Perfume escrita por Fernanda Redfield


Capítulo 1
Perfume


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, pessoal! Como vocês estão?

Bem, parece que, ultimamente, eu ando com uma inspiração para escrever one-shots. Esse é um que estava planejado há muito tempo, mas eu matutei tanto a ideia que acabei por mudar quase todo o plot.

Essa fanfic pareceu madura demais para os meus parâmetros, chega a ser um tanto sombria também...

Mas espero que gostem, boa leitura!



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1. Do I imagine it, or do I see you stare? Is there still longing here? Oh, I hate myself and I feel crazy, such a classic tale... Current girlfriend, ex girlfriend... I’m trying to be cool. Am I being paranoid,, am I seeing things? Am I just insecure?

E era assim, aos domingos à noite. Olhando pela janela de seu dormitório em Yale, esperando ansiosamente que uma pequena figura atravessasse o pátio e a entrada de seu prédio para, em questão de 7 ou 8 minutos, aparecer em pé na soleira de sua porta.

E depois, viria o vinho, a música francesa, as velas... E, por fim, o beijo. O abraço. O calor. O orgasmo e... A dor.

Mas, naquela noite, era diferente. Algo dentro de si incomodava e gritava para ser extravasado, o peso da desconfiança e da agonia transbordava e formava um bolo em sua garganta que não era engolido, muito menos ignorado. Não conseguia falar, muito menos, pensar.

Não tinha o direito de agir daquela forma. Não era ela quem a tinha de verdade. Era apenas um fantasma, a “terceira” pessoa em um noivado. Era aquela que não deveria existir e que sabia que estava transpassando todos os limites do certo, mas que, mesmo assim, não conseguia resistir.

Era impossível resistir a Rachel Berry.

- Quinn?

A voz doce, envergonhada e contida chegou aos ouvidos da figura que observava a janela, discretamente, assustou-se. Perdeu-se tanto em seus pensamentos que não reparara que quem seus olhos buscavam já estava dentro de seu dormitório, tirando o pesado casaco e caminhando até ela.

Os olhos castanhos encontraram os verdes. Imediatamente, tudo que sentia foi expulso do peito da loira. Tudo que ela conseguia ver era a pequena morena a sua frente que vinha até ela nos domingos à noite, que a agarrava e a puxava tanto que até mesmo conseguia arrancar um pedaço de seu coração. A dona de seu sofrimento, a causa de sua agonia... A sua mulher.

Quinn manteve-se sentada no beiral da janela, observou as gotas de chuva começarem a despencar lentamente do céu. Gotas que molhavam a sua janela e que pareciam muito mais interessantes do que o caos dentro do seu peito. Era muito tarde para pensar agora que já sentia.

E sentiu.

Sentiu as mãos de Rachel passarem em seus cabelos, arranhando seu couro cabeludo até a sua nuca. Sentiu o corpo pequeno encostar-se na lateral do seu, os seios na altura de sua cabeça, a cintura próxima aos seus próprios seios, sentiu Rachel em cada pedaço de sua pele. Ela estava incrustada, cravada, queimada em seus poros e em seus fluidos. Era doentio, era sádico... Era doloroso.

Ela não era sua, jamais seria de verdade.

2. I want to believe it’s just you and me... Sometimes, it feels like there’s three of us in here, baby.

- O que foi? Está calada... - Rachel comentou preocupada, ainda tocando a pele pálida com as unhas, sem saber que arranhava muito mais do que pele naquele momento. Quinn procurou-se levantar, mas como sempre era fraca quando próxima à morena, foi empurrada discretamente ao beiral.

Agora, Quinn estava com as costas de encontro à janela. O frio, do lado de fora, parecia inócuo a sua própria pele pálida e fria. A expressão trazia o nada de quem estava perdido entre os próprios sentimentos, Rachel não esboçou reação emocional alguma àquela expressão. Aproximou-se ainda mais de Quinn, procurou o encaixe perfeito entre às pernas da loura e ali permaneceu, como se aquele local, entre os braços dela, fosse seu.

Mas não havia mais lugar para ela entre os braços de Quinn.

Quinn ergueu os olhos verdes que, finalmente, atingiram Rachel. A solidão e a frieza dentro deles era palpável como o desejo que sempre estivera entre elas. A morena nunca recebera aquele olhar desde que estavam naquela relação. Quinn nunca demonstrava nada além de desejo... Aquilo era o que?

