À Sombra da Justiça escrita por BadWolf


Capítulo 26
Uma História para Ouvir


Notas iniciais do capítulo

Agora vai!! Parece que o nosso casal vai se movimentar e colocar as cartas sobre a mesa e dizer umas verdades um para o outro. Será que ainda sobreviverão após isso?
E para quem quer saber o mistério do bebê, acho que deixei uma pista importante... Mas não a verdade, ainda.

Obs.: Título do cap não condiz exatamente com o que o cap é... É só uma expectativa para o próximo capítulo.
Sorry,
Boa leitura!



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Londres, Inglaterra. 16 de Junho de 1894.

221-B, Baker Street. 06:35 p.m.



Uma chuva fina e persistente caía sobre Londres. Sequer era capaz de trazer frio, nem mesmo às ruas, apenas deixava o asfalto brilhoso. Esther até mesmo dispensou o uso de um chapéu, subindo ao cabriolé acompanhada de Watson. Ela parecia bem melhor, concluía Watson ao ver suas faces mais coradas que a última vez que ele a vira. Ela, no fundo, estava decidida. Queria saber, olhando nos olhos de Holmes, porque seu casamento, tão recente, estivera submerso em uma crise. Queria que ele repetisse, outra vez, as mesmas palavras que ele dissera: que iria matar John Sigerson oficialmente para deixa-la viúva e “livre”. Mas ora, livre para quem? Watson? O quê ele estava pensando, que ela era uma mulher sem decisão,um objeto que ele poderia se dispor como bem entendesse? Ainda que a repetição daquelas palavras lhe doessem – porque ela ainda o amava -, ela precisava de uma definição, e só ele poderia dar.

–John? – ela o chamou.

John. Era este seu ponto fraco, sabia Esther. Sempre que quisesse algo dele, bastava chama-lo assim. Ela contava que isso não falhasse dessa vez. Adonai, ela só esperava que Watson lhe desse, ao menos, um pouco de privacidade para discutirem.

–Sim? – sua resposta fora doce.

Deu certo.

–Er, John... Sua presença me é mui estimada, quero que saiba disso, mas... Eu gostaria de conversar às sós com Mr. Holmes. É que... Eu quero agradecê-lo de modo mais reservado. Afinal, foi ele quem primeiro me prestou socorro, deixando seu terno sobre mim quando...

Esther pôs um tom lacrimoso na voz. Não que aquele assunto ainda lhe machucasse, ou mesmo revoltasse o estômago, mas ela precisava demonstrar, exibir fraqueza.

–Sim, eu entendo, Esther. Se quiser, eu ficarei no apartamento de Mrs. Hudson, fica ao lado. Vou aproveitar e verificar se ela está tomando o medicamento que eu prescrevi, fazer uma rápida visita de médico. Mas se precisar de qualquer coisa, estarei ao lado, lhe esperando para leva-la para casa.

–Muito obrigada, John. – disse Esther, pegando em sua mão. Ele devolvia o carinho, não à toa, com mais ternura que uma simples amizade poderia retribuir. Se Sherlock soubesse disso...

Sherlock. Desde o incidente com aquele miserável do Jeffrey Carlston Holmes, Esther lhe chamava assim, em pensamentos, ao menos. Numa atitude quase automática. Talvez fosse a saída de sua mente à associação do sobrenome Holmes com aquele calhorda.

Ao chegarem em Baker Street, o som de um violino executando uma melodia triste e agoniante era escutado da calçada. Watson levou seus olhos até as janelas de seu apartamento, e suspirou com pesar.

–Espero que ele não esteja em um de seus humores.

–Se quiser, Watson, nós podemos voltar outro dia...

–Não Sophie, eu até prefiro que você lhe faça uma visita. Ele mostrou-se preocupado com sua saúde nestes últimos meses, fazia-me perguntas frequentes sobre você. Imagine, até ofereceu a residência de verão de seu irmão caso você tivesse de espairecer longe da cidade. Acho que sua visita o tirará desse estado lamentável.

Imediatamente, o cheiro de fumo shag e a melodia agoniante foram tornando-se cada vez mais fortes, a medida que ela se aproximava do apartamento.

–Holmes? – chamou Watson, interrompendo a melodia.

–Oh, Watson? Sequer notei sua chegada... – disse, ainda de costas.

–De fato, meu caro amigo. Er... – Watson pigarreou. – Mrs. Sigerson está aqui e deseja falar com você. Seja gentil. Se me dêem licença. – disse Watson, se retirando, deixando os dois à sós.

Holmes, que já tinha se virado imediatamente, quando avisado da presença de Esther, ainda ficou alguns instantes, em silêncio, a observar-lhe. Ela estava mais magra que o costume, com manchas escuras ao redor de seus olhos, claro sinal das noites em claro que ela ainda passava, depois de tudo que sofrera. Mas ainda havia em seus olhos um brilho de sobrevivência, uma força descomunal que só alguém que estava reunindo seus destroços mais uma vez poderia possuir. De fato, ele não poderia esperar outra coisa da mulher que o fizera aprender a amar e conhecer o melhor de si.

–Por favor. – ele disse, acenando para que ela se sentasse. Ela o fez, enquanto ele caminhava até a porta e a fechava.

–Watson me disse a respeito de seus últimos atos...

