Foi um curto trajeto, em minutos já haviam chegado no parque. Victor saiu do carro e fez questão de abrir a porta para Hermione. Logo em seguida tirou Caio da cadeirinha e pegou uma pequena mochila que tinha fraldas, mamadeira com água, suco e algumas coisas de uso pessoal do Caio. Hermione ficou surpresa em saber que Victor era um pai tão dedicado.

Caminharam um pouco e ele forrou o chão com um pano, colocou dois ursinhos em cima e Caio ficou brincando. Então ele sentou e fez menção de que eu sentasse junto a ele em cima do pano.

— E então.... Gostou daqui?

— Adorei! Já conheci outros lugares como este, mas, aqui é lindo. Lembro de já ter vindo aqui quando era criança...

— Sempre que posso, venho aqui com ele. Aqui consigo ficar mais tranquilo, sem toda a agonia dos fãs e da imprensa bruxa.

— Deve ser complicado ter uma vida normal.

— Um pouco, mas, já faço isso a tanto tempo que às vezes até esqueço como é bom ser anônimo. Caio me fez lembrar disso, como ele tem um pé no mundo... “trouxa” – Victor tentou dizer a palavra de uma maneira menos agressiva e Hermione entendeu – Sempre estou com ele em lugares assim, então são momentos que eu consigo ser EU MESMO. Me entende?

— Sim, perfeitamente.

— E você?

— Eu o quê?

— Tem conseguido viver tranquilamente após todos os acontecimentos?

— Um pouco, mas, a imprensa também tem curiosidade em nossas vidas. E por ter essa proximidade com Harry, é inevitável não estar envolvida nas manchetes.

— Entendo... E filhos? Tem planos?

— Olha... Eu tenho vontade de ser mãe... Eu adoro crianças... Mas, é um “sonho” um pouco distante de minha realidade, penso em estabelecer minha carreira, para depois ter filhos...

— Eu não tinha a menor pretensão de ser pai... Mas, foi uma grata surpresa que o destino me reservou. Caio foi a melhor coisa que me aconteceu nos últimos tempos. Eu tive que assumir uma postura que não tinha, tudo por ele. Eu amadureci muito.

— Eu percebi... Você mudou...

— Espero que para melhor...

— Sim, foi para melhor... – E Caio interrompeu a conversa quando chegou perto dos dois e entregou um dos ursos para Hermione.

— Hum, você quer brincar? Bom, então vamos não é? – E ela se juntou a Caio na brincadeira, Victor ficou observando a cena e rindo feito bobo, pensando na burrada que fez anos atrás. Como ele pôde perdê-la para aquele ruivo caipira.

A tare passou voando, eles brincaram com Caio, conversaram, comeram na lanchonete próxima ao parque e Victor se desculpou por ter tirado Hermione da sua rotina e se colocou a disposição para leva-la ao mercado para comprar os mantimentos. Ela aceitou a carona. Logo após ele a levou de volta ao carro para que ela pudesse retornar para casa.

— Bom, chegamos... Está entregue de volta ao seu carro senhorita.

— Obrigada. Obrigada também pelo passeio.

— Eu que agradeço, foi um prazer.

— O prazer foi meu... Bom... Acho que já vou indo...

— Hermione... Gostaria de te perguntar uma coisa...

— Hum... pode perguntar.

— Você quer dar uma volta amanhã?

— Hum, não sei Victor... Não sei se seria uma boa ideia...

— Mas o que foi? Seria exatamente como foi hoje... Como amigos... Não seria nada demais. Você não passeia com o Harry e a Gina?

— Sim, mas... É diferente...

— Rony ficaria zangado?

— Talvez...

— Mas, Você não pode viver sua vida dependendo sempre dele Hermione. Ele está seguindo a vida dele e você não pode ficar esperando ele.

— Do jeito que você fala, parece que ele foi embora e não vai mais voltar.

— Não foi isso que quis dizer, não me entenda mal... Mas, quero dizer que você não pode se afastar dos seus amigos só porque está casada com ele.

— O problema é que ele sabe que nós já fomos... Bem mais que “amigos”.

— Eu sei... Isso complica um pouco, mas, muita coisa aconteceu desde então, você casou, eu sou pai...

— E nada disso impede que algo aconteça algo...

— Isso aí já é você que está falando...

Hermione corou na hora.

— Me desculpe, não quis te constranger. 

— Tudo bem.

— Eu só fiz uma pergunta simples, se gostaria de passear comigo. Porque fiquei pensando... Vai ser um saco você ficar sozinha este mês... Gina, Harry e Rony estão viajando e sei que vocês são muito próximos... E eu estou com uns dias de folga... Então tudo se encaixa. Mas, vou entender se não quiser.

Hermione ponderou um pouco o que acabou de ouvir e falou.

— Tudo bem, você tem razão. Eu topo te encontrar amanhã.

Victor abriu um enorme sorriso.

— Bom, então podemos combinar aqui mesmo? Às 15h? Seria um tumulto se eu fosse para o vilarejo.

— Eu sei disso. Tudo bem, te encontro aqui.

— Então Caio, está na hora de se despedir da “tia Mione”...

— Tchau meu amor, até amanhã combinado? – Disse Hermione para Caio.

— “Txá ti Mion” – Disse o pequeno acenando.

Hermione deu um beijo em sua bochecha. E logo em seguida também se despediu de Victor.

— Tchau Victor, até amanhã.

— Até Hermione. – Disse Victor dando dois beijinhos nas bochechas da morena.

Hermione pegou as chaves do carro, entrou, baixou as janelas e acenou mais uma vez para os dois que estavam na calçada. Ela percebeu que Caio fez um biquinho de choro e Victor tentou distraí-lo com alguma coisa do outro lado da rua. Ficou com uma sensação estranha ao deixá-los. Foi uma tarde muito boa, fazia tempos que ela não fica tão em paz. Talvez foi a presença de Caio que a deixou daquela forma. Sempre gostou de crianças e fazia tempo que não interagia com uma. Isso mexeu com Hermione de uma forma que ela ainda não poderia mensurar. Com certeza esse encontro com Victor e seu filho iria impactar de alguma forma o casamento dela com Rony.

Ao chegar em casa encontrou uma coruja à sua espera. Retirou a carta cuidadosamente e leu:

Mione,

Sei que ainda é cedo para começar com as cartas, mas, é que já estou morrendo de saudades e não faz nem 24h que estamos separados. Vou fazer o possível para minha ausência ser breve. Eu te amo MEU DIAMANTE!

Ass,

Rony

Hermione sorriu e não conteve a lágrima que teimou em cair dos seus olhos, sentou no sofá e ficou pensando sobre o que Rony poderia estar fazendo naquele momento e nos momentos alegres que passou ao lado de Victor e do filho durante a tarde. Sem querer ela já estava imaginando como seria se ela fosse mãe de um pequeno ruivinho e quando saiu de seus pensamentos percebeu que estava segurando sua barriga. Fato que a fez sorrir, enxugar mais algumas lágrimas e sair em direção a cozinha para preparar o jantar.