Greycity- Elementis Magi escrita por Selaya


Capítulo 18
Eu não estou com medo!


Notas iniciais do capítulo

Olá, pequenos gafanhotos. Eu acabei por dividir o tal último capítulo em duas partes porque ficou bem grande, então essa vai ser a primeira parte e talvez hoje ou amanhã eu poste a segunda.



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— Só pode estar brincando com a minha cara, Isaac. NEBRASKA? É do outro lado daqui, não tem tempo, são só cinco dias cara. – murmurou a morena com um bico no rosto.

— Não posso fazer nada, é lá onde Dweni morava. Vamos ter que nós separar, são todos estados diferentes. São quatro lugares, Ed fica com o museu em Kansas, Tyler vai para a casa do lago em St.Louis, Miriã vai para a casa onde ele morava em Las Vegas e Thalia e eu, em Nebraska. Vamos ter que ver isso em um dia e no outro, avisamos se achamos ou não e vocês correm para o aeroporto, ok?

— Mas que diabos... Quem garante que vai ter vôo para os tais lugares? E se não acharmos? Estaríamos perdendo dois longos dias. Logan está brincando com a gente, manipulando da melhor forma possível. – bufou Miriã, desinteressada.

— Você tem alguma estratégia melhor? Céus, vamos logo para o aeroporto, eu já estou me cansando dessa histó... – Tyler fora interrompido pela campainha ecoando sobre a casa de Isaac que fora logo atender, pasmou-se ao ver quem lhe esperava.

Os pais de Isaac estavam na porta. Os olhos dele vacilaram sobre a mãe por alguns segundos quando vira que ela estava de pé, sorrindo. Seus cabelos eram tão lisos e louros que contrastava com sua pele alva, com pequenas sardas em suas têmporas, os olhos ferviam em verde esmeralda e sorria, céus, seus dentes eram tão brancos e límpidos que podiam iluminar o lugar. Seu pai mantinha postura rígida, segura, mas desabou ao ver o filho que não via há tantos anos; um sorriso tímido fora formado em seus lábios finos, o que formou pequenas rugas abaixo dos olhos vazios e azuis que encheram-se de brilho, seu cabelo era negro e enrolado, e ele era tão alto quanto o filho. E os três uniram-se em um abraço apertado, a mãe ninando o seu pequeno grande garoto. Naquele momento, eles eram mais fortes que nunca, parecia que jamais havia existido maldição qualquer, era apenas um reencontro de pais e filhos que não se viam há muitos anos.

— Lamento interromper o momento pais e filhos, mas como eu não tenho nenhum, me sinto nesse direito de dizer que temos de ir se vamos mesmo salvar os cinquenta tolos, são cinquenta? Não importa. – brandou Toby revirando os olhos.

Thalia permitiu-se dar um tapa na cabeça do outro. Aproximou-se timidamente dos pais de seu namorado, enrolando uma mecha dos cabelos negros no dedo, um tanto nervosa com pensamentos do tipo “e se eles não gostarem de mim?”

— Desculpem Tyler, ele é irreverente. Eu sou Thalia, Thalia Armstrong, falei com o senhor no telefone. Eh... E estamos em uma missão. – disse com a voz baixa, mordendo o lábio inferior.

A senhora Lilian acabou dando um sorriso para a morena e circundou os olhos para o filho dando um leve aceno de cabeça. Isaac depositou um beijo na fronte dela e ouviu um “Cuidaremos de Greycity” de seu pai, um ex-mago negro. Todos os jovens e Edmund foram para suas respectivas casas buscarem documentos e dinheiro, sem malas ou algo que pudesse atrapalhar. Ed levou seu livro de magia para caso precisasse. Encontraram-se no aeroporto, o voo de Edmund fora o primeiro a partir, seguido pelo de Tyler. O de Miriã seria o próximo e demoraria cerca de meia-hora e Thalia se perguntou se era uma boa ideia mandá-la para Las Vegas, o ponto central de diversão para uma garota atrevida. Isaac pegava as coordenadas da casa de Dweni.

Então Miriã partiu e depois de um tempo, o casal também. Não demorou nem duas horas para chegarem lá, afinal era uma viagem nacional. O clima era gélido e Thalia arrependeu-se de não trazer seu casaco de lã, mas seguiu andando mesmo sendo tão tarde. Isaac lhe perguntara se ela queria descansar e quando o sol nascesse eles fossem procurar, mas ela negara, o que não importou muito já que o castanho levaria ela para dormir nem se fosse arrastada. Eles acabaram parando hotel não muito longe do centro e muito chique por sinal, onde serviam até café-da-manhã.

