Sorria?

— Eu estou atrapalhando? — Sasuke havia acabado de entrar na minha casa e eu fiquei sem ação. Olhei para ele e ele olhava para mim.

Imagine a cena: Você em uma violenta briga com seu ex-namorado babaca que só quer te usar e, de repente, o cara por quem você é apaixonada, por algum motivo que você ainda não saiba, entra pela porta de sua “casa”.

A: Você corre pros braços dele; B: Você continua com a briga violenta; C: Você tem um ataque cardíaco...

D: Nenhuma das anteriores, vou ter que improvisar dessa vez.

— Sasuke, o que esta fazendo aqui? — Eu não havia ficado louca, eu tinha certeza de ter visto Sasuke dando a partida de seu carro e saindo logo em seguida.

— Eu pude ouvir os seus gritos ao final da rua e fiz o retorno...

— Sakura quem é esse mané com cara de emo e o que ele ta fazendo na nossa casa?

— Olha aqui rapa... — Foi tudo tão rápido, quando eu vi Lee havia me deixado de lado e eles estavam chamando um ao outro pra uma briga no meio da minha sala de estar — Eu não sei quem você pensa que é ou o que esta fazendo na casa da Sakura mas...

— Ela é minha namorada!

— EX! Namorada! — Eu gritei

— Tanto faz, o que esse emo...

— Chega!

Sasuke gritou e, quando vi, ele já havia acertado soco na cara de Lee, fazendo-o cair com o nariz sangrando. Do jeito que Lee é, ele não deixou barato, se levantando e dando outro na cara de Sasuke.

Logo a festa estava feita: Os dois estavam brigando violentamente na minha sala de estar, com socos, chutes, e muito sangue pelo tapete da sala. Eu pensei em impedir, eu era boa em separar brigas... De meninas! Brigas de tapas e não essas brigas violentas em que eu poderia levar um soco.

Porém, quando Lee pegou a minha planta decorativa e quebrou na cabeça de Sasuke, este caiu desacordado. Quando ele ia dar mais um chute em Sasuke justo em suas partes intimas, eu corri até Lee e lhe dei um forte tapa na cara. Acho que estava realmente furiosa, pois o meu tapa o fez cair no chão...

— Pare com isso! — Foi tão forte que pude ver lágrimas saindo de seus olhos quando ele caiu no chão — Você me dá nojo, Lee! Você não sabe o que é amor e nunca vai saber!

— Eu sei que você...

— Cala a boca! — eu me ajoelhei, levantando a cabeça de Lee e lhe dando outro tapa, dessa vez ainda mais forte — Comigo você pode até tentar mexer... — peguei a gola da camiseta de Lee — Mas se você tentar, mais uma vez, mexer com alguém próximo a mim, sendo Sasuke, Hinata, ou qualquer outra pessoa... — pude sentir meus olhos enchendo de fúria — Eu te mato!

— Você não vai ser feliz com ele! — Lee ainda teve coragem de falar apesar de tudo. Eu ri com ironia.

— Eu não fui feliz com você. Suas chances acabaram, você não tem mais jogo comigo! — eu falei. Após isso, eu Lee desmaiando em meus braços. Eu vi a briga, havia sido feia, mas Lee não havia quebrado nada, isso eu poderia assegurar.

— Sakura... — Ouvi a voz tímida e fraca de Sasuke vindo por trás de mim. Eu me virei rapidamente para lhe ajudar. Sasuke estava com o rosto bem ferido, Lee havia acertado varias vezes na mesma parte, no caso, no rosto...

— Sasuke você esta bem?! — Eu perguntei. Tudo o que eu conseguia pensar era se ele estava bem. Fiz como os professores nos ensinaram a fazer: Coloquei a cabeça de Sasuke apoiada em uma almofada e passei a mão por trás dela para ver se estava sangrando. Graças a Deus não estava...

Depois comecei a sentir seus braços, barriga e perna para ver senão havia quebrado nada... Nada além das manchas roxas e vermelhas que Lee havia causado.

