Viva La Vida escrita por Doce de Lua


Capítulo 6
"Mamãe..."


Notas iniciais do capítulo

Demorei muito certo? Me desculpem meus amores, mas esse mês realmente está bem apertado, vocês sabem... Final de trimestre :s Enfim, aqui está o capítulo esperado, talvez tenha ficado um pouquinho ruim, mas nem tanto (what?) kkkk.
Queria agradecer a todos os maravilhosos comentários, fiquei bastante feliz! Tenham uma ótima leitura!



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– Papai eu queio 'naranja'!

– Você gosta? -O menino assentiu balançando vagarosamente a cabeça enquanto esboçava um sorriso infantil em seu rosto. – E você sabia que se fala la-ran-ja? – Demonstrei pausadamente como se pronunciava corretamente a palavra, quando já colocava algumas frutas maduras no saquinho plástico transparente do mercado, notei que Nathan tombou a cabeça para o lado enquanto balançava de leve os pesinhos ao ar, já que estava sentado na cadeira de crianças do carrinho.

– Lalan... Naran... Na... Uh é muito difícil! – O pequeno fez bico e virou seu olhar para o lado esquerdo, negando-se a olhar as frutas que possuíam mesmo nome em sua cor. Ri baixinho da atitude do garoto e logo afaguei seus cabelos rosados.

– Tudo bem, o papai deixa você falar assim. – Suspirei levemente já direcionando o carrinho até o local de pesagem, acho que não tem necessidade brigar com meu filho por ainda estar falando bastantes coisas erradas, afinal é normal crianças falarem errado até quatro anos.

O principal probleminha que estava me envergonhando no momento, é que Nathan não parava de gritar no meio do mercado. “Olha isso!” “Olha aquilo!” ou “Deixa eu pegar.” Recebia olhares feios de outros clientes que estavam perto de mim, retribuía da mesma forma sem pensar duas vezes. Havia também pessoas que apenas riam da situação ou olhavam atentamente fofocando algumas coisas para quem estava de acompanhante.

– Tudo bem meu filho, só fale um pouco mais baixo ok? – Pedi calmamente para a criança que rapidamente compreendeu e logo começou a cochichar. Com muita dificuldade, segurei uma risada que passou despercebida pelo pequeno rosado.

É muito raro eu tirá-lo de casa e o levar para outros lugares, mas hoje foi necessário, já que quando fui preparar a janta, percebi que não tinha mais dos alimentos necessários. Além disso, o lugar era tão novo para ele quanto para mim, como nos mudamos há pouco tempo, eu não conhecia todos os locais da cidade e o mercado que agora estava, também contava.

Logo que avistei uma fila enorme, murmurava palavras de incentivo, mesmo estando com receio, enquanto me aproximava para ver se realmente era o local da pesagem das frutas e vegetais. Infelizmente a sorte não estava comigo no momento, bufei e me apoiei impaciente no carrinho.

– Papai... Me tira daqui...– Nathan chamou minha atenção com seu tom de voz fino enquanto empurrava seu corpo para trás movimentando levemente o carrinho, em uma tentativa falha de conseguir sair.
– Por quê? Eu sei que você está bem confortável sentado aí. – Neguei o pedido do garoto que fez bico em seguida. O pequeno continuou a jogar seu corpo para trás fazendo o carrinho ir junto algumas vezes, para minha felicidade, a fila estava se diminuindo bem mais rápido do que eu pensava. No momento, havia somente cinco pessoas em minha frente.

– 'Puh' favor... – Meu filho voltou a falar com a altura da voz normal enquanto me olhava com cara de cachorro que caiu da mudança. Suspirei pesadamente e o peguei no colo, logo o colocando no chão enquanto tratava de lhe dizer o que deveria fazer.

– Tudo bem... Não saia perto de mim, fique bem ao lado do carrinho. Entendeu? –Falei firmemente, o pequeno levantou a cabeça até que conseguisse enxergar meu rosto e assentiu com um semblante sério. Notei que o mesmo olhava para todos os cantos do mercado, a fila estava diminuindo e eu tinha de ir para frente, mas o garoto não prestava atenção. – Nathan! – Chamei o garoto que voltou seu olhar para mim, assustado.

Observei que a bancada onde o homem estava trabalhando para fazer as pesagens, não era muito alta, e como o cara estava sentado, Nathan poderia me ajudar apenas se esticando um poço. Dessa forma o pequeno não ficaria fora de meu alcance, por tanto resolvi fazer uma proposta ao garoto.

