A Saga de Ares - Santuário de Sangue escrita por Ítalo Santana


Capítulo 12
Capítulo 12 - O fio dourado da vida


Notas iniciais do capítulo

Deimos diante de Atena. Uma batalha mortal entre deuses vai começar no salão do Grande Mestre. Por qual motivo Hyoga mandaria Johan de corvo e outros cavaleiros ir para Jamiel? Outros deuses aliados a Ares começa a agir e o arco final da invasão se aproxima. Para onde vai um deus quando morre? Você logo saberá, talvez não hoje, mas vai descobrir.



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Capitulo 12 - O fio dourado da vida


Em algum lugar de Roma

— Senhorita, desculpe-me pela interrupção, mas tem um berserker querendo falar com a senhora.

A garota estava diante da entrada de um recinto e a passagem era coberta por uma cortina de linho branco. Através do tecido dava para perceber que o recinto de dentro era bastante luminoso, pois sua luz atravessava o tecido e iluminava um pouco o longo corredor, deixando a outra metade do corredor em trevas, apenas com a pouca luminosidade das tochas penduradas na parede. Som de águas caindo e escorrendo dava para ser ouvido mesmo parado diante da entrada. Um cheiro de rosas inundava o local. Um aroma doce e embriagante.

A menina era uma servente daquele local e usava trajes da antiga Grécia. Um vestido curto branco que lhe cobria até os joelhos e deixava seus braços nus, sandália de couro, argolas prateadas nos pulsos e o seu longo cabelo castanho estava amarrado em um rabo de cavalo. Magra, de pele parda e olhos castanhos, ela demonstrava ser bem cuidada.

— Um berserker querendo falar diretamente comigo? — perguntou uma mulher do outro lado da cortina. A voz estava distante e relaxada. — A respeito de quê?

— A respeito da invasão no Santuário, senhorita. Um relatório. — respondeu a servente.

— Não tem ninguém nesse palácio que possa resolver isso?

— Não, senhorita. Os deuses estão ocupados e os generais também. — disse a servente.

— Mande-o entrar. — ordenou a mulher.

— Sim, senhora. — disse a menina e se retirou.

Um homem, que estava escondido nas trevas do corredor, surgiu e foi em direção à porta do salão. A servente se encostou na parede para dar passagem a ele. Era um homem aparentemente alto por causa de seus músculos e de pele escura. Seu cabelo longo e negro possuía também fios dourados e era todo modelado por finos dreads que ainda voavam com o passar do vento. Dois longos dread's caiam por cima do seu peito e na ponta de cada um tinha um dente canino branco e afiado como adorno, parecendo dentes de um grande felino. A íris de seus olhos eram brancas como a neve e sua pupila negra como as trevas era menor que uma pupila normal.

Trajava uma robusta Onyx negra com detalhes e adornos dourados. Segurava na mão esquerda, colado ao corpo, um elmo negro e vestia uma longa capa preta, presa em suas ombreiras, que se arrastava no chão.

— Com licença, senhorita. — disse o homem tirando a cortina do caminho e entrando no salão.

O salão era um pequeno paraíso. Como se os Elíseos começasse ali. As paredes eram brancas e em todas tinha trepadeiras de rosas vermelhas ramificando por elas, que desabrochavam e exalavam seu doce perfume. Algumas paredes quase sumiam por causa do musgo verde que cobria não só as paredes, mas as bordas do teto e do chão também. Colunas grossas de mármore branco sustentavam o teto retangular, o qual tinha linhas douradas em suas bordas e um grande lustre de cristais que iluminava todo o recinto. O chão também era feito de mármore branco com ornamentos dourados.

No meio do salão uma enorme piscina retangular de águas claras tomava espaço. No meio da piscina havia uma estátua de uma mulher nua, com cabelos lisos, mas cacheados nas pontas, com a mão esquerda cobrindo um de seus seios e com a outra mão ela se apoiava em dois grandes peixes que se enrolavam neles mesmos e de suas bocas jorrava água. Mas o maior destaque naquele lugar estava para uma formosa mulher que se banhava na piscina. Coberta de água até os ombros, seus longos cabelos dourados cobriam seus seios. De pele clara, seu rosto parecia ter sido modelado pelos mais habilidosos deuses e se olhos azuis, com seus cílios volumosos, lhe davam um olhar hipnotizante e uma beleza apaixonante.

