Undisclosed Desires escrita por MarieClaire


Capítulo 4
IV - Poção do Elo


Notas iniciais do capítulo

Como assim, recebo três recomendações, indo, nesse momento, para o quarto capítulo ? Sério, ai está algo realmente inesperado ! E só tenho a agradecer aos leitores Gerard, Lótus e Thalita, pela incrível demonstração de confiança que me deram ! Muito obrigada mesmo, pessoal.
Além disso, agradeço os comentários, que mesmo sendo poucos, se comparados aos leitores que acompanham a fanfic, ainda assim me deixam lisonjeada.
Bem, me desculpem a demora, mas, sendo bem sincera agora, a Undisclosed Desires é a primeira fanfic difícil que eu escrevo. Já tentei ação, e , sinceramente, era um desafio. Mas esse clima de horror misto a romance, com direito a Slash. Nossa, essa eu tenho de admitir que é foda de escrever. Não no sentido bom. O resultado de escrevê-la é foda, mas enquanto faço isso ... Deus sabe o quanto xingo hahaha' Enfim, sem mais delongas ....
Aqui está o Capítulo 4 ^^



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–Soube que ... vai dar uma festa - murmurou Albus, para o irmão, num tom um tanto sem jeito. Sorri divertido. Aquilo estava começando a passar do interessante, para inédito - James, olha, eu sei que falamos pouco e tal, mas ... é que -

–Está com problemas com garotas, não é ? - James Potter perguntou ao mais novo, num tom de sabedoria deplorável. Estava de pé, com os braços cruzados, encarando Albus, que permanecia sentado na mureta de pedra do pátio.

Permaneci escondido atrás da pilastra, observando tudo entretido. O Potter mais novo chegava a ser brilhante, de tão inteligente.

–Não só com garotas ... - ele admitiu, mordendo o lábio inferior, em apreensão - Os boatos sobre nossa família, todos tem inveja de você, e não sei como consigo conviver com toda essa ... falta de popularidade.

Tive de morder a mão pra conter o acesso de risos.

–Eu queria ser como você, James - afirmou, com convicção. O irmão olhando-o, visivelmente crendo em cada mentira que o mais novo contava - E achei que se me deixasse ir na festa ... e todo mundo soubesse, eu pudesse me tornar menos inútil.

–Você não é inútil, Al - James bagunçou seus cabelos, fraternalmente - Sei que debocho sobre o fato de você ser da Sonserina, mas agora você vê que é tudo a mais pura verdade. Só porque não foi escolhido pra Grifinória, não precisa se sentir um lixo. Só te torna menos ... reconhecido, entende ? Mas ... acho que posso abrir uma exceção das minhas regras pro meu irmãozinho. Os convites serão entregues no Três Vassouras, e estarão debaixo da cerveja amanteigada de cada um, somente se não forem da Sonserina, ou se for você, é claro. Depois, de noite, vamos em grupos fugir pelos caminhos secretos que levam a Hogsmeade, usando o Mapa que roubei do meu pai. Alugamos uma casa lá, e a festa só termina duas horas antes do sol nascer. Está devidamente convidado, irmãozinho.

James levantou-se e fez menção a ir, virando-se no último instante na direção de Albus, a expressão séria.

–Não leve ninguém com você, Ok ? Não quero cobras na minha festa.

–Pode deixar - Albus respondeu, num tom um tanto hostil. Corrigiu-se logo em seguida - Você é o irmão mais incrível do mundo.

–Não exagera, Al - ele riu, caminhando de forma ereta e "máscula". O elogio surtiu efeito rápido demais.

–Babaca - sussurrou o moreno, e me aproximei sorrateiramente, recostando o corpo na mureta, e olhando-o de forma irônica - Eu espero mesmo que isso dê certo, porque acabo de suicidar anos de reputação familiar.

–Você foi brilhante, Albus Severus - garanti, erguendo uma sobrancelha - Devia ser ator.

–Manipular meu irmão, bajulando ele, não requer tanto esforço - garantiu seco, enquanto fitava o casal de amigos que havia passado próximo a nós, sem nem se quer olhar em sua direção.

Sorri internamente, satisfeito. Quanto mais os enfeitiçava, mais se esqueciam da existência do moreno. E, por mais que isso não me fosse, nesse momento, favorável, era uma grande oportunidade de me aproximar dele.

