Not Just Memories, They Are Souvenirs escrita por Alice


Capítulo 1
He Will Be Forever In Our Memories


Notas iniciais do capítulo

Excluam o episódio em que a Montanha é destruída, ok??



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/487604/chapter/1

Cada um com seus sentimentos deixavam seus pés serem molhados pela água. Sim, era inverno. A areia estava coberta por quilos de neve, o mar estava a ponto de congelar, mas nada seria mais doloroso do que a perda. Aquela perda.

Todos ainda estavam de uniforme, a não ser pelas botas - e Richard com sua máscara, sentados na praia perto do Monte da Justiça. Todos eram seis, mas agora cinco. Os cinco super heróis e melhores amigos: o time desde o início. A não ser por um. Ás vezes um time perde membros, membros valiosos.

Perda, abandono... Todos ali já haviam sentido aquilo demais. Pelo fato de pessoas mortas terem ido embora, morrendo ou apenas os decepcionando como humanos. Haviam encontrado - novamente ou pela primeira vez - uma família, um lar e amor.

Menos ele. Até agora ele só havia se perdido e abandonado, porém nada poderia ter sido feito sobre isso. Apenas dor.

A dor da água gelada nos pés aliviava aquilo tudo, cada um com o seu sentimento sufocante.

Posso dizer que o sentimento mais presente ali era a culpa, todos pensando que deveriam ter feito alguma coisa. E todos sentiam isso, mas todos também sabiam que não poderiam ter feito nada. Menos um.

Connor mantinha um aperto de culpa no coração. Era como se tivesse entrado na equipe e ido na sua primeira missão oficial novamente: Se sentia incapaz, e culpado, porque não tinha feito algo sozinho ou porque não tinha conseguido fazer algo. Ele, o clone do Superman, o menino mais poderoso da galáxia, filho de Kriptôniano - como diziam os jornais - não impediu que um de seus mais queridos amigos morresse, com toda a super força, os reflexos e a habilidade que tinha não havia conseguido salvar um de seus primeiros amigos. Não sabia o que fazer com esse sentimento, até agora eram lágrimas de ódio, mas ódio próprio.

Sim, a pessoa com maior autocontrole o grupo chorava silenciosamente, mas sem parar. Todos o faziam. Menos um.

O antigo líder sabia que culpa não era o que deveria sentir, era responsabilidade, a dura responsabilidade, como nos velhos tempos. E o que não daria para tê-los de volta? Ir em missões de reconhecimento que acabam em uma luta com mais um plano maluco com um souvenir engraçado coletado por um certo alguém. Isso jamais aconteceria de novo, porque estariam sem o alguém e porque eles não seriam tão ingênuos. Não pensariam que um deles não morreria.

De novo.

E, além disso, Kaldur achava que a responsabilidade - não a culpa - sobre a morte de KF, era dele. Porque havia sido, inicialmente, um plano dele. Sua idéia de se infiltrar na Luz. Não havia pensado nessa consequência. Era isso impedia as lágrimas de caírem: O choque de uma grande e devastadora consequência.

Mas havia outra pessoa em efeito de choque.

M'gann podia ter matado pessoas, quebrado mentes - e alguns corações - no caminho, mas poucas coisas a fariam ser a menos ingênua dali. Não que isso seja algo ruim: ela deixava as emoções fluírem mais facilmente. E, naquele momento, sentia apenas uma coisa. Se sentia quebrada, partida em pedaços, como se tivesse a mente estilhaçada. Era como se tivesse entrado em sua própria mente, como fez com Aqualad, e despedaçado tudo no caminho.

O problema é que isso era uma ilusão. A menina verde sentada como índio estava com lágrimas de confusão caindo tinha a esperança de que aquela bagunça mental fosse acabar quando despertasse do estado de choque e que, nesse momento, a parte partida que o velocista havia deixado fosse embora.

Continuava uma ilusão.

Mas ainda assim ela tinha o sentimento mais puro dos presentes, não uma mistura de emoções a qual uma ou outra predominava.

Isso era o que acontecia, principalmente a outras duas figuras desesperadamente abraçadas uma a outra em pé. As lágrimas eram uma confusão, tudo era uma confusão.

Não sei como dizer à vocês, mas aqueles dois deveriam ter nascido como irmãos: mesmo ela sendo loira com olhos cinzas e pele parda e ele sendo moreno de olhos azuis e pele branquíssima; mesmo ela sendo séria, de aparência durona, mas frágil por dentro e ele um brincalhão com uma aparência amigável e a pessoa mais forte por que já vi; mesmo com tantas oposições eles eram melhores amigos e se entendiam mais que ninguém.

No entanto, naquele momento, não era nada disso que importava à nenhum dos dois. O que importava era a água gelada aliviando a dor na alma, o abraço um do outro e a perda dele.