— O que tem para me contar, Alceu? — perguntou a mulher.

O homem moreno, a quem ela chamou de Alceu, se ajoelhou próximo à piscina, se apoiando em um de seus joelhos. Colocou o elmo no chão, ao lado de seu corpo e permaneceu de cabeça baixa.

— A invasão está prestes a terminar, senhorita. — começou Alceu — A barreira que impedia o avanço do exército do Senhor Ares foi derrubada pela deusa Éris e os exércitos avançaram. O Senhor Phobos e o Senhor Deimos derrotaram Andrômeda e Sagitário e agora estão seguindo para o templo de Atena. O Senhor Anteros está liderando os cavaleiros de prata controlados por sua manipulação...

— Não pensei que chegariam tão longe. — comentou a mulher, interrompendo Alceu.

— E tem mais... — acrescentou ele — o sacrifício já foi feito pelo Senhor Deimos e a lua de sangue está em seu auge. As Moiras já se posicionaram e daqui a alguns minutos a última gota será derramada e o Senhor Ares finalmente despertará do primeiro selo.

A mulher se moveu de onde estava e começou a andar na piscina em direção ao berserker. Aos poucos, em quanto se aproximava da borda, seu corpo ia saindo da água, graças à elevação que levava a uma pequena escada que dá acesso a borda da piscina.

Não existiam falhas em seu corpo. Sua pele não possuía marcas ou rugas. Parecia o corpo de uma jovem no auge dos vinte anos de idade, mas ela possuía muito mais do que a aparência mostrava. Seus longos cabelos dourados, agora colados ao corpo, tapavam seus seios. Seu corpo seria perfeito aos olhos de qualquer pessoa. Seus olhos azuis, como um lago, por si só já encantava a quem os encarasse. Sua parte intima era rosada e lisa, e ela não se mostrava vergonhosa em se exibir diante de um soldado.

Ela saiu da piscina, com a água escorrendo pelo seu corpo, e se aproximou do berserker. Pós a mão no ombro de Alceu e depois colocou a mão no queixo do rapaz e levantou seu rosto para que ele pudesse encara-la.

— Como sempre você me mantém informada e sua fidelidade sempre me alegra.

Ele se levantou, deixando seu elmo no chão.

— Serei sempre um bom servo. Seu e do Senhor Ares. — ele a olhou nos olhos. — Para sempre!

Ela sorriu e aproximou o seu rosto ao dele.

— Sei disso. Sei muito bem. — disse ela, pondo uma das mãos no peito de Alceu e passou o outro braço por trás do pescoço dele — Por isso você está aqui, como sempre esteve, sempre ao meu lado. Por isso você tem a minha benção e proteção.

O clima entre os dois foi quebrado por um pigarro forçado. Um homem de cabelo longo cor de vinho, com duas tranças longas caindo sob seus ombros e trajando uma túnica branca estava parado na porta segurando um cálice nas mãos.

A mulher riu e voltou sua atenção para o berserker, o qual estava paralisado olhando para ela, como se não percebesse a presença daquele homem, agora na porta observando os dois.

— Vá ao Santuário e seja os meus olhos. — ela o beijou no rosto e depois voltou a encara-lo nos olhos. — Fique do lado de Anteros, o qual deverá assumir o comando daquele lugar após o triunfo do nosso senhor. — A mão da mulher desceu do peito de Alceu e parou no fim de seu abdome. — Será recompensado por sua fidelidade. 

— Sim, senhorita. — disse ele, se afastando e pegando o elmo no chão.

Alceu colocou o elmo na cabeça, fez reverência e deu meia volta em direção à saída, onde ainda se encontrava o homem que os observava. Alceu passou sem enxergá-lo. Era como se apenas aquela mulher pudesse vê-lo.

— Dizem que homens negros são os melhores parceiros sexuais.

Sorrindo, a mulher pegou um tecido branco que estava dobrado na beira da piscina e passou a se enxugar.

— A servente me disse que não tinha nenhum deus aqui. — comentou a mulher. — Dionísio.

— De fato não tem nenhum. — respondeu o deus. — Nenhum que resolva esses problemas políticos de guerra. Eu mesmo me recuso a me envolver com isso.

Dionísio permaneceu parado na porta, apenas vendo a mulher através do fino tecido que separava os dois.

— Seu assunto é outro... — a mulher parou de enxugar o cabelo e olhou para ele com um sorriso no rosto — não é mesmo?