–Saudades dos amigos ? - deduzi, com ironia. O Potter olhou-me, dando de ombros.

–E se for ?

–É uma droga quando somos esquecidos.

–Engraçado você ter tocado nesse assunto - ele comentou, atento a cada palavra pronunciada naquele diálogo. Senti meu interior abalar-se levemente. Aquilo era ruim. Era fora do meu controle. Era estranho - Porque estou começando a achar que há algo a mais nesse esquecimento.

–Sério ? - franzi o cenho, a expressão de indiferença levemente irônica - E está me interrogando por que supõe que ... ? Digo, qual sua teoria de conspiração, Potter ?

Ele riu seco, sem humor algum.

–Ainda estou em andamento com ela, Malfoy. Mas assim que descobrir, vai ser o primeiro a saber.

–Vou lembrar disso - garanti, sorrindo de lado - Agora só preciso avisar o Zabini que você é o mais novo passaporte dele, e o plano estar-

–Ei, calma ai - Albus levantou-se, olhando-me assustado - Avisar o Zabini não estava no planejado !

–No planejado de quem mesmo ? - ergui uma sobrancelha - Ah, sim. O meu planejado, você quis dizer - enfatizei o pronome possessivo - Além disso, é uma das oportunidades de você se dar bem com os babacas do Time, se não notou ainda. Porque pra derrubar o Zabi-

–Falando de mim, Scorpie ?! - Luke agarrou-me pelos ombros, rindo histericamente. Parecia alterado mentalmente, de alguma forma. Drogas, no mínimo. Mas fumar um cigarro mágico com efeitos colaterais, durante o dia, era pura idiotice. Bem a cara dele, na verdade - Eu desisto, Malfoy. Estamos fodidos. E olha que nem dei o rabo ainda ! Mas estamos, totalmente. Tô com um rombo no meu cu, graças ao Pott- ele calou-se, ao encarar Albus a nossa frente - Outro Potter, Scorpie !

–Não me chame dessa porra de apelido - ameacei, entre dentes. Luke sorriu amarelo, e seu grupo de amigos aproximou-se finalmente, nos encarando com divertimento.

–Segura a onda ai, Malfoy - pediu Will Storm, num tom repreendedor. Fuzilei-o com os olhos, fazendo o moreno engolir em seco.

–O que está fazendo falando com o Potter esquisito, Malfoy ? - perguntou-me o Zabini, entre risadas secas - Achei que não falasse com ninguém ! Quanto mais com um Potter.

–Eu estava descolando uma forma de colocá-lo dentro da festa do meu irmão ... - afirmou Albus, casualmente. Os olhos do Time voltaram-se a ele, todos surpresos. E o Potter prosseguiu, de forma perfeitamente controlada - Mas, sabe, é arriscado colocar somente dois sonserinos num lugar onde a Grifinória domina.

–Extremamente arriscado - concordei, pondo-me ao lado de Albus, os braços cruzados de forma superior - Não teria sentido algum, por isso, estava falando que vocês - pisquei discretamente para Luke, que sorria de forma sarcástica - Estavam bem afim de uma festa. Principalmente uma festa onde fossemos uma parcela exclusiva dos convidados.

–Parcela ... ?

–Os únicos sonserinos - traduziu Albus, seco.

Os babacas finalmente compreenderam, sorrindo de forma sacana, cronometradamente. Eu e o Potter nos entreolhamos com cumplicidade, e observei-o durante mais alguns instantes, interessado. Era engraçado o quão parecido comigo aquele idiota conseguia ser, vez ou outra. A forma racional de ver as coisas, sem levar em conta os valores, ou tabus.

Quase como se ele fosse bom o bastante para merecer algo de mim. Que, infelizmente, eu ainda não sabia o que era, mas pretendia descobrir em breve.

[...]

Os dias se passavam numa velocidade incrível. Infelizmente. Depois do meu "pedido especial" a James de ir a sua preciosa festa, meus primos pareciam me olhar com mais piedade do que o habitual. No mínimo ele devia ter pedido, pessoalmente, para o Profeta Diário publicar o drama particular da vida de exclusão social do caçula patético.

Além disso, o grupo de Luke Zabini vinha sendo mais receptivo, chegando a dialogar mais que o necessário comigo durante as aulas, e até nas refeições, deixando o dia menos insuportável do que de costume, desde que Lorcan e Alice haviam começado o namoro. Não que isso fosse muito incentivador, já que, no fundo, era tudo por interesse.

