Inuyasha e o seu grupo caminhavam calmamente em terreno aberto.

Era início de Primavera e, por isso, os campos estavam floridos, girassóis aproveitavam a luz radiosa do sol no céu sem nuvens. Com um clima destes, era até fácil esquecer a missão que lhes fora incumbida. Kirara, na sua forma de doce gatinha de duas caudas, brincava com uma borboleta. Shippo espreguiçava-se e bocejava dentro da cesta da bicicleta de Kagome.

– Kagome, tens a certeza que não sentes a presença de fragmentos da jóia? – Perguntou pela enésima vez, Inuyasha.

– Já disse que não, Inuyasha!

O hanyou bufou de impaciência e resmungou:

– Perfeito, mais um dia desperdiçado.

Kagome conteve-se para não lançar um dos seus famosos Oswari e estragar a paz do momento.

Ao entrarem numa floresta, Inuyasha arrebitou as orelhas.

– O que se passa Inuyasha? – Perguntou Miroku.

– Estamos a ser observados...

– É um Yokai?

– Não. – Respondeu Inuyasha, mas com uma ponta de incerteza.

Dados uns passos, encontraram uma garotinha com cerca de uns doze anos, que estava agachada no chão, chorando. Ela tinha longos cabelos castanhos que lhe cobriam o rosto, pelo que apenas os soluços e as lágrimas que molhavam a terra eram indício do seu sofrimento.

Kagome correu até ela.

– Estás bem? – Perguntou à menina.

Ela apenas levantou os olhos, que eram também castanhos, e observou Kagome em silêncio enquanto esta verificava que a rapariga tinha uma enorme ferida perto da barriga.

«O vestido dela está tão sujo e mal cuidado que a ferida pode infectar» Pensou Kagome.

– Não te preocupes, vamos ajudar-te.

Mas nesse momento, a rapariga levantou-se e num só movimento arrancou os fragmentos que Kagome mantinha imprudentemente ao pescoço e começou a correr, passando pelo meio do grupo confuso.

– Ela pegou os fragmentos! – Constatou Shippo o óbvio.

– Deixem que eu acabo com ela com a tensaiga!

Inuyasha já ia desambainhar a espada quando Kagome disse:

– Inuyasha, Oswari!

Inuyasha caiu de cara no chão.

Kagome correu até Sango.

– Sango, podemos ir na Kirara e tentar alcança-la.

– Certo, Kirara!

Kirara transformou-se num felino de grande porte com incisivos poderosos e voou sobre as árvores até alcançar a menina em fuga.

– Apesar de ferida, ela é muito rápida! – Disse Sango para Kagome.

Kirara baixou o seu voo, obrigando a garota desconhecida a atirar-se para o chão, para escapar das garras da Yokai gata.

Inuyasha alcançou-a de imediato e prendeu-lhe as mãos nas costas, impedindo-lhe assim o movimento.

– Larguem-me! – Queixava-se a rapariga debatendo-se violentamente.

– Vejam! – Inuyasha apontou para as pontas das mãos dela, onde se viam, em vez de unhas, garras. – Ela tem cheiro de humana, mas tem garras de Yokai. Isso é estranho porque não sinto mistura no sangue dela.

– Ela parece humana! – Observou Miroku.- Exceto pelas garras!

– Calem-se, eu sou uma yokai! E vou acabar com vocês todos se não me largarem imediatamente!

Inuyasha atirou-a ao chão.

– Devolve imediatamente os fragmentos da jóia que roubaste e deixamos-te ir embora. Se ofereceres resistência, teremos que te matar.

– Inuyasha... – Repreendeu Kagome baixinho. Olhou para a rapariga que continha as lágrimas. Ela realmente estava ferida, não fora apenas um truque.

– Eu preciso deles!

– Inuyasha... – Começou Kagome hesitante. – Ela tem um fragmento da jóia além dos meus!

– Onde? – Perguntou Inuyasha de imediato.

A rapariga olhou assustada para Kagome, vendo que ela conseguia detetar que, dentro da forra do vestido velho e sujo, escondia um fragmento da sua tão preciosa jóia de quatro almas.

– Bem, então acabo com ela e ficamos com os fragmentos todos. – Começou Inuyasha, já mostrando as garras.

A rapariga recuou, rastejando pelo chão mas sem desviar os olhos do hanyou assustador que estava à sua frente.

– Parem! Tudo bem, eu devolvo os fragmentos que roubei, mas não ousem tocar no outro!

Sango ajudou a rapariga a levantar-se, já que o ferimento abrira-se ainda mais com a queda.

Com cara de quem tinha chupado limão azedo, a rapariga devolveu os fragmentos para Kagome.

– Quem és tu? Ou melhor, o que és tu? – Perguntou Inuyasha.

– Eu sou... eu sou Yokai! – Disse de novo, mentindo visivelmente já que tinha sangue humano a correr-lhe nas veias.