O deus do vinho deu uma gargalhada.

— Arrume-se. — disse ele — Após a queda de Atena teremos a festa. — disse ele erguendo o cálice. — E alguém tão formosa como você não pode ficar de fora dessa. Afinal... — ele abriu a cortina e pós a cabeça para dentro do salão. — devemos estar na frente dos servos para passar confiança. Não concorda, “senhorita”?

—...—


Santuário de Atena – Portão Norte

— Tudo está destruído. — disse Johan olhando para o campo onde Hyoga enfrentou a deusa Éris. Tudo estava congelado e havia enormes esquifes de gelos por todos os lados. O chão estava completamente congelado, como se debaixo existisse um vasto oceano. — Não sinto o cosmo de Hyoga ou de Éris... — ele se calou por um instante. — pelo menos não tão próximos do Santuário.

Johan estava coberto por um manto cor de pergaminho que deixava apenas sua cabeça do lado de fora. Ele estava com o rosto machucado e com um corte suturado na testa.

— O que esperava de um campo de batalha onde oponentes poderosos se enfrentaram? — disse um jovem que acompanhava Johan. Ele levava nas costas a urna da armadura de prata de cães de caça e a urna da danificada armadura de corvo. O jovem tinha cabelo lilás claro caindo nos ombros e olhos dourados. Usava o mesmo manto cor de pergaminho. — Não podemos ficar muito tempo por aqui.

— Miguel está certo. — disse uma mulher, que surgiu por de trás do grande muro do portão norte. Ela usava uma máscara cobrindo seu rosto, o símbolo de que a mulher abandonou sua feminilidade para poder servir a Atena da mesma forma que os homens no campo de batalha. Seu cabelo era verde escuro e trajava uma armadura de prata em tonalidade roxa. A armadura de prata de Cobra.

— Shina! — disse Johan, um pouco surpreso.

— Marin já está lá esperando por vocês. — disse Shina.

— Porque você não vai conosco? — perguntou Miguel, o cavaleiro de cães de caça.

— Ainda acho que estamos agindo como covardes. — resmungou Johan, olhando para a lua de sangue e as Moiras através do chão congelado que refletia todo o céu noturno.

— Estamos sendo inteligentes e obedientes. — rebateu Shina. — Nessa guerra santa existe uma peça faltando, pois tudo isso é um quebra cabeça. — ela deu as costas para eles. — Por hora o Senhor Hyoga ordenou que cavaleiros poderosos como vocês dois e Marin fossem para Jamiel. Não só para tê-los como força reserva de Atena, mas também para fazer a guarda com Kiki. Algo em Jamiel é importante. Não posso ir com vocês, pois tenho um papel a cumprir nessa guerra santa.

Miguel serrou os olhos para Shina. Ele tentou ler seus pensamentos, habilidade de todos os cavaleiros de cães de caça, mas nada adiantou. Shina já conheceu um cavaleiro que tinha esse mesmo poder, o antecessor de Miguel, Asterion. Ela não deixaria sua mente aberta tão fácil assim.

— Não adianta Miguel. — disse Shina.

Johan não sabia do que ela estava falando. Mas Miguel entendeu o que ela quis dizer, e então relaxou, fingindo para Johan que nada tinha feito.

Johan voltou sua atenção para Shina novamente.

— Shina, o que está de fato acontecendo aqui no Santuário? — perguntou Johan. — O berserker de coruja zombou por haver traidores no Santuário apoiando a guerra do lado de Ares.

— Essa é a peça que falta. — disse Shina, andando em direção ao Santuário e olhando para as Moiras que estavam tendo suas imagens refletidas no céu e emanando um cosmo poderoso — Até que seja necessário rever vocês novamente, cuidem-se.

Shina seguiu em direção ao Santuário, enquanto isso Johan e Miguel também encaravam as Moiras no céu. Eles então levantaram o capuz de seus mantos e saíram na calada da noite rumo a Jamiel.

—...—


Casa de Sagitário – Doze Casas

Gritos. Diante de Anteros e Alec estava um Seiya deprimente. A casa de sagitário estava parcialmente destruída, mas mais lamentável do que a casa estava Seiya. Repleto de ferimentos, com a armadura danificada cheia de rachaduras e com apenas uma asa. De um enorme e profundo corte em suas costas escorria sangue. Seiya estava deitado em posição fetal dando espasmos e gritando. 

