A Saga de Ares - Santuário de Sangue escrita por Ítalo Santana


Capítulo 23
Capítulo 22 - Os preparativos da guerra nórdica


Notas iniciais do capítulo

Asclépio explica aos cavaleiros sobre a missão de ir ate a Alemanha, sobre todo o mistério que se esconder nessa guerra santa e sobre o segredo dos berserkes. Enquanto isso Deimos prepara o seu exercito para invadir Asgard. Os terríveis berserkes do exercito de Deimos surgem para marchar com o seu deus.



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Capítulo 22 - Os preparativos da guerra nórdica.


Floresta Sagrada de Atena – Santuário

O cosmo de Shiryu continuou a queimar e Shiryu se comunicou através dele. Agora só restava sua consciência e o sétimo sentido.

— Não me subestime. — O cosmo de Shiryu tomou todo o seu corpo e o levantou. O que o movia agora era seu sexto e sétimo sentido, mas que logo também iriam desaparecer. As correntes de Henry atingem diretamente a alma do oponente e drena suas forças. Aos poucos os sentidos são tomados e a alma destruída. Até que sobre apenas uma casca vazia. — Lhe darei meu último golpe. Venha!!

— Sua deusa está morta!! Sua esposa está morta e seu filho logo morrerá... Está perdendo seus sentidos e está tão ferido quanto eu. Vá de uma vez por todas para o mundo dos mortos! Tenha sua alma devorada pelas chamas do inferno! Caia, enlouqueça e desapareça! "Ganância de Presépio!!!"

— Um milagre. É o que eu peço. — O céu escuro se transformou em um céu estrelado. Centenas de dragões dourados cruzaram o céu mostrando suas presas e indo contra Henry. — “Cólera dos Cem dragões!!”

O turbilhão do golpe Ganância de Presépio de Henry se chocou com o Cólera dos Cem dragões. Os golpes colidiram e explodiram. Toda a área foi devastada. A explosão dos golpes saiu tragando tudo ao redor. O Yomotsu foi iluminado pela explosão dourada e então tudo se apagou.

— Shiryu!!!!! — Seiya acordou ofegante. Estava suado e com a camisa molhada colada em seu corpo. Ele se sentou na cama e colocou a mão na cabeça. — Um sonho? Não. Eu sinto que algo aconteceu com Shiyru. — Seiya colocou a mão no peito e apertou a camisa. — Essa sensação...

Uma batida na porta e alguém entrou. Asclépio estava na porta, segurando sua bengala.

— Esperei a manhã toda você acordar. E parece que você sempre acorda gritando. — O deus sorriu e caminhou até ele. — Está suado. Teve pesadelos?

— Sim. Raramente tenho, mas quando tenho não são nada agradáveis.

— Entendo. Tire sua camisa e se deite. Quero ver como está o seu ferimento.

Seiya obedeceu e tirou a camisa, ficando apenas com uma curta bermuda. Tinha um corpo com músculos definidos, mesmo sendo magro. Seu corpo era repleto de cicatrizes finas e brancas. Marcas que ele adquiriu desde o seu primeiro dia de treinamento até os dias de hoje. Ele se deitou ficando de costas. Suas costas tinha um grande curativo feito por Asclépio na tentativa de curar o ferimento causado pelo golpe de espada que Seiya levou durante a luta contra Deimos. Asclépio pousou uma bandeja de prata na cama e então começou a tirar os curativos.

— Ótimo. — disse o deus com uma expressão de satisfação. — Para a sua sorte não ficou uma marca se quer. Se eu não tivesse aqui seu corpo estaria apodrecendo agora. Não só você como também aquela jovem sacerdotisa de Atena. A Saintia de Pavão.

— Pavlin?! Ela também sofreu ferimentos com a espada de Deimos?