Interesse era um dos principais motivos de eu estar aqui, escondido atrás da enorme porta do banheiro feminino mal assombrado pela murta-que-geme, observando ninguém menos que Scorpius Malfoy depositar ingredientes suspeitos num caldeirão. Confirmando todas as minhas suspeitas ao seu respeito.

Respirei fundo, dando um passo para trás, que saíra mais alto do que o previsto. Trinquei os dentes, frustrado, no mesmo instante em que os olhos curiosos azuis do Malfoy se focalizaram na frestinha entre-aberta da porta.

–Pode entrar, Potter - murmurou, de forma indiferente.

Engoli em seco, sem graça, empurrando a porta levemente, revelando o loiro com um sorriso debochado, observando o caldeirão de forma concentrada.

–Teria sido menos discreto se tivesse batido a porta - debochou ele, observando-me pelo canto dos olhos. Compará-lo com uma cobra, prestes a dar o bote, seria pouco naquele momento.

Era bem mais assustador que isso. Porque ao menos da cobra, uma pessoal normal teria tempo de correr. E você normalmente já esperaria o bote. Já de um bruxo adolescente desequilibrado, um Avada Kedrava seria sorte.

Não que Scorpius fosse desequilibrado. Ele apenas era equilibrado demais para o meu gosto. Isso sim o tornava tão indecifrável.

–É você que está dando Armotentia para eles, não é ? - perguntei, sentando no chão frio, frente a ele. Senti um choque na mão direita, erguendo-a a tempo de ver as gotas de sangue caírem do corte recém-feito.

Franzi o cenho, confuso, procurando o objeto no qual poderia ter me machucado, e encontrando uma espécie de prego, fixo ao chão, com a parte pontiaguda virada para cima.O sangue escorria pelo objeto, e meu machucado já ardia. Aquilo sim era azar.

Scorpius finalmente me encarou, diretamente nos olhos. Sem expressar nada além de interesse. Voltei a atenção a ele, achando a situação engraçada. Ele nem havia notado que eu estava "ferido", ou estava tendo compaixão o suficiente pra não debochar disso ?!

–Por que não me pergunta algo menos obvio ? - sugeriu, sarcasticamente - Como por exemplo, se o que estou fazendo nesse momento é Amortentia.

–Não estou afim de ouvir você mentir mais uma vez - garanti com seriedade, fitando a água de cor arroxeada, já fervendo no recipiente que permanecia sendo aquecido - Já chega por hoje.

–Eu vou abrir uma exceção pra você, Potter - garantiu ele, fazendo-me olhá-lo nos olhos de novo - Só porque somos uma espécie de cúmplices nesse momento. Não, eu não estou fazendo Amortentia. É uma poção que vai facilitar a manipulação do Zabini amanhã a noite, na festa. Deixa quem a degusta com uma coragem infinita.

–Qual a finalidade ? - perguntei, dando de ombros - Pra ele arranjar confusão com todo grifinório ?

–Não, não - riu pelo nariz, sem humor - Ele vai querer nos defender quando a Minerva e seu fiel escudeiro babaca, Longbottom, chegarem cuspindo fogo e em busca de um culpado. Seu irmão vai nos culpar, nós vamos culpar o Zabini, e o Zabini, feito um bom idiota enfeitiçado, vai assumir a culpa por tudo, de prontidão.

–Vai ser expulso por violar cinquenta regras, e você será o novo Capitão, porque, obviamente, não pretende ser visto quando a Minerva chegar - deduzi, coçando a nuca - Como pretende avisá-los da festa, na hora certa ?

–Essa é a parte mais fácil, Potter - garantiu-me, sorrindo de lado sacana - Eu sei segredos de cada um dentro dessa Escola, porque passei meu primeiro ano apenas observando e ouvindo mais do que devia. E agora, todas as informações que armazenei, as mais sujas possíveis, servem pra ameaçar cada um. Incluindo professores.

–Incluindo eu - completei, e ele ergueu as sobrancelhas, concentrado em mexer os ingredientes - E você, Malfoy ? Tem algum segredo ?

–Se eu te contasse, Potter, ia ter que te matar - declarou, com seu sorriso de canto mais cínico.

E aquela foi uma das raras vezes em que tive certeza absoluta de que ele dizia a mais pura verdade.

[...]

