A Saga de Ares - Santuário de Sangue escrita por Ítalo Santana


Capítulo 38
Capítulo 36 - A ascensão de Ares!


Notas iniciais do capítulo

O dia da ultima lua de sangue finalmente chegou e agora Seiya e os outros devem correr ate o deus da Morte e barganhar para que ele abra "As Portas da Eterna Escuridão". As portas do tártaro! Na Grécia, Ares finalmente chega no Santuário para assumir o trono da Terra.



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Capítulo 36: A ascensão de Ares!
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A mansão estava praticamente destruída. Toda a parte da frente da mansão havia desabado ou consumido pelas chamas. Centenas de corpos de berserkers e alguns soldados do Santuário, que faziam a guarda da família de Eros, estavam espalhados pelo jardim de rosas que também havia sido totalmente destruído. Pétalas de rosas, de diversas cores, voavam com a brisa fria da madrugada.

A mansão Michaelis foi invadida pelos deus demônio Moloch e berserkers a mando de Phobos, o deus do medo, que está tentando atingir a todas as pessoas que os cavaleiros se importavam, afim de atrasa-los indiretamente no plano de salvar Atena. O Cavaleiro de Prata de Centauro e alguns soldados, enviados por Delfos, tentaram impedir o avanço de Moloch, mas acabaram morrendo no esforço. Ao entrar na mansão, Moloch aproveitou a situação e estuprou a esposa de Eros, Dália, para que ela pudesse dar à luz ao corpo de Lúcifer.

Eros chegou a tempo de salvar sua esposa e seus filhos, mas não conseguiu impedir que o corpo de Lúcifer fosse levado ao inferno pelos demônios. Uma dura luta começou entre Eros e Moloch, mas com estratégia e determinação Eros conseguiu superar o deus demônio e o derrotou, enviando-o de volta para o inferno.

O plano de Phobos não obteve sucesso com Eros, mas Phobos ainda estava com vantagens. Shina, que perdeu Retsu, e Plancius, que perdeu sua família, já não apresentavam tanta disposição para seguir em frente. Foram tomados pela tristeza e tentavam alimentar suas forças desejando vingança. Sentiam-se vazios e cada perda no campo de batalha fazia com que perdessem a esperança. A preocupação também aumentou entre os outros cavaleiros que não paravam de pensar em seus entes queridos que poderiam acabar sendo envolvidos nessa guerra. Esse temor, esse medo, que crescia entre eles causava perca de concentração e isso em um campo de batalha abre brechas para o inimigo. E agora, mais do que nunca, ele não poderiam ter brechas.

Ares, o deus supremo da guerra e atual deus patrono da Terra, estava se preparando para ir ao Santuário assumir o reinado da Terra e espalhar a sua ambição. O último dia da lua de sangue havia chegado e o ultimo selo que restringe o poder de Ares e dos berserkers estava para se romper. Seiya e os outros agora tem que chegar até Thanatos, o senhor da Morte, e barganhar para que ele abra a porta do Tártaro.


Mansão da Familia Michaelis – Laon – França

Após salvar Dália e as crianças, Eros os levou para um quarto que ficava nos fundos da mansão, que era o único lugar que se mantinha intacto. Eros cuidou da esposa e de seus ferimentos e depois voltou sua atenção para as crianças. Páris, o filho mais novo de Eros e adotivo, tremia de medo e frio devido o susto que ele levou ao ser enviado ao inferno por Moloch. Eros o abraçou e conversou com ele acalmando-o. Cristhian, o filho mais velho de Eros e herdeiro legitimo da familia, se fazia de forte para não demonstrar fraqueza diante do pai e ficava ao lado da mãe, cuidando dela.

Shun e Henry deixaram eles a sós e permaneceram no corredor, sentados no chão. O corredor estava quase completamente escuro. A única coisa que iluminava era uma fraca luz que saia do quarto onde Eros estava. Destroços tampavam a metade do caminho no corredor, restando uma passagem estreita.

Henry estava cansado e ferido. Estava todo melado de sangue e grande parte não era seu. Os demônios eram habilidosos, mas só deram problemas porque Henry estava muito cansado devido o esforço que fez para dar a Jake a possibilidade de se despedir de uma pessoa que ele amava. A sorte de Henry foi que Shun, que havia notado o quanto Henry estava fraco, resolveu acompanha-lo até a mansão e o ajudou durante a luta. Shun estava sentado ao lado de Henry com a cabeça encostada na parede e olhando para o teto.

— Nós temos que ir, Henry. — disse Shun. — Seiya está nos esperando e partirá ao amanhecer. O sol nascerá daqui a algumas horas.

— Mas e Eros? — perguntou Henry. — Será que ele vai querer voltar? Ele está com a família dele agora. Não vai querer deixá-los para trás novamente.

Shun se levantou.

— Eu sei, mas nós dois temos que ir. — Shun encarou o corredor de costas para o quarto. — Vamos deixar Eros com sua família. Vamos, Henry!

Henry se levantou e olhou para o quarto. Podia escutar Eros conversando com o pequeno Páris e Dália. Ele respirou fundou e colocou o elmo em sua cabeça.

— Vamos, Andrômeda.

Henry e Shun começaram a caminhar no corredor, mas alguém os chamou.

— Esperem!

Eles se viraram e viram Cristhian parado na porta.

— Onde vão sem o meu pai? — perguntou o garoto.

Seu pai ficará com vocês, Cristhian. — disse Shun, se virando para olhar o garoto. — Ele deve tomar conta de vocês.

Cristhian balançou a cabeça negando.

— A guerra ainda não acabou, não é?! Ele não pode ficar aqui, de braços cruzados, enquanto outras famílias são destruídas. O dever do meu pai como cavaleiro é defender a humanidade acima de tudo. Principalmente acima da sua própria família. Não é justo que eu tenha alguém que me proteja enquanto outras crianças órfãs sofrem sem ter ninguém para protege-las.

Shun arregalou os olhos surpreso.

— Cristhian...

— Ele está certo, Shun. — disse Eros, surgindo atrás do filho e carregando o pequeno Páris nos braços. — Não posso ficar aqui. Isso é um ensinamento passado pelo irmão. “Proteger a Terra, a humanidade e manter a justiça e a paz acima de tudo. Nem que para isso tenhamos que nos sacrificar.” Eu vou voltar para a batalha com vocês. Só posso voltar pra casa quando Ares for derrotado e a paz for mantida. Preciso garantir um mundo em que minha família e tantas outras não precisem se esconder de deuses malignos e nem sofrer por causa de suas ambições.

Henry esboçou um sorriso abafado e encarou Eros. Henry o admirava. A conduta de Eros com a família e com a humanidade lhe surpreendia. Ele nunca conheceu alguém assim.

Mas Eros, e a segurança deles? — perguntou Shun.