A dúvida só ficou ainda pior depois do questionamento de Quinn:

- O que você está fazendo aqui? Aliás, por quanto tempo nós ainda vamos agir dessa forma?

- Você não pareceu reclamar desde que começamos. - Rachel respondeu defensiva porque o tom de voz de Quinn foi agressivo o bastante, para fazer com que seus corpos se repelissem, como pólos iguais de um ímã. As duas se olharam sem resquício do que quer que as unisse antes. Rachel recuou, Quinn permaneceu. - Você não pareceu reclamar enquanto gemia para mim.

Quinn endureceu. Rachel sorriu satisfeita, orgulhosa, um sorriso que não combinava com ela.

3. So I wait for you to call and I try to act natural... Have you been thinking about him or about me? And while, I wait, I put my perfume... Yeah, I want it all over you, I gotta mark my territory.

- O que eu sou para você? - Quinn questionou baixo, semelhante a um rosnado que saía furioso de um animal ferido. A expressão de Rachel caiu e se perdeu em algum lugar no interior do seu coração... Por que Quinn tinha que complicar tudo agora? Não era para existir perguntas como aquela entre elas. Não iria deixar existir questionamentos como aquele. - Porque eu realmente preciso entender. Você me liga e aparece aqui, transamos e depois... Ajo como se tudo fosse normal em todos os momentos em que eu a vejo com ele. Você pensa em mim quando me trata dessa forma? Ou só pensa nele? Ou melhor, só pensa em você?

Rachel se aproximou mais rápido do que Quinn recuou, ou talvez, a loira não quisesse recuar e sim, finalmente, enfrentar. O tapa atingiu o rosto de Quinn, a pele tornou-se vermelha rapidamente e o choque estava em sua expressão quando ela segurou a mandíbula e observou Rachel, parada, distante, intocável.

- Não o traga para nós! - Rachel esbravejou friamente, observando a figura frágil a sua frente com uma expressão dominadora, animalesca... Desumana. Quinn respirou fundo, a dor latejou na superfície de sua pele, ardia e incomodava como o inferno.

Estranhamente, dentro do coração de Quinn, não houve pedaço quebrado e, muito menos, guinchar desesperado... Tudo quieto, calmo, esperado.

Não havia futuro entre as duas, jamais existiria.

Quinn não podia desejar algo que jamais seria seu. Mas podia pegar para si, com força, enquanto ele pudesse ser seu. E, naquela noite, Rachel Berry poderia ser sua e esquecer-se do namorado. Rachel poderia ser marcada como sua, ao menos, naquelas próximas 12 horas.

A possessividade arremessou o corpo de Quinn para cima de Rachel.

E dessa vez, havia calor. Estava quente e as duas queimavam, como o inferno.

4. I’ll never tell, tell on myself... But I hope he’s smell my perfume.

O perfume amadeirado de Quinn funcionou como um afrodisíaco para Rachel. Ela sentiu que estava sendo impregnada por aquele cheiro enquanto mãos ardilosas e conhecidas percorriam cada parte de seu corpo.

A boca que cobria sua era faminta, lasciva, sensual e engolia cada pedaço da vergonha e do pudor que ainda pudessem existir em seu corpo.

Esqueceu-se de Finn e de qualquer homem que tocara seu corpo enquanto Quinn a empurrava para o sofá, mordendo seu pescoço e apertando suas pernas. Enlaçou a cintura delgada de Quinn ao mesmo tempo em que as duas caíram juntas sobre o sofá. Quinn ergueu sua blusa até a altura dos seios e os beijos tomaram um rumo mais ao sul.

A barriga bem delineada afastou-se ao primeiro toque dos lábios rosados e molhados. Quinn enlaçou sua cintura com o braço direito, erguendo-a de encontro aos seus lábios, arranhando-a com os dentes. A calça jeans foi arrancada assim que o botão e o zíper foram encontrados. As pernas bem delineadas encontraram a língua de Quinn.

Rachel sentia aquele perfume amadeirado entorpecê-la e os toques abaixo de sua cintura se tornarem mais intensos. Porém, Quinn subiu novamente e sentou-se em seu colo, arrancando sua blusa e jogando-a para longe do sofá. Os olhos verdes encontraram os seios de Rachel, uma expressão desejosa tomou o rosto pálido antes, tão angelical...

