Nora Fulkert - Um conto de amor na Terra Média escrita por Norha Wood


Capítulo 11
...o que virá depois de você




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_ Você aceita um bolo Jane? - Nora disse isso levantando-se e caminhando em em direção a cozinha.

_ Não senhora Nora... A senhora vai continuar a história? - Jane falou isso demonstrando uma ansiedade típica da sua idade. Pensou em quando a senhora saia da sala: _ Ai essa velha parou justo na melhor parte da história!!

_ Perdoe as pausas na história que essa velha faz querida Jane! - Jane engoliu seco ao ouvir o que Nora falava ao voltar da cozinha com um prato de bolo nas mãos. Como ela sabe o que eu pensei??? - _ Eu paro para lembrar ao mundo que pertenço hoje, a fim de que não me perca nas lembranças do passado.

Nora sentou-se novamente e vendo que Jane a olhava com atenção continuou a sua história:

_ Passaram-se alguns anos em Mirkwood... Ah! tem algo importante que não lhe disse Jane: No tempo que começou essa história Mirkwood se chamava Floresta Verde! Porém foi nessa época que, Rhovanion, ao leste da floresta, foi o palco de muitas guerras, quando os montadores de lobos vieram do leste e assaltaram o povo de Rhovanion até que todos os seus reinos fossem destruídos.

Mais tarde um habitante indesejado passou a esconder-se em Dol Guldur ao sul da floresta e a partir de então uma sombra estava caída sobre a Floresta Verde. Nossa linda floresta já não era mais a mesma, o sol já não penetrava por entre as árvores. A Floresta Verde tornou-se um lugar sombrio e terrível, originando daí o nome de Floresta das Trevas.

Thranduil a fim de proteger o seu povo recuou as suas terras e construiu enormes muros protegendo a cidade da floresta. Por ordens do rei todos os elfos de Mirkwood deveriam aprender a guerrear, e foi nessa época que novamente os elfos retomaram a construção de um grande estoque de armas e acessórios de combate, para que o reino não fosse pego desprevenido por esses seres malignos.

Os elfos já não saíam fora dos portões do reino para passear pela floresta como outrora faziam.Suas canções, assim como as comemorações tornaram-se mais tímidas. Thranduil não tinha as artes, nem a riqueza, nem o auxílio dos anões; e em comparação com os elfos de Doriath sua gente silvestre era simples e rústica e a sua floresta estava repleta de magias e sombras.

Mas a vida dentro do reino de Mirkwood continuava.... a vida sempre procura brechas para existir! mesmo que só haja trevas a vida sempre vence... - Jane, muitas vezes não entendia o que Nora falava, mas estava tão envolvida na história que se recusava a interromper para esclarecer qualquer questão.

Thiedhel nunca mais havia falado com Nimarie após a decepção que a moça lhe causara diante a sua declaração de amor. Ela sabia, ou melhor, todo reino sabia que Thiedhel havia ganhado uma nova irmãzinha e o seu nome era Tauriel. O seu nascimento foi muito comentado em todo reino, que ficava muito feliz com a chegada de mais uma criança elfa.

Era uma noite escura e Nimarie estava deitada em sua cama. Dormia um sono leve, e por isso pressentiu que alguém lhe observava o sono. Em um rápido movimento ergueu-se girando o seu corpo com uma faca em punho, apontando centímetros da garganta do observador que se quer se mexeu. Quando enxergou melhor viu a cabeça dourada de Legolas, e abaixou imediatamente a lâmina.

_Pensou que fosse um demônio Nimarie? - disse ele calmamente

_ Bem... elfos não costumam se esconder nas sombras para vigiar o sono de outros... - Disse guardando a faca elfíca de onde havia tirado.

_ Se eu fosse um inimigo te mataria antes mesmo que sentisse minha presença, pois já estou aqui a algum tempo lhe observando.

_ E o que queres de mim? não tens coisa melhor para observar meu príncipe? - Ela disse isso mexendo em alguns objetos do quarto a fim de fingir uma distração inexistente.

E ele sorriu ao perceber que a moça fazia uma provocação: _ Tenho! Mas se pudesse as observar ao teu lado seriam ainda mais especiais....

Ela voltou-se para ele um tanto satisfeita com o que acabara de ouvir, falou: _ Ah é?! e o que queres me mostrar então?

_ Hoje as estrelas estão especialmente belas. Não é justo eu olhar essa imensidão sozinho! Venha comigo!

Nimarie não pensou duas vezes, deu-lhe a mão e juntos saíram para a rua. Legolas subiu em seu cavalo em um pulo e puxou a moça pela cintura colocando-a em sua frente. Galoparam então, até os limites do reino de Thranduil, observando ao longe as montanhas sombrias. E sob elas a abóbada estrelada estava realmente bela, assim como Legolas havia falado. Encostaram-se em uma árvore sob a colina e ficaram muitos minutos calados, cada um envolto em seus próprios pensamentos, observando a imensidão de Ennor.

Legolas então quebrou o silêncio: _Nimarie, eu a chamei aqui pois quero me despedir...Daqui uma semana terei que ir para o sul negociar algumas questões com nossos parentes e não sei quanto tempo vou demorar para retornar. - Ela ouvia com os olhos fixos no chão, então ele continuou: _ Eu partiria sem dizer adeus, mas, algo me prende, e impede que eu vá de todo contente. - Nimarie percebendo que o elfo estava emocionado, se aproximou e fitando seus olhos falou pausadamente:

_Devo ousar supor que sou eu a causa de sua angustia Legolas?