Deixei o banheiro apenas de toalha, parando em frente a minha cômoda pessoal no dormitório. Revirei as gavetas, atrás de uma roupa que coubesse a ocasião, e optei por um jeans surrado, com uma blusa branca e jaqueta negra.

Podia ouvir as conversas altas e animadas pelo dormitório, com Will e Luke gargalhando, enquanto enchiam a paciência de Lorcan, que mal os ouvia. Debochavam pelo fato de serem um dos poucos com o privilégio de irem a uma festa de penetras, enquanto eu apenas os ignorava, vestindo a roupa e calçando coturnos de cadarço estilo militar, pra completar o visual "foda-se, seu viado".

Dentro de mais alguns segundos, todos já estavam prontos, no exato momento em que Albus Severus deixou o banheiro privado, sacudindo os cabelos castanhos escuros úmidos. A atenção fora toda voltada a ele e suas roupas "foda-se, eu sou foda".

Usava um jeans rasgado nos joelhos, com uma camiseta de manga comprida quadriculada vermelha e preta amarrada a cintura, uma camiseta de banda com uma jaqueta preta - de um tecido provavelmente mais caro que o meu - por cima.

–Potter, o que é isso - Luke sorriu de orelha a orelha, envolvendo o moreno pelo pescoço, de forma divertida - Vai pegar todas as mulheres, garotão. Vai com calma !

Will e Lorcan riram, e escorei-me na parede, observando-os de longe. Tinhamos de aguardar algo, de acordo com Albus, que ele não sabia exatamente o que era. Algo como um sinal, que somente os donos da festa poderiam nos enviar, quando chegasse a hora.

Fitei o relógio na cômoda de Lorcan, que possuía um formato peculiarmente bizarro, constatando que já passava de meia noite.

–Ah, uma coisa eu prometo, meus amigos - Luke riu, de forma sacana - Eu vou pegar cada mulher que James direcionar os olhos essa noite ! Foi mal ai, Albus, mas seu irmão vai ter o que merece.

–Sem problemas ... - afirmou Albus, rolando os olhos. Observei-o com atenção, desviando os olhos para a porta em seguida, que subitamente se abrira. O restante do Time adentrou o quarto num burburinho irritante, juntando-se ao atual Capitão.

Jared Henley, um dos veteranos mais velhos do grupo, de cabelos ruivos e olhos verdes, artilheiro da Sonserina, iniciou seu discurso sobre o que todos não deveriam fazer na festa. Incluindo beber demais da conta, fazer sexo, e usar qualquer tipo de droga que nos fizesse passar mal no dia seguinte, ou até mesmo durante a festa.

Logicamente, ninguém prestou atenção em nada.

Até que, finalmente, algo de interessante aconteceu. Uma luz forte logo abaixo da cama de Albus chamou a atençao de todos. O moreno logo se aproximou do local, agachando-se para ver melhor, e suas mãos retornaram com uma espécie de bilhete.

Me aproximei do grupo, que havia formado um círculo em volta do Potter. Ele virou-se para mim, mostrando o papel cuja frente anunciava "Os marotos tem o prazer de mostrá-lo como nos encontrar. Entretanto, somente os leões mais corajosos serão capazes de chegar até seu objetivo ! Podem seguir por dois caminhos. O dos túneis mais escuros de Hogwarts, ou o habitual que a Escola nos proporciona a Hogsmeade. No entanto, o habitual pode aguardar algumas surpresas aos acovardados. Desde fantasmas, até os mais assustadores professores. O último a chegar é um Sonserino viado !"

–Filho da puta ! - Luke cerrou os punhos, furioso - Provavelmente todos receberam os convites certos, menos nós !

–Ele deve ter sacado que era um plano - concordou Jared, coçando a própria nuca, e direcionando o olhar a Albus, de forma irritadiça - E agora, filhinho de papai, o que pretende fazer ?!

–Não faz cu doce, Jared - Will bufou, dando de ombros - Vamos deixar pra lá, Ok ?

–Nem pensar - neguei rapidamente, arrancando o convite da mão do Potter, e observando o verso, onde dois mapas haviam sido impressos. O dos túneis, e o do exterior da Escola, já conhecido por todos.

Engoli em seco, um tanto sem reação. Era o tipo da situação para a qual eu não estava preparado. Sempre saia tudo como planejado na minha vida, e não seria agora que as coisas se tornariam diferentes. Obviamente, ambos os caminhos nos levariam a uma armadilha bem bolada. Porque James Potter podia ser idiota, mas burro era o típico adjetivo que passava longe dele.

