atena e Delfos recebem uma visita inesperada que se apresenta como um aliado na Guerra Santa. Em Jamiel, Kiki revela a missão que Delfos confiou a ele.



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Capítulo 37: O monte da expiação. Os reinos do mundo. 

 


Cidade de Saarbrucken – Saarland – Alemanha

Agora eu lembro de você, Kami de Wendigo! — disse Seiya, se levantando, ainda com a lança apontada para o seu coração, mas presa em sua mão. A voz de Seiya estava diferente. Ele estava mais sério e seu cosmo emanava de forma serena e poderosa. Seus olhar sério fitava Kami. — Séculos atrás deixamos a nossa luta inacabada. Temos que termina-la.

— Você é... — Kami arregalou os olhos. Parecia, pela primeira vez, estar assustado.O cosmo dele mudou. Não é o mesmo homem que a pouco tempo atrás estava lutando comigo. Não acredito que... — pensou Kami, lembrando do Cavaleiro de Pégasos que ele enfrentou na primeira Guerra Santa. Pégasos?! Você despertou a sua consciência depois de séculos?!

Pégasos elevou o cosmo e destruiu a essência da lança, fazendo com que ela se dissolvesse.

— Desapareça desse planeta! Sua presença nessa terra sagrada é uma ameaça para a paz e a justiça. Monstros como você não tem o direito de viver aqui! — pégasos concentrou seu cosmo em seu punho direito e do seu cosmo surgiu a imagem de um pégasos de asas abertas atrás dele.Volte para o mundos dos mortos! Meteoro de Pégasos!

Mais de um bilhão de socos foram disparados por segundo e seguiram na velocidade da luz na forma de meteoros azuis cruzando os destroços e acertarem Kami em cheio. O berserker gritou ao ser arremessado para o alto. Sua Onyx foi destroçada pelos meteoros e em seguida seu corpo foi despedaçado e pulverizado. A armadura divina de pégasos então se desfez em cosmo, recuando para o corpo de Seiya e se fundindo ao seu cosmo, e em seguida Seiya caiu inconsciente.

— Seiya! — Shun gritou e correu até Seiya.

Seiya estava caído com as roupas chamuscadas e sujas de fuligem. A sua mão direita, a mão que parou a lança divina, estava com um corte profundo e sangrava muito.

Temos que estancar o sangramento!

— Só estancar não vai adiantar, Shun! — Eros se aproximou entregando um pedaço de pano a Shun para que ele pudesse enrolar no ferimento e aliviar o sangramento.É um ferimento provocado por uma arma divina. Precisamos fazer uma sutura, mas não temos ferramentas para isso.

— Seiya não tem um histórico muito bom com ferimentos provocados por arma divina. — disse Shina, se ajoelhando ao lado de Seiya,

Shina conferiu a pressão de Seiya. Ele estava vivo e ela respirou aliviada. Não suportaria perder mais uma pessoa que ela ama. Jake e os outros olhavam a dimensão da destruição causada pela colisão dos golpes de Seiya e Kami e vigiavam se algum berserker se aproximava. Quase toda a cidade foi envolvida na explosão. Logo toda aquela fumaça negra que subia dos destroços e prédios incendiados iria chamar a atenção dos civis que moram nas cidades vizinhas.

— Tivemos a sorte de sermos protegidos pelas armaduras. — disse Jabu, tirando o elmo. Sua armadura ficou com danos devido a força da explosão e seu corpo estava com algumas escoriações e queimaduras.

Muita sorte. — disse Plancius, sentado no chão com a mão no peito. Ele estava sentindo fortes dores.Mas acho... — uma pontada fina percorreu em seu peito ao respirar fundo. que fraturei uma costela. — O peito de sua armadura estava despedaçado na lateral, apresentando um buraco. Eros ouviu Plancius se queixar e foi até ele para prestar socorro médico. Plancius se sentiu envergonhado. Ele lembrou das duras palavras de Eros sobre Plancius, Jabu e Nachi serem um peso morto para Seiya. Afastando esses pensamentos, ele olhou para o lado, onde alguns metros à frente Seiya estava caído.O Senhor Seiya está bem?

— Está sim. — respondeu Eros, massageando a lateral do peito de Plancius com as pontas dos dedos verificando a dimensão da fratura.Foi apenas uma costela. Eu acho que não preciso explicar que esse ferimento foi causado pela sua fraqueza, não é? E não estou falando do cosmo. — Plancius abaixou a cabeça envergonhado e olhando de lado. Kastor e Jake olharam curiosos para Eros. — Sua armadura veio até você se empenhando para protegê-lo, mas você não se empenhou elevando o seu cosmo para se proteger. Você simplesmente se entregou a explosão. Como se quisesse morrer, mas a armadura não permitiu isso. — Eros elevou o cosmo e tocou na armadura de Plancius, fazendo a armadura brilhar e recuar para dentro do corpo do jovem cavaleiro, se fundindo ao seu cosmo.Eu sei que perdeu os seus pais, mas não pense que isso vai amolecer o coração do seu adversário. Se quer morrer, Henry ou eu podemos lhe fornecer uma morte rápida e sem dor, mas saiba que você se entregando pra morte porque quer desistir é a mesma coisa que estar desperdiçando a vida que foi tomada dos seus pais por causa dessa guerra. A vida de todas as pessoas que a cada minuto morrem, vítimas dessa Guerra Santa. — Eros colocou a mão na cabeça de Plancius.Você vai estar desperdiçando o sacrifício da sua armadura que tanto lhe apoia. Pense nisso.

— Sim... senhor. — disse Plancius, cabisbaixo.

Eros se levantou e caminhou até Seiya, ainda caído no chão, deixando Plancius para trás.

Que palavras bonitas e encorajadoras, Senhor Michaelis. — disse Henry, se aproximando de Eros e cochichando com um sorriso de deboche. — Fiquei comovido.

Palavras são janelas ou são paredes. Elas nos condenam ou nos libertam. — disse Eros — Lembre-se disso, Henry.

Henrry sorriu.

Ele está muito cansado. — disse Shun.A luta exigiu muito do seu cosmo. Desse jeito não podemos seguir em frente. Não com Seiya nesse estado.

Alkes se aproximou de Seiya e fez a armadura de Taça sair do seu corpo e se montar na forma de objeto. A água que a armadura de Taça fornece tem propriedades de cura.

Dê um pouco da água a ele. — disse Alkes, para Shun.Rapidamente ele será curado de todos os danos. — ele olhou para os outros cavaleiros.Vocês também devem beber da água para que tenham suas feridas saradas e seus cosmos reforçados! O bem estar do corpo e do cosmo de vocês auxilia até mesmo na recuperação das armaduras, as quais estão fundidas no cosmo de vocês.

Todos foram até a armadura de Taça e beberam um pouco. Shun pegou um pouco da água com a mão e levou até a boca de Seiya. Não demorou muito para que as feridas sarassem e o cosmo fosse renovado com mais vitalidade.

Nachi olhou para Seiya e enrugou a testa.

Uma coisa eu não entendi... A armadura de Sagitário sumiu e em seguida a armadura de pégasos surgiu vestindo Seiya na forma divina. O que aconteceu com a armadura de Sagitário?

 Nachi olhou para Shun buscando uma resposta, mas foi Jake quem o respondeu. Os olhos de Jake brilharam inundados com o seu cosmo e ele podia ver que dois cosmos emanavam de Seiya.

— Está no corpo dele, fundida com o seu cosmo. — revelou Jake. As duas armaduras recuaram para o corpo de Seiya. Inacreditavelmente ele está suportando as duas armaduras em seu corpo.

