O que ele estava fazendo ali? Foi a primeira pergunta que me surgiu, mas não foi a minha primeira reação… Quis levantar e abraçá-lo, mas fui impedida pelas dores da surra e as cordas. Meu peito apertou de vê-lo com a cabeça baixa sem que pudesse olhar-me diretamente. Eu não sabia o que estava acontecendo, mas queria me sentir segura ao seu lado sabendo que ele me protegeria.

No entanto, ainda não imaginava o porquê dele estar ali. Ele podia muito bem ter sido capturado assim como eu, mas se tivesse sido, então por que eu estava presa e ele estava solto? Não poderia ter escapado, afinal, Lee jamais deixaria que ele me visse assim como estou agora.

Aquele turbilhão de pensamentos passando pela minha cabeça só continuava a piorar conforme via que Sasuke não movia um dedo. Ele ficou ali, parado, cabisbaixo, sem nenhuma reação. Não importa o quanto eu quisesse levantar, ele não fazia um gesto, até que enfim, eu parei de tentar quando já estava ofegante. Fiquei olhando-o por um tempo — “Será que é realmente o Sasuke?” — cheguei a pensar.

— Sasuke, fala comigo por favor.

— Oi… — Foi a única coisa que ele pronunciou antes de entrar no quarto e trancar a porta logo em seguida. Deu duas voltas pelo quarto sem tirar os olhos de mim e não disse absolutamente nada. Eu já estava quase sufocada quando decidi ser direta.

— O que está havendo com você? Me diz, por favor. Estou com medo, me tira daqui.

— Não…

— Como assim não?!

Após isso, ele veio até mim assim como todos os outros, só que diferente das outras vezes, eu não fazia ideia do que viria a partir dali. Sasuke sempre foi uma caixinha de surpresas que eu sabia decifrar, mas agora estava indecifrável.

— Eu amo você… — Eu me senti aliviada, mas ainda estava preocupada. — Essa foi a mentira que você acreditava todas as noites quando dormia comigo? Você é patética Sakura, eu nunca amei você, usar o seu corpo é só uma fantasia que eu tenho… depois te jogaria fora como todas as outras, mas você decidiu fugir. Tão linda… deve ser uma delícia e eu estou louco para te provar… e desse jeito tão vulnerável está me excitando. Você é insignificante, um lixo de pessoa e eu só te via como um objeto que eu quero provar. — Ele sorriu e aquilo me assustou… não poderia ser o mesmo Sasuke, algo deve ter acontecido com ele enquanto estava fora. Então, ele chegou bem perto e sussurrou no meu ouvido. — Agora chega de papo, tire a minha cueca com a boca e acho bom fazer tudo o que eu mandar, se não, seu sofrimento aumentará…

…

Depois de todo aquele discurso enorme, eu só ficava prestando atenção na face de Sasuke. Eu não me apavorei com nada daquilo, eu não perdi a cabeça, não me debati enquanto estava presa àquelas cordas; eu só prestei atenção no rosto dele. E o rosto dele só me dizia que era tudo uma grande mentira.

— Você não vai fazer isso. — Disse enquanto ele já tirava o cinto da calça.

— Veremos. — Ele disse amarrando o cinto no meu pescoço e terminando de tirar o resto da calça e ficou apenas de cueca.

— Tenho direito a uma última palavra? — Perguntei e fui respondida por um simples movimento da cabeça de Sasuke. — Você está aqui falando comigo sobre como eu sou insignificante, vulnerável, e eu posso concordar com isso. Mas não sou burra ou cega Sasuke.

Minhas palavras pareciam ter chamado sua atenção, e seu tempo.

— Eu passei quase um ano junto a Lee. O que eu sentia pelo Lee nunca foi como o que eu senti por você, e o único motivo para tal é que era correspondido. Se não fosse, você teria me obrigado a fazer isso muito antes, e sabe que sendo vulnerável do jeito que eu sou, eu aceitaria. — Eu falava tudo da boca pra fora, pois não pensava em nenhuma das palavras que saiam dali. Não me importava em ser julgada por ele. — E é por isso que eu, Sakura Haruno, tenho absoluta certeza de que você não vai fazer porra nenhuma! — gritei as últimas palavras, encarando o olhar fixo de Sasuke em mim, logo sentindo uma lagrima escorrer pelo meu rosto sem nenhum aviso prévio.