Vou isolar essa recito com a minha técnica “Fenda de Alrisha”. — disse Eros. — Isso vai impedir que Phobos ou qualquer outro berserker sintam a presença deles. Vai apaga-los desse plano dimensional enquanto a outra parte da mansão vaga em uma dimensão paralela longe de qualquer ameaça. Eu iria pedir para Hestia protege-los, mas Hestia também está sendo observada pelos Olimpianos.

Dália se aproximou de Eros e o beijou no rosto.

— Não se preocupe. Estávamos cientes que medidas assim seriam tomadas mais cedo ou mais tarde. Não importa se você é um cavaleiro ou se tenta fugir disso, sempre os deuses iriam voltar os olhos para nós e cedo ou tarde seríamos envolvidos nisso.

Eros beijou a testa de Dália e a abraçou.

— Eu amo vocês. — disse Eros, chorando.

Ele me lembra muito Afrodite. — pensou Shun. — Para Afrodite a humanidade estava acima de tudo. Acima até mesmo da sua devoção por Atena. Essa determinação de dar a vida pelo o que acredita, de proteger aqueles que importam... É uma característica forte do Cavaleiro de Peixes. Aquele que age como a última barreira do Santuário que protege Atena e o Grande Mestre.

Eros se despediu de Dália e das crianças, explicando o que iria fazer. Pediu para que fossem fortes. Em uma última despedida, a família se abraçou. Eros caminhou para fora da mansão junto com Henry e Shun e estendeu os braços elevado o cosmo. Uma enorme fenda dimensional foi aberta e envolveu uma parte da mansão, fazendo com que ela sumisse e apenas restasse os escombros e a outra parte da mansão. Em seguida a fenda fechou.

Eu não vou demorar. Prometo! — Eros cerrou o punho.

— Vamos! — disse Henry correndo.

—...—


Tártaro

Atena, corra! — gritou Delfos.

Atena corria na frente enquanto Delfos fazia a retaguarda, correndo logo atrás. Eles estavam arfando devido ao ar seco e o fedor forte de ovo podre. O cansaço também castigava suas pernas. O tártaro é formado por planícies rochosas, altas pedras pontiagudas, penhascos e cavernas. Nesse momento Delfos e Atena corriam entre as rochas negras e pontudas. Alguém estava seguindo eles pela terra e pelo céu. Bater de asas podiam ser ouvidos, assim como as batidas dos pés de alguém correndo.

Atena estava repleta de escoriações e seu vestido branco agora era cinza e estava muito rasgado. Ela estava suja, suada e sangrando. Seus pés faziam calos e seus joelhos doíam. Sua respiração era tão forçada que encher os pulmões com ar era o mesmo que levar uma pontada no peito.

Delfos não estava melhor que Atena. Por ser humano, o Tártaro naturalmente tentava expulsa-lo, deixando-o fraco e guiando criaturas para encontra-lo e mata-lo. Era como se fosse um organismo enviando as células de defesa para expulsar aquele corpo invasor. A armadura de Altar estava com muitos danos e o cabelo de Delfos estava sujo de terra, sangue e suor. Ele tropeçava nos pedregulhos e as vezes caia com Atena, provocando vários cortes.

Eles não podiam entrar em qualquer caverna que aparecesse para se esconder, pois muitos monstros habitavam essas cavernas no tártaro.

— Não vamos aguentar por muito tempo. — disse Atena.

— Não podemos parar, Atena! — alertou, Delfos. — Elas estão logo atrás da gente.

Enquanto corria, Atena notou que já não escutava mais o bater de asas e nem as fortes pisadas. Ela parou se escondendo entre duas altas rochas e puxou Delfos.

O que está fazendo? — protestou, Delfos.

Atena levou o dedo até a boca pedindo silêncio. Delfos parou e notou que também não estava mais escutando os perseguidores.

Será que despistamos eles? — perguntou Atena.

— Provavelmente. — Delfos respirou fundo e colocou a mão no joelho arfando. — Desse jeito as feridas vão se abrir. Se eu perder mais sangue... o Tártaro me expulsará.

Atena olhou preocupada para Delfos. Ele havia lhe contado todo o plano dele e, por mais que no início ela tenha sido “raiva” dele, ela o compreendeu e agradeceu por tê-lo como seu auxiliar. O plano de Delfos era muito minucioso e ela iria se esforçar para que tudo desse certo, para valorizar o esforço dele e de todos os cavaleiros, mas muitas vezes ela pensava em desistir. A situação estava causando uma pressão tão grande na cabeça dela, que muitas vezes o seu lado humano falava mais alto e com todo aquele sofrimento o desejo de desistir era uma forte oferta.

Delfos escutou um som de garras riscando a pedra e ficou alarmado. Ele arregalou os olhos para Atena e ela logo entendeu do que se tratava. “Elas” estavam ali. Os dois ficaram congelados. O medo era tão grande que eles sentiam o coração batendo acelerado e até podiam escutar o som das batidas. Delfos levou a mão para sacar a adaga dourada, mas foi tarde demais.

Enormes garras afiadas envolveram seu pescoço e o encurralou na rocha. Atena tentou agir, mas outra mão com longas garras surgiu prendendo Atena contra a rocha pontiaguda. As donas das mãos saíram das sombras se revelando. Eram mulheres magras vestindo uma “armadura” espectral sensual que valorizava os fartos seios que elas possuíam. Os braços e pernas eram cobertos por penas aparentemente negras, mas dava pra notar que as penas emitiam outras cores como roxo, violeta, índigo, cinza, azul escuro e vermelho sangue. Mesmo coberta por pernas, dava para ver que eram coxas grossas e musculosas. Do joelho pra baixo as pernas eram literalmente de pássaro. Pele amarela e rígida. As garras dos pés eram longas e eram vestidas por peças daquela “armadura” espectral.

A mulher que prendia Delfos tinha um longo cabelo azul e seus olhos eram como chamas. A que prendia Atena também tinha os mesmos olhos, mas seu longo cabelo volumoso era lilás. Em seus braços havia asas, longas e lindas asas. A de cabelo azul tinha asas escuras com tons de azul e verde escuro. A de cabelo lilás tinhas asas mais rubras e escuras. Eram lindas mulheres com lábios volumosos e com pele pálida nas partes do corpo que não eram cobertos por penas, como os seios, ombros, pescoço e rosto.

— Harpias! — disse Atena, surpresa.