— Sim. Parece que ela também tentou lutar contra Deimos. Só tentou. Uma loucura misturada com suicídio, mas não se preocupe porque ela já está recuperada. — Asclépio se levantou e colocou a mão no bolso. — Vá tomar um banho e passe na cozinha para comer algo. Depois me encontre lá fora. Você tem trinta minutos meu rapaz. —Asclépio deu mais alguns passos e parou. — Já ia me esquecendo. Leve a sua armadura.

—...—


Relógio de Fogo – Santuário da Grécia

— Qual a função dessa câmara? — perguntou Hayato.

Ele estava no centro de uma câmara circular de teto côncavo, em formato de abóbada. O teto era estrelado e constelações se projetavam e sumiam dando espaços para tantas outras. No centro da câmara havia doze pilares brancos que formavam um círculo e em cima de cada pilar havia uma estátua representando um signo do zodíaco. Um carneiro para Áries, um Touro para Touro, um casal de gêmeos para Gêmeos, um caranguejo para Câncer, um leão para Leão, uma mulher com vestido longo e par de asas para Virgem, uma balança para Libra, um escorpião para Escorpião, um centauro alado armado com arco e flecha para Sagitário, um bode com o tronco inferior na forma de um rabo de peixe para Capricórnio, uma mulher segurando um vaso para Aquário e um peixe para Peixes. Cada estatua emitia um brilho dourado como se fosse cosmo.

— Antes servia para o Grande Mestre fazer as reuniões secretas com os cavaleiros de ouro. Geralmente antes de uma guerra começar. — respondeu Deimos, se aproximando. A sola de sua bota ecoava contra o piso de mármore branco. O deus ainda trajava uma camisa escura de manga curta que definia seus músculos e uma calça preta de couro que entrava na bota de sua Onyx. Seu antebraço e suas mãos permaneciam cobertos pela Onyx. Carregava sua espada dentro de uma bainha preta e presa na sua cintura. — Hoje vai servir para que eu me reúna com os meus berserkes.

Deimos se dirigiu em direção a um grupo de seis berserkers que o aguardavam no centro da câmara.

— Senhor Deimos! — disse um dos berserkers, fazendo reverência.

— Malkereth de Baal. — disse Hayato.

O berserker era alto e forte com uma pele acinzentada. Usava uma capa preta que caia até as botas de sua Onyx negra robusta e espectral. Os cabelos eram negros da raiz até a metade do cabelo, sendo que a outra metade ia descolorindo do preto para o cinza que se convertia em branco. Os olhos eram pretos como as trevas.

— Por qual motivo o senhor nos reúne?

—...—


Floresta Sagrada de Atena – Santuário

Carregando a urna de Sagitário nas costas, Seiya saiu da cabana após tomar um rápido café da manhã. Ao abrir a porta seus olhos foram agredidos pela forte luz do sol que atravessava as arvores. No pequeno campo a frente da cabana estava o deus Asclépio conversando com Shina, Retsu, Alkes e Pavlin. Jabu e Nachi estavam mais afastados conversando reservadamente.

— Finalmente você saiu. — disse Shun que estava encostado em uma arvore próxima, causando um susto em Seiya que não tinha percebido a presença do amigo.

Shun esboçou um sorriso ao ver a reação de Seiya.

— Venha. — Shun estava vestindo uma calça branca de algodão, camisa verde escura, suspensório branco e sapatos marrons. — O Senhor Asclépio tem algo para nos mostrar.

Shun e Seiya se dirigiram ao deus e logo Jabu e Nachi também se aproximaram. Todos esboçaram um sorriso para Seiya como um gesto de “bom dia”. Seiya retribuiu e em seguida fixou o olhar em Pavlin, já curada de todos os ferimentos. A jovem vestia um vestido branco solto e curto que ia até seu joelho. Usava um bracelete dourado que trazia o símbolo do báculo de Atena cravado com uma pedra que emitia três cores: roxo, verde e amarelo. O adereço que indicava que ela era uma Saintia. Uma sacerdotisa de Atena.

— Está melhor Pavlin?

Pavlin se espantou com Seiya se dirigindo diretamente a ele.