— Senhor Anteros... — começou Alec, mas Anteros adiantou a resposta de sua pergunta.

— Vítima do golpe “Terro tenebrarum”. O golpe de Deimos. — respondeu antecipadamente encarando Seiya. — Enquanto o golpe de Phobos, o “Verum revelatum”, revela nossos medos mais ocultos e descontrola o sistema nervoso e o cosmo, o “Terror tenebrarum” tem como uma de suas habilidades mostrar passado ou um provável futuro aterrorizante, no qual apenas quem é afetado sabe o que está vendo.

— Então o que Seiya está vendo... — perguntou Alec.

— Não dá pra saber. — rebateu Anteiros. — Apenas ele sabe o que de fato está vendo. Mas isso é o mínimo que Deimos pode ser capaz de fazer.

Anteros começou a andar rumo ao templo de Atena.

— Como assim?! — perguntou Alec, e apressou os passos para acompanhar Anteros.

— O Terror Tenebrarum também pode criar um terror coletivo, fazendo um grupo de pessoas se aterrorizar com algo, mas eu diria que é menos efetivo, pois alguém pode não ter tanto medo assim do que for criado. Contudo, Deimos é um deus de destruição e não de poder psicológico igual ao Phobos. — respondeu ele sem olhar para trás. — O estado em que Seiya se encontra e a destruição desse local, não é nada comparado ao que Deimos pode fazer. 

— O que?! — disse Alec, espantado olhando novamente para a casa destruída e para um Seiya antes glorioso, mas agora digno de pena.

— Vamos!

—...—


Escada de acesso ao Salão do Grande Mestre

— Está sentindo isso? — perguntou um soldado, que estava diante da porta do salão do Grande Mestre fazendo a guarda na companhia de outro soldado.

— Além dessa coisa monstruosa no céu, cosmos poderosos estão se aproximando do Templo. — comentou o outro soldado.

— Se ao menos tivéssemos concluído nosso treinamento e herdado nossas armaduras... — disse o soldado, se arrependendo por não ter conseguido a armadura na última fase do treinamento, a luta no coliseu. — Somos apenas soldados agora.

Uma risada ecoou. Uma risada perversa e temerosa. Os soldados se posicionaram espantados. Apontaram a lança para um homem que aos poucos subia as escadas.

— Dois reles soldados guardando o templo de uma deusa? — perguntou Deimos, zombando dos soldados enquanto subia as escadas. — Saiam da minha frente! — disse ele apontando a espada.

— Mas que cosmo é esse?! Sinto como se meus ossos estivessem congelando de medo. — disse o soldado, paralisado diante de Deimos.

— Sou um deus e diante de um deus é assim que vocês devem ficar. Agora saiam da frente para que eu possa arrancar a cabeça de Atena.

— Não!

— Como? — Deimos parou e olhou para o soldado. — Se recusa a me obedecer? Shun de Andrômeda e Seiya de Sagitário caíram diante de mim. O que você pensa que pode fazer?

— Está dizendo isso para nos amedrontar e arrancar nossas esperanças. — disse o soldado — Mas não vamos hesitar mesmo que custe as nossas vidas.

— Vamos acabar com ele — gritou o outro soldado.

Ambos abandonaram o medo e elevaram seus cosmos, os quais tinham desenvolvidos no treinamento, para enfrentar Deimos, mas nada puderam fazer, pois com apenas um movimento da mão do deus os corpos deles foram arremessados contra a parede.

— Serão castigados por isso. — Deimos disparou um golpe na direção deles mas algo bloqueou o avanço do golpe.

— São as...

Duas armaduras de bronze estavam paradas diante deles e interceptaram o golpe de Deimos.

— Se lançaram na nossa frente para nos defender. — disse o soldado.

— Como pode? São apenas soldados. Porque duas armaduras de bronze viriam proteger vocês? — disse Deimos.

— Você não entende nada sobre cavaleiros. — acusou o soldado. — Nós treinamos assim como os outros cavaleiros para ganharmos nossas armaduras, mas nem todos que treinam conseguem se tornar cavaleiros. Nós não conseguimos naquele momento, mas agora as armaduras de Compasso e de Peixe-voador vieram ao nosso encontro, nos reconhecendo como cavaleiros de bronze.

As armaduras se desmontaram e vestiram o corpo dos jovens.

— Eu sou Keyser de Peixe-voador. — disse um dos soldados.