— Atena! — exclamou uma Harpira que pousou entre as outras duas. Essa tinha longos cabelos roxos e olhos totalmente brancos. Sua vestimenta negra cobria apenas seus seios e seus membros inferiores, deixando as outras partes do seu belo corpo a mostra. As mãos eram mais humanas, mas possuía longas unhas afiadas. Em seu braço se projetava as suas majestosas asas totalmente negras como ébano. — Você não sabe o quanto eu fiquei surpresa ao saber que você estava aqui. Boatos se espalharam dizendo que um dos filhos de Zeus havia sido enviado ao Tártaro e, bem, todos ficaram eufóricos com isso. De repente monstros começaram a aparecer feridos e alguns locais apresentaram desmoronamentos e marcas de lutas. — ela sorriu mostrando seus dentes brancos. — Com certeza os boatos eram verdade. Fomos enviadas para descobrir quem era e olha só quem encontramos. A deusa da guerra e protetora da Terra. Mas espera ai... — a harpia se aproximou de Atena e passou uma de suas unhas no rosto de Atena, cortando-a. — Se você está aqui, quem está governando a Terra no seu lugar? Não me diga que você, a deusa da guerra e filha favorita do grandiosos Zeus, foi derrotada em sua guerra santa?! — a harpia gargalhou. — Fantástico.

— Essas vestimentas fantasmagóricas... — quem falou foi Delfos, chamando a atenção da harpia. — Essas são as...

— Surplices?! Sim, são as surplices. — respondeu a harpia.

— Então são servas de Hades?

As três harpias sorriram.

Não, humano. Não somos servas do Imperador Hades. — sibilou a harpia que prendia Delfos na rocha.

Então se não é a Hades que vocês servem, qual é o outro deuses que veste seus guerreiros com surplices? — perguntou Delfos, curioso.

A harpia de cabelos roxos sorriu.

Você é um invasor bastante curioso. — disse ela. — Mais curioso ainda é saber como você se mantem vivo aqui, sem que o Tártaro mate você. Mas isso vamos descobrir depois. Respondendo a sua pergunta, o meu senhor é... — Ela parou quando notou que um cosmo poderoso se aproximava. Ela sorriu e se afastou de Delfos. — Você logo o conhecerá, humano.

Atena arregalou os olhos. Suas suspeitas agora se tornavam certeza. Só existe uma divindade que além de Hades veste seus subordinados com surplices. Um homem alto e bonito apareceu surgindo das sombras. A harpia de cabelo roxo se ajoelhou diante dele.

— Muito bem, Cileno. — disse ele, satisfeito, com a harpia.

Sua aparência era de um jovem humano de mais ou menos vinte e cinco anos de idade. Sua beleza era obscura. Seus cabelos eram da cor do ébano e sua pele era pálida. Seus cílios eram negros e volumosos e seus olhos eram encantadoramente azuis. Corpo atlético e trajando uma surplice formosa, ele era um belo guerreiro das trevas. Era impressionante que uma figura tão bela estivesse ali, no meio de um mundo inundado em trevas.

Delfos olhou para Atena e notou que ela o conhecia.

— Atena, você o conhece? — perguntou ele.

Ela balançou a cabeça sem tirar os olhos do homem.

— Conheço. — disse ela. — Ele é o deus da escuridão que reside no Tártaro carregando o título de “Príncipe das trevas”. É o herdeiro legitimo do Imperador Hades e fruto de sua relação com Perséfone. Ele é... Oberon!

O homem sorriu.

— Atena, vamos deixar as apresentações para depois. — sua voz era “fria” e serena. Ele estendeu a mão e restringiu os movimentos de Atena e Delfos. — Harpias! Levem os dois para o castelo. Temos muito o que conversar, não é mesmo, Atena?

Atena e Delfos tentaram reagir mais não conseguiam porque estavam muito fracos. As harpias os seguraram firmes e os amarraram com grossas correntes que se materializaram nas sombras. O homem sorriu para Atena e em seguida se dissolveu em trevas.

—...—


Fronteira entre a França e Alemanha

Onde estamos, Alkes? — perguntou Seiya.

Seiya e os outros estavam em pé em um giradouro, semelhante a uma praça, que ligava duas ruas. Em ambas as ruas haviam poucas casas. De longe Seiya avistava um supermercado com um letreiro alto. “Simply Market”. Ao lado do giradouro havia uma floresta de arvores altas, mas sem folhas. Eles estavam esperando Shun, Henry e Eros voltarem para poder seguir em frente.

Estamos na fronteira entre França e Alemanha. — respondeu Alkes. — Esse giradouro, Seiya, delimita a fronteira entre a cidade francesa de Spincheren, em Lorraine, e a cidade alemã de Saarbrucken, em Saarland. São duas cidades tranquilas.

Jabu e Nachi conversavam afastados do grupo e Plancius apenas observava, calado, a conversa dos dois. Shina estava encostada em um poste calada. Seiya olhou para ela e pensou com conversar, mas achou melhor não atrapalhar os seus pensamentos. Jake e Kastor estavam ao lado de Seiya conversando.

O sol começou a aparecer no horizonte e Nachi foi o primeiro a notar.

— Seiya! — chamou Nachi. — O sol!

Isso significava que o prazo do tempo dado para esperar Shun e os outros havia acabado. Eles teriam que seguir em frente sem o Shun.

Temos que partir. — disse Jabu.

Ainda não. — disse Seiya. — Shun é um homem de palavra. Vamos esperar só mais um pouco.

Jabu revirou os olhos.

Seiya, não temos tempo. Basicamente temos doze horas pra abrir as portas da morte antes que anoiteça e a lua de sangue comece. — disse Jabu. — Não sei se você esqueceu, mas ainda vamos até Thanatos e ele não é um deus pacifico que vai facilitar as coisas.

— Eu sei, Jabu, mas vamos esperar só mais um pouco. — disse Seiya, tentando se conter e olhando atentamente para a rua que seguia em direção a França.

Jabu revirou os olhos e se afastou do grupo com as mãos no bolso. Ele estava preocupado com Saori, mas não queria demonstrar isso aos demais. Poucos minutos se passaram e o fluxo de carro e de pessoas começou a aumentar.

A quantidade de civis aumentou, Seiya. — disse Alkes. — Por segurança temos que sair daqui. Não tem outro jeito. Vamos ter que seguir em frente sem o Shun e os outros.

Seiya ia responder, mas parou ao avistar Shun, Henry e Eros correndo no final da rua. Seiya sorriu.

Eu disse que ele viria.

Jabu olhou por cima do ombro e voltou para juntos dos demais.

E então Eros? O que aconteceu? — perguntou Shina.

Uma longe história, Shina. — disse Eros, educadamente, tentando não falar muito sobre o assunto. — No caminho eu conto o que aconteceu. Agora temos que ir.

Seiya acenou com a cabeça concordando.

— Vamos!

— Antes de irmos, tenho uma aviso para dar. — disse Alkes. — A Alemanha está repleta de berserkers espalhados esperando por nós. Não se descuidem. O caminho até Munique é longo. Vamos!

Todos acenaram com a cabeça e seguiriam Alkes, rumo ao Museu de Munique.

—...—


Roma – Vaticano

O Vaticano amanheceu agitado. Carruagens com pégasos negros foram estacionadas no pátio à espera dos deuses e dos servos dos deuses. Os berserkers se organizavam e os soldados se enfileiravam prontos para partirem para o Santuário. O grande dia havia chegado para eles. Em poucas horas o palácio do Vaticano seria esvaziado e abandonado. Todo o exército de Ares iria se mudar definitivamente para o Santuário da Grécia. Incluindo a ida de Ares.