–Sim, bem... Trabalho não tem me faltado. O que é bom, pois acho que estaria prestes a enlouquecer, se minha mente não encontrasse ocupação.

–Claro. – disse Esther, não esperando outra resposta.

Um silêncio constrangedor, atípico para um casal que há meses atrás vivia uma relação plena e apaixonante, formou-se no ambiente.

–Você está bem? – perguntou Holmes.

–Sim, como você pode ver com seus próprios olhos. Mas você deve saber disso, afinal creio que os relatórios médicos de Watson tenham sido o suficiente para você.

Holmes sentiu a rispidez da resposta de Esther. Ela sempre fora rancorosa e tinha uma memória sentimental impressionante. Meses tinham se passado, e ela agia como se todos aqueles acontecimentos tivessem ocorrido ontem. Ele baixou os olhos, e concordou enquanto replicava.

–Peço perdão se não fui visita-la. Você deve imaginar que não havia motivos para Sherlock Holmes visita-la pessoalmente, afinal eu não tinha qualquer conexão oficial com você, desde que terminara seu romance com meu amigo. Aparecer no hospital seria... Suspeito.

–Claro. Era necessário sustentar sua reputação e toda essa farsa que se tornou a nossa vida... Posso entender, mas o problema é que eu não fiquei dois meses em um hospital. Fiquei duas semanas.

–Eu estava ocupado. Mais e mais casos apareceram e... Watson estava sempre ao seu lado, oferecendo o apoio e o suporte necessário...

–Sherlock, eu precisava de você! Você é meu marido, não Watson.

Holmes engoliu em seco sua própria negligência.

–Eu gostaria que você me dissesse o que aconteceu para você ter mudado comigo, semanas antes de... – Esther interrompeu-se. – Por favor, diga que não é o que eu estou pensando...

–E no que você está pensando, Esther? Posso saber deduzir, mas definitivamente não sei adivinhar...

–Não tente desviar o assunto, Mr. Holmes.

Nervoso, Holmes levantou-se da cadeira e começou a caminhar solenemente, de um lado a outro da sala, enquanto fumava, até fazer a revelação que ela tanto esperava.

–Eu... Eu sabia que o bebê não era meu.

Esther arregalou seus olhos verdes, num misto de surpresa e decepção.

–O quê?! Como você se atreve a dizer que...

–Chega, Esther! Eu sei que não há a menor possibilidade de eu ser pai... De ter sido o pai daquela criança. Pelo seu tempo de gravidez, você já estava grávida quando se casou comigo, embora de pouquíssimo tempo. Eu entendo que você tenha cedido às artimanhas de Watson...

–Sherlock, nem mais uma palavra sobre isso!

Holmes, no entanto, parecia ignorá-la.

–Watson é um homem que sabe ser sedutor, eu sei disso. Ele se deitou com Mary Morstan antes do casamento, ele mesmo me contou. Por que não faria diferente com você?

–Watson e eu nunca tivemos nada tão íntimo! – exclamou Esther, chocada com a afirmação.

Holmes insistia. – Esther, Esther... O bebê não era meu, era impossível ser meu. Afinal, nós só estivemos juntos pela primeira vez em nossa noite de núpcias... Se esse filho não é de Watson, certamente era de outro homem, mas meu eu tenho certeza de que não era.

Só o que Holmes sentiu depois dessa frase foi a força do tapa estalado de Esther.

–Chega! – ela gritou, furiosa. – O que lhe faz pensar que o bebê não poderia ser seu?

–Os fatos! – ele desabafou.

–Realmente, mas parece que você não está a par de todos os fatos, não é Mr. Holmes? Você quer saber como a minha gravidez foi concebida?

Holmes estremeceu. – Sinceramente, eu prefiro que você me poupe dos detalhes sórdidos.

–Pois bem. – disse Esther. – Eu farei o contrário do que me pedes. Direi exatamente tudo.

–Esther, por favor... – disse Holmes, virando-se em desgosto.

–Agora você vai sentar e me ouvir.


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Notas finais do capítulo

Isso mesmo, Esther!!! Mostra quem é que manda nessa bagaça!!! kkkkkkkkkkkkkkkk

Oh, sinto que desapontei vocês, não?? Para quem estava à procura de respostas a respeito da origem da criança (falei agora como se ela fosse um alien, WTF) saberá dos detalhes no próximo cap, que será postado amanhã. Mas ao que parece, deixei claro pelo menos algumas coisas: nosso Detetive estava enganado..

Ah, vitorianos... Pena que não existia teste de DNA nessa época.
Mas Esther não precisa disso. Ela sabe muito bem o que fez, principalmente a respeito da pessoa que a ajudou a encomendar o baby.

E aviso: são detalhes da HISTÓRIA, não da CONCEPÇÃO, seus assanhadinhos, rsrsrs
Não vou subir essa história para +18. Não subi antes, não vou subir agora. Essa é uma fanfic de respeito (embroa seja impossível não fazer referência a... Well, you know...)

Próximo cap: a revelação do Baby #RIP e o desfecho do casal.
Será que eles ainda sobreviverão depois que a verdade nua e crua for escancarada?
Aprendi nessa fanfic que um casal em crise rende mais história, mais drama. Hmm....

Amanhã. Aguardem.



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