Corpo de Humana... Coração de Yokai escrita por Caramelkitty


Capítulo 14
Os conselhos de Inuyasha


Notas iniciais do capítulo

Eu não postei mais cedo, pq pensei que ninguém tava lendo a fic.



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Takara abriu os olhos e tentou pôr-se de pé num salto, com todas as recordações anteriores a virem-lhe à mente. Como pudera baixar a guarda estando tão insegura como aparentara? Aquele desmaio poderia ter-lhe custado a vida. No entanto, como bem indicado anteriormente ela tentou... sem sucesso. Sentia o corpo demasiado fraco e tudo à sua volta parecia estar numa roda viva.

Deitou-se de novo, afinal, era tudo o que podia fazer. Tudo o que o seu corpo fraco pedia e por mais que Takara quisesse contrariar, nem mesmo ela podia. Pelo menos, ela estava segura. Constatou isso olhando em redor e percebendo que estava numa cabana. Tinha sido deitada num futon macio e a poucos metros dela ardia uma fogueira. Já era de noite. Impaciente, como sempre aliás, apoiou-se num cotovelo e ficou a olhar para fora da cabana na esperança de que alguém conseguisse ver os seus olhos interrogativos e lhe viesse explicar o que acontecera. Não era comum ela desmaiar assim. Na verdade, eram até raras as vezes em que ela desmaiava. Libertou todo o ar que tinha acumulado nos pulmões para se manter calma. Ela não tinha a certeza ainda se estava em segurança, se estava entre desconhecidos ou conhecidos.

Por fim, ela reconheceu as orelhas de um certo Hanyou e suspirou de alívio. Inuyasha, acompanhado de Kagome entraram na cabana.

– Takara, finalmente acordaste! Estás bem?

Takara acenou que sim. Claramente uma mentira, ainda se sentia enjoada. Mas não queria dar parte de fraca, especialmente em frente a Inuyasha.

– O que aconteceu? – Perguntou Kagome ainda desconfiada do nível de saúde da menina.

– Eu é que deveria perguntar isso! Eu não faço ideia, eu tinha acabado de dilacerar um Yokai serpente que ia atacar uma menina. Aí, eu desmaiei...

– Por acaso o Yokai não te mordeu? – Perguntou Inuyasha por sua vez. – Ele tem um veneno bem forte. Espera aí, não bebeste do sangue dele, certo?

Takara ficou indignada.

– Achas que eu sou estúpida a esse ponto? Eu sei muito bem que além do veneno normal do sangue dos Yokais, os Hebi Yokais têm ainda o veneno característico das suas presas de serpente. Mas mesmo que eu quisesse beber do sangue dele não ia conseguir. Eu desmaiei logo após ter cortado o Yokai com as minhas garras.

Takara examinou as suas mãos que terminavam em pontas afiadas e percebeu que ainda tinha sangue nelas.

Nesse momento, uma velha entrou na cabana. A primeira impressão de Takara foi a de que tinha acabado de ver uma bruxa. A velha vestia uma roupa simples de lã de ovelha e detalhes castanhos. Tinha a pele esticada e enrugada e no nariz uma verruga. Takara procurou a vassoura nos quatro cantos da divisão, mas não a encontrou. Afinal, o que parecia ser uma bruxa, apenas se revelou a curandeira da região. Ela fez uma mistura de ervas e, sem esperar pelo consentimento de Takara enfiou o semi líquido amargo na boca dela.

Takara conteve a todo o custo a vontade de cuspir e vomitar todo o líquido que tinha engolido. Mas, se soubesse para o que ele servia, não se teria contido. Botaria todo ele para fora no exato momento.

– Qual é o veredicto da nossa amiga? – Perguntou Kagome.

Takara sentiu-se entranha ao ouvir isso. Ela ainda não estava habituada a ser tratada como uma amiga, não estava habituada a que se preocupassem com ela.

– Envenenamento com sangue de Yokai. Não é algo muito comum. O organismo dela é bem forte, pelo que vejo, de ter aguentado durante tanto tempo. Não vejo qual razão para ela ter ingerido quase meia tonelada de sangue Yokai, mas é algo tão asqueroso e anormal que ainda me arrepio só de pensar. Com esta idade ainda me espanto com a loucura de certas pessoas. Ela está prestes a falecer. O coração dela não está preparado para bombear sangue tão forte como é o de um Yokai. Isso está a gastar-lhe todas as energias.

Kagome apercebeu-se de algo.

– Mas isso não tem sintomas premonitórios? Algo assim... – Ela virou-se para Takara com ar de acusação. – Desde quando tens te sentido mal?

Takara não mostrou qualquer sinal de vergonha. Encolheu os ombros.