Na prisão subterrânea do Vaticano uma chacina estava acontecendo. Todos aqueles que foram presos pelos berserkers – padres, bispos, sacerdotes e todos os outros homens e mulheres que residiam no Vaticano – foram assassinados ou violentamente machucados e deixados para morrer agonizando na própria poça de sangue.

No fundo do extenso corredor de celas, gritos ecoavam. Eram urros de dor. Os gritos eram tão altos que atravessavam as paredes e podiam ser ouvidos em outros recintos do palácio. Ares, acompanhado de duas berserkers, se dirigia até a cela onde os gritos surgiram. Dentro da cela, kydoismos, o chefe dos guerreiros chamados de Espíritos da Guerra, estava coberto de sangue torturando um homem sem misericórdia. O homem estava sem camisa e vestia apenas uma calça azul escuro. Estava de joelhos, mas com os braços abertos puxados por correntes presas no teto. Em sua barriga havia um punhal cravado. O homem tinha naturalmente uma pele parda, mas agora ele estava pálido e magro. Suas veias estavam visíveis e negras devido o veneno de hidra que entrou em sua corrente sanguínea. No canto da parede havia uma mesa repleta de instrumentos cortantes melados de sangue. Todos os instrumentos foram embebecidos com veneno de hidra, principalmente o punhal que estava cravado no abdômen do homem.

Sangue negro escorria de sua boca e ele suava intensamente. Seu corpo as vezes tremia e dava hisparmos. Suas feridas não estavam sarando devido o veneno interferir na defesa do seu organismo. O resultado disso era feridas necrosado. O homem exalava doença e morte.

— Já chega, Kydoimos! — disse Ares, entrando na cela. Kydoimos largou a ferramenta em cima da mesa e se afastou. — Então esse é o fênix?! Os deuses estavam preocupados com isso? Fênix, eu esperava um homem mais imponente quando lhe encontrasse, mas o que vejo é um humano frágil igual a todos os outros. Sua situação é... deprimente.

Ikki levantou o rosto para olhar para Ares. O rosto de Ikki estava muito inchado e um dos seus olhos estava tão roxo e inchado que ele nem conseguia abrir. Seu cabelo estava ensopado de sangue e suor. Diante de Ikki estava um deus de aparência “jovem”, mas com um ar muito maduro. Um rosto sério e rígido. Um olhar vivo com uma íris vermelha sedenta por sangue. O cosmo que fluía dele causava uma pressão no corpo de Ikki, como lhe obrigasse a se curvar. Sem dúvidas aquele homem era o deus da guerra. Ikki tentou formular palavras, nem que fosse para xingá-lo, mas sua garganta estava inflamada e suas cordas vocais não emitiam um som se quer.

— Provavelmente ele não vai conseguir lhe responder alguma coisa, senhor Ares. — disse Kydoimos. — Tentei de todas as maneiras fazer com que ele contasse o mínimo que fosse sobre o plano de Delfos, mas ele não disse uma palavra se quer.

— Quanto orgulho. Não tem problema. — Ares deu as costas saindo da cela. — Não resta mais nada que eles possam fazer para me deter. Quando o ultimo selo se romper, qualquer preocupação a respeito desse plano será deixado de lado. As tentativas do fênix em achar minha Onyx na Alemanha não deram certo e nesse momento berserkers guardam o castelo de Hades impedindo o avanço do pégasos e dos demais em encontrar Thanatos. — Ares olhou para Ikki por cima dos ombros. — A guerra santa acabou, fênix. Estou partindo para o Santuário nesse momento. Logo dominarei todas as outras forças restantes que junto com o Santuário “defendiam” a Terra. Nem mesmo o reino abandonado de Poseidon passará despercebido. — Ares se virou e saiu da cela. — Kydoimos, vá se preparar para a partida. Chamem os guardas para fazerem o deslocamento do fênix para uma das carruagens. O levarei ao Santuário e irei executá-lo diante dos demais.

— Sim, senhor. — disse Kydoimos.

Ares se retirou acompanhado das duas berserkers, deixando Kydoimos com o fênix na cela.

...

— Vai continuar fazendo essa cara emburrada até quando, Dionisio? — perguntou Afrodite, sentada diante de uma penteadeira, escovando seus longos cabelos dourados e admirando sua beleza no espelho. Sobre a penteadeira havia vários estojos de maquiagem, batom de diversas cores, lápis de olho, rímel e tantas outras maquiagens usadas pela deusa. Seus lábios estavam intensamente vermelhos, seus olhos penetrantes com cílios volumosos e olhos tão azuis quanto uma safira. Cachos modelavam as pontas dos seus longos cabelos. — Ares não fez por mal.

Dionisio estava deitado na cama com os braços atrás da cabeça. Ele olhava para a janela vendo o sol nascendo. O quarto era espaçoso e tinha uma cama enorme forrada por um lençol branco e cheio de travesseiros de penas de ganso.

— Estou com vontade de deixar ele bêbado e empurra-lo em uma poça de bosta. — disse Dionísio, irritado.

Afrodite não conseguiu se conter e deu uma gargalhada. Ela adorava a presença de Dionísio. Eram grandes amigos pra tudo. Cumplices de tudo. A dupla perfeita. Os segredos, delírios, paixões e travessuras eram compartilhados sem qualquer resquício de desconfiança.

— Anime-se, meu querido. Vamos ao Santuário definitivamente e certamente daremos mais uma festa. — disse Afrodite, se levantando e indo até o guarda-roupa escolher um vestido. — Dessa vez espero que não tenhamos outra infeliz intromissão.

— Eu não ficaria surpreso. Você não acha que ainda resta traidores e rebeldes esperando uma hora para agir contra Ares? — perguntou Dionísio, sentando na cama. — A festa novamente seria uma oportunidade, digamos, perfeita.

— Ah, não se preocupe com isso. — Afrodite girou para Dionísio sorrindo. — Ares fará um discurso que aniquilará qualquer rebelde.

Dionísio sorriu.

— Sério, você é louca. Precisa se internar.

Afrodite sorriu piscando para Dionísio.

— Bons tempos se aproximam, meu adorável bebum. — Afrodite sentou na cadeira, em gente a penteadeira. — Hefesto já não me perturba mais. Quando Ares tomar o Santuário oficialmente, eu irei romper minha união com Hefesto. Não precisarei dar qualquer satisfação ao Olimpo. Muito menos a Apolo.

Não acho que Apolo vá gostar disso. Atena também era independente em relação ao Olimpo e esse é um dos motivos de Apolo querer a queda dela. Na verdade, Apolo quer todos os deuses submissos a ele.

— Então que ele espere sentado, mofando naquele trono.

Alguém bateu na porta do quarto e em seguia a porta abriu. Uma das criadas de Afrodite entrou com a cabeça curva.