— Sasuke você vai ficar bem! — Eu declarei, pondo as mãos em sua face e encarando seus olhos. Ele era forte, e tentava parecer forte até mesmo naqueles momentos que provavelmente estavam sendo de dor. Sasuke se apoiou nos cotovelos e, mesmo com um pouco de dor na voz, ele falou

— Pegue suas coisas, vamos para minha casa

Eu me surpreendi como ele poderia pensar nisso numa hora daquelas. Mesmo naquele estado, ele continuava pensar em mim...

— Agora, Sakura! — ele falou em um tom mais autoritário e eu não tive como discordar do que ele falava

Eu logo fui para o meu quarto, peguei as minhas duas malas antigas do fundo do meu armário e coloquei tudo dentro. Em uma coloquei todas as minhas roupas, eu não tinha muitas, então coube perfeitamente, e nesta mesma eu coloquei coisas frágeis como um perfume da minha mãe, um espelho, caixa de maquiagem, essas coisas. Em outra meus objetos de higiene pessoal e, também, coisas mais pessoais que isso. Um álbum de família antigo, o livro que minha mãe escreveu para mim, a carta de recomendação pra faculdade que meu pai fez pra mim.

Eram pequenas coisas, mas tudo aquilo me trazia boas memórias do tempo que eu vivia fora dos Estados Unidos.

— Vamos? — Sasuke perguntei me tirando de meus pensamentos. Como ele havia conseguido subir as escadas naquele estado?

— Claro! — falei, fechando a ultima mala e pegando as malas e indo para o carro juntamente com Sasuke. Ele não teve dificuldade em descer as escadas, acho que não estava com problemas nas pernas, só com a cabeça doendo por causa das pancadas mesmo...

— Você vai ficar um tempo na minha casa. Quanto tempo precisar, ok? — ele disse, olhando bem em meus olhos e me dando um beijo na testa.

— Eu não quero incomodar...

— Eu nunca me perdoaria se te deixasse aqui desprotegida! — ele declarou. Foi tão fofo que sorri apesar de tudo.

— Obrigada — Saímos e, a ultima coisa que vi, foi a casa onde havia passado o ultimo ano com Lee em frente, olhando para mim. Imaginei quando foi que ele havia acordado, mas isso não importava mais, se Deus quisesse eu não o veria mais nessa vida. Mas, infelizmente, algo me dizia que ainda iríamos nos ver...

No carro, eu pude sentir o olhar de Sasuke sobre mim enquanto olhava pela janela do carro. Eu não me viraria para falar nada, afinal o que eu poderia dizer? “O meu ex-namorado roubou todo o meu dinheiro”? Não, isso não iria ajudar ninguém naquele momento, principalmente com Sasuke naquele estado de adrenalina no qual ele estava.

— Ele estava te ameaçando? — Ouvi ele perguntar. Eu parei de olhar pela janela e me sentei direito no banco do carro.

— É uma pergunta ou um pensamento seu?

— Eu ouvi boa parte da conversa...

— Sasuke eu não quero falar sobre isso agora, tudo bem? — eu poderia muito bem falar sobre aquilo com ele, mas não queria que ele desse meia volta com o carro e fosse tirar ainda mais satisfações com Lee, que como não tinha um pingo de vergonha na cara ainda devia estar lá, parado olhando pro vento.

— Eu só... Senti que precisava de ajuda! — Pude sentir a dor em sua voz, e fiquei com pena de Sasuke. Ela parecia querer me ajudar e havia se machucado por minha causa.

— Tem certeza que pode dirigir? — Perguntei. Ele também não parecia muito disposto a dirigir naquele momento, depois de uma briga quem estaria?

— Ele não me machucou — Eu procurei feridas nele, e tirando os machucados no rosto não havia mais nada em Sasuke realmente grave — Você tem um grande empréstimo, para que?

— Ele me roubou o dinheiro que restava da minha mãe e fez um grande empréstimo com o meu nome, dizendo que iríamos casar e depois me pagaria, mas tudo foi uma grande mentira.