— Que cena ridícula Sakura, vou chorar juntamente com você para demonstrar minha comoção. Chega de enrolação, meu corpo já está formigando para poder te sentir por dentro. — Ele me disse aquilo retirando a cueca e vindo na minha direção sem nem pensar em nada e eu estava chocada com aquilo tudo. E quando o seu membro já estava próximo da minha boca, eu não tive nenhuma reação.

— Abre a boca e chupa, vadia!

Logo quando já estava começando a perder a fé em minhas palavras, de repente, Sasuke de repente parou e colocou seu membro de volta para dentro da cueca.

— Certeza? — ele parecia não falar mais comigo. — Tudo bem, eu já vou. — Sasuke disse e logo colocou suas roupas de volta. — Desculpe Sakura, mas teremos que deixar as pendências para depois, parece que “nossos” amigos estão logo acima do esconderijo.

Eles estão aqui?! Como?! Como puderam me achar aqui?!

— Acho que teremos que capturá-los. Talvez Hinata possa lhe fazer companhia por aqui. — Ele disse debochado, abotoando a camiseta e logo saindo do quarto.

Eu estou em choque com tudo o que ocorreu neste momento. Eu não posso acreditar que quase fui estuprada pelo homem que amo. Não, ele não é o Sasuke que eu conheço, não pode ser ele mesmo, não pode ser o cara que me dizia todas as noitas que tudo ficaria bem, eu não posso acreditar que ele quis abusar de mim e que estava do lado daquele homem nojento o tempo todo. Eu não sei como pude acreditar no que os olhos dele me mostravam, não sei como pude acreditar em toda aquela cena que ele fazia para me acalmar, eu não sei mais o que sinto por ele, não tenho mais esperança de que Sasuke é a pessoa em que viveria o restante da minha vida.

Disse todas aquelas palavras, mas agora que paro para pensar, acho que as forças dos meus pensamentos não mudam a verdade. Só eu posso mudar essa realidade. “E é exatamente isso que irei fazer”, pensei.

Fiquei de pé ainda amarrada àquele cano através das cordas. Dei um pulo, percebi que ainda não haviam me revistado, pois ouvi o barulho metálico de meu chaveiro dentro do meu bolso. Lembrava de ter uma caixa de fósforos em minha bolsa, e lembrava de tê-los pego de dentro dela e escondido-os pelo caso de eu acabei assim, presa a cordas. Infelizmente, não pensei muito bem em aonde guardar, e na hora do desespero após aquela batida de carro, minha meia foi o único lugar onde pensei que eles não iriam encontrar a caixa. Mas agora, estava díficil até mesmo para mim alcançá-la.

Descalçei-me com os próprios pés e em seguida fiz o mesmo com as meias, trazendo-a até mim com os pés, eu deixei-a um pouco atrás do cano em que estava presa. Logo, sentei-me novamente e peguei a meia, retirando a caixa de fósforo que havia dentro dela e, em seguida, tentando acendê-los.

Não foi muito difícil, só precisei de um pouco de jeito para acender o palito e um pouco de cuidado para não queimar a mim mesma com ele, pois estava, literalmente, de mãos atadas.

Demorou um pouco tempo para que aquela corda queimasse, tive de repetir o processo umas cinco vezes e queimei meus dedos em todas elas, mas no final de tudo, eu estava livre.

Livre por pouco tempo, assim que iria me levantar, vi a porta ser aberta e voltei a posição em que me encontrava antes que aquele monstro entrasse novamente e para minha surpresa ele trouxe “algo” a mais.

— Como havia te prometido… Essa é a sua amiguinha que estava me provocando. Agora você verá a morte dela de uma forma bem lenta aqui na sua frente. — Ele aponta a arma para a barriga dela fazendo um sorriso maligno.