— Senhora, perdoe-me por interrompe-la, mas o senhor Ares lhe espera no salão principal. Creio que já vamos partir. — disse ela, com uma voz doce.

Afrodite se levantou e foi até a criada. Ela sorriu para a menina e levantou o rosto dela.

— Já disse que não precisa ficar curvando a cabeça dessa forma. Assim você não vai mostrar a beleza do seu rosto.

— Sim, senhora. — disse a criada.

Agora e diga a Ares que eu desço daqui a alguns minutos. Preciso apenas colocar uma roupa descente.

— A senhora vai precisar de ajuda com os vestidos?

Afrodite olhou para Dionísio e sorriu.

Não, minha querida. Qualquer coisa Dionísio me ajuda. Pode ir.

— Sim, senhora. Licença.

A criada passou pela porta e a fechou.

...

O salão principal do Vaticano estava lotado de berserkers. Ares estava no centro do salão acompanhado de Deimos e Kydoimos. Deimos vestia sua onyx com as asas retraídas e Kydoimos também trajava sua onyx pesada e repleta de marcas das inúmeras batalhas que enfrentou. Ares vestia uma simples onyx negra semelhante as armaduras que os soldados gregos utilizavam e preso em sua ombreira havia uma longa capa vermelha.

O ranger de correntes chamaram a atenção de todos que estavam no salão. Os soldados berserkers das masmorras estavam levando Ikki para uma das carruagens. Ele seria levado ao Santuário e de acordo com Ares, seria executado. Ikki quase não conseguia andar. Seus passos eram lentos e esforçados. As correntes faziam seus pulsos sangrarem e seu cosmo já não queimava mais de tão fraco.

— Vejam, homens! — gritou Ares, para todos que estavam no salão. — Talvez vocês não o conheçam pessoalmente, mas esse homem... — Ares estendeu a mão, mostrando Ikki para os berserkers e deuses. — que vocês estão vendo acorrentado e fendendo a morte, é um dos cinco cavaleiros lendários que deixou o Olimpo em alerta a ponto de prepararem assassinos de elite para mata-los. Esse homem diante de vocês é, nada mais nada menos, do que Ikki de Fênix. O mais poderoso de todos os cinco lendários. — Ares falava com entusiasmo. Ele esboçava um olhar altivo com seus olhos vermelhos e um sorriso no canto da boca. Ao citar o nome de Ikki, murmúrios podiam ser ouvido entre os berserkers. — Homens como o Fênix, são tipos de oponentes que primeiro rasgamos a garganta para depois dialogar. Os outros deuses falharam porque são pacíficos demais. O nosso exército não tem espaço para misericórdia. Lembrem-se disso! — ainda com o rosto inchado, Ikki olhou de lado para Ares e em troca Ares sorriu. — Nos vemos mais tarde, Ikki. Guardas! Levem-no

—...—


Cidade de
Saarbrucken – Saarland – Alemanha

Seiya e os outros, agora na Alemanha, se digiram até a cidade de Munique, onde iriam finalmente encontrar Thanatos que foi selado novamente na caixa sagrada de Atena há quinze anos atrás, na Guerra santa contra Ares.

Alkes alertou sobre haver berserkers na Alemanha esperando pela chegada deles. A atenção agora deveria ser redobrada. Ao sair de Saarland, eles passaram pela cidade de Mannheim, mas a cidade parecia deserta. As ruas estavam vazias e os estabelecimento estavam abandonados. A armadura de Andrômeda, fundida no cosmo de Shun, sinalizou sobre a presença de uma ameaça, mas não foi só Shun que notou. Jake, com seus sentidos apurados, percebeu que a cidade exalava um forte fedor de morte. Seiya e os outros já desconfiavam de que havia algo de errado naquela cidade.

A sensação de que alguém os observava ficava maior a cada passo. Era uma impressão estranha e incomoda. Todos foram pegos de surpresa quando uma vitrine de uma padaria se quebrou e uma grande besta atravessou, aterrissando a pouco metros à frente de Seiya e dos outros. O animal era esquelético e tenebroso. Ele estava apoiado nas quatro patas e de longe parecia um cervo muito magro, mas ao avistar o grupo de Seiya, ele ficou em pé, apoiando-se nas patas traseiras curvadas. Seus braços eram tão longos que tocavam o chão. Suas mãos eram enormes, deformadas, parecendo que estavam inchadas e possuíam longas e afiadas garras. Suas pernas eram patas de bode e seu casco parecia ser de ferro. O peito do animal tinha suas vertebras e órgãos espontos. A carne era exposta e necrosada, derramando sangue e uma secreção amarelo-esverdeada. Sua cabeça era uma mistura de lobo com chifres de cervo. Seu pescoço era repleto de cortes profundo e de sua boca ele babava sangue. Todo seu corpo era coberto por um pelo escuro e tinha uma pele parda. Da sua cabeça escorria cabelos castanhos bagunçados e sujos de sangue.

— Mas o que diabos é isso? — perguntou Plancius, com medo. Ele tremia só de olhar para a criatura. Os olhos do animal eram totalmente negros.

— Talvez seja o próprio diabo. — disse Henry.

— Ele fede! — disse Jabu.

Jake deu alguns passos à frente com os olhos arregalados. Kastor olhou espantado para Jake.

— Jake?! — chamou Kastor. — O que foi? O que você está vendo?

— Isso na nossa frente... é um berserker em sua forma de “metamorfose”. — ao redor do animal Jake podia ver sua aura. Era intensamente escura, mas as vezes emitia tons fortes de vermelho-sangue. — O mais surpreendente é o tamanho do cosmo e violência que ele emana. Não existe nada nele além do desejo de matar.

As palavras de Jake saíram com tanto temor, que todos ficaram ainda mais assustados. O céu estava um pouco nublado e isso tornava o dia ainda mais obscuro. Encontrar aquela criatura de dia já era terrível, encontrá-la de noite poderia ser ainda pior.

— Quem é você? — perguntou Seiya.

O animal urrou e seu cosmo se elevou. O urro soou na mente deles como palavras.

Me chamo Kami de Wendigo, do exército de Medo. Vocês me fizeram esperar demais, cavaleiros. Matei todos dessa cidade enquanto aguardava por vocês. Já estava me perguntando se teria que ir para a próxima cidade me divertir um pouco.

Todos arregalaram os olhos surpresos. Todos naquela cidade estavam mortos. Não existia um ser vivo se quer naquela cidade com exceção deles. Cerca de cento e setenta mil pessoas devoradas por uma besta.

— Eu não acredito que... — Nachi estava apavorado.

— Ele está falando a verdade, Nachi. — disse Jake, lendo a aura da criatura.

Não tenho culpa se a minha fome as vezes é insaciável. Vamos deixar de conversa e vamos ao que interessa... — a criatura urrou e partiu para o ataque. Os seus primeiros passos pareciam o de um animal comum, mas em seguida ele se movimento tão rápido que os cavaleiros de ouro mal puderam ver.