Ele era um jovem magro, com cabelos e olhos castanhos. Sua armadura tinha uma tonalidade azul-roxo. Para uma armadura de bronze, ela protegia bastante o corpo de Keyser, deixando poucas partes do corpo desprotegido.

— E eu sou Louis de Compasso. — disse o outro soldado

Louis era um pouco mais baixo que Keyser. Seu cabelo tinha um tom lilás escuro e seus olhos eram castanhos. Sua armadura de Compasso tinha uma tonalidade acinzentada e protegia mais os ombros, cintura, pernas e braços, deixando o abdome desprotegido.

Os dois novos cavaleiros de bronze elevarem seus cosmos novamente e foram em direção a Deimos aplicando suas técnicas.

— Rajada de meteoros! — disse Louis, atacando.

Imitando o movimento de um compasso, Louis fixa uma de suas pernas no chão e com a outra realizou um giro, traçando um círculo ao seu redor. Concluído o movimento, Louis posicionou suas mãos no chão e levantou estacas de pedra envolvidas com cosmo que avançaram na direção do oponente como uma chuva de meteoros.

Deimos pareceu surpreso com o ataque, mas com apenas o um olhar desmanchou o golpe de Louis, deixando o jovem espantado. Antes que Deimos atacasse Louis, Keyser se lançou na frente e disparou um golpe.

—...—


Salão do Grande Mestre

— Eles estão lutando? — perguntou o Grande Mestre, surpreso.

— Sim... — respondeu Tourmaline.

— As armaduras de Compasso e Peixe-voador foram até eles reconhecendo os dois como cavaleiros. — disse Atena.

— Como cavaleiros?!

— Isso mesmo Tourmaline. — disse Atena, com um sorriso meigo no rosto. — A força de vontade deles fez com que as armaduras chegassem até eles.

— Mas que tolice. São cavaleiros de bronze, o que podem fazer contra um deus? — zombou Tourmaline.

Atena desfez o sorriso e tomou uma expressão séria.

— Você é uma sacerdotisa de Atena. Você não vai lutar para defendê-la? — perguntou Pavlin. — É isso Tourmaline? Lembre-se que você também veste uma armadura de bronze.

Tourmaline não respondeu, mas olhou para Pavlin com um sorriso sínico.

— Se vai me defender ou não a escolha é sua, Tourmaline. Apenas fica do meu lado quem luta por mim e pela justiça. — disse Atena, em um tom sério encarando a porta.

— Não me leve a mal Atena, mas chega a ser covardia deixa-los lutar, enfrentando deuses. — rebateu Tourmaline. — São apenas Cavaleiros de Bronze, e mesmo que tenham vontade de lutar por você, são fracos diante de deuses. Não se comparam a Seiya e os outros, ou até mesmo a mim, que mesmo sendo uma saintia de bronze, sou tão poderosa quanto um Cavaleiro de Prata. O resultado desse confronto será a morte deles.

—...—


Lado de fora do Salão do Grande Mestre

— Volans azul!  gritou Keyser, e um enorme peixe-voador de dentes afiados foi invocado pelo seu cosmo e avançou em direção a Deimos, o qual segurou firme sua espada para rebater o golpe.

Com o movimentar da espada o golpe foi partido ao meio e Keyser foi arremessado junto com Louis contra a parede, tendo uma parte de sua armadura despedaçada por ter recebido maior parte do golpe.

— Acabaram? — perguntou Deimos. — Ainda que eu seja inimigo de vocês, compreendo o espírito de luta, pois sou líder de um dos batalhões do Senhor Ares, mas isso não vai livra-los de um castigo.

— Com castigo ou sem castigo, vamos mostrar do que somos capazes! — disse Louis se levantando.

— Vamos mostrar do que a força de vontade dos cavaleiros é capaz de fazer! — disse Keyser.

— Queime cosmo!

— Eleve-se! Volans azul!

— Rajada de meteoro!

— Tolos! Desapareçam! — gritou Deimos, com dentes afiados e olhos vermelhos demoníacos, assustando os dois. Deimos os atacou com a espada cortando os golpes e então o silencio pairou.

—...—


Salão do Grande Mestre

— Que silencio. — comentou Pavlin. — Agora pouco o cosmo dos dois se elevaram e então... 

— Será que eles... — o Grande Mestre não terminou de falar. Atena bateu com o báculo no chão chamando a atenção deles.

