Maga, Bruxa ou Semideusa? - Hiatus escrita por Marina Leal


Capítulo 33
Capítulo 33 - Conversando com Peter


Notas iniciais do capítulo

ufa!!! até que enfim o site voltou não minha gente? Peço desculpas por não ter postado assim que o Nyah! voltou, mas é porque esse cap ainda não havia ficado pronto (inspiração havia batido as asas e voado, sabem como é) mas aqui está agora, beijos



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Peter parecia deslumbrado ao olhar para mim, mas a cada poucos instantes ele voltava seus olhos para a multidão ao redor como se procurasse alguém.

– Com quem você veio? – Perguntei franzindo as sobrancelhas, afinal eu não conseguia imaginar os pais dele naquele lugar onde estávamos.

– Com o... Hagrid! – Ele falou e sua voz subiu na última palavra pouco antes de meu amigo começar a acenar freneticamente na direção de um homem enorme que parecia procurar alguém. – Hagrid!

O homem olhou para Peter e abriu espaço com facilidade por entre as pessoas que apinhavam a rua ao vir na nossa direção. Ele era grande e possuía uma barba espessa e cabelos desgrenhados, seus olhos pareciam dois besouros de tão escuros, mas eram ao mesmo tempo calorosos. O homem parou na nossa frente e olhou para Peter.

– Já comprou a varinha? – Perguntou em uma voz estrondosa, porém gentil e Peter negou com a cabeça.

– Estava entrando na loja quando esbarrei com a minha amiga. – Peter explicou olhando para cima e tentando apontar para mim sem olhar na minha direção, mas um sorriso enorme estava estampado em seu rosto.

– Oh, quem é esta? Qual das três que você tanto fala, quero dizer. – O homem chamado Hagrid perguntou ao olhar para mim e senti os dedos de mamãe em meus ombros, ela apertava de uma forma que chegava a ser desconfortável.

Senti meu rosto esquentar ao perceber que Peter havia falado de mim (certo, não só de mim, mas ainda assim de mim) para outra pessoa.

– Meu nome é Natália, senhor. Mas Peter e minhas amigas me chamam de Nat. – Respondi e coloquei minha mão sobre a de mamãe para tentar acalmá-la. O homem olhou para ela com interesse depois de assentir como se houvesse reconhecido meu nome. – E ela é minha mãe, seu nome é Marcela.

– Ah, sim, Peter me falou muito sobre você. – Ele falou e estendeu a mão para que eu a apertasse. Hagrid repetiu o gesto para minha mãe, que embora parecesse um tanto temerosa acabou retribuindo o aperto. – E agora devemos comprar sua varinha Peter.

– Vocês me esperam? – Peter pediu parecendo ansioso de repente.

Voltei meus olhos para mamãe que apenas fez um leve gesto que sim com a cabeça antes de dizer:

– Mas acho melhor esperarmos aqui.

– Vamos ficar aqui fora. – Falei e meu amigo entrou na loja depois de erguer o polegar na nossa direção e abrir um largo sorriso.

Mamãe e eu não sabíamos o que dizer sobre aquilo, então acabamos ficando em silêncio junto com a minha coruja e os poucos pacotes que mamãe não colocou no Duat. Dez minutos depois Peter saiu da loja com Hagrid logo atrás, ele parecia bem contente.

– Podemos ir para casa agora? – Perguntei e Peter olhou para Hagrid.

– Posso voltar com elas? – Meu amigo pediu.

– Sim, sim, tudo bem. Irei deixá-lo com vocês. – O homem enorme falou e parecia estar sorrindo por debaixo da barba espessa. – Cuide-se Peter. Foi um prazer conhecê-las.

– Está bem. – Peter falou. – Nos vemos em Hogwarts.

– Obrigada senhor. – Falei e o homem desapareceu por entre as pessoas ao redor com uma facilidade e rapidez incríveis.

Assim que Hagrid desapareceu Peter olhou para mim e abriu a boca para falar algo, mas mamãe o interrompeu.

– Vamos para casa, acho que podemos deixar perguntas e explicações para depois, não é mesmo?

– Mas... – Ele começou a protestar e eu sacudi a cabeça.

– Estou cansada e confusa, acho que a minha mãe está certa, depois conversamos sobre isso. – Murmurei para ele que revirou os olhos.

– Está bem então. – Peter resmungou e refizemos nosso caminho para fora do Beco Diagonal.

*****

Fiquei pensando na ignorância e no presente que ela pode ser enquanto observava os mortais que passavam por nós pelas ruas de Londres. Estava pensando também que saber a existência desses mundos ao qual eu pertencia não valia uma vida boa e tranquila, livre de monstros e sabem os deuses mais o quê.

Mas uma vez que Liz, Linda e Peter estivessem comigo, acho que estava tudo bem.

Olhei para meu amigo, mas ele parecia perdido em pensamentos.

– Ei. – O chamei baixinho quando nos ajeitamos nos assentos do metrô, com aqueles pacotes de diversos formatos ao nosso redor e todos os mortais olhando para nós com desconfiança.

Resolvi ignorá-los e me focar em Peter.