Ao longe, em meio a ruinas de um estabelecimento que havia desabado, dois berserkers menores observavam nas sombras os cavaleiros reunidos ao redor de Seiya.

Olha o tamanho da destruição! — exclamou um berserker.Kami foi derrotado e Seiya ainda está vivo!

Temos que avisar imediatamente ao senhor Phobos. Temos uma problema maior aqui. — disse outro berserker, nervoso. — O pégasos mitológico despertou sua consciência. O assassino dos deuses está solto!

— Vamos!

Os dois berserkers se dissolveram nas sombras e desapareceram.

—...—


Santuário – Grécia

Ares, o deus da guerra, chegou no Santuário montado em sua quadriga e acompanhado dos deuses e do seu poderoso exército de berserkers. Fazia quase três séculos que Ares não colocava os pés no Santuário. A sua última guerra santa contra Atena começou ali, na entrada do Santuário.

Ares desceu no coliseu, vindo de uma brecha dimensional que ligou o Vaticano, em Roma, ao Santuário, na Grécia. Todo o Santuário recebeu Ares com comemoração. Era a chegada do novo deus patrono da Terra. Ares não demorou muito no Coliseu e se dirigiu direto ao Salão do Grande Mestre junto com os deuses. O salão agora estava movimentado. A grande mesa foi novamente posta no centro do Salão, assim como as cadeiras com os símbolos dos deuses que fazem parte da corte da guerra.

Ares estava sentado em um trono na cabeceira da grande mesa. Do seu lado direito estavam, Afrodite, Dionísio, um trono vazio com o símbolo de um par de asas abertas e uma coroa de louro, Alala, Ênio e outra cadeira vazia que trazia o símbolo de um crânio com uma cobra saindo da boca. Do lado esquerdo de Ares estavam, Anteros, Phobos, Deimos, Draco, a cadeira fazia que pertencia a Enyalios – derrotado por Jake – e Éris.

A mesa estava lotada de papeis com dezenas de relatórios a respeito dos cavaleiros, das últimas ações tomadas por Anteros e Phobos nas tentativas de deter Seiya e os outros, da batalha em Asgard, sobre Atlântida e outros assuntos que eram do interesse de Ares.

Desde que voltou de Roma, Deimos não deu uma palavra se quer. Parecia evitar todo mundo e não saia do lado de Ares. Para onde Ares ia, Deimos o acompanhava como se fosse uma sombra. Phobos olhou para o irmão e notou a diferença no comportamento. Até Phobos estava sendo evitado por Deimos. Qualquer perguntava direcionada para ele era ignorada. Aquele não era o mesmo Deimos de antes. Parecia uma bomba prestes a explodir. Phobos olhou para Anteros procurando uma resposta, mas o deus da manipulação apenas balançou a cabeça dizendo que não fazia ideia do que havia acontecido com Deimos.

A reunião começou e o primeiro assunto foi Seiya e os demais cavaleiros rebeldes. Ares estava impaciente e furioso com as consecutivas falhas em deter Seiya e os outros.

— A última vez que Seiya foi visto... — Phobos estava lendo um dos relatórios.Foi cruzando a fronteira entre França e Alemanha.

— O cavaleiro de pégasos saiu do Santuário e chegou até a Alemanha, mas nenhum berserker conseguiu impedi-los? — perguntou Ares, sério. Ares lançou um olhar de reprovação. — Como conseguem ser tão... incompetentes?

Phobos estava suando frio. Ele estava bastante nervoso a ponto de sua mão tremer. O deus do medo estava, ironicamente, sentindo medo. Deimos permanecia calado ao lado Phobos.

— Dois, dos cavaleiros que acompanham Seiya e os outros, foram mortos pelos nossos berserkers, Senhor Ares. — disse Anteros. Ele esperava que essa notícia acalmasse Ares. Se o deus da guerra perdesse a paciência, ele iria descontar sua raiva em um insaciável derramamento de sangue.

Ares voltou sua atenção para Anteros.

— E quais foram os cavaleiros?

— A sacerdotisa de Atena, Pavlin de Pavão e o Cavaleiro de Prata de Triângulo. Retsu! — respondeu Anteros.

Ares ergueu uma sobrancelha.

Pavão e Triangulo?! Me responda Anteros, qual desses dois é um lendário e está sendo procurado pelo Olimpo?

Anteros arregalou os olhos e engoliu seco.

 — Nenhum dos dois... Senhor Ares. — respondeu o deus, pausadamente.

— Então porque está me contando sobre a morte de dois ratos inúteis?! — gritou Ares, dando um soco na mesa. Os seus olhos vermelhos se acenderam e Anteros se inclinou em cima da mesa se contorcendo de dor e cuspindo sangue em cima dos relatórios. Os deuses se espantaram e ficaram tensos.Não me importo se um Cavaleiro de Prata ou Bronze morre! Que se foda todos os outros cavaleiros! Eu quero a cabeça de Seiya e dos demais Cavaleiros Lendários! Será que eu fui bem claro, Anteros?

— Sim... senhor!  

Ares libertou Anteros, que se encostou no trono respirando fundo, e voltou sua atenção aos demais deuses.

O que vocês fizeram na minha ausência? — Ares ficou em pé e se inclinou pra frente.Eu fiz uma pergunta! — o grito levantou os papeis e alguns caíram no chão.O que vocês fizeram na minha ausência? Então satisfeitos só porque dominaram o Santuário? Acham isso o suficiente? Respondam!!

Com exceção de Dionísio e Afrodite que pareciam não se importar com a fúria de Ares, os demais deuses estavam com o coração acelerado e suando frio.

— Quer uma resposta sincera? — perguntou Ênio, quebrando o silêncio entre dos deuses. Ênio é a deusa da carnificina. É uma mulher de expressão dura. Seus cabelos negros são curtos com uma mecha cobrindo seu olho direito. Seus olhos negros são como o ébano e ela possui linhas vermelhas que marcam o seu rosto na região inferior dos olhos. Em sua orelha esquerda ela usava um brinco em forma de serpente que cobria toda a lateral da sua orelha. Suas unhas vermelhas eram grandes e afiadas. Vestia uma onyx branca com símbolos negros. Ares olhou para ela, esperando ela falar.Não, nós não achamos isso o suficiente, mas na sua ausência o máximo que foi feito, foi enviar gatos para matar ratos. Deuses, como eu e Éris, aguardamos até hoje por uma ordem para agir. Senkyo se quer foi invadida. De acordo com os berserkers que estão na China, os Taonia, guerreiros de Senkyo, estão impedindo que a guerra tome conta do país. As frotas armadas com navios carregados de tanques de guerra que haviam saído da China, foram detidas e agora um cosmo poderoso cobre o país afastando alguns berserkers e o nosso cosmo que incita os humanos a guerrear. E isso não é só na China. Existe resistência em outros lugares no mundo. Em algumas regiões da Africa, França, Brasil e Japão. Na tentativa de testar a fidelidade dos Cavaleiros de Ouro, Phobos enviou alguns para cumprir ordens importantes como matar Shiryu de Libra, Kiki de Aries em Jamiel e até mesmo matar Seiya, mas como pode ver, nenhum deles foi morto e todos esses Cavaleiros de Ouro que foram enviados nos traíram e se aliaram a Seiya. Apenas os que permanecem no Santuário é que apoiam o senhor. Os berserkers enviados também falharam.

Phobos mexeu nos papeis e achou um relatório sobre a luta entre Henry e Shiryu. Ele pegou o relatório e jogou na mesa, em direção a Ênio. A deusa pegou o relatório e viu que lá dizia que Shiryu e Henry haviam morrido. Phobos procurou outro relatório e leu.