Thalia aproveitou para tomar um banho no ofurô e sentir água esquentando-na, acabou distraindo-se com sua magia, ora ou outra tentando fazer com que a água seguisse seus polegares, trazendo o líquido para cima e transformando-o em bolhas. Após secar-se e vestir-se com a única peça de roupa que trouxera: seu amado pijama. Deitou-se na cama enquanto o acastanhado tomava banho, mas não conseguiu dormir, pensando que perdera Lizabel e não perderia Chris também, de modo algum perderia e tais pensamentos só passaram quando Isaac abraçou-lhe, deixando-na segura, assim lentamente suas pálpebras fecharam.

Tudo estava tão escuro. Ela vira dois pontinhos loiros correndo no parque, sendo uma menina de aproximados cinco anos e um outro de seis e a garota acabou caindo. Thalia correu para pegá-la mas não conseguia senti-la, então o garoto pegou a menor no colo e levou-a para a o jardim dos sete anões que fazia parte de um parque, ela lembrava-se muito bem disto, afinal passara sua infância brincando na cabana dele e com os anõezinhos que ficavam do lado de fora. Uma menina veloz como o vento, seus cabelos longos e ondulados movendo-se e um sorriso no rosto que desapareceu ao chegar na cabana e Thalia não conteve-se em tentar entrar lá, agachada, por ser um lugar pequeno.

— Thalia, por onde ele passa um rastro de sangue deixará, lembre-se de procurar sua conhecida horda da fênix, assim ela lhe guiará, como a água límpida do rio mais sereno. – murmurou a pequena loira flutuando.

Tanto a pequena Thalia quanto a maior, assustaram-se. Ela sentiu um barulho incomodando seus ouvidos, gritaria... Mas era só o celular de Isaac tocando. Já que o castanho estava no décimo sono, atendeu. Ouvira Miriã dizer que não tinha nada na casa e perguntar sobre Thalia que respondeu francamente que estava dormindo.

—Hum... Safada, vai procurar logo! Ou não... Eu quero ficar em Vegas para sempre! Aqui tem os homens mais bonitos do mundo, paraíso sem dúvidas. – disse praticamente gritando e como o celular estava no auto-falante, Isaac acabou acordando e mandando um “cala a boca Miriã”.

Desligou na cara dela. Tomou uma ducha rapidamente e colocara a roupa anterior, esperando o castanho tomar seu banho e ligando para todos os outros para ver se eles já haviam procurado, mesmo só sendo sete horas da manhã. Ao vê-lo sair depois de alguns minutos, saíram do local, tomaram um café da manhã muito rápido e correram para a casa de Dweni. Thalia sentia-se um pouco nervosa, não sabia se alguém morava lá e o que iria dizer “matei seu filho e agora quero ver se por acaso não prenderam alguns humanos aqui e tal”, esperando que não devesse dizer nada, o rádio do táxi tocava uma música que ela gostava chamada Raise your glass da P!nk e que acabou tamborilando os dedos ao ritmo. Isaac começou a imitar o barulho da guitarra e ela permitiu-se cantar, com sua voz serena e vivace, o motorista acabou aumentando o volume e seu nervosismo já havia ido embora, até chegar na porta da casa grande e luxuosa.

Isaac encaminhou-se primeiro para a porta e torceu o rosto ao ver que a porta estava fechada. Thalia acabou por não ligar e lançar uma pequena esfera de gelo na fechadura, pegar uma madeira e quebrá-la, vendo o castanho olhar como “que vandalismo” mas não importava. Seu telefone tocou e ao atender, viu que era seu pai, informando que nenhuma ala do museu favorito dele estava trancada ou seja, sem chances. A morena fez a limpa na parte de cima enquanto o acastanhado na de baixo e depois ambos procuraram um porão ou uma sala secreta com o poder de Isaac, mas não tinha nada. Encaminharam-se para o jardim onde havia uma pequena casinha de madeira mas só havia objetos estranhos de alguma religião.