– O que foi? – Ele respondeu no mesmo tom de voz ao olhar para mim.

– O que você tem? – Perguntei. – Está tão estranho. Aconteceu alguma coisa?

Meu amigo suspirou, parecia triste.

– Eu ainda não acredito que somos bruxos! Quero dizer, descobri algumas coisas sobre meus pais biológicos... – Ele murmurou rapidamente e eu prendi a respiração, o que não passou despercebido por ele.

Entenda, Peter era filho único de um casal feliz, isso até a morte deles, a cerca de uns dois anos atrás, então Peter foi colocado em um orfanato onde uma oficial de justiça arrumou uma nova família para ele, mas ele nunca se sentiu confortável de fato com o novo lar, sempre sentiu como se não pertencesse ali. Falar sobre os pais dele virou um assunto proibido entre a gente, aprendemos isso depois de várias brigas, argumentos, um garfo de plástico (não pergunte!) e um ursinho mutilado (ignore essa parte). E o próprio Peter mencionar isso era algo muito raro e deprimente.

Claro que ninguém mais dentre os nossos colegas de escola, além de Liz, Linda e eu, sabíamos da história dele. Então, desde que Peter, o garoto recluso que nunca falava com ninguém, começou a andar comigo, Liz e Linda, bem, certos boatos questionando a sexualidade dele começaram a se espalhar pela escola.

– Posso perguntar quem eles eram? – Falei baixinho e tentando interromper o fluxo de pensamentos que me atingiu, mas Peter colocou a cabeça entre as mãos e percebi que fiz a pergunta errada.

– Nat, posso primeiro digerir as informações que Hagrid me deu? – Ele pediu, sua voz saiu abafada, mas não rude. – Ainda estou tentando entender, ligar os pontos e tentando entender o motivo para eles não me contarem que eu sou um bruxo enquanto morava com eles.

– É muito ruim? – Perguntei, ficando ainda mais preocupada e curiosa, mas ele sacudiu a cabeça.

– Não é que seja ruim, é só que é... Confuso. – Uni minhas sobrancelhas para suas palavras, mas ele não olhava para mim.

– Certo, em casa a gente conversa. – Murmurei e olhei para mamãe algumas vezes durante toda a viagem de volta, seus dedos estavam fechados com firmeza ao redor do amuleto que trazia sempre consigo em seu pescoço: o Nó de Ísis. Seus lábios se movendo, como se estivesse rezando, e os olhos fechados.

Eu estava tão entretida admirando minha mãe que até me assustei ao vê-la abrir os olhos de repente e sorrir para mim quando o trem parou.

– Vamos para casa.

Olhei ao redor e vi que era nossa parada. Cutuquei Peter, que juntou rapidamente suas coisas e saímos do vagão.

Mamãe chamou um táxi e chegamos rapidamente ao nosso destino.

Peter parecia ter finalmente digerido as informações sobre si, pois assim que entramos na minha casa disse:

– Acho que agora podemos conversar.

– Vou preparar o jantar. – Mamãe falou e beijou o topo da minha cabeça. – Darei privacidade para conversarem.

Me senti grata por mamãe entender tudo, acho que ela sabia como era ser inundada de informações que não faziam parte do que tínhamos por verdade.

Levei Peter até a sala de estar e sentei no sofá, meu amigo preferiu ficar de pé.

– Então, como você descobriu, você sabe, que é um bruxo? – Perguntei hesitante, sem saber como começar a conversa.

Parecia bem agitado quando começou a falar.

– Uma professora da escola veio me visitar. – Ele respondeu e sentou de frente para mim.

– A professora Minerva? – Perguntei.

Peter pareceu surpreso, mas logo concordou.

– Sim, ela me explicou o básico e que quando eu fosse comprar o meu material alguém iria me levar.

Franzi a testa.

– Porque seus pais não puderam ir com você?

– Eles não quiseram. – Peter falou e sua voz ficou amargurada, isso eu compreendia. – Disseram que se eu quisesse ir para Hogwarts eu podia, mas não iam fazer nada para me ajudar.

– Ah Peter. – Murmurei. – Eu sinto muito.

– O pior foi que falaram isso na frente da professora. Me senti muito mal.

– Mas quer dizer que seus pais eram bruxos? – Perguntei tentando mudar de assunto. – Quero dizer, seus pais biológicos.

– Sim,a professora confirmou isso para mim. – Peter sorriu, mas logo ficou sério de novo. – Só não entendo o motivo para não terem me contado o que sou.

Mordi o lábio. Era um questionamento justo, porém eu não sabia o que dizer.

– Mas é bom, pelo menos vou poder passar o ano inteiro longe deles. – Seu tom de voz deixou bem claro que era da sua família adotiva que ele estava falando.

Olhei em seus olhos verdes, ele parecia estar forte, mas eu o conhecia bem o bastante, Peter estava com medo.

– E você? – Ele perguntou depois de alguns segundos nos encarando. – Como descobriu que era bruxa?

Dei uma risada e comecei a contar para ele o que havia acontecido para descobrir a minha porção bruxa.


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Notas finais do capítulo

o que acharam? sinto falta dos reviews