Mystogan e Wendy entraram na sala do ginásio, onde guardava-se as bolas de futebol, vôlei, redes, camisetas do time, algumas medalhas conquistadas pelo colégio e mais alguns materiais para as aulas de Educação Física.

Estavam aos beijos, que ficavam cada vez mais atrevidos e excitantes. Eram rápidos, mas quase que sem parar. Um segundo depois de separarem os lábios, logo já estavam juntos novamente.

— A-Acho melhor pararmos... — disse a modelo, gemendo baixo quando começou a receber carícias no pescoço. — Podem nos achar, e hoje é só o meu p-primeiro dia...

— Não, não vão. — respondeu ele, continuando com os beijos. — O treino de hoje só começa às quatro da tarde... ninguém virá.

Ela sorriu maliciosamente, irreconhecível. Nem parecia a mesma garota de apenas algumas horas atrás, que se encolhia, olhava apenas para os próprios pés e usava um tom de voz quase inaudível. — Temos tempo de sobra então...

(...)

— Pare de me seguir! — disse a presidente do grêmio estudantil, de testa franzida. Ficou muito irritada ao ver que Jellal ainda estava andando atrás dela.

— Não estou te seguindo, idiota! — grunhiu ele. — Só estou caminhando, é algum crime? Não é minha culpa se você é quem está indo pelo mesmo caminho que o meu.

— Eu estou indo para o dormitório das garotas! — gritou. — Que eu saiba, o dormitório masculino é do outro lado!

— Blá, blá, blá.

Erza bufou e resolveu continuar andando, sem ligar para aquele imbecil de cabelos azuis. Passando pelo pátio, se surpreendeu ao ver que alguns alunos estavam... jogando futebol? Fora do horário de treino?

— Que diabos vocês estão fazendo? — gritou a ruiva para eles, tão vermelha que parecia que ia explodir.

— Foi o Gray que deu a ideia, foi ele! — gritou Natsu Dragneel de volta, já planejando sair com eficiência dali. Não queria ouvir o sermão da presidente.

— Foi você que foi pegar a bola, bastardo! — Gray o segurou pela gravata do uniforme, não admitindo ter sido dedurado. — Eu vou quebrar essa sua cara de merda!

— Vem pra cima! — respondeu o garoto de cabelos rosados, pronto para brigar.

A presidente se meteu entre os dois e os puxou pela gravata, quase os sufocando completamente. Os outros que também estavam jogando futebol apenas tremiam, temendo o pior. Alguns queriam poder chamar a mamãe naquele momento.

— Eu não quero saber quem foi que fez o quê. — disse ela. — E eu quero essa bola de futebol na minha mão, agora!

Depois de uma bronca de dez minutos nos garotos, Erza decidiu que levaria o material de volta para a sala do ginásio, pois sentiu que era sua obrigação.

— Você estava assustadora. — comentou Jellal, com um tom de voz extremamente calmo. Não dava para saber se era ironia! — Vai levar a bola de volta?

— Vou. — rosnou a ruiva, parecendo um cachorro bravo prestes a mordê-lo. — E você vai junto?!

— Na verdade eu já estava voltando para o meu quarto. — ele deu um sorrisinho diabólico. — Mas já que insiste, posso acompanhá-la.

Como era irritante! Se pudesse, naquele momento, ela gostaria de cobrir a cara dele de tapas. Mas não, seria uma moça civilizada. Tinha de ser. Então, resolveu ignorar a presença do babaca azulado -um apelido que havia inventado para ele- até chegar na tal sala.

Quando estava prestes a colocar a mão na maçaneta, ouviu um gemido e arregalou os olhos na mesma hora. O babaca azulado chegou e parou do lado dela para ouvir os gemidos também, parecendo um pouco surpreso. A dupla se entreolhou e abriu uma frestinha para ouvir melhor. Quem diabos estava lá dentro?

— Está tudo sob controle. Eu não esqueci de trazer.

Erza estremeceu ao perceber que conhecia aquela voz. E conhecia muito bem.

Impulsivamente, escancarou a porta e ficou boquiaberta com o que estava vendo. Mystogan e Wendy estavam no chão de carpete cinza, ela apenas de roupas íntimas e ele parecendo estar prestes a retirar as calças.