Ergui os olhos, encontrando Albus Severus me observando atentamente, com uma expressão de apreensão. Nos entreolhamos durante algum tempo, até que eu decidisse interpretar aquilo como um sinal de que deveria, finalmente, agir com o plano B. Porque é claro que eu havia planejado um plano B. Não necessariamente para essa situação, mas acabaria por servir da mesma forma.

"Albus ?" chamei-o, mentalmente.

O Potter arregalou os olhos, olhando-me assustado. Ergui uma sobrancelha, e ele desviou o olhar, parecendo confuso.

"Seu idiota, eu estou falando com você " afirmei, num tom irritado. Novamente, Albus não acreditou, analisando-me incrédulo. Depois de estudar minha postura e expressão por alguns instantes, ele concentrou-se.

"O que está fazendo na minha mente ?"

"Vamos pular essa parte, sim ?" rolei os olhos, vendo-o cerrar o olhar, frustrado com a própria incredulidade. Compreendi-o, naquele momento. Devia ser realmente desagradável não fazer ideia do que o "cúmplice" planeja, em momento algum. Mas isso só tornava tudo mais divertido, ao menos pra mim "No que estava pensando ?"

"Mas que porra, Scorpius! " ouvi-o rosnar mentalmente "Você vai me explicar direito como está fazendo isso depois, ou eu aviso meu irmão dos seus planos assim que pisarmos naquele caralho de festa, fui claro ?"

"Foco, Albus Severus" alertei-o, com divertimento. Tão inabalável ele não era, de toda forma. Era emocional demais para se igualar a mim. No entanto, não deixava de ser um bruxo curioso. Não tão destrutível quanto o resto de sua raça.

"Nos dividimos em dois grupos, um vai pelos túneis, que provavelmente todo mundo está achando o mais seguro nesse momento. Serem escuros pode ser uma vantagem, pra se ocultar dos professores, e qualquer outro tipo de obstáculo. Diferente do exterior. É mais fácil de ser pego, na visão deles. "

"Na visão deles " repeti, ironicamente "Seja mais explicito"

"Acho que os túneis são justamente a armadilha. Obviamente, só o Zabini precisa estar na festa, e como não sou idiota de me colocar na armadilha, é bom que ele esteja no mesmo grupo que eu. Que também obviamente, vai ser o mesmo grupo que o seu, já que somos cúmplices, na sua concepção falsa de cumplicidade."

"Não seja tão rancoroso, Potter. Prossiga sem mais mágoas, por favor" sorri internamente, apreciando seu planejado. Impressionante, eu tinha de admitir "Então quer que Zabini e nós estejamos no grupo que vai pelo exterior ? "

"Se essa sua poção de coragem , ou sei lá o que, funcionar, Luke não vai se negar a ir pelo lado de fora conosco e a outra pessoa que for do nosso grupo. Ele vai querer se arriscar de qualquer forma. Mas, enfim, eu conheço outro caminho. De uma das história que meu pai contava. Foi provavelmente por ele que James e os outros seguiram, e é um pouco mais complicado. Vai nos deixar dentro da Casa dos Gritos, em Hogsmeade."

"E pra achar a festa, depois disso ?" perguntei, com curiosidade.

"James não me sacanearia tanto assim. Pelo que observei, ele está meio que me testando. Ele sabe que eu sei dessa história do meu pai, e foi meio que um aviso pra não levar ninguém comigo. Ele acha que ... essa espécie de honra da família me impediria de dividir a informação com vocês" explicou, acelerando sua linha de pensamento. Forcei a mente para retardá-lo, e ser capaz de compreender na mesma velocidade. Era essa uma das vantagens da conexão, que eu me daria ao trabalho de explicar a ele mais tarde, só pelo prazer de vê-lo intimidado com minha própria grandiosidade "Mas, como sou a ovelha negra da família de qualquer forma, vou ignorar toda essa merda, e continuar. Temos um problema em especial."

"Diga" incentivei. O grupo discutia aos berros ao nosso redor, mas a intensidade dos pensamentos dele chegava a mim com tamanha força, que o exterior não atrapalhava nem um pouco na concentração.

"O grupo que for pelos túneis, que possivelmente cairá na armadilha, vai me desprezar profundamente depois disso. Eles vão me culpar por terem sido pegos, ou feridos, seja lá o que for que os aguarda lá."