— Estou sim. O Senhor Asclépio cuidou dos meus ferimentos.

— Que bom!

— Parece bem mais disposto, Seiya. — disse Asclépio sorrindo. — Então vamos logo ao que nos interessa.

Asclépio cravou sua bengala no chão e a cobra, que estava enrolada e petrificada na bengala, se soltou e caiu na grama, tomando a forma de uma grande Piton negra. A cobra sibilou e se arrastou ficando ao lado do deus. A cobra abriu a boca, mostrando suas presas, e Asclépio passou o dedo em uma delas fazendo seu dedo sangrar.

Todos olhavam curiosos, mas Alkes parecia não estar impressionado. É como se já estivesse acostumado com aquilo. Asclépio estendeu seu dedo para frente permitindo que uma gota de sangue caísse na grama, e em seguida seu dedo se curou.

As gramas que receberam a gota de sangue do deus logo ficaram douradas e então aquele brilho se espalhou formando um círculo. Parecia um tapete de ouro. Uma fina parede de cosmo divino começou a subir pelas bordas do círculo e cobrindo a todos formando uma cúpula cristalina. Dentro da cúpula o chão se transformou em um mármore preto repleto de pequenos pontos brancos como se fossem estrelas vistas da Terra. A cúpula também mudou. Agora mostrava caminhos tortuosos e dimensionais.

— Isso é... A Hiperdimensão!! — disse Seiya, surpreso.

Eles estavam vendo a hiperdimensão, o caminho dos deuses, projetado na parede da cúpula. Seiya, ainda impressionado, tirou a urna das costas e a pousou ao seu lado.

— Mas não estamos exatamente nela. — explicou Asclépio. —Estamos em uma dobra dimensional. Continuamos dentro da floresta sagrada e dentro da barreira, mas nesse pequeno espaço que eu criei com o meu sangue estou permitido a vocês que fiquem vivos em uma região isolada da hiperdimensão.

— Para onde vamos? — perguntou Shun.

— A hiperdimensão não é apenas um caminho para os deuses, é também um registro do tempo. Vamos olhar o passado, Andrômeda. Vamos observar a primeira guerra santa contra Ares. — respondeu Asclépio.

— Vamos voltar no tempo? — perguntou Jabu.

— Não! — respondeu Alkes. — Vocês apenas vão ver o passado refletindo nessas paredes através das ranhuras do tempo deixadas na hiperdimensão.

Asclépio sorriu e segurou sua bengala.

— Isso mesmo, Alkes. — Asclépio estendeu sua bengala e tocou na parede da cúpula que tremulou como se tivesse tocado na superfície de um rio. — Não vamos voltar no tempo. Serve apenas para que eu mostre o passado a vocês e assim ensine algo sobre essa guerra santa contra Ares.

Imagens começaram a surgir. Gritos, choque de espadas, chuva de flechas douradas cruzando o campo e atingindo um exército de soldados berserkes. No céu voava um cavaleiro de cabelo castanho e armadura branca. Possuía grandes asas brancas como se fosse um anjo.

— “Aquele cavaleiro... parece com...”  pensou Shun e olhou para Seiya.

No meio do campo de batalha surgiu uma biga dourada puxada por quatro cavalos negros – seus olhos eram de fogo e suas patas também eram tomadas por chamas – e em cima da biga um jovem forte e com expressões serias. Em sua cabeça um elmo negro com plumas vermelhas, que escondia seu rosto. Em sua mão direita uma lança dourada e na mão esquerda segurava as rédeas dos cavalos.

— Ares!! — disse Seiya, fechando o punho com força. Os olhos de Seiya foram tomados por um cosmo branco. Sua íris refletiu seu cosmo e seu corpo foi tomado por uma aura branca.

As imagens começaram a tremer e tudo ficou branco. Asclépio pôs a mão no ombro de Seiya e olhou nos seus olhos quando Seiya fixou o olhar no deus.