– Não sei! Pensei que não era nada importante. Pensei que podia ser da... enfim, vcs entenderam. – Ela volveu.

– Por sorte, o processo não é irreversível e podemos salvar... essa humana. – A velha curandeira disse, com um tom seco e áspero nas últimas duas palavras. Era óbvio que não considerava Takara como humana. Considerava-a como Hanyou talvez e eles sempre tinham sido alvo de despeito tanto por humanos como por Yokais. Takara não se importava com o desdém de humanos, eles só representavam desilusão para ela. – A mistura de ervas que eu acabei de lhe dar vai purificar o sangue dela pouco a pouco.

Takara arregalou os olhos ao ouvir aquelas palavras. Ela tinha tomado o quê? Como assim purificar o sangue? Depois de todo aquele sacrifício... eles queriam que ela voltasse a ser uma reles humana?

– POIS EU NÃO VOU TOMAR ISSO! – Gritou Takara. Com força renovada ela pôs-se de pé e correu para fora da cabana.

– Cruzes, que menina mais idiota e mal educada. Ela quer morrer, é isso? E eu não sou surda, não era preciso ela gritar. – Resmungou a velha, enquanto preparava mais suco de erva. Fosse como fosse, tinha esperança de que alguém fosse tentar incutir juízo naquela cabeça de vento.

E foi isso que aconteceu. Kagome queria correr atrás de Takara, mas Inuyasha impediu-a.

– Deixa que eu vou falar com ela!

Kagome ficou espantada por Inuyasha querer ir dar conselhos a alguém, ainda mais sendo esse alguém a Takara. Eles nunca tinham partilhado... como assim dizer... uma relação harmoniosa.

Inuyasha ficou longo tempo a procurá-la. Por fim a avistou, sentada numa pedra, tentando verificar se continuava com garras, orelhas, cauda, tudo certinho no lugar e na medida certa.

– Não precisas de te preocupar! Ainda és Hanyou, para voltares a ser humana, tens de tomar muitas doses de remédio.

Takara olhou com fúria para Inuyasha.

– Eu não quero falar com ninguém! E ninguém me vai obrigar a tomar aquela merda! Depois de tudo o que passei não é nada justo. Por isso, se vieste me mandar parar de ser teimosa com o blá, blá, blá da morte, perdeste a viagem, orelhudo!

Inuyasha manteve-se invulgarmente calmo.

– Na verdade, eu queria apenas dizer-te que te admiro muito! – Takara olhou-o com ceticismo. Achava que aquelas palavras eram apenas para a agraciar de modo a convencerem-na a tomar o remédio que a «curaria». Mas ela conseguia ver nos olhos âmbar de Inuyasha uma honestidade que a arrebatou. – Eu admiro a tua coragem e a tua força. Não é todo o humano que consegue sobreviver ao que tu passaste. E ainda mais com ambições de superação quase nobres.

Takara baixou a cabeça, desanimada.

– Eu sinto como se estivesse de novo na estaca zero. Vou perder tudo... outra vez. – Se fosse em qualquer outro humano, Inuyasha esperaria encontrar lágrimas em seus olhos, mas ele sabia muito bem que Takara raramente chorava. Tinha aprendido a transformar mágoa em raiva. Frustração em determinação. Takara era parecida com ele em muitos aspectos, mas Inuyasha admirava-a especialmente porque ela era humana. Para um Hanyou rejeitado já era difícil seguir em frente, mas quão difícil fora para Takara, a pequena e fraca humana amaldiçoada com o fragmento da joia, tendo de lutar pela sua vida para proteger o fragmento, sempre rejeitada pelos semelhantes.

– Não vais perder tudo! Antes tinhas de superar todos os obstáculos sozinha, agora tens-nos a nós! Eu, a Kagome, Miroku, Sango, todos nós vamos proteger-te a ti e ao fragmento da joia. Não vai voltar a ser como antes, agora tens amigos.

– Eu tenho que aprender a defender-me sozinha! Não posso depender de ninguém. Todos os que tentaram proteger-me morreram. Já carrego demasiada culpa. Se eu ficar fraca novamente, eu quero que se afastem de mim e do fragmento branco. Eu não suportaria ser a culpada de mais mortes...

Inuyasha cruzou os braços e mostrou-se irritado.

– Feh, achas que eu morreria tão facilmente? Sua boba! Não és só tu que te queres vingar do Naraku, todos nós o queremos. Mas eu prometo, humana ou não, o último golpe será teu, só teu! E além disso, nós vamos ajudar-te a vingar a morte dos teus pais. Não sou muito bom em deduzir mas tenho a certeza que eles sofrerão sob as minha garras.