— Apenas uma coisa deve ser corrigida. Henry de Câncer não morreu na luta e neste momento é um dos Cavaleiros de Ouro que está acompanhando Seiya. — disse Phobos.

Ênio rasgou o relatório e depois o reduziu a cinzas elevando o seu cosmo.

Na verdade, Phobos, tudo deve ser corrigido! Shiryu de Libra não está morto!

— Como?! — Ares franziu a testa.

Phobos arregalou os olhos surpreso.

Mas ele...

Está vivo, Phobos! — Ênio repetiu com um tom firme. Ela elevou o cosmo e fez surgir no centro da mesa um globo que mostrava um céu estrelado. Os deuses olharam curiosos para o globo e viram uma constelação brilhando.Basta notar que as estrelas da constelação de Libra continuam a brilhar intensamente. O globo foi desfeito e Ênio voltou sua atenção para Ares.Senhor Ares, deixar seus filhos liderando tudo foi uma péssima decisão.

Phobos olhou para Ênio cerrando os olhos. O clima ficou pesado. Ares estava tão irado que suas veias estavam visivelmente pulsando forte. O cosmo dele se acendeu e arremessou Phobos da cadeira contra um pilar. O forte impacto fez Phobos cuspir sangue. Afrodite se levantou espantada e pronta para defender o seu filho, mas Dionísio segurou em seu braço e balançou a cabeça pedindo para que ela não tomasse nenhuma atitude idiota. Vendo a reação da mãe, Deimos sentiu uma pontada de ódio e inveja. Afrodite não teve qualquer reação ao saber do tratamento que Ares deu a ele nas masmorras do Vaticano. Os gritos de Deimos podiam ser escutados por todo o palácio, incomodando até mesmo as Moiras, mas Afrodite não esboçou nenhuma reação.

— Era algo tão simples, Phobos. — desdenhou Ares, com uma fingida voz pacifica, pegando uma adaga negra que estava em cima da mesa. — Apenas matar aqueles insetos. São humanos. São frágeis. Qual a dificuldade em fazer um trabalho tão fácil?

Phobos ergueu a cabeça tentando respirar.

— Senhor... Eu juro que... Eu juro fiz o que pude.

— Ares, dê um desconto ao garoto. — pediu Dionísio. — Ele é um deus guerreiro, feito para liderar os soldados na batalha e matar os oponentes. Phobos, por mais que seja inteligente, não é um deus estrategista. — Dionísio ergueu a mão e elevou o cosmo liberando Phobos do cosmo de Ares. O deus do medo caiu no chão e rapidamente se levantou encostando-se no pilar, passando a mão no pescoço. Ares cerrou os olhos pra Dionísio, mas o deus do vinho o respondeu com um sorriso no rosto e fazendo surgir um cálice com uma bebida dourada. — Solte essa adaga e beba isso. Vai acalmar você. Não é vinho. É o néctar do Olimpo.

Ares cravou a adaga na mesa e pegou o cálice, dando um gole, e sentou no trono com um semblante mais tranquilo.

— Os nossos, digamos, fracassos, não são porque somos incapazes de matar esses insetos, Senhor Ares. — contestou Éris, encostada na cadeira com as pernas e braços cruzados. — A invasão em Asgard só não foi bem sucedida por causa da intromissão daquele humano. Delfos previu muita coisa do futuro e meticulosamente tomou as atitudes necessárias para nos impedir. Quando Deimos chegou em Asgard havia um exército preparado estrategicamente esperando por ele. Mesmo assim Asgard foi praticamente destruída e agora só resta dois Guerreiros Deuses protegendo o país Nórdico. O que mais ele previu e interferiu? Se a invasão de Asgard foi prevista, provavelmente as outras que o senhor almeja também foram. Não podemos tomar atitudes precipitadas e acomodadas achando que por serem humanos não apresentam perigos.  E ainda tem a armadura de Atena que está com Seiya. Praticamente estamos de mãos atadas. Todos os passos que damos terminam em buracos. Armadilhas construídas por um mortal que ousa brincar com o destino e os deuses.

— A armadura de Atena está com Seiya?! Ares franziu a testa.

— Está. — respondeu Anteros. — Delfos fingiu ter destruído a estátua de Atena alegando que nós não a pegaríamos, mas na verdade ele havia retirado a armadura do templo e entregue aos cavaleiros rebeldes. Com Nike apoiando e avançando ao Tártaro com os cavaleiros, nossas chances de sucesso ficam menores. Foi por isso que Phobos resolveu atingi-los indiretamente. Matando aqueles que eles mais amam e assim desestruturando suas emoções. Nike pode ser a deusa da vitória, mas não faz o milagre de guiar um cavaleiro desmotivado a lutar.

Uma garota, que estava sentada ao lado de Ênio pigarreou, chamando a atenção de Ares e dos demais deuses. Era uma deusa de aparência muito jovem, como se fosse uma adolescente de dezesseis anos. Esboçava um sorriso empolgante e um olhar meigo e doce com seus lindos olhos azuis. Seu cabelo azul-bebê era amarrado com um cacho em cada lado, uma franja cobrindo sua testa e seus longos cabelos escorrendo em suas costas. Sua expressão era animada e inocente. Um contraste enorme no meio de deuses tão sérios e alguns tão sanguinários.

Alala se levantou animada ajeitando seu vestido branco curto acima dos joelhos. O vestido era “tomara que caia” mostrando uma parte dos seios de Alala, marcava sua cintura e era solto em baixo.

— Os cavaleiros tem a Nike, mas o senhor, mestre Ares, tem a mim. — disse ela, com uma doce voz e um meigo sorriso. — Nike é a deusa da vitória, mas eu sou a deusa do grito de vitória. Tanto Nike quanto eu possuímos o dever de guiar nossos guerreiros para o sucesso, mas para conseguir a minha benção os berserkers precisam gritar meu nome. Isso fará com que ambos os lados estejam abençoados com a vitória.

— Se os dois lados estão abençoados com a vitória, quem irá vencer? — perguntou Draco

Alala se inclinou na mesa sorrindo pra Draco, que estava sentado na sua frente. O deus dragão vestia sua onyx verde escamosa e apoiava sua espada no colo. Os olhos do deus ficaram vidrados no decote do vestido de Alala

— Quem elevar mais o cosmo e matar o outro, bobinho. — respondeu Alala. — A luta será definida apenas pelo cosmo dos cavaleiros e dos berserkers. Sem a interferência de Nike facilitando as lutas dos cavaleiros.

Alala soltou um beijo para Draco e sentou no trono.

O que Éris disse é um complemento de Ênio. — concluiu Dionísio. — Os fracassos são mais por causa de Delfos do que por causa da má administração de Phobos e Deimou ou Anteros. Quantos anos Delfos teve para arquitetar tudo isso? Quinze anos? É muito tempo, Ares. Éris falou uma coisa interessante que chega até ser engraçado sobre não subestimar os cavaleiros... — o deus olhou pra Éris com um sorriso no canto da boca.Lembro que o Cavaleiro de Aquário lhe prendeu em um esquife de gelo justamente porque você o subestimou durante a luta, Éris. Logo você, que é um deusa tão antiga quanto qualquer um de nós aqui presente. — Éris lançou um olhar de raiva.Contudo, Ares, a pergunta que eu faço é... Qual a prioridade nesse momento? Matar os rebeldes e os lendários ou dominar os outros impérios? Você tem que rever as suas prioridades, Ares. Os rebeldes estão nesse momento tentando ir ao Tártaro para salvar Atena. E esse é o plano Delfos. Ele foi ao Tártaro justamente por causa disso. Para proteger Atena até que os cavaleiros convençam Thanatos a abrir as portas do Tártaro. Você não acha que as chances desse plano dar certo são altas? Thanatos não gosta tanto assim de você desde o dia em que você o acorrentou. Abra os olhos, meu amigo. Até agora tudo está seguindo o plano dele.