— Calma! — Os olhos de Asclépio brilharam e as imagens começaram a voltar ao normal. Todos estavam espantados sem entender o que estava acontecendo.

— Senhor... — Alkes tentou se aproximar, mas Asclépio estendeu a mão para ele acenando para que não desse mais nenhum passo.

— Um descuido meu. A parte da alma do Pégaso mitológico manifestou em Seiya ao ver Ares nas imagens. Uma reação normal já que estamos tão perto do mundo dos deuses. Aqui a alma do lendário guerreiro de Atena fica muito delicada. — explicou Asclépio. — Pégaso, você tem que se acalmar. Caso contrário os deuses vão perceber a nossa presença e virão atrás de você. — O cosmo se apagou e Seiya voltou ao normal. Um pouco desnorteado e olhando para Asclépio. Asclépio sorriu. — Estava pensando em algo, Seiya?

Seiya piscou, sem lembrar-se de nada. Os demais compreenderam que não deveriam tocar no assunto. Fingir que nada aconteceu, da mesma forma que Asclépio estava fazendo

— Prestem atenção nas imagens. — Asclépio tocou novamente com a bengala na parede da cúpula. — Essas são cenas da primeira guerra santa contra Ares. O motivo de eu estar mostrando isso para vocês é para que aprendam sobre o inimigo que estão enfrentando e que não devem subestimá-los. Vamos começar com... — Asclépio passou a mão no ar e as imagens pausaram. A cena era de um forte cavaleiro de Touro desferindo um soco que foi parado com apenas a palma da mão estendida de um berserker de longos cabelos negros, vestindo uma Onyx com um enorme par de asas negas. — Vamos começar com os berserkes.

— Hayato?! — disse Jabu

Asclépio olhou para a imagem e acenou balançando a cabeça.

— Isso mesmo. Esse é o braço direito de Deimos e é um dos berserkers mais poderosos do exército do Terror, se não for o mais poderoso. Vocês já devem ter conhecido algum berserker ou enfrentado um e já devem ter ideia do poder que eles possuem, mas esse ainda não é todo o poder deles.

— Como assim? — perguntou Nachi.

— Os berserkes em si são poderosos, mas eles vão se tornar ainda mais quando Ares despertar por completo na segunda lua de sangue, pois eles despertam junto com o deus deles.

— Espera ai... — disse Jabu. — Então aquele poder todo de Hayato ainda não é seu verdadeiro poder? É só uma parcela?

— Quase isso Jabu. Hayato é tão poderoso que nem precisa que Ares desperte para ele ter total controle de seu cosmo. Mas ainda assim uma pequena fatia de poder ainda está presa a Ares. — As expressões de alguns logo mudaram. — Um ou dois berserkers do exército de Phobos também são como Hayato. Eles são os poucos que conseguem tal proeza. O que indica que o berserker está com todo o seu poder livre são os olhos deles. Devem ter percebido que toda a parte branca do olho de Hayato, a esclera, é totalmente negra. Quando um berserker fica com tal aparência é sinal de que ele tem total domínio do seu cosmo. Ou uma grande parte.

— Mas porque isso? — perguntou Shun.

— Os berserkes são imortais devido a um arco entre Ares e Hades na Era Mitológica. São guerreiros que venderam a alma ao deus da guerra em total fidelidade. Treinaram arduamente para servir ao propósito do deus e em troca Ares deu uma gota do seu sangue, se fundindo diretamente na alma dos berserkers, criando assim um pacto, e fazendo com que esses guerreiros sempre reencarnem em cada guerra santa. — explicou Asclépio. — Ao morrerem, eles vão para uma área do mundo dos mortos e ficam em sono profundo até que chegue novamente o momento de Ares despertar. Esse último poder que desperta nos berserkes, junto com o despertar final de Ares na lua de sangue, é devido a um selo posto por Atena e uma outra deusa em uma das guerras santas na era mitológica. Foi um meio que Atena encontrou para retardar os berserkers, abrindo brecha para derrotá-los enquanto ainda estão debilitados. 