Kami girou com os braços abertos e foi certeiro ao atingir Jabu, Nachi e Plancius, arremessando-os violentamente contra a parede com apenas um golpe. Shina avançou em direção a kami preparando um golpe, mas ele desviou sem dificuldade e chutou Shina lançando-a para o alto. Eros preparou uma rosa vermelha, mas Kami o atacou primeiro segurando no braço de Eros e o lançando-o contra Henry, fazendo os dois serem arremessados. Shun invocou suas correntes e Alkes invocou suas lanças de Oricalco. As lanças foram arremessadas e uma das lanças atingiu Kami, fazendo com que ele urrasse de ódio, mas aquilo não parrou a besta e uma velocidade monstruosa Kami passou por Shun segurando uma das correntes de e envolveu no pescoço de Alkes com força. Shun repeliu Kami criando um golpe similar ao “Corrente Nebulosa” e assim salvando Alkes. Kami girou para trás e aterrissou com força, abrindo pequenas crateras em baixo dos seus cascos.

Jake e Kastor atacaram em seguida. Com o punho envolvido por cosmo, Jake lançou um soco na velocidade da luz que em seu percurso rasgou o solo.

— Capsula do Poder!

Kami estendeu os braços e parou o golpe de Jake, jogando em seguida para cima. O golpe explodiu emitindo um clarão. A agilidade de Kami, aos seus olhos, era como se tudo tivesse acontecendo em câmera lenta, mas aos olhos dos cavaleiros era tudo um borrão. Kastor abriu os braços distorcendo o tempo e o espaço para arrastar Kami para dentro do “Outra dimensão”, mas Kami se teletransportou fugindo do alcance do golpe e em seguida surgiu atrás de Kastor e disparou um golpe potente com um chute que arremessou Kastor contra a Jake e ambos foram jogados contra a parede. De todos só restou Seiya. A besta correu em zig-zag e atacou com suas garras, mas não foi rápido o suficiente para Seiya. Seiya ergueu o braço e se defendeu, ficando com o rosto a poucos centímetros das longas e afiadas garras. A pressão do impacto fez com que os pés de Seiya afundassem formando uma pequena cratera.

Vejo que existe alguém que possa fazer frente a minha velocidade. — disse Kami, urrando. Seiya de Sagitário, eu sou o berserker mais veloz do exército do Senhor Phobos.

— Saiba que nem todos se impressionam com isso. — disse Seiya.

— Seiya, tome cuidado! — alertou Jake, se levantando. — Ele é muito poderoso!

— Ele deve ser um dos berserkers que o Senhor Asclépio mencionou. — disse Jabu, tentando se levantar. Seu corpo dia como se seus ossos estivessem sido esmagados. — Esse berserker é semelhante a Hayato. Ele não precisa do rompimento do segundo selo para exibir todo o seu poder.

Seiya sorriu.

— Interessante. Enfrentei Hyato uma vez. Lembro do quanto ele era forte. Foi uma pena eu não estar em boas condições para lutar com ele naquele dia. — disse Seiya.

Mas vejo que agora está. Lute comigo, Seiya! Terei o prazer de arrancar a sua pele.

Lutarei com todas as minhas forças. — disse Seiya abandonou o sorriso de desdém e ficou com uma expressão séria elevando o cosmo. — Vou lutar principalmente para vingar a morte de todas as pessoas dessa cidade! A sua atrocidade não seria perdoada!

— Tanto cosmo assim sendo elevado vai acabar chamando a atenção de outros berserkers. — pensou Alkes. — Essa luta não pode se estender tanto.

Kami elevou o seu cosmo e sorriu.

Otimo, pégasos! — o cosmo de Kami o envolveu e seu cosmo começou a mudar de forma. Motivado pelo ódio ou sentimento de vingança, dê tudo de si. Irei corresponder ao seu espirito de luta. Lutarei na minha forma humana com todas as minhas forças!

Enquanto seu corpo se modelava, dava para ouvir o som de ossos se quebrando e músculos se mexendo. Quando o cosmo que envolvia Kami se dissipou, revelou um homem alto muito magro de pele bastante pálida. O corpo da besta se transformou em uma onyx negra com detalhes vermelhos. O elmo era um crânio negro de lobo com altos e pontiagudos chifres de cervo. Suas mãos desincharam, mas as garras continuam grandes e afiadas.

— Prepare-se, Seiya! — disse Kami, concentrando seu cosmo em suas garras e partindo pra cima de Seiya com uma velocidade assustadora.

Ele atacou descendo com suas garras afim de partir Seiya ao meio, mas Seiya saltou desviando do ataque. Com um ótimo reflexo, Kami se teletransportou e surgiu a cima de Seiya, pegando-o de surpresa. Antes que Seiya tomasse qualquer atitude, Kami disparou um golpe em um soco direto que atingiu o peito de Seiya e o lançou ao chão, fazendo ele rasgar o solo. O chão se desprendeu com o impacto e uma nuvem de poeira se levantou.

— Ele é muito rápido! — disse Alkes, surpreso, pra Shun. — Tão rápido que se quer dá a oportunidade do adversário pensar.

— Mas Seiya pode acompanhar a velocidade dele. Basta Seiya se adaptar a isso. — disse Shun. — Provavelmente Seiya também seja o mais rápido entre os cavaleiros de Atena. Vai ser uma luta em pé de igualdade.

— Mas e o cosmo? — perguntou Alkes.

Estão basicamente empatados. — quem respondeu foi Jake. — Eu posso ver. O cosmo de Seiya não é inferior ao do berserker. Pelo contrário.

Seiya surgiu de dentro da nuvem de poeira estendendo a mão para o lado, fazendo surgir o seu arco. Ele utilizou para se defender no momento em que Kami avançou com suas garras. As garras de Kami eram assustadoramente resistentes. Pareciam ser feitas de pura onyx. Kami continuava avançando atacando e Seiya apenas recuava se defendendo, até que kami saltou e girou aplicando um chute, mas Seiya cruzou os braços e colocou o seu arco na frente parando o golpe. O impacto gerou uma pressão que fez o chão abaixo de Seiya se desprender.

Kami se teletransportou mais uma vez e agora atacou Seiya frente a frente com suas garras, mas Seiya desviou para o lado e as garras de Kami afundaram o chão. Aproveitando que o berserker estava com a mão presa, Seiya girou concentrando cosmo em sua perna e aplicou um forte chute em Kami, arrancando o seu elmo e lançando-o contra a parede de uma barbearia.

Você luta como se fosse uma besta sem controle. Noto que não existe um código de honra para você. — disse Seiya. — Você apenas parte pra cima sem hesitar e golpeia pra matar e não simplesmente ferir.