"Preocupado com a reputação, Potter ?" debochei, rindo de forma superior "Isso é o de menos. Eu mesmo farei questão de sugerir esse seu plano. Luke confia cegamente em mim, e quando ele se foder no final, eu vou ser a menor das preocupações do Time "

"Era o que eu ia sugerir a você " garantiu, com ironia disfarçada "No meu caso, iam me queimar vivo por diversão, porque sou o Potter maldito que ninguém sabe até hoje porque caiu na Sonserina"

"Já soube das histórias a seu respeito ?" questionei-o, e o moreno rolou os olhos, direcionando os olhos a Jared, como quem diz "Pode começar o show".

E eu ia começar, com muito prazer.

–Calem a boca - ordenei, rudemente, cruzando os braços rente ao peito - Luke, eu mais ou menos tenho uma ideia do que fazer.

–Conte-nos, Scorpius - o Zabini franziu as sobrancelhas, em questionamento.

–É como um jogo de tudo ou nada. Nos dividimos em dois grupos. Um vai pelos túneis, e o outro pelo lado de fora.

–Ah, que bonitinho, Malfoy - Jared riu seco - E você vai sugerir que você comande o grupo dos túneis, não é ? Muito conveniente, eu diria !

–Se preferir, Henley - cuspi as palavras, de forma irritadiça - Eu posso ir pelo lado de fora, a não ser que você esteja com medo das assombrações fantasiosas que habitam os túneis.

–De forma alguma - o ruivo entortou a boca, em reprovação - Prefiro dessa forma. E o restante ? Ninguém é idiota de ir com você. Se bem que, seria bem conveniente colocar o Potter como isca viva, do lado de fora.

–Gosta muito da palavra conveniência, não é mesmo ? - deduzi, sarcasticamente - Mas não esquenta, Jared. Ele vai comigo sim. Mas se somos sete, era justo que ao menos mais um estivesse conosco.

–Muitos pelos túneis faria muito barulho - retrucou o Henley. Trinquei os dentes, segurando-o pela gola da camisa, impaciente.

–Está querendo muita vantagem, não acha , seu puto?! - cerrei o punho direito, olhando-o com minha melhor expressão assassina. Senti a mão de Luke repousar em meu ombro, e contei até cinco pacientemente antes de relaxar as mãos, soltando Jared. Eu ia me lembrar de toda aquela audácia. No entanto, por hora aquela não era a prioridade. Objetivos centrais vinham sempre em primeiro lugar.

–Certo, eu e Will vamos com Scorpius e Albus, sim ? - o grupo concordou, graças a algum milagre, e Jared Henley pareceu "convenientemente" satisfeito com todas as suas desvantagens - Nesse caso, Jared, você comanda esse grupo, e pode ficar com o mapa, já que é um caminho desconhecido. Eu me encarrego do segundo grupo.

–Boa sorte, Capitão - desejou o ruivo, com pura ironia, enquanto afastava-se da rodinha, fazendo questão de colidir nossos ombros com força. Olhei-o com o mais puro ódio - Eu ainda quebro esse seu rostinho bonito, Malfoy - ameaçou, abrindo a porta e deixando o quarto, com os outros dois garotos atrás de si.

Senti a ameaça coçar, entalada em minha garganta.

"Ignore ele"

Franzi o cenho, olhando na direção de Albus, que me estudava com seus olhos verdes expressando a mais pura hesitação. Quase como se implorasse para que eu recuperasse o foco, e o ajudasse.

"Por enquanto" garanti de volta, voltando a atenção para Luke Zabini, e Will Storm.

–Vamos logo com isso - murmurei, suspirando cansado - Eu sei de outro caminho,-

"Onde fica essa merda ?" perguntei, irritado, ao Potter. O moreno respondeu imediatamente.

"Salgueiro Lutador"

–Salgueiro Lutador ?! - repeti, em voz alta, olhando-o com cara de poucos amigos. Albus engoliu em seco, e os dois outros presentes me olharam, assustados.

–Está perguntando isso, seu idiota ?! - Luke rebateu, num tom furioso - Você que disse que sabia desse caralho de caminho !