Uma batida na porta. Aos poucos a porta começou a se abrir e um ar pesado começou a inundar o salão. Um grande fio dourado entrou pela brecha da porta indo em direção ao coração de Atena.

— Esse é... — disse Atena, olhando para o fio que entrou no seu peito e desapareceu. — O fio dourado da vida de um deus. O fio dourado da minha vida.

— Atena, você está bem? — perguntou Pavlin

— As Moiras. — disse Atena espantada. — Elas estão tecendo o fio da minha vida. O último sacrifício...

— A última gota de sangue? Está dizendo que é você? — perguntou o Grande Mestre.

“Sim”  respondeu uma voz grave que soou por todo o salão.

A porta da sala do Mestre abriu com um estrondo. Um homem alto e forte, trajando uma Onyx negra, estava em pé segurando cinco cabeças em uma mão e uma grande espada negra na outra mão.

— Olá Atena! — disse Deimos.

Atena se levantou do trono, segurando o báculo na mão, pronta para agir se necessário. Pavlin já estava na frente de Atena para defendê-la, mas o Grande Mestre e Tourmaline não se moveram. Permaneceram no mesmo lugar, apenas observando.

— Deimos. — disse Atena.

— Lembra-se de mim?! — o deus sorriu sarcasticamente. — Trouxe um presente para você.

Deimos girou pelos cabelos as cinco cabeças que carregava na mão e lançou na direção de Atena. As cabeças caíram embolando aos pés da deusa, melando o vestido de Atena e o tapete vermelho do salão, deixando uma mancha mais escura. Atena abriu a boca querendo gritar, mas não saia voz alguma. Ela colocou a mão na boca e arregalou os olhos. Duas cabeças pertenciam a Louis e Keyser, mas as outras três pertenciam a crianças, e no rosto de cada uma delas ainda era perceptível os traços de terror antes de morrer.

— São... Crianças do vilarejo de Rodorio? — perguntou Atena, aterrorizada.

— Ora, Atena, porque está tão espantada? Você sabe muito que esse era o preço do rompimento do primeiro selo. Doze crianças foram mortas. As ovelhas do sacrifício. São consequências do seu acordo com Hécate para nos deter. — o deus deu alguns passos em direção a Atena, com um sorriso malicioso. — Esse é o preço para a noite especial de hoje. A lua de sangue. O sinal da volta do deus da guerra. E você é a última gota de sangue que deve cair para concluir o despertar do meu pai. — Atena não estava interessada nos deboches de Deimos. Estava olhando estarrecida para as cabeças de Louis e Keyser. — Está lamentando pela morte dos seus cavaleiros, Atena? Esses imbecis se levantaram contra mim. Tenho que admitir que eles são de atitude... ou eram. — disse ele, sorrindo.

Atena fechou os olhos, respirou fundo e olhou para Deimos com um olhar sério e inabalável. Deimos parou no meio do salão e segurou firme sua espada. Ele percebeu que Atena estava diferente. Diante dele a humana se tornou deusa. A verdadeira Atena, deusa da guerra e da inteligência.

— Mas o que foi isso?! Senti uma mudança repentina vindo dela. — pensou Deimos. — Vamos descobrir pra onde uma deusa tão humana vai quando morre!!

...—


Referências:

* Louis é um nome que vem de um astrônomo francês chamado Nicolas Louis de Lacaille. Em 1756 ele criou a constelação de Circinus com o nome frânces de le Compas, representando um compassado.

* Keyser é um nome que vem de Pieter Dirkszoon Keyser, um dos homens que observou a constelação de Peixe Voador.


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Notas finais do capítulo

Próximo capitulo: Atena vs Deimos. A deusa da guerra luta com afinco contra o habilidoso deus do terror. A adaga dourada ataca novamente e as Moiras começam a cantar um cortejo fúnebre. Um corpo cai nas escadas do Santuário, um anjo chora e o povo lamenta.

Capitulo 13: Atena aos mortos. O fim de um Império.



O capitulo 13 marca o fim do primeiro arco, a invasão.

Enfim... próximo arco os dourados vão começar a aparecer, então eu queria saber de vocês:

"O que espera dos dourados na historia? Quais signos gostaria que fossem mais trabalhados e de que forma?"

Obrigado a todos que comentar e agradeço a todos por permanecerem aqui comigo.
P.s: opiniões e criticas são sempre bem vindas.



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