Ártemis não sabia o que fazer, como agir. O treinamento que recebera até agora era para desviar de armas e matar. Derrotar vilões e vencer. Encontrar o amor, amar e ser amada. Não sabia o que era não desviar de uma arma, não derrotar todos os vilões e perder, encontrar o amor, amar, ser amada e vê-lo morrer. Acho que era a única perda que ela não sofrera. Vê-ra o pai fugir, a mãe ser capturada e a irmã deixá-la. Penso que a diferença é que todos haviam feito suas escolhas, até ele. Parecia que todas as escolhas levavam todos para longe dela.

E Richard, ele meio que já havia se acostumado, não que isso fizesse ser mais fácil: Os pais? Mortos. Seu irmão adotivo? Morto. Seu melhor amigo desde que se conhecia como Robin? Morto. As pessoas mais presentes afastadas, nesse caso para sempre.

Mas eu concordo, para sempre é muito tempo.

De qualquer modo, o primeiro morceguinho, ainda com lágrimas a rolar, surtou. Ele soltou a amiga - ela caiu sentada na areia e abraçou os joelhos chorando e soluçando - e gritou muito alto, algo como um rugido.

Ártemis deu outro soluço. O nível da dor dela era fora do comum e estava incontrolável e inconsolável, os amigos não sabiam o que dizer, a única pessoa que poderia compreender, que tinha o mesmo nível de afeição pelo Cabeça de Cenoura estava rasgando suas vestes de herói, mergulhado em um estado de ira.

Quando já estava sem camisa Dick não sabia mais o que fazer, queria apagar e não ter que enfrentar o mundo como estava naquele momento. Olhou para o mar e para o horizonte: Queria nadar para longe. Começou a caminhar em frente, a água em seus tornozelos, panturrilhas, joelhos, cochas, cintura, barriga, peito, pescoço e então a cabeça, submergindo. Era bom - pra ele. Os outros estavam horrorizados e não sabiam o que fazer até que o medo de Ártemis de pôs em ação:

– Kaldur salve ele, salve ele. Por deus, não posso perder mais alguém! - Gritava ela, em pânico.

Isso fez o atlanti se movimentar, correndo com toda a sua velocidade e atravessando a distância que o mar fazia entre ele e o corpo desmaiado com hipotermia que estava boiando. Logo ele estava carregando Richard nas costas caminhando em direção ao Monte da Justiça para cuidar do amigo.

Então se viram todos sentados na mesa da cozinha - incluindo um Asa Noturna desperto - tomando chocolate quente com roupas normais e cobertores nos ombros. Ninguém falava nada, mas Ártemis ainda chorava em silêncio.

O que ninguém sabia é o que ela pensava. Eu sei: A loira estava pensando no que faria dali em diante, como viveria. Ela só sabia que precisaria de muita distração e que, a partir daquele momento, faria o que quisesse, o que precisasse. E o mais importante, não seria mais a Ártemis. Ela continuaria como Tigresa porque, querendo ou não, Ártemis - a heroína - tinha morrido com o primeiro Kid Flash.

Já na cabeça de Richard Grayson uma idéia se formava. Ele estava cansado desses oito anos como super herói, ele gostava, mas era muito desgastante. E já havia feito o bastante. O Grayson precisava e merecia de um descanso, como o West. De modos diferentes, é claro.

A mesa foi se esvaziando enquanto os dois pensavam. Cada um foi para seu quarto com seus próprios demônios e os melhores amigos ficaram lá. Logo eles levantaram as cabeças e se encontraram sozinhos. Ártemis ainda chorava. Dick ainda queria fugir. E os dois estavam presos à lembranças, então foram ao lugar em que elas mais existiam.

Deram de cara com a estante assim que entraram na sala. Ela estava lá, orgulhosa, ostentando todas as lembranças das missões que já tiveram. Todas coletadas por ele, sempre gerando risadas. Porque era assim que aquele menino era. Ele era um animal ruivo, que não enxergava o que estava na cara dele, magoava sem notar, fazia as piadas mais sem noção do mundo, comia que nem uma baleia e ainda continuava lindo. Ele encantara e irritara ela. Se divertira e fizera piadas junto com ele. Memórias e memórias, boas e ruins, felizes e tristes, esperançosas e arrebatadoras. Memórias e memórias.

Eles se abraçaram e notaram que não seriam mais um trio saindo para ir ao parque de diversão: O casal mais diferente já visto e o cara que ficava de vela zoando eles. Seriam uma loire e um moreno andando lado a lado abraçados tentando não lembrar da pessoa mais importante em comum. Iam ser os melhores amigos, os irmão. Sem mais ninguém.

E eles estavam abraçados chorando no ombro um do outro quando ouviram uma voz atrás deles.

– Eu vou continuar com os souvenirs, sabem? - Susurrava Garfield, com o rosto inchado. Mas ele abriu um sorrisinho para dizer: - Ele que criou essa tradição, não é? - Os dois assentiram. - Wallace West, ah, esse cara realmente sabia como se divertir. - E assim foi embora.

Os irmãos estavam em choque. Não sabiam se iam superar isso tudo.

Só sei de uma coisa: Foi a primeira vez desde minha morte que ouvi meu nome completo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Repetindo: COMENTEM!!!E obrigada por lerem!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Not Just Memories, They Are Souvenirs" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.