— Eu... Vou cuidar de você! — Neste momento eu fiquei e choque. Eu não queria ter que depender de Sasuke para me sustentar, eu não era nem namorada dele... Ou era? Isso acabou virando algo tão confuso pra mim. Por um lado eu tinha sentimentos para com Sasuke que eu não tinha com Lee, mas por outro eu não podia ser uma paranóica que levava um beijo tão sério assim...

— Obrigada.

Quando finalmente chegamos à casa de Sasuke, eu sai do carro e arregalei os olhos. Só de ver a casa dele por fora, extremamente grande e com o dobro do tamanho da de Ino, eu me senti deslocada.

Quando entramos em casa, Sasuke abriu a porta como se estivéssemos em um filme... E parecia que realmente estávamos!

— Bem vinda! — Sasuke disse. Eu olhei para ele e alternei os olhares entre seu rosto e a casa. Eu tinha, duas vezes maior que a casa da Ino, e acho que era bem mais bonita e misteriosa também.

— Sua casa é muito grande! Quantos quartos?

— São seis, mas como quarto deles estão em obra, sobrou dois, um é meu e o outro tem os materiais, mas não se preocupe você pode dormir no sofá.

— Nossa que hospitalidade! — Eu brinquei e ele riu do meu tom de voz.

— To brincando, você dorme no quarto e eu no sofá — Sasuke disse, levando as minhas malas para o quarto — Quer comer alguma coisa? — Sasuke perguntou do alto da escadaria.

— Não, obrigada, estou sem fome! Só quero dormir... — disse, indo atrás de Sasuke. No relógio da escada, eu pude ver: Já era uma da manhã! Eu precisava dormir urgente...

— Então vamos! — Subimos as escadas e fomos direto para o quarto de Sasuke. Entramos e eu vi, lá era bastante o estilo de Sasuke, paredes pintadas de azul, um guarda-roupa, uma cama de casal, não era nada muito exagerado.

— Posso deitar?

— Claro, a casa é sua Sakura! — eu praticamente me joguei na cama e pude ver Sasuke rir com o meu exagero.

— Sua cama é muito macia! — eu tinha que falar, era a verdade.

— Eu gosto de camas assim. Bom, vou dormir — Ele disse, saindo de perto da cama. Mas eu logo tratei de puxá-lo para trás, fazendo com que ele caísse na cama.

— Pode dormir aqui! Eu vou pro sofá! — Eu digo em um sussurro, saindo da cama.

— Não, você vai dormir aqui!

— Sasuke, essa aqui ainda sim é a sua casa! E só vou concordar em ficar se você me deixar ter o privilégio de ficar no sofá, eu não fico! — eu fiz uma pose de autoridade e ele se levantou. Eu tentei fingir uma cara séria naquele momento, mas não nasci pro teatro.

— Você vai dormir aqui!

— Não eu não vou!

— Sim você vai!

— Não vou!

— Vai sim!

— Vou sim!

— Não vai!

— Ta bom, eu não vou! — eu disse dando as costas para um Sasuke que havia caído em minha armadilha. Peguei a mala verde com cobertores e fui até o sofá. Improvisei uma cama e me deitei nela.

Ok podem achar ridículo o fato de eu não querer aceitar a cama de Sasuke, mas eu não quero que ele se sinta desconfortável na própria casa. Ele já havia me recebido aqui e não iria mudar o seu estilo de vida por mim.

...

Logo, o dia amanheceu e eu acordei mais cedo que o normal. Espreguicei-me na cama e me coloquei de pé... Perai, como eu vim parar na cama? Eu me lembro bem de ter ido dormir no sofá e acordo na cama? Isso não acontece desde quando era criança.

Olhei para os lados tentando encontrar uma resposta e vejo um bilhete no criado-mudo. Assinado Sasuke. Eu abro e leio

“Querida Sakura

Não pense que vou te deixar ir dormir no sofá quando eu posso fazer isso por você, ok?

Ass: Sasuke”

Sorri com o bilhete e, quando vi, havia também uma chave no criado-mudo. Provavelmente era a chave da casa...

