Gestos escrita por Eena


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

primeira oneshot ♥ boa leitura.



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Isso poderia ter sido julgado como erro, mas para mim, foi a coisa mais certa que fiz.

—Você já pode ir embora. —acho que foram uma das frases mais dolorosas que eu já disse. A última coisa que eu poderia querer era que ele partisse. Porém, mesmo que eu implorasse para que continuasse aqui, Edward iria da mesma maneira, eu sei disso.

—Winry… —ele dizia sem jeito. E o seu “sem jeito” era a forma mais linda que eu já o vi.

—Vai logo.

—Eu volto… Prometo.

—Não precisa voltar. —senti meus olhos queimarem, e logo minha visão ficou embaçada. Tinha prometido que não choraria. Não em sua frente. Mas já era impossível. Meus joelhos trêmulos já não aguentavam aquela pressão, e eu desabei. Caí sentada no chão, e ali foi onde deixei aquelas lágrimas que estavam guardadas, se libertarem.

“Precisa sim”. Aquela voz, mais conhecida como “coração”, estava contrariando a minha. Estava contrariando o que era certo, por puro egoísmo. Eu já sabia que devia ter contado a verdade desde o início, mas sou ignorante o bastante para não o fazer.

Com a cabeça baixa, escutei o suspiro agoniado dele, e dentro de segundos, senti suas mãos em meus ombros. As mesmas mãos me apertaram e me puxaram para cima com firmeza. Abri meus olhos e o vi com aquela cara de preocupação que ele sempre tinha quando me via.

—Por que... Não, o que está acontecendo com você? —aqueles olhos dourados estavam se aprofundando cada vez mais dentro dos meus.

—Não sei… Mas… —eu deveria falar? Não. Me recuso a falar isso.

—Mas…? —seus dedos apertaram meus braços com força e o ar saiu com pressa de meus pulmões, querendo espantar o susto. Ele percebeu, e me soltou. —Desculpa.

—Agora você já pode ir, né? —sorri indiferente, mostrando que eu estava bem. Ou tentava parecer bem.

—Eu não vou embora até você me contar o que está acontecendo. —novamente senti suas mãos. Só que dessa vez, elas estavam se juntando as minhas. Elas acariciavam as costas, apertava meus dedos levemente e por fim, se entrelaçaram. —Posso ir amanhã. Vamos voltar para casa, e farei questão de você me contar o que te aflige.

Tentei impedir, mas nada deu certo. Ele acabou me forçando a voltar pra casa. Fui emburrada e sem olhar em sua cara.

Quando chegamos lá, vovó estava atendendo um cliente e provavelmente precisaria da minha ajuda. Supliquei mentalmente para que me chamasse, mas nada. Ela continuou a trabalhar como se nós não estivéssemos ali.

Edward me empurrou até a escada que subia para os quartos, e começou a me guiar até o meu. Logo já estávamos lá, comigo sentada na cama e ele em pé escorado na porta. Senti meu estômago embrulhar quando ele abriu a boca para começar a falar.

—Agora me conta. —seu olhar estava penetrando o meu novamente, só que dessa vez com afeto. Ele nunca me olhava nos olhos dessa maneira, hoje foi a primeira vez. Quer dizer, foram.

Eu não disse nada. Absolutamente nada. Não ousei nem a respirar.

—Winry. —ele sorriu de canto e se sentou do meu lado. —Acho que já têm anos que eu gostaria de te dizer isso, mas sempre achei uma estupidez. —Ed gargalhou timidamente e engoliu seco. —Droga. Não sei como dizer isso.

—Demonstre com gestos. É bem mais fácil do que com palavras. —e foi o que ele fez.

Suas mãos tornaram a tocar as minhas. Tentei entrelaçar nossos dedos com pressa e foi o mesmo que ele fez. Suas palmas eram tão calorosas que eu poderia segurá-las o tempo inteiro.

Ele não encarava mais os meus olhos, e sim, minha boca. Será que… Iria me beijar?

Não, Edward realmente me beijou. No momento, eu quis me afastar dele para que nada daquilo acontecesse, mas não consegui. Seu beijo me tirou daquele mundo, me fez ter borboletas no estomago e ficar com sede de ter mais de seus lábios. O máximo que poderia fazer, era retribuir, e foi o que eu fiz. Extremamente louca de vontade de tê-lo.