— Se todos os berserkes que forem despertar após a segunda lua de sangue ficarem com o dobro do poder que possuem, que chance nós teremos? — perguntou Retsu, que estava de braços cruzados observando ao lado de Shina.

—Nenhuma. Por isso Atena arquitetou esse artificio desde a era mitológica. Para evitar isso vocês têm que matar o máximo possível de berserkes. Quantos mais berserkes vocês conseguirem derrotar, mas fácil ficará para enfrentarmos Ares quando ele despertar por completo. Ares também conta com a ajuda de deuses menores e Olimpianos. Vocês não podem subestimar o exército do Senhor da Guerra de forma alguma. Entenderam?

Todos balançaram a cabeça dizendo que “sim”.

— Mas uma coisa... — Asclépio hesitou. Ele cerrou os punhos e as imagens mudaram. Agora mostrava montanhas. Picos montanhosos e um céu azul encantador. No meio das montanhas havia uma torre negra.

— Aquela é a Torre maligna de Hades!! — disse Shina.

— Os picos antigos de Rozan! — disse Shun.

— Ontem à noite... — Asclépio hesitou mais uma vez. — Ontem à noite eu senti dois cosmos se chocando em uma dimensão paralela e distante. Descobri o lugar mais próximo de onde vinha o cosmo e... — Asclépio deu as costas para eles e ficou olhando para a imagem dos picos antigos de Rozan. — Hoje pela manhã ordenei que Píton fosse até lá...

Seiya foi para cima de Asclépio, mas Alkes o segurou. Seiya se virou para protestar, mas o jovem pupilo encarou Seiya firmemente com os olhos cheios de lagrimas. Ele balançou a cabeça pedindo para que Seiya não fizesse nada.

— Alkes?!! — As lagrimas nos olhos de Alkes apenas fez Seiya ficar mais aflito. Seiya olhou para Shun e viu ele colocando as mãos nos bolsos. Ele faz isso quando está tenso com algo. Seiya voltou-se para o deus. — Asclépio...

Eu vou explicar. — disse a cobra sibilando. Sua voz ecoava dentro da cúpula. Ele não mexia a boca. Suas palavras viam diretamente da sua mente. — Quando eu cheguei na montanha em que Shiryu mora, em Rozan, não pude deixar de notar os sinais de lutas. Crateras no chão, rastros de pés firmes e resquício de cosmos. Além do cosmo de Shiryu também pude sentir um cosmo frio e poderoso.  os olhos de Piton brilharam e então cenas da casa de Shiryu surgiram nas paredes. Shunrei estava deitada em uma cama e uma faixa branca estava enrolada em sua cabeça. Pequenas manchas de sangue manchavam a faixa e ao lado dela estava um jovem sentado na cama umedecendo uma toalha em uma bacia de água.  O filho de Shiryu, que também é discípulo dele...

Shiryu teve um filho?! — disse Jabu, espantado.

... me contou que um cavaleiro de ouro apareceu ontem, no final da tarde...

— No mesmo momento em que Jake de Leão veio até a floresta nos matar!! — disse Nachi, surpreso.

... e o nome dele era Henry, o Cavaleiro de Ouro de Câncer. — disse Píton.

— Câncer?! — Seiya arregalou os olhos.  Shiryu já enfrentou um Cavaleiro de Câncer uma vez. — Pensou Seiya, e então imagens de Máscara da Morte vieram na cabeça de Seiya. O perverso cavaleiro de câncer que surgiu das trevas da quarta casa quando ele e Shiryu subiam as casas do zodíaco.  Naquele dia Shiryu me contou que a luta foi árdua do início ao fim. Câncer é o cavaleiro de ouro que mais deve ser temido por causa do manuseio do Sekishiki. — Seiya encarou a imagem de Ryuho na parede da cúpula. — Shiryu...

Píton abriu a boca e mostrou a presa com um sibilo.