Colocou Ed e Miriã na linha e avisou que não havia nada lá também. A única salvação era Tyler que não atendia o telefone. Tamborilou os dedos sobre a calça e imaginou se caso não fosse lá, aonde mais iriam procurar. O celular tocou e seus dedos trêmulos alcançaram-no.

— Não está aqui, vocês me enviaram para onde Judas perdeu as botas para não ter nadinha, absolutamente nada na casa que fede a peixe! – murmurou fazendo Thalia soltar um suspiro.

Acrescentou os outros dois na linha. Ninguém tinha uma única solução. Thalia lembrara-se do sonho estranho que tivera e murmurou-o para os outros. Tyler fora o primeiro a manifestar-se dizendo que a morena tinha ficado louca e Ed murmurou que poderia ser uma dica, mas no meio de tudo, Thalia só tentava esclarecer o enigma.

— Fênix, cinzas... Renascimento? Ora, eu não conheço ninguém que tenha renascido, pelo amor. A menos que seja alguém que quase morreu e ganhou uma segunda vida... – fora interrompida por Edmund que gritou chocado duas únicas palavras que pareceram pesar em seu amago.

— Minha mãe.

Todos permaneceram em silêncio. Michelle era doida de pedra, na opinião de Ed. Thalia assentiu dizendo que iria procurá-la e pediu para que Edmund e Miriã reencontrassem-se em Londres, onde ficava a sede da seita prontos para coroarem alguém como líder aos grandes sábios, caso eles não chegassem á tempo. Era hora de outro voo que tomaria duas horas de seu tempo, faltavam quatro dias.

O aeroporto estava lotado. Não havia nenhum voo para Greycity e nem para alguma cidade próxima pois era feriado e o clima de Nebraska estava assustador. Ao menos, os outros três haviam conseguido seus passaportes para Londres. Thalia estava chorando novamente com medo de perder Chris e não aguentar. Ela conversava com o pai ao telefone e ele lhe contava histórias de quando ela era criança e ela sorria, mas voltava a chorar novamente e aninhar-se nos braços de Isaac.

— Vovó disse que o senhor matou minha bisavô por causa da mamãe... Ela era má? – disse enxugando as lágrimas.

— Sua vó é louca... Nós matamos sim sua bisavô, Thalia, mas ela não era uma pessoa boa. Ela matava humanos para roubá-los e um dia foi descoberta, mas conseguiu manipulá-los, óbvio. E ela usou magia negra para tornar-se mais poderosa e ainda rogou uma maldição para atormentar nossa família. Eu fiz um feitiço muito antigo junto de sua mãe para garantir proteção de você pequenina, que estava na barriga dela, para garantir que você não seria atingida pela maldição e que seria mais forte do que os demais.

— Qual é a maldição, pai? É ser luminosa? Por favor, me explique! Eu já não sei mais nada... – murmurou a outra.

— Não Thalia, ser luminoso não é uma maldição, embora eu sempre tenha dito que era. É um dom, um dom que os sábios te deram, uma proteção. A maldição é... bom, a maldição trata-se sobre amor. Os Armstrong nunca tiveram um amor que durassem a vida inteira, nós sempre acabamos perdendo nossos amados em algum momento de nossa vida. Jenny, Michelle, Eu... Todos perdemos. Mas você conseguiu quebrá-la.

— Como sei que ela está mesmo quebrada? E se... – a morena fora interrompida pelo pai.

— Você sente. Nossos amores com o tempo vão se deteriorando, ainda mais quando estamos separados, que é um sinal de que estamos nós preparando para perder aquela pessoa, mas você Thalia... seu amor só aumentou quando separou-se de Isaac, mesmo que por pouco tempo e isso nunca aconteceu antes.

— Você sabia que ia perder a mamãe? Ela morreu... por não me entregar para os negros? Por que eles me queriam?

— Eu sabia, ela não pois fui egoísta e não contei. Sim, por não querer que você fosse má, queriam-te porque você é mais forte do que os demais, porque em você havia um tanto de magia negra, sem precisar da proteção que era garantida pela seita ou pelo clã pois você tinha sua própria. Chega de perguntas, ok? Boa noite, dorme bem.

E foi o que ela fez, dormiu, deixando de lado todas as preocupações e rezou para que o dia amanhã estivesse bom, afinal já era 00:00, o que significava três dias. Imaginou se estava fazendo o certo e se Tyler já tinha pegado um voo.