Kami se levantou sorrindo. O seu elmo havia caído com o chute e agora revelava seu rosto, um rosto esquelético e com uma pele muito palida. Seus olhos eram da cor do ébano e seu cabelo castanho cacheado, sujo de sangue e suor, caia no seu rosto. Seu sorriso era amarelado com dentes afiados.

É assim que um berserker de verdade luta, pégasos. Por acaso esqueceu das outras guerras santas? Inclusive essa não é a primeira vez que nos enfrentamos. Não se lembra de quando lutamos na era mitológica no Templo do Senhor Ares? Eu estava com as garras prestes a arrancar a sua cabeça quando o maldito Cavaleiro de Libra interferiu. — havia um corte em sua testa e sangue escorreu entre os seus olhos. — Não me compare com outros berserkers que você conheceu. Muito menos com o metido do Hayato. — Kami concentrou cosmo entre suas mãos formando uma esfera de energia concentrada. — Somos guerreiros livre do medo, duvida e hesitação. Quanto mais um berserker perde seu lado humano e controla o poder da onyx, mais forte ele fica. Esse controle é difícil e doloroso, então por isso poucos tem sucesso. — Kami soltou a esfera, jogando-a pra cima, e ela se transformou em uma lança negra. — Essa lança é um presente do Senhor Phobos, dada a mim que fui o primeiro berserker a servi-lo, e será nela que eu levarei a sua cabeça!

Kami avançou e em seguida se dissolveu em trevas. Seiya arregalou os olhos e só então sentiu a presença do berserker atrás dele se materializando na velocidade da luz e atacando com a lança. Seiya girou para se desviar, mas a lança ainda pegou de raspão nas costas da armadura abrindo um corte e perfurando a asa. Antes que Seiya se equilibrasse, Kami usou sua mão livre para disparar uma rajada de cosmo que atingiu Seiya em cheio e o arremessou.

Ao ser arremessado, Seiya abriu as asas e voou preparando seu arco e materializando uma flecha. Ele a puxou, envolvendo-a com o seu cosmo, e então disparou. A flecha dourada se multiplicou e desceu em direção a Kami como se estivessem sendo envolvidas por raios. Com o uso da lança, Kami se defendeu de algumas flechas e se desviou de outras. Ao atingir o chão, as flechas abriram crateras com poderosas explosões. Kami estava se defendendo bem, mas uma delas pegou em sua perna de raspão trazendo danos a onyx.

— Ele desviou das minhas flechas! — pensou Seiya, surpreso.

Henry, que observava de longe, estava tão surpreso quanto Seiya.

— Aquelas flechas... Eram tão rápidas que muitas delas eu não conseguir enxergar, mas aquele berserker se defendeu com muita precisão.

— São berserkers assim que obrigaram os Cavaleiros de Ouro na primeira Guerra Santa utilizarem as armas de libra. — disse Eros, para Henry.

Seiya pousou a poucos metros de distâncias com as asas douradas abertas e com o arco na mão. Seu cosmo estava elevado e ele arfava devido ao cansaço. O golpe da lança não apenas rasgou as cortas da armadura de Sagitário, mas também o cortou. Seiya também tinha escoriações pelo seu corpo.

— É um bom arqueiro, pégasos. — disse Kami. Ele sorriu, mostrando seus dentes amarelos e afiados, ao ver gotas de sangue caindo atrás de Seiya. — Mas o ouro da armadura de Sagitário não lhe cai muito bem. O branco da sua armadura divina era tão belo e eu adorava mancha-lo com sangue.

Não tenho tempo para as suas insanidades, berserkers. — Seiya preparou o seu arco novamente e elevou o cosmo. — Não tenho muito tempo.

— O tempo realmente não está ao seu favor. A lua de sangue é hoje a noite e Atena pode estar morta no tártaro. — disse Kami. — Torço muito para que ela tenha sido devorada e sua essência espalhada pelas infinitas dimensões.

Seiya cerrou o punho.

— Calado! O único que vai morrer e terá a essência espalhada será você!

Kami girou a lança nas mãos e sorriu.

— Então lute, pégasos! Para que possa salvar a sua amada cadela. — o cosmo de Kami se elevou intensamente. A pressão pressionava o chão, fazendo ele se desprender. — Irei concentrar nesta lança todo o meu cosmo e ela irá atravessar o seu coração! — a lança se dissolveu e sua essência envolveu o punho de Kami. Agora o próprio braço do berserker era a lança. O cosmo era negro e vermelho, emanando violentamente como chamas prontas para consumir tudo. — Você vai cair, pégasos! Seu mito se encerra aqui!

— Ainda não! Só quando Atena estiver salva e Ares estiver selado no Tártaro! — disse Seiya, elevando o cosmo. Ele preparou seu arco e flecha apontando para Kami. O cosmo de Seiya se concentrou em sua flecha e na ponta da flecha surgiu um brilho que se dissipou formando um círculo de luz. — Flecha estelar! Do círculo de luz que se projetava diante da flecha, surgiu centenas de flechas douradas. — Desapareça diante da luz de Sagitário!

Uma chuva de centenas de flechas douradas cruzou a rua em direção a Kami. A potência do golpe gerava uma forte corrente de ar e rasga o solo em seu percurso. Kami sorriu.

Eu venci, pégasos! Lance timere!Kami concentrou o seu cosmo e disparou um soco potente. O golpe seguiu como uma rajada de cosmo contendo uma lança negra feita de cosmo em seu interior.

O cosmo saia arrastando tudo pela frente e então se chocou com as flechas douradas de Seiya. O choque dos golpes causou uma potente pressão e deslocamento de ar, despedaçando as residências e comércios ao redor. A lança estava tendo seu percurso impedido pela saraivada de flechas douradas, assim como as flechas estavam sendo detidas pela poderosa rajada de cosmo de Kami. O golpe estava concentrando em os dois e crescia desordenadamente. Uma cratera se formou entre eles e continuava a crescer.

Plancius se levantou impressionado.

— Se continuar assim...

— Toda a cidade será destruída! — disse Kastor.

A energia continuava sendo alimentada pelo cosmo de ambos, que não abaixavam os braços depositando toda a força naquele golpe. O primeiro que cometesse um pequeno descuido seria atravessado pelo cosmo do oponente. Para a surpresa de todos, Seiya caiu de joelhos, mas sem abaixar os braços, e nesse momento Kami sorriu. Seiya sentia o seu corpo pesado. Era como se estivesse carregando toneladas em suas costas.

— O que está havendo com o meu corpo?!

— É o seu fim! — Kami intensificou o seu cosmo e disparou, aumentando a potência da lança. Na medida em que a rajada de cosmo continuava a interceptar as flechas douradas, a lança negra pulsou e atravessou o golpe de Seiya. — Essa batalha já havia terminado desde o momento em que você foi cortado pela lança, pégasos! Uma das habilidades dela é de pesar o corpo do oponente na medida em que ela o fere e assim dificulta a locomoção. Contudo, sua habilidade principal... — Kami sorriu e arregalou os olhos negros como se fosse um louco. — É de perfurar de forma precisa o coração do oponente! — gritou ele.