 Ryuho contou que tentou enfrentar Henry, mas seus esforços foram em vão. Ele foi nocauteado e quando acordou viu a mãe caída no chão com um corte na cabeça. Shiryu já não estava mais lá e a fenda de presépio permanecia aberta como se fosse uma ferida negra no espaço. — As imagens mostravam Ryuho tentando entrar pela fenda, mas era repelido. Apenas uma alma ou alguém que controle a habilidade do Sekishiki poderia entrar. Frustrado ele tomou a mãe nos braços e levou para dentro de casa, para cuidar de seus ferimentos. — Quando anoiteceu ele sentiu os cosmos de Henry e Shiryu se chocarem e em seguida explodiu. — Uma luz dourada atravessou a janela do quarto de Shunrei e então Ryuho correu para fora da casa, mas ao chegar lá a fenda dimensional tinha sumido. — Os cosmos deles sumiram, de acordo com o garoto. Eu também não senti... nada.

— Não pode ser! — Seiya cedeu de joelhos no chão, chorando. — Shiryu está... morto?

— Tudo indica que sim. Sinto muito. — Naquela situação até Píton percebeu que deveria deixar a arrogância de lado. Não era um momento certo para ter desprezo na voz. — Ryuho também informou que Henry mencionou ter sido enviado pelo deus Phobos.

 Phobos?! O irmão de Deimos?! — disse Pavlin, cerrando os punhos.

— Ele deve ter desconfiado de algo. Pelo que vocês me falaram, e como Nachi citou, Phobos também enviou Jake de Leão para matar vocês. Na mesma hora que enviou Henry para Rozan. — disse Asclépio, de costas para os outros, olhando para a imagem de Ryuho cuidando de Shunrei. Com isso não posso deixar de me preocupar com Kiki em Jamiel. Não sinto nenhum cosmo colidindo em Jamiel, mas não vai demorar para que algum assassino seja enviado.

Um cosmo se intensificou dentro da cúpula fazendo com que Asclépio virasse assustando. Cerrando os punhos, Shun estava sendo envolvido por uma poderosa cosmo energia.

— Shun!! — chamou Shina.

— Não quero ver mais ninguém perdendo a vida. Primeiro Ichi, depois o Ban e em seguida o cosmo de Geki também sumiu. Agora o Shiryu... eu... eu...

— Senhor Shun... Se acalme. Não pode perder o controle. — disse Alkes.

Seiya se levantou e enxugou os olhos.

— Quando é que nós iremos para a Alemanha?

— Amanhã de manhã, Seiya. — disse Asclépio. Ele estalou os dedos e as paredes da cúpula mudaram as imagens. Agora um grande mapa Europeu estava estendido na parede. — Foi bom ter tocado nesse assunto. Não sou a pessoa mais adequada para tratar sobre rota, então... Alkes...

O jovem Alkes deu alguns passos para frente ficando diante dos demais. Asclépio se afastou do pupilo e preferiu ficar atrás dos cavaleiros, observando. Alkes era um jovem magro e alto. Cabelo roxo até os ombros e olhos azuis. Sempre vestindo roupa de treinamento. Camisa marrom, calça escura e sandálias gladiadoras de couro.

— Prestem atenção! Muito mais rápido seria se pudéssemos nos teletransportar ou usar a velocidade da luz para irmos até a Alemanha, mas creio que não vamos poder fazer isso. — Alkes se virou voltando seus olhos para o mapa da Europa. — Nós estamos aqui... Na Grécia. — disse o jovem apontando no mapa. — Para chegarmos na Alemanha seria muito mais rápido se pegássemos um navio e fossemos pelo Mar Adriático. — É um mar “estreito” que fica entre a Itália e países como Croácia e Montenegro. — Mas não podemos passar tão perto assim da Itália.

— Ares está em Roma. É por causa disso, não é?! — perguntou Retsu. —Algumas semanas atrás eu fui pescar no mar Jônico, que banha o litoral Sul da Itália, e pude perceber uma poderosa cosmo energia que cobria o país e se estendia um pouco além do litoral.