Quando eu ainda estava hipnotizada por seus doces beijos, fui surpreendida pela sua pegada forte em minha cintura. Mal tinha notado que havia soltado minhas mãos. Ele me jogou contra a cama, e ficou em cima de mim. Me olhando, ou quem sabe, me admirando. Se eu não fosse tão perspicaz em relação a ele, provavelmente já teria saído dali.

Já não sabia se tudo aquilo era um sonho ou pesadelo. Queria ouvir, e não apenas sentir as suas palavras.

Ofegando e invadindo a minha mente com aqueles olhos dourados, Edward me fez estremecer. Meu coração não sossegava dentro de meu peito, ele parecia estar batendo em todos os cantos de meu corpo, bombeando sangue para minha cabeça para que eu não desmaiasse.

Acho que finalmente estava entendendo o motivo de tudo aquilo ter acontecido. De aquelas lágrimas impetuosas. Daquele sentimento que eu senti ao pensar na sua partida.

E a coisa mais óbvia que poderia acontecer, aconteceu. Nós começamos a rir igual retardados, mas realmente aconteceu. A cada toque, a cada beijo… A cada suspiro. Aquilo era melhor do que todos os sorvetes de flocos que já tomamos quando pequenos.

Tive certeza absoluta que aquele foi o melhor dia da minha vida. Dormimos alí, juntos, um de frente para o outro, sem dizer uma única palavra.

**

No outro dia, fomos novamente até a estação. Como ontem, Ed iria para Xing, encontrar-se com Al que já estava lá.

Estávamos sentados em um dos bancos da estação, e eu estava conversando com ele, porque a única coisa que ele sabia era responder “tá” para tudo.

Depois de tanto falar que ele deveria cuidar direito do automail, o apito do trem soou. Levantei toda animada e o avisei.

—É sério, não falei aquilo por brincadeira. Se você não cuidar dela direito, vai quebrá-la rapidinho e vai ter que voltar para cá. —falei novamente sobre o automail.

—Sim, eu sei! —pelo menos ele respondeu diferente de “tá”. Ele virou de costas e levantou sua mão, se despedindo. Sorri ao ver aquilo, mesmo sendo algo que ele sempre faz.

—Me ligue e marque uma consulta sempre que precisar de manutenção, ok? —disse ainda sorrindo. E ele respondeu com aquele “tá” irritante de novo.

Ele começou a andar para entrar no trem, e do nada parou.

—Uma consulta? —daí virou e ficou me encarando. Fiz uma cara tipo “o que foi?” e ele pigarreou. —Winry…

—O que foi? Fala logo. —o encorajei.

—É UMA TROCA JUSTA! —ele apontou para mim e começou a gritar. Seu rosto ficou extremamente vermelho, e começou aquela baboseira de alquimia. —EU TE DOU METADE DA MINHA VIDA E VOCÊ ME DÁ METADE DA SUA! —segurou a respiração, e eu fiquei meio sem entender o porque de tudo aquilo.

—Ah… —bufei. —Que chatice essas coisas de alquimistas… —coloquei uma mão na testa e bufei de novo. —Você é mesmo idiota… Eu não daria metade, eu daria tudo! —fiquei olhando para ele séria. Eu daria tudo mesmo.

Até eu me tocar que não deveria ter dito isso. Comecei a sentir vergonha e gaguejar. Me senti totalmente idiota por ficar alí tentando explicar que não era exatamente aquilo que eu queria dizer. E para piorar a situação, ele começou a rir.

E quando Edward parou de rir, ele fez algo que nunca poderia imaginar. Ele me abraçou. Em público.

Mas não foi só isso.

—Você é incrível. —sussurrou bem perto do meu ouvido. E dessa vez, meu coração, se eu não estivesse de boca fechada, voaria para fora. —Agora eu vou de verdade. —então, ele deixou um beijo na minha testa e correu para o trem.

Eu sabia que aquela não seria a primeira vez que iriamos nos despedir daquele jeito, e estava longe de ser. Não estava acreditando que ele realmente disse algo daquele tipo. Adorei finalmente ouvir suas palavras.E foi alí, exatamente naquela estação de trem, que eu soube que o amava e que não precisaria apenas de gestos para demonstrar isso.


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Notas finais do capítulo

se você leu, obrigadaaaaaa de coração ♥ beijosssssssss mil.