Ares estava pensativo, mas logo seus pensamentos foram dissolvidos quando as portas se abriram e um berserker raso entrou no salão. O soldado caminhou ligeiramente passando pela lateral da grande mesa e se ajoelhou ao lado do trono de Ares.

— Senhor Ares, desculpe-me por interromper a reunião, mas tenho noticiais urgentes para relatar. Seiya e os outros atravessaram a fronteira da França e da Alemanha indo em direção ao Castelo de Hades. Kami, o berserker de Wendigo do exército do Medo, enviado para impedir o avanço do cavaleiros, tentou detê-los, mas foi derrotado.

Os deuses ficaram agitados. Kami, assim como Hayato, tinha a fama de ser uns dos mais poderosos entre os berserkers

— O que?! — Phobos se virou surpreso. — Kami foi derrotado? Isso é impossível! Kamui não só era um dos meus berserkers mais poderosos como também era o detentor da minha lança sagrada.

Ares olhou para Phobos observando o espanto do deus.

— Quem o derrotou? — perguntou Ares.

— Seiya de Sagitário, senhor. Ou melhor... — o berserker engoliu seco. — Pégaos.

Os deuses arregalaram os olhos surpresos.

— Pégasos? — perguntou Dionísio.

A armadura divina de pégasos vestiu Seiya e o pégasos mitológico despertou nele em um rápido momento. Tempo o suficiente para ele derrotar Kami com apenas um golpe.

Ares estreitou os olhos e apertou o cálice em sua mão até ele se despedaçar.

Eu avisei. — disse Dionísio, encostando no trono, abrindo os braços e erguendo as sobrancelhas.

— Aquele miserável! — Ares se levantou jogando os pedaços do cálice no chão. Os músculos do seu rosto e dos seus braços estavam rígidos.Guardas! Guardas! — gritou Ares, enfurecido. — Chamem kydoimos imediatamente! Ordenem que os soldados se preparem! Eu quero a cabeça do pégasos! Hoje! Nem que para isso seja necessário eu ir pessoalmente até a Alemanha e pulverizar o país! Achem Kydoimos! Agora!

—...—


Tártaro – Castelo de Oberon

— Delfos! Delfos?! Você está bem? — Delfos estava deitado no chão escuro da cela. Atena, com seu vestido sujo e rasgado, estava preocupada e chamava por Delfos que havia desmaiado após serem encurralados por Oberon e as Harpias.

A cela era estreita e escura. Não tinha janela nas paredes. Apenas possuía uma porta de ferro com uma pequena janela gradeada. Era um espaço úmido, imundo, frio e com um cheiro fétido de ovo podre. A cela ficava de frente para um longo corredor iluminado por tochas de fogo penduradas nas grossas colunas que sustentavam o teto.  

Delfos estava suando e tremendo. Vestia uma camisa branca rasgada e suja de terra e sangue. Os ferimentos não saravam e pareciam estar necrosando. O sangue de Atena que corre nas veias de Delfos tem a capacidade de curar, mas Delfos estava restringindo essa habilidade do Ikhor para que ele pudesse acumular o poder do sangue e assim não sofrer tanto com o Tártaro que continuava a querer expulsa-lo dali. O rejeitava da mesma forma que o corpo humano rejeita um hospedeiro estranho.

Atena tocou na testa de Delfos e se assustou com a temperatura do corpo dele. Estava muito quente. Ela pôs a mão na cabeça e no peito do cavaleiro e elevou o seu cosmo. Um cosmo calmo, acolhedor e caloroso preencheu a cela. Em poucos segundos os ferimentos de Delfos mudaram de cor e começaram a cicatrizar. Atena estava fazendo com que o seu sangue, que flui em Delfos, desse início ao processo de cura através do seu cosmo. Logo a temperatura do corpo de Delfos voltou ao nível normal e assim ele parou de tremer e suar. A mão de Delfos se mexeu e ele a levou até a mão de Atena que pousava em seu peito.

Você gastou o seu cosmo comigo? — perguntou ele, abrindo os olhos, com uma voz fraca. — Eu disse a você para não gastar o seu cosmo em vão.

Atena balançou a cabeça.

Não foi em vão. Fico feliz vendo que está melhor. — ela se levantou e se dirigiu até a porta de ferro, observando o corredor através da pequena janela gradeada. — Você me deu um conselho, mas segui-lo ou não fica ao meu critério. Como você mesmo disse, eu sou uma deusa e tenho que agir como tal. É por isso que eu quero que você me conte o resto do plano. E isso não é um pedido, Delfos. É uma ordem!

Delfos quase esboçou um sorriso satisfeito com a atitude de Atena. Ela estava finalmente agindo, deixando de ser dependente.

Tudo bem, mas antes... — ele olhou para o lados. — Onde estamos? Para onde as harpias nos levaram?

— Para as antigas masmorras do Castelo de Érebo. Atualmente é Oberon quem reside aqui, como o deus da Escuridão. Nos tempos primordiais esse castelo foi o lar de Érebo e Nix, mas Érebo foi aprisionado na cela mais profunda do Tártaro por Nix, Zeus e Hades depois que o deus primordial tentou libertar os titãs e arrancar a imortalidade dos deuses Olimpianos. O Castelo então ficou abandonado até que Oberon se apossou dele. — Atena olhou para trás, por cima do ombro, e viu Delfos passando a mão na parede úmida da cela. — Essa cela ricocheteia qualquer ataque. Já tentei destruí-la, mas não causou um arranhão se quer na parede. Eu já esperava por isso. Essas celas já foram usadas por Uranos quando trancou os ciclopes e gigantes de cem braços. Estamos presos aqui.

A expressão de Delfos foi de decepção. Aquilo poderia atrapalhar o seu plano.

— E Oberon?

Atena ia responder que o deus havia abandonado eles ali, mas antes que abrisse a boca ela escutou a porta de ferro estralando e as dobradiças rangendo no final do corredor. Caminhando em direção a cela onde ela estava, Oberon estava acompanhado por Cileno, a harpia de longos cabelos roxos e olhos totalmente brancos. Ambos trajavam suas surplices. Atena se afastou da porta e se aproximou de Delfos em um gesto de proteção. Delfos se levantou sacando a adaga pronto para arremessa-la na primeira oportunidade que tivesse para matar Oberon, mas os movimentos do Cavaleiro de Altar foram paralisados e seu corpo ficou pesado, caindo de joelhos no chão.

— Diante de um deus você deve se curvar, humano. — Oberon atravessou a porta de ferro como se fosse um fantasma. Cileno permaneceu do outro lado da porta observando através da pequena janela gradeada. — Por mais que eu sinta a mortalidade fluindo de você, ao mesmo tempo eu sinto um fino fio de imortalidade e é esse tão fino e delicado fio que serve como ancora para lhe prender aqui. E julgando seu estado físico agora, comparando como você foi encontrado, eu julgaria que suas feridas foram saradas graças a esse poder imortal. — Oberon estendeu a mão e tentou se aproximar de Delfos, mas Atena se colocou no caminho impedindo os paços do deus. — Atena...

— Se você der mais um passo ou tocar em Delfos...