— Esse cosmo é uma barreira erguida pelos deuses aliados a Ares. — explicou Alkes. — Serve para alertar se alguma ameaça se aproximar, já que lá, em Roma, se encontra o corpo de Ares. Se um cavaleiro fiel a Atena, por exemplo, atravessar a barreira, ela irá avisar aos deuses. Por isso teremos que pegar uma outra rota. Pelo mar Mediterrâneo. Vamos passar pelo lado Oeste da Itália e bem longe da barreira.

— Vamos demorar mais para chegar na Alemanha. — comentou Pavlin. — Onde iremos descer?

— Na Espanha. — respondeu Alkes. — O percurso é mais longo, eu sei, mas não podemos ficar dando nossa localidade aos deuses ou berserkes. Seriamos caçados incansavelmente e morreríamos com certeza. Vamos ter que esconder até mesmo a sensibilidade dos nossos cosmos.

— Mas porque não podemos nos teletransportar? — perguntou Seiya.

— Porque existe um berserker do exército do Medo, um servo de Phobos, que é sensível a rastreamento. Teletransporte seria um ótimo indicador de onde estaríamos e logo um exército estaria atrás de nós, nos encurralando. Por isso teremos que agir de forma natural, escondendo a presença do nosso cosmo. Apenar usar em caso de necessidade. — explicou Alkes.

— Muito bem. Para melhorar o disfarce de vocês, evitem chamar muita atenção, mas creio que carregando uma grande urna nas costas vão chamar atenção até dos humanos normais. — Asclépio se moveu até Seiya e tocou na urna dourada que estava ao lado de Seiya.

A urna brilhou e se transformou em uma neblina de cosmo, que foi reduzindo até se transformar em uma pequena bola de cosmo. Asclépio tomou o cosmo na mão e encostou no peito de Seiya e então o cosmo foi absorvido, penetrando no corpo do cavaleiro.

— O que você fez? — perguntou Seiya levando a mão ao coração. — Meu coração por um momento bateu mais forte e uma descarga correu pelo meu corpo.

— É a sua armadura se unindo a você. — Explicou Asclépio. — As armaduras se adaptam as necessidades dos cavaleiros. As armaduras possuem vida e são modeláveis de acordo com a necessidade que seu usuário venha ter em uma determinada situação. No seu caso, a armadura está se unindo ao seu cosmo para que você possa caminhar sem precisar carregar a urna nas costas. Você irá carregá-la diretamente em seu corpo. — Asclépio se virou pra Shun. — Poderia nos dar uma demonstração, Andrômeda?

Shun elevou o cosmo e sua armadura se materializou surgindo em seu corpo e o cobrindo.

— O seu corpo vai ser a própria urna. O seu cosmo é a própria armadura fundida nele. — explicou Shun. — Tente agora Seiya!

Seiya elevou o cosmo e sentiu que uma parte do cosmo se materializava e se transformava na armadura de sagitário que cobria o seu corpo.

— Não se assuste. Esse controle em manipular a armadura com o cosmo é algo normal para quem usa trajes parasitas, como os espectros, por exemplo, que são dependentes e dominados pelas surplices. — disse Alkes — Também existe uma classe de guerreiros chamados Taonias, que possuem essa mesma habilidade e guardam a armadura em seu próprio corpo e as invocam na hora da luta. Com o passar do tempo você vai aprender a controlar com mais precisão. Desse modo poderemos caminhar entre as pessoas sem preocupação.

—...—


Relógio de Fogo – Santuário da Grécia

— Uma guerra no país nórdico?! Interessante. — disse Malkereth de Baal.

— Nunca lutei com um asgardiano. — disse outro berserker.

— Iremos hoje, daqui a algumas horas, ao meio-dia. — respondeu Deimos. — Estaremos chegando em Asgard amanhã pela manhã.