— Você acordou cedo — disse Sasuke, me assustando. Ele trazia uma bandeja de café da manhã na mão, daquelas de filmes. Torradas, suco de laranja, panquecas americanas, tudo que eu aprendi a gostar por aqui. Logo nos sentamos lado a lado para comer na cama enquanto conversávamos — Eu estou de saída pra empresa, mas fica a vontade pra olhar a casa e sair, ok?

— Eu tenho faculdade lembra? — falei. Eu não podia faltar depois de ficar o fim de semana inteirinho fazendo trabalhos, eu me mataria se fizesse isso — Aliás, que horas são?

— Seis horas, porque? — Arregalei os olhos e procurei qualquer objeto que marcasse as horas pelo cômodo. Na parede, um relógio marcando exatamente seis horas. Levantei da cama em um pulo e fui correndo para o banheiro tomar banho. O boxe era preto e cobria quem estava de um lado e do outro, e dei graças por isso quando Sasuke entrou no banheiro enquanto eu tomava banho — Porque a pressa?

— É segunda-feira Sasuke! Eu tenho faculdade das sete ao meio dia! E depois eu ainda trabalho na... — eu perdi minha fala quando ouvi meu celular tocar.

— Yamanaka Ino ligando — Sasuke falou e eu fiquei sem ação. O que ela poderia querer agora?

— Sasuke coloca no viva-voz por favor? — Assim Sasuke fez.

Telefone ON

— Ino?

— Sakura reunião de emergência na empresa agora! Nem pense em faltar!

— Ino você sabe que eu não posso ir pra empresa de manhã, eu tenho faculdade!

— Você está ficando maluca? Essa é uma reunião importante que pode decidir o futuro da empresa e você quer faltar? Você será demitida se não aparecer em 15 minutos!

— Yamanaka Ino? — Antes que eu possa falar algo, Sasuke tira o celular do viva-voz — Aqui é Uchiha Sasuke. A Sakura não irá comparecer hoje, então pelo o que eu ouvi, ela será demitida, e eu estou contratando ela para minha empresa. Outra coisa, eu quero avisar que nosso acordo está desfeito. Bom dia!

Telefone OFF

— Eu não acredito que você fez isso! Sasuke era o meu emprego, como é que eu vou me sustentar agora eim?!

— É como eu disse, você vai trabalhar para mim! Que tal?

— Ah é? E do que eu vou trabalhar lá, você não tem secretaria? — Eu sabia que ele tinha secretaria, como não teria sendo um homem de negócios com um nome tão importante.

— Eu tenho uma pra manhã e outra pra tarde, e a secretaria da tarde foi promovida faz uma semana e ainda não contratei ninguém... Até agora! — Sasuke falou, e eu pude ouvir os seus passos se distanciando do banheiro. Eu bufei, até que poderia ser bom trabalhar com Sasuke, mas me entender com Ino não seria legal. Eu peguei uma toalha e cobri-me com ela. Ao chegar no quarto, vi Sasuke apontando uma câmera em minha direção.

— Sasuke, eu acabei de sair do banho! — eu disse, enquanto ria e ia indo em direção a ele, tentando tapar a lente da câmera com uma mão enquanto segurava a toalha com a outra.

— Calma, isso é só uma lembrança de você!

— Se você quer uma lembrança tira uma foto mais decente! — eu disse, finalmente tapando a lente.

— Chata! — ele falou e eu mostrei a língua para ele em brincadeira. Logo fui até minha mala azul com minhas roupas e peguei minha típica roupa de faculdade, com um colete branco por cima de uma camiseta roxa, uma saia azul e um salto alto prateado — Tem mesmo que ir a faculdade? — ele me perguntou, fazendo uma carinha de cachorro pidão para que eu ficasse. Eu fui até ele e dei-lhe um leve selinho.

— Eu não fiz trinta folhas de trabalho de faculdade o sábado inteiro pra ver isso tudo ir por água a baixo — Logo, eu peguei minhas roupas e fui para o banheiro me trocar. Quando voltei, já tinha minha resposta para Sasuke — Eu aceito! Mas quero que seja 100% profissional comigo, ok?

— Fechado — ele disse. Eu fiquei feliz pelas coisas estarem dando certo apesar de tudo...