— O que vai fazer? — perguntou o deus cerrando os olhos. — Vai lutar comigo?

— Obvio! — disse ela, em um tom firme. A postura de Atena estava mais rígida e imponente. — Não estará me dando outra opção.

Oberon soltou o ar preso em seus pulmões e deu as costas caminhando até parar diante da porta de ferro.

— Você estava em uma guerra santa contra Ares, certo? Você foi morta por ele?

— Não. Phobos me matou.

Oberon ficou surpreso.

— Entendo. — ele se virou para Atena e a olhou da cabeça aos pés. — Você morreu, mas está aqui de corpo e alma. Só tem uma condição para isso acontecer. A sua alma foi acorrentada a este corpo, o qual não pôde ser consumido pelas chamas eternas ou pelas cinzas do tempo na hora de sua morte, como aconteceu com o meu pai. O que você pretende com isso, Atena? E porque um humano está aqui, vivo, na mesma condição que você? Por acaso pretende burlar ainda mais as leis que rege este mundo?

— Atena... — Delfos se esforçava para falar. Seu corpo parecia que ia ser esmagado pelo cosmo de Oberon. — Não responda!

Oberon olhou para Delfos e o arremessou contra a parede.

— Não se meta quando deuses estiverem conversando!  

— Oberon! Pare agora! — Atena estendeu a mão e disparou uma rajada de cosmo que foi bloqueada por Oberon. — Eu lhe adverti sobre não machucar Delfos!

— Sempre apegada aos humanos. Você não muda. Não conhece seus limites e vive atraindo a ira dos deuses. — Oberon deus alguns passos para trás e atravessou a porta de ferro. — Eu ainda não sei o que fazer com você, Atena. Pelo visto terei que ir até a superfície comunicar a Ares sobre você e esse humano.

Delfos arregalou os olhos. Oberon não podia fazer isso. Se Ares souber que Atena e ele estão presos nas masmorras do Castelo da Escuridão, Ares ordenará que ambos sejam executados e assim tudo o que Delfos planejou e todos os esforços dos cavaleiros será desperdiçado.

Atena... — disse Delfos, cochichando. — Se Oberon for até a superfície...

Atena cerrou os punhos.

— Eu sei.

— Se não estou enganado, hoje é o rompimento do último selo. O selo que restringe Ares e os berserkers. O dia da última lua de sangue. — Oberon se virou para Atena e a olhou através da pequena janela. — Não me leve a mal Atena. Gosto de você. Só não esqueça que eu sou um dos deuses que tem um trono na corte da guerra. Sou a escuridão que cobre os campos devastados pelo exército de Ares e assola os corações do homens. Eu sou a sombra que corrompe. Independente se eu gosto ou não da humanidade, a qual nunca me preocupou ou incomodou, a minha escuridão sempre estará presente. Seja na guerra ou no coração dos humanos e deuses.

— Oberon, tenha bom senso. — pediu Atena. — Você sabe o quanto Ares é violento e insensível. Humanos frágeis e inocentes estão perecendo dia após dia nas mãos do exército de Ares. Crianças, idosos, mulheres...

Os olhos azuis de Oberon brilharam.

— Pare. — disse ele, calmamente. — Tentar me convencer usando sentimentos em suas palavras é inútil. Minhas emoções são tão obscuras quanto as de Ares. A diferença é que não possuo uma natureza tão sanguinária quanto ele. Usar crianças e idosos como os primeiros exemplos para que eu crie misericórdia é perda de tempo. Eu mataria uma criança ou um idoso sem pestanejar. Como eu disse, não me importo com a humanidade, Atena. — Oberon deu as costas. — E quanto a você, humano, com certeza morrerá aqui. Este fino fio de imortalidade está perto de romper. Eu sei disso e o Tártaro também sabe. — Oberon caminhou até a saída do corredor, desaparecendo nas sombras junto com Cileno.

Delfos cerrou o punho.

— Droga! Tinha esquecido desse detalhe. Oberon é um dos deuses que apoiam Ares e ele é um deus que pode transitar entre o Tártaro e o mundo dos vivos.

Atena virou para Delfos.

— O que pretende fazer, Delfos?

— Seiya, Alkes e os outros devem estar chegando onde Thanatos está. Kiki e Shiryu estão em Jamiel. Hyoga, provavelmente, está em Asgard ou então esperando o momento do nosso retorno. Tenho que falar com Seiya e os outros. Apressa-los. Ares pode ter interesse em enviar assassinos sabendo que estamos presos aqui. — Delfos fechou os olhos e elevou o cosmo. — Henry e eu somos usuários de golpes espirituais. Se eu conseguir encontra-lo, poderei me comunicar com eles, mas... — Delfos enrugou a testa. Estava se esforçando para estender seu cosmo para fora do Tártaro, mas não conseguia. — São essas paredes. Estão restringindo uma parte do meu cosmo.

Atena caminhou até Delfos e segurou em suas mãos, elevando o seu cosmo.

— Então pegue um pouco do meu cosmo.

Delfos arregalou os olhos.

— Atena! — protestou Delfos.

— Concentre-se Delfos! — Atena fechou os olhos e seu cosmo se uniu ao de Delfos.

—...—


Cidade de Saarbrucken – Saarland – Alemanha

— Ai... minha cabeça... — Seiya acordou colocando a mão na cabeça. Ele sentia finas pontadas. Era como se tivesse levado uma forte pancada.

— Ora, ora. A bela adormecida acordou. — disse Henry, sorrindo. — Já estávamos decidindo quem iria dar o beijo na donzela.  

— Consegue se levantar, Seiya? — perguntou Shun, estendendo a mão para o amigo.

Seiya segurou na mão de Shun e se levantou. Ele olhou para os lados surpreso com a destruição do local. Alkes e os outros o observavam. Aparentemente era o mesmo Seiya de sempre, mas seu cosmo estava diferente.

— O que aconteceu aqui? — perguntou ele. — Onde está o berserker?

— Você não se lembra, Seiya? — perguntou Shina. — Você o derrotou e em seguida desmaiou.

Seiya franziu a testa. Ele não conseguia lembrar. A última coisa que ele lembra é da lança de Phobos indo em direção ao seu peito. Seiya levou a mão ao coração como reflexo. Por um instante ele sentiu uma pontada que lhe lembrou a dor que sentiu quando recebeu em seu peito a espada de Hades. Uma outra sensação lhe chamou atenção. Seu cosmo parecia estar maior.

— Quanto tempo fiquei inconsciente?

— Quase uma hora. — respondeu Jabu.

Seiya virou espantado.

Isso tudo? Por que não me acordaram?

— Você estava muito ferido, Seiya. — respondeu Alkes. — Não só você, todos nós estávamos.

— Esperamos você descansar um pouco e curamos seus ferimentos utilizando a água da armadura de Taça. — explicou Eros. — Você se sente melhor?

Seiya balançou a cabeça dizendo que “sim”.

— Obrigado. Quanto tempo temos antes de anoitecer?

Alkes tentou olhar para o sol e semicerrou os olhos quando a forte luz agrediu os seus olhos.

— Pela posição do sol eu diria que temos seis horas antes de anoitecer.

— Então temos que ir. Sinto que não vai ser tão fácil convencer Thanatos. — Seiya levantou a cabeça olhando para eles. — Estão prontos?!

— Por favor, espere! — pediu Kastor.

Seiya levantou as sobrancelhas.

— Algum problema, Kastor?