"Salgueiro Lutador, tem uma passagem, um túnel. Casa dos Gritos, lembra ? Em Hogsmeade"

–Eu espionei James Potter de uns tempos pra cá, como você havia me pedido - afirmei a Luke, respirando fundo antes. Tinha de ser equilibrado, acima de tudo. Mesmo que a vontade de esquartejar Albus Severus Potter fosse incontrolável - Ouvi ele dizer ... que uma espécie de Pista estaria na Casa dos Gritos, pra chegar a festa. Dai, ouvi Dominique Weasley comentando sobre ter uma passagem lá, quando estava explicando a umas novatas da Lunfa Lunfa.

–E por que não disse isso antes do Jared ir pelos túneis ?! - questionou o Zabini, dando um tapa na própria testa.

–Eu detesto Jared, e quero que ele se foda. Não viu como ele fez questão de tirar o dele da reta ainda agora ? É obvio que ele quer nos foder, e o tempo todo ele mostra isso, Luke. Não vê como nos treinos ele tenta provar que é melhor que você ?

Albus me olhava com atenção, e sorri internamente diante da cena. Luke acreditando em cada palavra que era proferida por minha boca profana.

–Como ele tenta te desbancar ? Que ele me odeia não é novidade, mas ferrar você veio de brinde hoje. Ele nem reclamou de nada quando se ofereceu pra vir com o grupo que ele achava que ia ser o mais ferrado.

–Nisso você tem razão ... - concordou Will, com os braços cruzados atrás da nuca, perdido nos próprios pensamentos - Ele é um babaca de primeira.

–É um aproveitador - corrigiu Albus. Os olhos verdes fixos nos meus. Era uma indireta, na certa.

–É - dei de ombros - Pode ir lá buscar ele, ou deixá-lo provar do próprio veneno, e confiar em mim.

Luke permaneceu em silêncio por alguns instantes, fitando um ponto qualquer ao chão, recolhido nas próprias conclusões e duvidas. Por fim, suspirou cansado, murmurando um :

–Eu confio cegamente em você, Scorpius. Fique a vontade pra mostrar o caminho.

Sorri de canto, da forma mais discreta possível. O gosto da vitória e da superioridade invadindo minha garganta. A certeza de que essa noite, o posto de líder de Zabini não sobreviveria para contar história.

Mas o meu sim.

[...]

Scorpius era um monstro. Mais especificamente, um demônio. Do pior tipo, na verdade. E eu nem sei se existe diversidade de espécies de demônios, só sei que, se eles existem, e são de diversas espécies, ele é o da pior possível.

Eu não me apego a pessoas com facilidade, não admiro ninguém sem motivos pra isso, e detesto admitir que alguém seja superior a mim em algum aspecto. Mas com relação a Luke Zabini, tudo não passava de fatos.

Ele era, realmente, a pessoa certa para ser o Capitão da Sonserina. A forma como ele confiava em Scorpius, e o modo como ele ditava as regras, da forma mais justa possível, prezando o trabalho em equipe. Era incrível, e improvável, num lugar onde passar por cima dos outros era prioridade.

Porque mesmo que a Sonserina não fosse formada de cobras, literalmente, ainda assim, companheirismo não era uma dos lemas mais adeptos aos seus membros. Na verdade, era um dos conceitos mais estúpidos, ao ver de todos. Era cada um por si, e todos por ninguém. No entanto, ao ver Luke depositando toda a sua fé num alguém - que, sejamos sensatos, era um demônio - era como se finalmente houvesse uma salvação para o poço escuro em que nos encontrávamos. Uma corda, firme e estável.

Que Scorpius Malfoy estava, nesse momento, cortando com um facão, sem dó nem piedade. E era incrível assistir sua máscara de companheiro fiel em ação, sendo usada com alguém digno de grandeza. Porque Luke Zabini, por mais que me custasse admitir, era um líder nato. E não um líder qualquer. Um líder bom.

E o Malfoy estava usando-o a sabe-se lá quantos anos, como se fosse uma marionete, manipulável e destrutível.

Caminhamos para fora do dormitório com Scorpius a nossa frente, altamente centrado. Observava suas costas com atenção, quase como se cogitasse a possibilidade dele pular no meu pescoço e torcê-lo até eu cair morto no carpete.

Quando já estávamos do lado de fora do Salão Comunal da Sonserina, correndo sorrateiramente pelos corredores, decidi que estava na hora de resolver certas questão. Respirei fundo, e focalizei meus olhos na parte de trás de sua cabeça, como se aquilo, de alguma forma, fosse me ajudar.