– Você quer ajudar o papai? – Peguei um dos saquinhos que continham alguns tomates dentro, não estava nenhum pouco pesado, então não teria problema algum. O garoto assentiu enquanto já esboçava um sorriso no rosto. Logo nossa vez chegou e eu comecei a entregar os alimentos nas pequenas mãos do rosado.
– Seu filho é uma graça. – Uma senhora atrás de mim falou, agradeci-a sorrindo e murmurando um obrigado um tanto inaudível. Quando voltei a olhar para o pequeno, esbarrei no carrinho deixando a carteira de meu bolso cair, totalmente aberta. Moedas, cartões e notas fiscais foram se espelhando pelo piso branco do mercado.

– Mas que merda. – Deixei escapar sem querer enquanto já me abaixava para juntar o que caiu, pegava tudo em minhas mãos e simplesmente jogava na carteira sem prestar atenção, se tudo estava nos lugares certos. Dessa maneira fui agilizando a “organização”. Depois disso, voltei meu olhar para os produtos que estava pesando, deu vontade de me matar. Eu sabia que não deveria ter tirado Nathan do carrinho. – Aquele pestinha...

– Ele correu pra lá. – O atendente das pesagens apontou-me para o lado esquerdo, com uma expressão facial nenhum pouco preocupante. Não pensei duas vezes e fui correndo, literalmente, deixando o carrinho de compras no mesmo local.

[...]

Lucy POV on:

Girei a chave na porta de casa e logo entrei. Fiquei feliz quando me dei conta que meu pai não se encontrava, além de ter um dia cansativo, não queria de maneira alguma fechar a noite com “chave de ouro” ao escutá-lo falar o quanto minha vida é inútil por dar aula a crianças. Todas as vezes que eu passava por ele era assim, me xingava de maneiras semelhantes por esse mesmo motivo. Tudo por que eu não quis seguir administração, assim como ele.

Passei pela sala até a escada, me arrastando. Sentia-me esgotada de mais e no momento o que mais precisava era minha banheira, e em sequência, minha cama quentinha. Senti meu celular vibrar no bolso da calça, peguei o aparelho e visualizei na tela uma mensagem da Levy. Nos falamos o dia inteiro, isso só pode ser amor ou vício.

Rapidamente digitei a resposta, ela apenas queria saber se eu havia chegado em casa bem. A azulada havia me oferecido carona já que estava escuro e eu havia dito que voltaria a pé. Quando cheguei ao meu quarto deixei o celular na cama e logo entrei no banheiro, tirando a roupa vagarosamente. Enchi a banheira e derramei os sais de banho, com a ponta dos dedos da mão esquerda, verifiquei se a água estava em uma temperatura agradável, esbocei um sorriso e entrei sem me enrolar.

Por longos minutos fiquei observando um ponto fixo na parede de azulejos branquinhos que aos poucos ficavam embaçados pelo vapor. Refleti sobre meu dia que foi tranquilo até eu chegar ao último período de aula. Acabei tendo um susto com um dos meus alunos, pois tivera crise de bronquite asmática, e a porcaria da bombinha que havia em sua mochila, não funcionou. Tive que levar ele até a coordenação e deixar as outras crianças sozinhas, mas pelo que eu soube depois, os pais chegaram rapidamente e o levaram até o hospital.

Quando dei por conta que meus dedos já estavam enrugados e a temperatura da água já tinha esfriado, tratei de pegar a toalha e me enrolar. Sequei os cabelos molhados e os penteei em seguida, dando adeus aos poucos nós que ali tinham. Depois me sequei e vesti uma roupa confortável.

Sentei-me a beira da cama e fiquei sem saber o que fazer, não era muito cedo, mas também não muito tarde, o relógio digital que tinha na parede de meu quarto indicava que já se passariam das oito e meia. De repente minha barriga fez um som estranho, senti fome então me dirigi até a cozinha, precisava de algo doce. Deve ser por que aqueles dias indesejados estão chegando.

Calcei minhas pantufas de cor rosa, que eram maiores que o tamanho real de meus pés, desci as escadas tropeçando algumas vezes por justa causa, mas cheguei bem aonde queria. Abri a geladeira e não tinha nada que me agradece, procurei então nos armários ingredientes para fazer um bolo simples de chocolate, mas infelizmente também não tinha.

– Parece que vou ter que ir ao mercado... – Murmurei as palavras comigo mesma, olhei para meu corpo e não vi problemas para que as roupas precisassem ser trocadas. A não ser as pantufas. Voltei mais uma vez ao meu quarto e coloquei um de meus tênis velinhos. Para minha sorte, o estabelecimento de compras mais próximo ficava na esquina da minha rua, não era um armazém, mas também não era um mercado grande.

Tranquei a casa e rumei até meu destino. Haviam muitas pessoas na rua para minha surpresa, o que mais se via eram dizeres nas vitrines de lojas, algumas fazendo propaganda de preços baixos por causa do dia das mães, e outras apenas felicitavam com mensagens bonitas a data especial. Esbocei um sorriso em meu rosto, sinto falta daquela mulher que sempre me amou mais que tudo, a guerreira que eu jamais esquecerei. Hoje foi um dia divertido ao final de contas, já que eu e meus alunos fizemos presentes para que eles possam entrega-las no domingo. Em momento algum eu parei de pensar em Layla.