Rachel sentiu-se a mulher mais linda do mundo naquele momento.

E talvez, fosse aquele olhar que a atraía sempre para Quinn... Ou, simplesmente, a sensação de queima que tomava cada parte tocada pela loira. Sentia-se viva quando estava com ela, sentia-se bonita... Sentia-se mulher.

O que era “sentir” para uma, era “desejar” pela outra. Pólos diferentes, atrativos... Destrutivos.

Quinn parou para tomar ar no exato instante em que Rachel tirava o próprio sutiã. A loira engoliu em seco, arrancando a própria camisa. O rosto ardendo e o perfume de Rachel a enlouquecendo... Mais uma vez.

5. I wanna fill the room when he’s in itwith you... Please, don’t forget me. Do I imagine it or catch these moments? I know you got history... But I’m your girlfriend, now I’m your girlfriend trying to be cool. I hope I’m paranoid that I’m just seeing things that I’m just insecure.

E, naquele momento, Rachel era sua.

Rachel gemia e se contorcia por causa dos seus dedos que a penetravam e da sua boca que engolia um de seus seios. A morena a olhava, com olhos negros e líquidos, porque a desejava. Era ela, Quinn Fabray, quem a fazia ter o melhor orgasmo do século.

Naqueles curtos segundos que duravam um orgasmo, Rachel a amava. E Rachel era marcada, eternamente, por mais toques de Quinn pela eternidade daqueles 60 e poucos segundos. As duas se tornavam uma, naquele dormitório, quando não eram nada para o resto do mundo.

Quinn conseguia sentir a morena tão próxima a si quanto jamais seria.

Rachel conseguia sentir seu desejo ser finalmente saciado, extirpado... Renascido.

Eram, naqueles poucos minutos, o que deveriam ser e não o que escolheram ser.

Quinn olhou Rachel, ferida, destruída... Enquanto a morena estava calma, tranqüila e saciada. Tantas diferenças e, ao mesmo tempo, tantas semelhanças. Depois de tanto tempo, as almas se fundiram e se separaram, levando um pouco de cada uma. Quinn Fabray saía ferida, tal qual Rachel Berry um dia fora e a morena saía saciada tal qual um dia a loira fora.

Trocavam de almas, mas não trocavam sensações. Viviam, mas não sentiam. Transavam, mas não faziam amor.

6. So I wait for you to call and I try to act natural... Have you been thinking about him or about me? And while, I wait, I put my perfume... Yeah, I want it all over you, I gotta mark my territory.

Quinn observou Rachel vestir a roupa, depois da terceira rodada que tiveram. Era madrugada, mas ainda havia tempo para pegar o último trem de volta para New York.

Rachel terminou de abotoar o casaco e virou-se para Quinn. As duas se olharam, Quinn voltara ao seu amargo torpor, Rachel tinha um tímido sorriso. Foi a morena quem pigarreou:

- Eu te ligo depois.

Quinn acenou, dando de ombros, fingindo despreocupar-se. Deu às costas a Rachel e suspirou. Só conseguiu respirar quando a porta se fechou.

Seus olhos arderam, as lágrimas caíram e os soluços embargaram seu peito. E, dessa vez, o silêncio em seu interior foi tomado sim por um explodir de coração. Suas mãos trêmulas agarraram o beiral da janela, observando a pequena figura atravessar o bosque sem olhar para trás.

Rachel levara mais um pedaço de sua alma, sem piedade, sem sentir qualquer remorso em troca... Tudo por desejo.

7. I’ll never tell, tell on myself... But I hope she’s smells my perfume.

Quinn não se surpreendeu quando, na escuridão de seu dormitório e na imersão de suas lágrimas, a única coisa que sentiu foi o perfume de baunilha de Rachel impregnado em sua pele.

FIM


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Notas finais do capítulo

Bem, sobre meus one-shots, eles costumam trazer músicas que eu sempre quis (mas nunca consegui) encaixar em minhas long-fics... E "Perfume" é uma delas, espero que tenham gostado

O que acharam? Comentem, por favor. E deem uma passadinha em "Signal Fire" porque essa também foi atualizada.

Beijos e até a próxima,
FerRedfield