"Tem certeza de que sabe esse tal caminho, não tem ?" perguntou-me, e quase saltei com o susto do contato inesperado. Engoli em seco, tentando controlar as emoções. Não era hora pra pânico. Só precisava ser direto, e interrogá-lo.

"Como está fazendo isso ?"

"Tem razão, esqueci de contar " ele deu uma risada sombria, sem que sua boca emitisse nada, e aquilo era, no mínimo, bizarro. Podíamos até rir um na mente do outro, e isso definitivamente não era uma magia normal "Sabe a poção da coragem ? "

"O que tem ela ?" questionei-o, imaginando que o que viria a seguir, passaria longe de quaisquer expectativas.

"Não era bem isso que eu estava fazendo naquele caldeirão, ontem a noite" garantiu, num tom de sarcasmo "Digamos que Luke Zabini não precise de coragem alguma para dar uma de herói. É da própria natureza dele ser desse modo. No entanto, não é da sua natureza dividir todas as informações comigo, não acha ? Como, por exemplo, não me contar que sua prima deixou, casualmente, um bilhete a você durante a aula de Transfiguração, explicando que haveria uma maldita pista no local por onde eles seguiriam. Porque seu irmão te deu uma porra de um voto de confiança, e você já ia bancar o arrependido se livrando de todo mundo, dizendo que só haviam dois caminhos, e nenhum era o certo ! Para a puta que pariu com essa sua encenação de merda, Potter !" esbravejou ele, fazendo um frio intenso subir a minha espinha. Quase tropecei devido ao nervosismo. Aquilo era um sinal, bem claro, de que eu estava fodido. Cada passo que desse, ele estaria vinte na frente.

O mais impressionante era que ele estava certo. Em tudo. Desde o bilhete de Rose, até o meu inesperado arrependimento. E, naquele exato momento, eu compreendi que um acordo com Scorpius Malfoy, jamais poderia ser quebrado. Ele fazia as próprias leis, e os próprios julgamentos.

Aos julgados culpados, a sentença final certamente devia ser a pior das penas.

"Então ... o que havia no caldeirão ?" tive forças para perguntar. O loiro demorou a responder, mas quando o fez, consegui pegar a linha de pensamento. Fora uma jogada de mestre.

"Eu sempre soube que seus dois lados tinham exatamente a mesma medida, Albus Severus. Você é tão normal, quanto se deve ser. Tinha certeza de que quando enfiasse aquela história de poção da coragem, você cairia igual um bom trouxa na história, e deixaria seu lado ambicioso falar mais alto. Você quer, tanto quanto eu, a queda do Zabini. E, no quarto, quando viu ele animado pra fazer inúmeras merdas, e teve a certeza de que aquilo seria o fim dele, essa noite, não resistiu a tentação. Mas eu precisava de uma forma pela qual você me avisasse, de última hora, da sua mudança de planos. E, depois de algumas pesquisas, consegui achar o que queria. Isso sim é uma poção digna, e se chama Nectunt."

"Isso é ... Poção do Elo" lembrei, arregalando os olhos. Aquilo era uma das magias negras mais avançadas do mundo bruxo "Como ?! Seria preciso anos de magia negra, além de ...

"Sangue" completou, ironicamente. Pisquei os olhos, recordando-me do prego propositalmente colocado no chão durante aquela noite. Ele havia roubado meu sangue, e eu havia sido idiota ao ponto de nem desconfiar "Entendeu agora ?"

"Brilhante" admiti, passando a mão por meus fios, extasiado com o plano "Genial, eu diria. Quanto tempo dura o efeito ?"

Minutos de silêncio me fizeram crer que, finalmente, o elo havia se rompido. O que era um grande alívio.

–Ali está - anunciou Scorpius, virando-se finalmente na minha direção - O Salgueiro Lutador.

–Como pretende passar por aquela coisa ?! - perguntou Luke, perdendo sua calma.

–Albus vai mostrar - garantiu o loiro, com autoridade. Olhei-o incrédulo, recebendo um fuzilamento visual de dar nos nervos - Não é, Potter ?

–Fique a vontade pra assistir, Malfoy - murmurei, no meu tom mais racional. E assim que dei dois passos na direção da árvore, soube que aquele podia ser o meu fim.


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Notas finais do capítulo

Mereço opiniões ? >.< Aos que permanecem, agradeço antecipadamente !



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