— Seiya! — gritou Shun

A concentração de cosmo entre Seiya e kami saiu de controle e explodiu. A explosão se transformou em uma gigantesca bola de fogo e cosmo que se espalhou tragando tudo pela frente e arremessando tudo para o alto. Jabu e os outros foram envolvidos na explosão e foram arremessados juntos com os destroços. Casas, lojas, ruas, hospitais, tudo, foi tragado pela explosão que subiu como um cogumelo de fumaça e chamas.

Todos se levantaram saindo dos escombros. Estavam com cortes nas testas, escoriações e queimaduras. Se não fosse as armaduras deles que os envolveram no momento da explosão, todos teriam provavelmente morrido.

Shun e os outros arregalaram os olhos achando que a lança havia atravessado o peito de Seiya, mas para a surpresa de todos, quando a nuvem de poeira abaixou, viram Seiya ajoelhado segurando a lança negra com uma das mãos. O mais surpreendente de tudo foi que sua armadura de ouro havia sido substituída por uma armadura branca-azulada com detalhes dourados. Ele parecia um anjo ajoelhado com suas largas asas encostando no chão.

Alkes deu alguns passos cambaleando.

— Aquilo é...

— A armadura divina de pégasos! — disse Shun — A armadura de pégasos veio até Seiya para protege-lo.

— Então aquilo é uma armadura divina?! — disse Jabu, impressionado.

— É linda! — disse Shina.

— A aura que está envolvendo Seiya... — disse Jake — É uma aura quase divina.

— Um cavaleiro veste uma armadura divina quando o seu cosmo queima além do oitavo sentido e reage com o sangue de Atena. — explicou Shun. — Um cosmo muito próximo do cosmo dos deuses.

Kami estava surpreso.

— Ele parou a lança?! Mas isso deveria ser impossível! Essa lança é uma arma divina!

— Agora eu lembro de você, Kami de Wendigo! — disse Seiya, se levantando, ainda com a lança apontada para o seu coração, mas presa em sua mão. A voz de Seiya estava diferente. Estava mais sério e seu cosmo emanava de forma serena e poderosa. — Temos uma luta para terminar!

— Você é... — Kami arregalou os olhos. Parecia, pela primeira vez, estar assuatado. — Pégasos! Você despertou a sua consciência!

Pégasos elevou o cosmo e destruiu a essência da lança, fazendo com que ela se dissolvesse.

— Desapareça desse planeta! Sua presença nessa terra sagrada é uma ameaça para a paz e a justiça. Monstros como você não tem o direito de viver aqui! — ele concentrou seu cosmo em seu punho direito e do seu cosmo surgiu a imagem de um pégasos de asas abertas atrás dele. — Meteoros de pégasos!

Mais de um bilhão de socos foram disparados por segundo e seguiram na velocidade da luz na forma de meteoros cruzando os destroços e acertando Kami em cheio. O berserker gritou e teve sua onyx destroçada e em seguida seu corpo foi despedaçado e pulverizado pelo golpe. A armadura divina se desfez, recuando para o corpo de Seiya se fundindo ao seu cosmo, e em seguida Seiya caiu inconsciente.

—...—


Vaticano – Roma

Ares estava no topo da escadaria acompanhado de Deimos e Kydoimos no seu lado esquerdo e Afrodite e Dioniso no seu lado direito. Diante deles, no pátio, havia milhares de bigas douradas com adornos vermelhos puxadas por cavalos negros vestindo com peças de onyx. Eles tinham os olhos e patas em chamas. Os violentos e carniceiros corcéis do exército de Ares. Nas primeiras fileiras, as bigas eram montadas por berserkers do exército de Phobos e Deimos. As demais eram montadas pelos berserkers rasos.

Diante das bigas havia algumas carruagens puxadas por pégasos negros. Essas carruagens iriam levar os servos dos deuses e os deuses, com exceção de Ares, pois o deus da guerra possuía uma majestosa quadriga vermelha com adornos dourados puxadas por quatro formosos cavalos negros. Eram musculosos e tinham o pelo escuro como ébano.

Ares desceu as escadas e se dirigiu até a sua quadriga, subindo nela.

Hoje iremos definitivamente para o nosso novo Santuário! — gritou o deus. — Berserkers! A Terra... O mundo... é nosso!

O gritou de Ares gerou um gritou de comemoração dos seus berserkers. Afrodite sorriu com a empolgação de Ares e entrou na carruagem com Dionísio. Kydoimos e Deimos subiram em uma das bigas entre os berserkers. Ikki, preso em correntes, estava ajoelhado em uma das bigas acompanhado de três berserkers que montavam a guarda.

Ares estendeu a mão e no fundo do pátio o espaço se distorceu e abriu uma passagem dimensional. Do outro lado do portal podia se ver as brancas colunas gregas, as doze casas e um coliseu lotado de berserkers, soldados e cavaleiros.

Ares estralou as rédeas dos seus cavaleiros e sua carruagem seguiu entre o caminho que cortava o seu exército em dois numerosos grupos. As carruagens foram logo atrás e em seguida o exército montado nas bigas, cruzando a passagem dimensional.

—...—


Santuário – Grécia

O céu se distorceu e o Coliseu se agitou. Era os berserkers e soldados rasos de Ares comemorando a chegada do deus da guerra. Não tinha uma forma mais imponente do que aquela de entrar no Santuário demonstrando seu poder e conquista. Montando de forma imponente em sua quadriga, Ares surgiu da fenda dimensional emanando um cosmo vermelho poderoso, esboçando um sorriso de orgulho e erguendo uma lança dourada, seguido pelo seu forte exército.

—...—


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Notas finais do capítulo

Grupo da fanfic no facebook: https://www.facebook.com/g roups/562898237189198/

Nesse grupo você acompanha o lançamento dos capítulos e ainda tem acesso ao perfil e histórico de alguns cavaleiros.

Também temos o grupo no Whatsapp. Caso queira entrar basta me mandar um recado: 81 97553813

Próximo capitulo: Ares se reúne com os deuses na "Sala do Grande Mestre" para discutir a respeito da invasão dos outros Impérios e sobre os cavaleiros rebeldes que estão indo atrás do deus da morte, mas a reunião é interrompida com a chegada do deus da escuridão. Enquanto isso no Tártaro, Atena e Delfos recebem uma visita inesperada que se apresenta como um aliado na Guerra Santa. Em Jamiel, Kiki revela a missão que Delfos confiou a ele.

Capítulo 37: O monte da expiação. Os reinos do mundo.


Eae galera!! Preciso nem comentar que demorou né? kkkk demorou pakas (de novo), mas juro que não é de proposito. Mesmo nas férias sou ocupado pra caramba. Espero que gostem do capítulo. Depois deixa seu comentário a respeito do capítulo. Isso incentiva bastante. Sua opinião é sempre importante. Abraços!



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