Ligou para ele que alegou que estava um clima horrível por lá e duvidou se fosse isto mesmo ou má vontade de Toby. Eram sete horas da manhã e ela estava no aeroporto junto a Isaac esperando a partida que seria apenas nove horas. O quê ela fez? Ficou dormindo, óbvio. E quando entrou no avião? Dormiu mais ainda, só acordando ao ver sua tão amada Greycity, sem mais delongas pegou um táxi para reencontrar sua avó.

Não demorou muito, até. Porém como ela estava ansiosa pareceu uma eternidade. Correu para dentro do centro e pediu á moça sorridente que queria visitar Michelle, a atendente apenas anotou o nome de ambos e deixou-os adentrar o quarto branco, avisando que ela estava a base de remédios e que provavelmente dormiria em breve.

— Thalia, você voltou... Eu tenho tendo sonhos tão estranhos com você, minha neta. Você está em perigo, não só você, como vários outros, há uma bomba e uma casa... – murmurou sentindo os olhos pesando.

— Não vó, continua por favor, não dorme... Onde é essa casa? Como ela é?

— Não é uma casa, é... Tem água e tem uma cabine grande lotada de adolescentes famintos, muita água, mas na cabine não tem água... Tem só adolescentes, porém na água tem peixinhos e na cabine não e... – e roncou.

Embora Thalia tivesse tentado acordá-la, isto não foi possível. Pensou que seria mais um enigma, porém Isaac parecia saber exatamente onde ficava, então ambos saíram correndo e pegaram um ônibus que deixaria-os na porta da casa do maior. Ele cumprimentou os pais muito rapidamente e pegou sua moto, levando a morena para uma longa viagem até o centro de Greycity, onde ficava o aquário municipal.

— Se eles estão aí, devem estar no porão, só precisamos achar o alçapão, ter a chave e ver a cabine... O que é quase impossível, se você não tiver um mago manipulador do lado. – disse o castanho rindo.

Foi tudo muito meticuloso. Enquanto a morena conversava com o responsável pelo bloco quatro, sobre ter vários peixinhos mortos no aquário e que aquilo assustava as crianças, o acastanhado tentava de alguma forma fazer as chaves que mantinham-se no bolso levitarem, assim como fizera com Edmund, mas estava difícil. Oras, ele conseguira levantar uma pessoa e uma simples chave não? Thalia olhou-o com semblante nervoso do tipo “vai logo” e ele esforçou-se para lembrar do feitiço e conseguir levitá-la, estava tudo certo, até o responsável quase virar o rosto e ver sua chave no ar, mas Thalia colocara as mãos no rosto dele e fingiu estar desesperada por perder seu irmãozinho. Próximos demais, pensou Isaac, o que deixou-o um pouco nervoso e fez com que a chave finalmente voasse para sua mão.

Ambos saíram correndo procurando uma placa que indicasse o porão e perceberam que não conseguiriam passar ali sem um identificador, o que não foi problema para Isaac que acabou roubando dois crachás usando o mesmo modo, porém muito mais rápido. Talvez porque estivesse irritado e isso fez Thalia rir. Apresentaram os crachás e desceram pelo menos cinquenta degraus de escada até chegar lá, o alçapão trancado foi aberto com a chave e mais cinquenta degraus até chegar lá, acenderem as luzes e perceberem que ali não havia nada apenas um bilhetinho escrito com letras negras.

“Vocês acham que podem me vencer? Foi a coisa mais fácil hipnotizar sua vovó querida para que ela falasse o que eu quisesse. Eu tenho um cúmplice bem pertinho de vocês e sei tudo que estão fazendo, é melhor ter cuidado, se eu me irritar vou matar os humanos e vocês juntos. Com amor, Logan.”

Thalia abismou-se com tal bilhete. Este cúmplice seria um traidor que estava infiltrado no grupo? Seria Tyler ou Miriã? Não seria seu pai ou Isaac, de modo algum. Ou Logan só estava tentando assustá-los? Mas se estivesse, como saberia de todo o plano? Algo ela sabia: não seria vencida, não iria cair no fundo do poço.

Reuniu todas as forças que tinha e gritou, sem muito importar se alguém descobrisse-os: “EU NÃO ESTOU COM MEDO!”


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Notas finais do capítulo

Perceberam que uma parte do capítulo desvendou todo o prólogo? As surpresas não param por aí, em Greycity nunca param. Quem é o traidor? Até o próximo o/



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