Kastor e Jake se dirigiram até Seiya, tiraram o elmo e se ajoelharam diante dele. Jabu e Nachi ficaram surpresos com o gesto dos dois Cavaleiros de Ouro. Eles já viram cavaleiros se ajoelharem diante de Seiya e do demais lendários, mas nunca viram um Cavaleiro de Ouro fazer isso. Contudo, era algo compreensível. Os cavaleiros lendários são exemplos de poder, fidelidade, dedicação e justiça entre os cavaleiros. Eles chegam a ser tão respeitados pelo Santuário quanto o Grande Mestre.

— Jake e eu temos um plano para despistar os bersekers que estão no Castelo de Hades e garantir a sua chegada em Munique com segurança. Gostaria que nos escutasse.

— E qual é o plano?

—...—


Santuário – Grécia

Kydoimos entrou no salão acompanhado de seis berserkers, entre eles estavam Anatole de Quimera, Hugo de Corvo e Ortos. O salão estava agitado. Os deuses discutiam planos e suposições a respeito do despertar do pégasos.

O Senhor me chamou, Senhor Ares? Qual a emergência? — perguntou Kydoimos, o líder dos espíritos da guerra, em pé, diante da grande mesa. Um homem alto de expressão séria, trajando uma onyx com marcas de batalhas, cabelos escuros curto, olhos vermelhos e pele acinzentada. Os berserkers se ajoelharam logo atrás de Kydoimos por estarem na presença dos deuses. Os deuses se calaram no momento em que Ares levantou a mão pedindo silêncio.

— Chamei. Os cavaleiros rebeldes estão se dirigindo para o Castelo de Hades e parece que o pégasos despertou. A prioridade é mata-los. Impedir que eles cheguem até Thanatos. Eu quero que você vá para o castelo e leve com você alguns berserkers.

Depois de ouvir a ordem de Ares, Hugo levantou a cabeça.

Senhor Ares, desculpe-me por interrompê-lo, mas já existe um espirito da guerra e centenas de berserkers no Castelo de Hades esperando por Seiya e os outros. Será mesmo necessário a nossa ida até lá?

— Verdade. — confirmou Phobos. — Agora eu lembrei que quando Anatole descobriu o plano de Seiya e os outros de irem para a Alemanha barganhar com Thanatos, nós enviamos um dos espíritos da guerra junto com um numeroso grupo de berserkers e soldados.  

— E vamos enviar mais um. — disse Ares, impaciente. — Nem que eu tenha que enviar um de vocês também. — ele olhou para os deuses. — Se Seiya entrar no Tártaro...

— “Se”. Temos um “se” ainda, não é Ares?

Ares enrugou a testa ao ouvir aquela voz. Os deuses inclinaram suas cabeças para a entrada do Salão para ver um homem alto e magro que estava parado com as mãos no bolso e esboçando um sorriso no canto do rosto. Ênio arregalou os olhos ao reconhece-lo. Ele emanava um cosmo que sem dúvidas só pertenceria a um deus. Kydoimos e os berserkers se afastaram, indo para a lateral do salão.

O homem estava vestindo roupas sociais escuras. Um blazer preto por cima de uma camisa social grafite escuro, uma gravata negra como o ébano, calça e sapatos sociais pretos. Sua pele era clara, quase pálida, seus olhos são encantadoramente azuis e seus longos cabelos escorridos são negros como as trevas. Ele possuía uma beleza obscura.

— O-Oberon?! — disse Ênio, incrédula.

Desde a era mitológica a deusa da carnificina era apaixonada pelo príncipe das trevas. Oberon era o único que conseguia amolecer o rígido coração de Ênio.

— Olá Ênio! — respondeu Oberon, com um singelo sorriso. Os olhos azuis se encontraram com os olhos negros da deusa.

— Peço perdão por quebrar o encanto dessa troca de olhares... — disse Dionísio, sorrindo.

Ênio, envergonhada, piscou os olhos repetidas vezes como se estivesse querendo se livrar de um cisco nos olhos. Oberon sorriu com a reação de Ênio e voltou sua atenção pra Dionísio.

— Olá Dionísio! Está sóbrio, meu amigo.

— Por enquanto. — o deus piscou um dos olhos.          

— Está atrasado, Oberon. Não acha? — perguntou Ares, se encostando no trono. — Séculos. Você não respondeu a nenhuma das inúmeras convocações para as reuniões.

Oberon caminhou até a sua cadeira na mesa, uma cadeira negra que possuía o símbolo de um crânio com uma cobra saindo pela boca, e pousou sua mão na cadeira.

— Águas passadas, meu amigo. Pessoalmente estive ausente, mas minhas trevas sempre lhe acompanharam em suas carnificinas. Você nunca precisou de mim como combatente, Ares. Vejo inclusive que nunca removeu o meu assento na grande mesa — os olhos de Oberon passearam pela mesa vendo os inúmeros relatórios. — Parece que vocês estão com alguns problemas. O Santuário em peso está comentando sobre isso. Está com dificuldade para matar alguns insetos, Ares? Esse alarde todo é porque Seiya e os outros estão indo para o Castelo do meu pai?

— O que você sabe sobre isso? perguntou Anteros.

Dionísio sorriu.

— Ele pelo visto sabe mais do que qualquer um de nós. Talvez estejamos esquecendo de um pequeno detalhe. Oberon é um deus que mora no Tártaro. Com exceção de Thanatos e Hades, atualmente Oberon é o único deus que transita livremente entre o Tártaro e o mundo dos vivos. Ele não sairia do Tártaro sem que houvesse um motivo.

— Chegou em um momento oportuno, Oberon. — disse Afrodite.

Dionísio se virou para a deusa.

— Você passou a reunião inteira calada e agora só fala isso? Pelo amor de Zeus, mulher!

Oberon sorriu.

— Deveria colocar Dionísio como seu conselheiro, Ares. Ele tem uma mente perspicaz.

Anteros lançou um olhar zangado para o príncipe das trevas.

— Deixando a brincadeira de lado, vim avisar que Atena e um humano que estava com ela no Tártaro, estão presos no meu castelo.

— O que?! — Ares ficou surpreso, assim como os demais deuses.

Deveriam ter me avisado de que ela estava lá. Ou será que esqueceram? O que estou curioso pra saber é, como Atena foi com a alma acorrentada em seu corpo para o Tártaro? E como um humano está vivo lá?

— Ikhor. — explicou Phobos. — Ele injetou Ikhor em si mesmo. Já Atena, Delfos deve ter usado alguma técnica para acorrentar a alma dela.

— Interessante. — disse Oberon, pensativo. — Então é verdade de que os cavaleiros estão tentando salvar ela no Tártaro?

— E para isso pretendem ir até Thanatos para convence-lo a ajuda-los. — disse Ares.

— Algo até possível.  Thanatos não gosta de você, mas também não gosta de Atena e dos cavaleiros. Thanatos pode mata-los ou ajuda-los. — Oberon olhou para Kydoimos e os outros. — Então foi por isso que você chamou Kydoimos e outros? Para envia-los ao Castelo na Alemanha e deter Seiya e os outros?

— Deter o pegasos e os outros. — corrigiu Ares. — Não chamaria aquele homem de Seiya nesse momento. O pegasos despertou dentro dele. Mesmo que tenha sido por um instante, mas despertou. Temos que mata-lo!

— E o seu medo é de que ele entre no Tártaro. Se ele entrar, ele terá que percorrer todo o Tártaro procurando por Atena e pelo humano. Pela expressão que ambos fizeram ao serem presos, não me pareceu que eles esperavam ser capturados. O humano ficou bastante assustado ao saber que eu estava indo até você. — Oberon voltou a observar Kydoimos e os berserkers. — Por isso acho que não precisa se preocupar tanto com isso. Se não quiser arriscar, envie os seus berserkers para reforçar os que estão no castelo, mas acho que não tem necessidade.