O casal arregalou os olhos e pareciam petrificados.

— O que vocês dois estão fazendo? — gritou a presidente, sem saber o que dizer e muito menos como agir. Já havia pego muitos outros casais em momentos atrevidos naquela escola, e um dia antes viu a modelo sair da casa dos Fernandes tornando óbvio o fato de que ela e o azulado dormiram juntos. Mas agora era diferente; os dois estavam quebrando uma regra, sem falar que era... Mystogan. O garoto pelo qual a ruiva ainda acreditava ter uma pequena paixão.

— P-Presidente? — os olhos da garota de cabelos azuis em seguida viraram-se para o irmão gêmeo de seu namorado e imediatamente suas bochechas ficaram vermelhas. — E Jellal-san?

— Nossa, Mystogan. — disse o irmão, abafando o riso. — Você até que é bem rapidinho, não?

— Calma, eu posso explicar! — Mystogan tentou encontrar uma desculpa, mas não tinha o que dizer. Simplesmente, parecia o que realmente era. Estava desesperado! — Erza, por favor! Por favor, não conte para o diretor, por favor! Eu te imploro! E a culpa é minha, eu a trouxe até aqui. Mas por favor, não conte para ninguém.

— Presidente... — Wendy começou a chorar sem parar, como uma criança. Chegava a ser comovente o desespero estampado em seu rosto. Ela se ajoelhou aos pés de Erza, se cobrindo com a jaqueta de Mystogan. — M-Meu primeiro dia de aula... e-eu deveria ter agido conforme estava as regras, agido com perfeição. Eu faço o que quiser, mas por favor...

— Os dois fizeram uma coisa grave. Muito grave. — Erza cruzou os braços e falou, séria.

— Ela diz isso mas não admite que eu e ela também...

Jellal começou a falar em uma tentativa de "consolo", mas acabou levando um soco na barriga logo em seguida.

— Eu não deveria abrir exceções. — continuou a ruiva. — Sou instruída a registrar casos de infração de leis na instituição. Mas, visto que Wendy Marvell precisa ainda adaptar-se às pessoas daqui e Mystogan Fernandes apresentou um ótimo comportamento até agora, vou deixar passar. Mas saibam que eu sempre estarei de olho nos dois e na próxima vez, não serei tão piedosa. Agora, pare de chorar, Marvell.

A modelo arregalou os olhos, assustada diante da atmosfera obscura que rodeava a presidente. Parecia que estava prestes a cometer um assassinato.

— M-Muito obrigada... — murmurou, voltando para perto do namorado novamente, como se tivesse que ser protegida.

Jellal e Mystogan trocaram olhares durante todo o discurso de Erza, como se conversassem por telepatia. A ruiva jogou a bola de futebol em um canto qualquer e deu meia-volta, sem olhar para trás. Jellal percebeu que havia algo errado com ela e resolveu ir atrás, deixando Mystogan e Wendy sozinhos.

— Erza, espera! — quando o azulado a chamou pela vigésima vez e não recebeu resposta, ficou irritado e a segurou com força pelo pulso. — Ei, não finja que sou invisível!

Depois de alguns segundos de silêncio, a presidente virou o rosto para ele. Lágrimas se formavam ao redor de seus olhos, e logo, começaram a escorrer. Sem parar.

— Você está me machucando. — disse ela, tentando desfazer o nó da garganta. Como não esperava por isso, não fez outra coisa a não ser soltá-la, chocado ao ver que a garota que amava... estava machucada por dentro. Porque ainda gostava de seu irmão.

(...)

— Erza? — Lucy estava mexendo no celular quando a ruiva chegou batendo a porta e já se jogando na cama. — Erza, o que aconteceu?

— Eu quero desaparecer. — disse ela, soluçando e afundando o rosto no travesseiro. — N-Não aguento mais isso... e-eu não sei o que sinto mais, e nem por quem...

— Calma... — a loira abraçou a amiga, gentil. — Se acalma e me conta o que houve, ok?

Depois de muitas lágrimas, Erza começou a contar sobre o último ocorrido. Mas não era só isso.

Outras coisas estavam inclusas.