A poucos passos me vejo a frente do mercado, estava cheio de pessoas lá dentro, provavelmente teriam filas imensas. Pensei em desistir, mas se fosse o caso, acho que dormiria sem me alimentar. Passei pela entrada e puxei um dos cestinhos que tinham ao lado da porta de vidro, automaticamente fui até as prateleiras de guloseimas.

Realmente tive de me espremer algumas vezes para conseguir passar em alguns lugares, pessoas sem educação resmungavam palavras desagradáveis, outras se desculpavam e por fim havia algumas que fingiam nem me ver. Minha paciência não estava muito boa no momento, continuei a caminhar e felizmente cheguei ao local sem ter amontoamento no corredor.

– Acho que esse serve... – Peguei rapidamente uma lata de leite condensado e a olhei não me importando muito com a marca, estava dentro do prazo de validade e o preço estava em meio termo. Fui colocando os produtos necessários dentro do cestinho da cor verde em que estava em minha mão, quando me dei conta, troquei a opção de fazer bolo, por brigadeiro.

Fui atrás do granulado, não sabia ao certo se comprava, afinal não seria tão necessário. Por fim dei de ombros e resolvi pegá-lo também, se eu vou fazer alguma coisa teria que sair direitinho. Não sei por que os vendedores colocam algumas coisas nas prateleiras de baixo, hoje eu estava muito cansada para me abaixar. Que horror, desse jeito até pareço sedentária.

– Ai! – Escutei uma voz fina bem próxima de mim logo que meu corpo esbarrou levemente para o lado. Virei meu rosto e encarei o que me chamou atenção, uma criança estava caída no chão, com os pequenos olhos fechados.

– Meu Deus, você está bem? – Larguei tudo que estava em minha mão e tratei de levantar o pequeno, não parecia ter se machucado, no momento me olhava atentamente sem dizer nenhuma palavra. O menino era bem fofinho, estava vestindo uma calça, que imitava o tecido jeans e uma fina jaqueta vermelha que tinha capuz. Seus cabelos eram de um tom rosado, pouco claros. A altura do pequeno me indicava que tinha não mais que dois anos. Fiquei meio que sem saber o que fazer, ele não falava nada e nenhuma das pessoas em nossa volta parecia se importar com o ocorrido.

– Ah... Onde estão seus pais? – Sorri amigavelmente para o garoto, tentando não assustá-lo. Ao me ouvir, começou a observar sua volta, procurando com seus olhinhos um rosto familiar. Percebi que ele ficou inseguro aos poucos, e logo voltou a olhar para mim com lágrimas já escorrendo por seu rostinho, me preocupei, precisava fazer o possível para deixá-lo calmo. – Ei, não precisa chorar.

Limpei o rosto do menino e ele me abraçou, murmurava algumas palavras que eu não sabia definir muito bem o que era, enquanto eu já acariciava seus cabelos sedosos. Suspirei fundo, acho que meu lanchinho nenhum pouco saudável fica para outra hora... Levantei o menino em meu colo e saí andando, ele estava bem assustado. Pergunto-me que tipo de pai desnaturado deixa uma criança perdida andando sozinha pelo mercado.

– Vou te ajudar a encontrar seu papai, ok? – Assim que o menino olhou novamente em meu rosto, afirmei que estava tudo bem, ele assentiu ainda fungando um pouco e logo colocou seus bracinhos em volta de meu pescoço, deitando a cabecinha ao meu ombro, em seguida. Não questionei e nem falei nada, apenas deixei-o confortável.

– Mamãe... – Foi a única coisa que escutei. Não era como se ele estivesse chamando por sua mãe, mas sim dizendo que eu era ela. Algo totalmente inesperado e confuso, que acabou fazendo um sorriso brotar em meus lábios, inconscientemente.


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Notas finais do capítulo

Acho que alguém ganhou um filho no dia das mães hihihi... Enfim, queria felicitar todas as queridas mamães de meus lindos leitores! Por mais que as vezes elas nos encham o saco, briguem com nós ou não nos entendem, lembrem-se que ela vai sempre estar lá, para ser nosso porto seguro. Abracem, beijem, façam carinho, sejam crianças novamente e as façam feliz nesse dia tão especial. Não só ela, vale também para os pais, as tias, as vós... Enfim, mãe é aquela que cria, independente de quem seja, felicitem-os pelo dia de hoje!
Tá acabou o sermão, queria informá-los de algo. Se quiserem ler mais uma fic minha que eu postei a poucos dias aqui está o link: http://fanfiction.com.br/historia/503231/Solteiros_Com_Filhos/ -é completamente Nalu, Jerza e Gruvia!
Quero comentários ok? u,u Beijocas!