Takara deixou escapar um pequeno sorriso.

– Arigato, Inuyasha. És um Hanyou super gente boa! Como muitos Hanyos, na verdade. Eu não devia ter-te tratado tão mal, mas eu vou admitir, eu tinha muita inveja. Tu és tudo o que eu queria vir a ser. E, infelizmente, vejo-me cada vez mais longe do meu ideal. Nunca vou ser como os meus pais. Queria tanto que eles se orgulhassem de mim...

– Tenho a certeza que eles têm muito orgulho em ti, Takara. E, olha, independentemente do corpo que tenhas, dos poderes que obterás ou não, sempre terás coração de Yokai. Serás sempre mais forte que qualquer humano. Acredita, eu olho para ti agora, e vejo uma forte Yokai. E não é por causa das garras, das orelhas ou da cauda. É a personalidade.

Takara, embora ainda desanimada, levantou-se da pedra onde estivera sentada e acenou. Ela estava contente por ter conseguido o respeito de Inuyasha. Isso a fazia muito feliz. Ter a aprovação de alguém que admirava. Ela também admirava Inuyasha. Como ela tinha dito, o Hanyou era tudo o que ela queria ser. Algo tão perto e, no entanto, tão longe. As personalidades parecidas, a teimosia que emanava de cada um, tornava-os o reflexo um do outro. Talvez por isso tenham se dado sempre com tanta rivalidade.

– Eu não vou mais pôr a vida em risco! – Prometeu Takara. – Arigato, Inuyasha. De verdade! Porém... – Ela pegou a própria cauda e acariciou-a. – Eu estava realmente começando a gostar do meu aspecto. Vou sentir falta desta cauda. E das orelhas.

– Ter orelhas é terrível, acredita! Todos te acham fofo e kawaii! E o pior são as pessoas como a Kagome, que andam sempre a tocar as tuas orelhas. Ela é mesmo boba... e muito cruel...

– Hã, Inuyasha... – Tentou interromper Takara.

– Ela parece uma bruxa, anda sempre a usar o coto da ama.

– OSWARI!

Inuyasha caiu no chão, deixando vista livre para Takara que agora podia ver claramente a sacerdotisa da era atual que tinha uma expressão ameaçadora.

– BAKA! INUYASHA, OSWARI!

Inuyasha que estava a tentar levantar-se caiu de novo com a cara enterrada no chão.

– Eu pensei que ias dar conselhos à Takara e afinal estavam os dois a falar mal de mim!

Takara levou as mãos ao alto em sinal de rendição. Vai que ela a punha também sobre um feitiço bizarro como aquele.

– Eu não fiz nada, Kagome-chan! E... Inuyasha... eu tentei avisar! – Disse a menina com uma gota enorme a escorrer pela cabeça. Shippo surgiu a correr de entre o arvoredo.

– Takara, ouvi dizer que desmaiaste. Estás melhor?

– Estou sim, Shippo-kun! Arigato pela preocupação.

– Ah, pois, eu tinha vindo avisar-vos de algo! – Lembrou-se o Yokai raposa subitamente. – Ouçam todos! – Kagome parou de fazer o pobre Hanyou esmagar-se e enterrar-se no solo e olhou para Shippo. Inuyasha levantou com dificuldade a cara suja de terra para também ouvir melhor. O tom alarmado de Shippo não agoirava nada de bom. – Eu não sei se percebi direito, mas eu ouvi o chefe do vilarejo a convocar toda a aldeia para um anúncio muito importante. Ele disse... ele disse que estava relacionado com o noivado do Miroke!

– NANI?! – Exclamaram todos em surpresa com choque total nas expressões.

Todos abandonaram o local apressadamente e correram para a casa do chefe do vilarejo para confirmarem tão estranha história.

Nenhum deles notou uma presença afastada, meio escondida pelo escuro arvoredo. Na verdade, tudo o que se conseguia vislumbrar da alta e esguia silhueta era os dentes completamente brancos de um sorriso malicioso.

– Quer dizer que a humanazinha insolente já não pode tomar mais sangue Yokai? Que pena para ela. Vai morrer mais fácil do que eu pensava...

Com um sibilar da língua bifurcada, desapareceu tão rápido como tinha surgido.


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Notas finais do capítulo

Quem será essa figura misteriosa? E o que planeja? Se vocês pensaram que era o Yokai serpente que a Takara matou, vou já dizer que não é! Esse está morto e bem morto. Mas talvez esteja relacionado, sim!
E que história será essa de noivado do Miroku?
Descubram tudo isso e muito mais no próximo capítulo da fic.
Sayonara, comentem ^ ^



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