Ares cerrou o punho pensativo.

Não posso mover o meu exército pra matar rebeldes sendo que eu tenho outras lutas importantes para enfrentar. Por outro lado Dionísio e os outros tem razão. Não posso subestima-lo. — Ares levantou a cabeça e se voltou para os berserkers. — Hugo, você e os outros vão seguir para o Castelo de Hades. Matem todos os cavaleiros que aparecerem lá. Não deixem que eles se aproximem do mausoléu.

— Sim, meu senhor.

Hugo acenou com a cabeça e se dissolveu em trevas junto com Anatole e os outros berserkers.

— Kydoimos! Você ficará aqui.

— Como quiser, senhor Ares.

— O senhor não acha que agora devemos nos prevenir com outros planos? — perguntou Anteros.

— Que tipo de planos?

— Um caso o pegasos e os outros consigam entrar no Tártaro e outro para o caso deles conseguirem salvar Atena. Não vamos subestimá-los. Correto?

— Anteros tem razão, Ares. — concordou Oberon. — Mesmo enviando outros reforços, devemos pensar mais além.

— Assim como Delfos faz. — comentou Phobos. — Tem algo em mente, Anteros?

Anteros olhou para Phobos e depois olhou para Oberon.

— Talvez. Com certeza o príncipe das trevas vai nos auxiliar nisso. Não vai, Oberon?

Oberon esboçou um sorriso fino.

Com prazer. —disse ele, irônico. — Se eles conseguirem entrar no Tártaro, eu mesmo irei pessoalmente e cuidarei deles. Sem dar brecha para que achem Atena.

Antes de terminarmos essa reunião, tem mais uma coisa... — Ares se levantou e olhou para Phobos. — Anteros disse que você estava atingindo os cavaleiros indiretamente. Como estava fazendo isso?

Phobos se levantou, elevou o cosmo, o qual brilhou em um roxo sinistro, e estendeu a mão. Em cima da mesa surgiu um tabuleiro de xadrez com algumas peças posicionadas. No total eram sete.

Cada peça representa um dos cavaleiros que acompanham Seiya. E cada peça... — Phobos pegou uma peça que representava uma torre e a moveu. A peça era branca e possuía correntes em volta dela. — revela a pessoa mais importante. — Ao ser posicionada novamente no tabuleiro, a torre brilhou e se dissolveu em cosmo. O cosmo que antes era roxo se transformou em um cosmo com tons de vermelho, amarelo e laranja. O cosmo girou e asas se abriram seguido de um piar alto e agudo. Uma ave flamejante foi formada e em seguida se apagou.

Fênix? — perguntou Alala.

Sim. Essa peça representava Shun de Andrômeda e a pessoa que ele mais ama é Ikki de Fênix. — explicou Phobos. — O irmão dele.

Ares sorriu.

E temos o fênix aqui. — disse elel. — Kydoimos, vá até as masmorras e mandem preparar o fênix. Daqui a algumas horas irei reunir o Santuário e farei com que o fênix sirva de exemplo para os demais. A lua de sangue será recebida com o sangue do fênix.

—...—


Tártaro – Castelo de Oberon

A mente deles procuravam por Henry, mas tudo estava escuro. Não conseguiam sentir se quer o lampejo do cosmo do Cavaleiro de Câncer, até que uma forte luz dourada brilhou dissipando as trevas e uma mão surgiu como se alguém estivesse estendendo-a para tirar Atena e Delfos da escuridão. O brilho dourado expulsou as trevas e a concentração de cosmo entre Delfos e Atena entrou em colapso e arremessou os dois para os lados opostos da cela. Ao abrir os olhos se depararam com um Cavaleiro de Ouro em pé no centro da cela.

Era um homem alto e magro com cabelos castanhos escorridos até os ombros com as pontas cacheadas. De pele parda, lábios avermelhados e com barba aparada, o seu rosto tinha uma expressão serena e seus olhos castanhos emitia pureza. Ele trajava a armadura de ouro de virgem. Trazia o elmo em baixo do braço e usava uma capa branca presa em suas ombreiras. O cavaleiro olhou para Delfos e Atena, que olhavam surpresos para ele.

Atena olhou nos olhos do Cavaleiro de Ouro e ficou encantada com a pureza e nobreza que aqueles olhos tão cheios de vida emitia. Ele possuía um cosmo caloroso como o dela, mas tinha algo de diferente nele. Algo que ela não sabia explicar.

— Você é...

— Meu nome é Shalom. Sou o atual Cavaleiro de Ouro de Virgem. Guardião da sexta casa do Santuário. — disse ele, com uma voz firme e serena. — Você me chamou Atena? Ou foi o Senhor... — Shalom se virou para Delfos. — Grande Mestre?

— Nós dois. — respondeu Atena, se levantando. — Não tivemos a oportunidade de nos conhecermos e por isso eu gostaria de saber, você irá me apoiar nesta guerra, Shalom? Ou está ao lado de Ares?

— Eu apoio quem protege a humanidade e luta para manter a paz na Terra. Esse é o seu ideal, Atena?

— Sim. — a resposta foi firme e decidida. — São por esses motivos que eu luto.

— Então irei lhe acompanhar nesta guerra. O que deseja?

— Que você nos ajude, Shalom. — respondeu Delfos.

— E como posso fazer isso?

— Antes de explicarmos a você, nos responda uma coisa. Por acaso algum deus de cabelos negros e olhos azuis chegou no Santuário? — perguntou Atena.

Um deus com essas características passou pela minha casa indo em direção a sala do Grande Mestre. — respondeu Shalom. — Ele se apresentou como...

— Oberon. — disse Delfos

Shalom se virou para ele e acenou com a cabeça.

— Isso mesmo.

— Oberon é o filho de Hades e deus da escuridão. Ele reside aqui, no tártaro, e pertence a corte dos deuses da guerra. Oberon foi ao Santuário para avisar a Ares que nos capturou. Então provavelmente assassinos serão enviados por Ares através de Oberon. Não temos muito tempo, Shalom. — Delfos estava nervoso. — Precisamos tirar Atena do Tártaro. Você precisa ir até Seiya e os outros e apressá-los. Deve ir auxilia-los.

— Seiya e os outros? Pelo que eu saiba eles estão na Alemanha nesse momento. Um soldado de Ares avisou mais cedo que viu Seiya se dirigindo até o Castelo de Hades.

— Não é para o castelo que eles estão indo. Ares e os outros acham que Thanatos está lá, mas ele não está. Eu o removi de lá. — explicou Delfos. — Thanatos foi levado para um museu em Munique. Longe das tropas de Ares. É para lá que eu peço que você vá. Avise a eles sobre a atual emergência e os ajude o máximo que puder.

— Entendi. Farei o que eu puder. — ele se voltou pra Atena. — Mais alguma, Atena?

— Tem sim. — disse Atena, pensativa. — Como está o Santuário? Como estão os cavaleiros?

Delfos olhou para Atena observando-a. Mesmo ela estando em uma situação de risco, ela estava preocupada com eles.

— Os cavaleiros de prata estão sendo controlados por Anteros. Os cavaleiros de bronze, soldados e habitantes do vilarejo foram ameaçados por Phobos, que os manipula através do medo de cada um.

Atena cerrou o punho.

— Já os cavaleiros de ouro... alguns se rebelaram contra Ares. Aries ainda está em Jamiel negando os inúmeros chamados de Anteros e sinto que Libra está com ele. Gêmeos, Câncer, Leão e Peixes estão acompanhando Seiya e os outros.