_ Sim... não seria justo comigo partir sem antes lhe dizer Adeus...

_ E os demais... não te despedirá? será justo com os outros?

_ Não tenho pelos outros o mesmo apreço que tenho por ti querida Nimarie... - Os olhos do elfo estavam brilhantes de sinceridade, e a meia, meia-elfa, quase nem acreditava naquilo que estava ouvindo. Quando conseguiu falou com a voz embargada pela emoção:

_Eu que pensei por durante muito tempo, que vagava sozinha por uma terra onde o seu amor era infértil e inóspito. Culpava-me toda vez que pensava em você com um carinho maior que o carinho que tenho por um amigo. - Ela colocou uma mão no rosto de Legolas e com a outra retirou de dentro do vestido o pingente que trazia preso no pescoço por um cordão de prata, o qual Legolas reconheceu de imediato como sendo o presente que ele lhe dera ainda quando crianças – _Mas bem o sabes que o teu pai não aprovaria a nossa união, ele reserva para ti as melhores expectativas, e essas expectativas não me incluem Legolas! - Ela se ergueu, deu alguns passos e com o olhar perdido no horizonte continuou: _Sonhei um dia, que viajavas em companhia de uma comitiva que era composta por representantes de todas as raças livres da Terra Média. Vocês tinham um propósito muito nobre, o qual com muito esforço conseguiram atingir.Porém, quando voltou tomou em seus braços uma elfa de cabelos vermelhos e vocês se amavam, e eu já não estava lá, já não mais estava presente, exceto na lembrança em que me dispensava em noites muito estreladas como essa. E você sentia saudade, mas saudade de uma amiga, de uma irmã e não a saudade de um amor perdido... - Nimarie não conteve as lágrimas ao lembrar do sonho premonição que tivera. Legolas levantou e foi até a moça e carinhosamente lhe disse:

_ Nimarie! a muito tempo não te considero apenas amiga... - Ele chegou tão perto que ela sentia a sua respiração. O elfo colocou uma mão em sua cintura e a outra em seu rosto: _ Provavelmente não sentirei a saudade de um amor perdido por que ele simplesmente não ter se perdido!– Ele beijou os seus lábios suavemente. Ela já não resistiria mais, não tinha forças para isso, sentia as pernas amolecidas e o sangue circulando pelo corpo rapidamente, enquanto retribuía o beijo. Os corações encostados um no outro se combinavam num ritmo único de batimento acelerado.

Após o beijo, ficaram abraçados, e ele lhe falou ao pé do ouvindo: _Não me importa o que virá depois de você, me importa que você esteja ao meu lado até o depois vir... mesmo desejando todo dia que esse dia não chegue nunca. - Nimarie o abraçou com toda a força. A partir daquele dia, toda a semana que antecedia a viajem de Legolas, os dois encontraram-se para namorar escondidos sob a luz das estrelas.

Em um desses dias,Legolas foi ao encontro de Nimarie no campo de trigo.

_ Legolas o que fazes aqui? - ela tentava falar com ele discretamente mas não disfarçava a alegria que sua presença causava.

_ Ora! vim supervisionar a colheita! - Ele respondeu divertido, apontando em direção ao trigal. Sabendo que não enganava Nimarie com sua real intenção ele perguntou ansioso: _ Daqui quanto tempo estás livre?

_ Hoje talvez não poderemos nos encontrar.... - Disse ela, em um tom sério, ao juntar a cesta do chão. Começou a caminhar em direção ao celeiro, na intenção de dispersar os olhares dos elfos que olhavam curiosos a cena. O elfo seguia a moça:

_ Estás louca??! vou partir daqui dois dias preciso ver-te sem mais demora...! Eu ordeno que me acompanhes em meu cavalo! - Ele falou isso em um tom de brincadeira, aproveitando que estavam ocultos dos olhares dos outros sob o teto do celeiro.

_ Bem... - Nimarie chegou bem próximo ao rosto do elfo e em um tom provocativo e sedutor falou: .... diante dessa ordem não posso me opor! - Legolas não resistiu e a puxou rapidamente ao seu encontro beijando-a, mas logo foram interrompidos ao ouvirem vozes próximas que entravam no celeiro. Em um pulo Legolas escondeu-se atrás de uma pilha de palha puxando Nimarie com ele. Ficaram ali agachados, escondidos, até que ouviram as vozes se afastarem. Quando o perigo passou os dois riram aliviados, para logo se fitarem sérios, ao perceberem que estavam com os corpos tão próximos que sentiam o calor um do outro. Eles se olhavam fixamente, com o coração em chamas e tomados por um desejo avassalador se entregaram em um ardente beijo.

Nimarie sentia-se como dopada, e como se acordasse de súbito desvencilhou-se dos braços do elfo, falando ofegante: _ Legolas! preciso ir!

_ Espere! Você irá amanhã?

_ Onde? - A moça elfa que já estava próxima a porta parou.

_ No banquete das estrelas... vá! você é minha convidada! - Ela sorriu para ele e saiu sem lhe dar resposta. Ao mesmo tempo Legolas jogava o tronco para trás apoiando-se na pilha de palha a suas costas. _ Não me importa o depois Nimarie, só me importa você... - O elfo falou pra si mesmo.

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Um desenho que esboça o momento do beijo de Legolas e Nimarie:


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Notas finais do capítulo

... muito romantismo na Terra Média!



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