Malkereth se ajoelhou e em seguida os outros cinco berserkers também se ajoelharam curvando a cabeça. Eram três homens e duas mulheres. Alguns traziam armas na cintura e nas costas.

— Prometos uma vez mais servir ao senhor e ao deus da guerra.

—...—


Sala do Grande Mestre – Santuário

— Parece que Deimos já reuniu o exército de berserkes dele. — disse Anteros que estava sentado no trono do Grande mestre.

— Ignore ele. — disse Phobos, que estava sentado na grande mesa posta no Salão do Grande Mestre, fazendo anotações. — Deixá-lo ir até Asgard é o mesmo que descarregar uma bomba de ódio e sede por sangue no país nórdico.

— Você, meu caro Phobos, foi quem mais aprendeu a controlar esse instinto assassino. Por acaso está perdendo interesse?

Phobos parou de escreve e olhou para Anteros.

— Lutar sem controle pode até causar mais estragos, mas é um alvo fácil para quem tem o controle da situação e do ambiente. Prefiro restringir esse meu poder e manuseá-lo ciente do que estou fazendo.

— Mas e se por algum motivo esse poder for liberado de vez e você for tomado totalmente pela ira? O que acontece?

— Todos que estiverem ao meu redor... Irão morrer!

Anteros deu um sorriso abafado.

— Sobre a sua suspeita a respeito do plano de Delfos... Já chegou em alguma teoria que seja a mais óbvia? — perguntou Anteros.

— Estou quase lá. Antes de chegar em uma conclusão mandei assassinos para dar um fim aos que resistem ao Senhor Ares.

— Você só mandou cavaleiros de ouro. — disse Anteros. — Ainda está testando a fidelidade deles, não é?

— Sim! Não podemos dar brechas. O Cavaleiro de Leão me entregou um relatório de que os cavaleiros sumiram na floresta, mas ele matou um dos de bronze que ficou pra trás.

— Passou no seu teste?

— Sim. Hayato confirmou que Jake lutou com tudo contra Seiya e os outros.

— Qual o outro assassino que você enviou?

— Henry de Câncer. Enviei ele para Rozan. Para matar Shiryu de Libra e seu discípulo. Até agora Henry não retornou, mas senti ontem a noite que o cosmo de Libra sumiu.

— E se os dois estiverem mortos por causa da luta?

— Que assim seja. Os Cavaleiros de Ouro são os peões menos importantes. Antes dois Cavaleiros de Ouro mortos do que um dos berserkes. — Phobos se levantou e fechou o livro.

— Aonde vai?

— Até o Coliseu. Deimos está nesse momento reunindo berserkes e soldados para irem para Asgard.

— E como ele vai levar um exército desse tamanho para o país nórdico?

— Existe uma frota de dez navios, movidos na base da energia do cosmo, ancorados no litoral que fica após o vilarejo. Saindo agora no meio do dia ele deve chegar em Asgard amanhã pela manhã. — Phobos começou a caminhar em direção a porta do Salão. — Draco chegou hoje de manhã de Roma e parece que Afrodite não tem a intenção de voltar ao Santuário agora. Deve estar ao lado do nosso pai esperando que ele melhore. — Os soldados abriram a grande porta e Phobos olhou para Anteros. — Até lá, nós seremos os senhores do Santuário e da Terra.

Phobos desceu as escadas e a porta se fechou.

—...—


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Notas finais do capítulo

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Nesse grupo você acompanha o lançamento dos capítulos e ainda tem acesso ao perfil e histórico de alguns cavaleiros.


Próximo capitulo: Na Grécia o pavão bate pela ultima vez as suas asas. Enquanto isso Deimos chega ao país nórdico decidido a controlar o país dos deuses do norte. Ele lidera um exército poderoso e mortal, mas Asgard não está tão desprotegida quanto ele pensa. Ao mesmo tempo Seiya parte do santuário acompanhado de um grupo rumo a Alemanha.

Capitulo 23: O último crepúsculo de Asgard. A apartida.





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