Gêmeos e Leão?! — disse Delfos, surpreso.

— Sim. Gêmeos foi enviado para matar o Cavaleiro de Aries, mas parece que foi convencido a se aliar a Seiya. Já o Cavaleiro de Leão conheceu Seiya pessoalmente, então acredito que tenha notado quem estava do lado da justiça. Aquário eu sinto o seu cosmo muito distante do Santuário e está diminuindo aos poucos. Como se um cosmo negro envolvesse ele. — Shalom olhou nos olhos de Atena. — Nas doze casas apenas restou Touro, Escorpião, Capricórnio e eu.

— Você conseguiria convencê-los a nos ajudar? — perguntou Atena.

— Pelo menos um deles. O Touro. É o único que possui dúvidas. Sinto que ele esteja perdido na própria fidelidade. Escorpião se mantem afastado de todos e não sai da casa zodiacal. O Cavaleiro de Capricórnio é uma incógnita pra mim. Atualmente ele serve a Ares.

Atena caminhou até Shalom e pegou em sua mão.

— Abra os olhos do Touro. Pelo menos ele. Mostre a ele a verdade.

— Você me tirou a “cegueira”, então talvez eu também possa fazer isso com ele. — o corpo de Shalom começou a se desfazer em um cosmo dourado. — Nos vemos em breve Atena.

—...—


Jamiel – Fronteira entre a China e a Índia

Kiki estava em pé no topo de um penhasco. Ao longe ele podia ver toda a região montanhosa de Jamiel. Ele estava vestindo uma camisa branca de manga curta, uma calça marrom e sandálias gladiadoras de couro. Ao seu lado estava a urna da armadura de ouro de Áries.

Kiki sentia uma força poderosa cobrindo a China tentando espantar o cosmo maligno de Ares e dos demais deuses. Criando uma espécie de barreira. Na medida que o cosmo maligno era repelido, os homens e mulheres eram libertados da maldade que estava corrompendo seus corações.

— Senhor Kiki! — chamou Miguel, se aproximando acompanhado de Johan e Marin. — O cosmo de Ares que agora pouco cobria essa região desapareceu.

Kiki olhou para o céu.

— Eu notei, Miguel. Mas infelizmente é temporário. Não vai demorar muito para que Ares tome a decisão de enviar seus berserkers mais poderosos para resolver isso.

— E porque não agimos, Senhor Kiki? — perguntou Johan, o cavaleiro de prata de Corvo. — Estamos aqui a dias. Enquanto isso a guerra está se espalhando pelo mundo todo.

— O nosso momento ainda não chegou, Johan. — disse Kiki. — Recebemos uma missão importante e devemos cumpri-la. — Kiki se virou para Johan e o seu cosmo envolveu todo o espaço, revelando a Johan e os outros uma barreira cristalina que cobria toda a região. — Você também consegue ver essa barreira que foi erguida cobrindo toda a China? Essa barreira foi erguida pelo Dragão Branco, o líder dos Taonia e guardião de Senkyo e de toda a China. O nosso dever aqui é proteger a entrada para Senkyo enquanto o Dragão Branco e os Taonia enfrentam as forças malignas de Ares na China e nos países vizinho, amenizando a guerra o máximo que podem. Se Senkyo for invadida, ao subordinados de Ares irão tentar matar o Dragão Branco e isso traria uma sequência de desastres e desequilíbrio.

— Qual a importância do Dragão Branco e Senkyo no equilíbrio da Terra? — perguntou Miguel.

— Atena não protege a Terra sozinha, Miguel. — respondeu Marin

— Exatamente. — concordou Shiryu, que caminhava até eles. — Asgard e Senkyo, por exemplo, possuem responsabilidades na conservação do equilíbrio na Terra e da paz entre os homens. De Senkyo flui toda a vida da China e de alguns países vizinhos. Senkyo é um dos lares primordiais da natureza. Caso Senkyo seja corrompida, toda essa terra fértil morrerá, os rios irão secar e toda forma de vida perecerá. Por isso é importante que fiquemos aqui, protegendo a entrada em Jamiel. Foi essa a missão que recebemos de Delfos.

— Outros também receberam missões semelhantes. — disse Kiki.

— E Seiya e os outros? Tem alguma notícia? — perguntou Marin.

Ontem à noite eu estava lendo as estrelas. Nike está guiando eles. — disse Kiki. — A estrela guardiã de Seiya e do Shun brilham intensamente e sinto que outros cosmos estão auxiliando eles. Não tenho dúvidas de que eles vão cumprir com êxito a missão de salvar Atena.

—...—


Santuário – Casa de Touro

Ápis estava em pé na entrada da casa de Touro como se fosse uma barreira intransponível. Trajando a armadura de ouro e com uma capa branca presa em seus ombros, seus longos cabelos negros com mechas brancas balançavam com o vento forte. Seus olhos percorriam todo o Santuário fazendo a guarda, mas ele tinha a impressão de que não estava agindo certo. Como se o verdadeiro inimigo esteve no Santuário.

Enquanto fazia a guarda ele sentiu um cosmo se aproximando. Não era um cosmo com má intensões, mas era um cosmo poderoso e intimidador. O cosmo preencheu a casa e Ápis entrou em posição de ataque, mas o taurino foi envolvido por um turbilhão e arremessado contra o chão. Ao se levantar, ele notou que estava no topo de um monte e diante dele se estendia um grande deserto. Altas dunas de areia eram modeladas pelo forte e quente vento que soprava. O vento soprava no rosto de Ápis e feria sua pele com os pequenos grãos de areia.

— Mas que diabos de lugar é esse? — perguntou ele, perdido. — Onde eu estou.

Monte da expiação.” — respondeu uma voz serena trazida pelo vento.

— Quem está ai? — gritou Ápis, procurando o dono daquela voz. — Apareça!

“E então o filho de Deus foi conduzido em Espirito ao deserto... e Ele foi transportado a um monte muito alto e para ele foi mostrado todos os reinos do mundo...” — um aglomerado de cosmo dourado se formou ao lado de Ápis e então um homem se materializou, trajando uma armadura de ouro. — Olá Ápis!

— Virgem?! — disse Ápis, surpreso. — Para onde você me levou?

Shalom sorriu e olhou para o deserto.

— Para o Monte da Expiação. Vim lhe mostrar os reinos do mundo. Olhe Ápis. — Ápis olhou para o deserto e o vento levantou a areia agitando-a e formando e redemoinho. Logo o turbilhão se desfez e no lugar do deserto surgiu uma cidade em guerra. Soldados de países vizinho se enfrentando, aviões lançando bombas e matando civis, pessoas feridas chorando e gritando por socorro, berserkers apoiando os soldados na matança, casas incendiadas e ruas lotadas de destroços. — Eu lhe trouxe aqui para abrir os seus olhos e livra-lo de qualquer dúvida que cerca e acorrenta o seu coração. — Ápis estava com os olhos arregalados surpreso. Ele queria não acreditar que aquilo estava acontecendo. — Abra bem os olhos Ápis.

—...—


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Notas finais do capítulo

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Próximo capítulo: (sem resumo no momento)


Capítulo 38: "indefinido"


Teve uma mudança de ultima hora no capítulo. O próximo está com o roteiro indefinido ainda, mas depois vou atualizar aqui junto com o título do capítulo. Espero que tenham gostando do Capítulo 37 ^^ Depois deixa seu comentário a respeito do capítulo. Isso incentiva bastante. Sua opinião é sempre importante. Abraços!



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