Maga, Bruxa ou Semideusa? - Hiatus escrita por Marina Leal


Capítulo 3
Capítulo 3 - Encontro um amuleto no meu armário


Notas iniciais do capítulo

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Depois da primeira aula o dia passou indistinto para mim. Acho que eu só contava os minutos porque a senhora Connoly era muito assustadora, bonita, mas assustadora.

Nossa próxima aula foi tranquila, o senhor Wolf não se importava que conversássemos durante a aula, mas era rígido quanto aos exercícios. Quase desejei que Liz e Linda tivessem feito minha festa durante a aula dele, afinal era uma das poucas aulas interessantes e que não me deixavam entediada.

O senhor Wolf era um homem de meia-idade em uma cadeira de rodas motorizada. Usava um casaco de tweed que sempre cheirava a café preto e tinha uma impressionante coleção de armas e armaduras romanas.

– Hoje falaremos sobre o mito das três górgonas... – Começou e assim seguiu a aula.

No terceiro tempo quase não prestei atenção devido à magnífica guerra de bolinhas de papel que Liz e Linda iniciaram como forma de protesto pela enorme quantidade de exercícios que a professora tentou passar para nós (mas não conseguiu graças ao protesto singelo de minhas amigas).

Como castigo elas foram mandadas para detenção, e eu e Peter (infeliz e injustamente) também fomos enquadrados e nos mandaram para lá.

– Vai Natália! – Disse um garoto da minha sala que eu quase não conversava, acho que seu nome era Leneu, ele usava muletas e parecia ter uns treze ou catorze anos, mas não era por isso que eu não falava com ele, era só que eu me sentia completa com Liz, Peter e Linda, além disso, ele não fazia nenhuma tentativa de se aproximar. – Eu fico de olho nos seus presentes e nos bolos.

Disse quando eu resisti a sair da sala. Assenti e me afastei devagar. Parei na porta e olhei para trás.

– Obrigada! – Falei para ele, que assentiu sorrindo para mim.

A detenção foi chata, se bem que aproveitamos o tempo para fazer o dever de casa e quando o professor (que supostamente devia estar de olho na gente) estava lendo, passávamos bilhetinhos com mensagens um para os outros.

Uma folha de Peter, que estava atrás de mim, deslizou pelo chão ao meu lado. Derrubei o lápis para ter uma desculpa e poder me abaixar e juntei ambos. Olhei para o papel, possuía uma única linha, mas demorei alguns instantes para ler por causa da dislexia:

Preciso falar com você. É sobre a escola.

Pode falar.Escrevi e deixei o papel cair novamente para o chão, estranhamente estava com a sensação de que não iria gostar do que quer que fosse que Peter queria me falar.

Ouvi um suspiro baixo e em seguida o lápis escrevendo no papel, pouco tempo depois a folha com o recado repousava em meu ombro.

Não vou estudar aqui no ano que vem.Estava escrito. Vou estudar em um internato mais ao norte, passarei o ano inteiro, só volto para as férias.

– O quê?! – Acabei deixando sair um pouco alto demais, tive que resistir ao impulso de olhar para trás, mas consegui me conter e voltei novamente a atenção para o papel. Pude sentir os olhares de Linda e Liz em meu rosto.

Como assim? Porque só está me falando isso agora?

Devolvi a folha sem olhar para ele. Mais alguns minutos então ele me passou o papel.

Recebi a carta de admissão ontem, uma professora veio explicar para os meus pais, eu tenho uma espécie de bolsa nessa escola, para os próximos anos letivos.Eu fiquei sem saber como reagir enquanto lia aquilo, cada palavra era como um duro golpe.

Imagine se fosse seu melhor (ou sua melhor) amigo (a) que estivesse falando que não ia mais estudar na mesma escola que você depois das férias. Como você se sentiria? Certo, eu estava feliz por ele, mas ainda assim...

As meninas já sabem? Escrevi e passei o papel de volta para ele, meus dedos tremiam.

Segundos depois veio a resposta: Não. Quis contar primeiro para você.

Suspirei e sacudi a cabeça lentamente.

Certo, mas acho que devia falar logo para elas.Devolvi a folha e nesse momento o professor se levantou.

– Bem crianças, acho que vocês já aprenderam a lição. Não é mesmo? – Ele falou enquanto olhava para nós quatro.

Liz e Linda concordaram com a cabeça então o professor olhou para mim e Peter. Sem ter outra opção concordamos com a cabeça.

– Que bom, agora se vocês correrem vão conseguir chegar à sala de vocês a tempo de pegar suas mochilas. – Ele falou se sentando novamente enquanto nos levantávamos. – E juízo em.

Passamos pela porta e fomos para sala.

*****

Chegamos no momento exato que a campainha tocou. Peter bateu à porta e pediu licença para entrarmos, mas não foi realmente necessário já que a professora estava saindo.

Assim que entramos fui falar com o garoto que ficou vigiando minhas coisas, Leneu.

– Obrigada. – Agradeci sinceramente.

– Sem problemas, até amanhã. – Ele disse sorrindo e se afastou se apoiando nas muletas.

Olhei para os bolos e decidi rapidamente dividi-los com meus colegas, pois não tinha condições de levar meus presentes e as obras de arte de Liz e Linda nos braços ao mesmo tempo. Todos pegaram um pedaço de bolo rapidamente e saíram, deixando apenas nós quatro na sala.

– Porque não coloca os embrulhos na mochila? – Peter perguntou quando me viu com as duas mãos ocupadas e tentando pegar o restante dos pacotes de cima da mesa.

– Ele está certo. – Linda falou, olhando de mim para Peter com o olhar (quem tem amigas mulheres sabe do que estou falando).

Lancei meu melhor olhar de: nem pense nisso! E torci para que ela não notasse meu rosto ficando avermelhado.

– Deixei minha mochila no armário Linda. – Consegui responder depois de alguns segundos.

– Então vai lá e pega, a gente te espera aqui. – Liz falou parecendo aérea como sempre.

Assenti e saí da sala. A escola estava quase vazia agora, exceto por alguns poucos alunos que estavam organizando o baile de primavera, mas eles me ignoraram enquanto seguiam pelo corredor e eu devolvi o favor.

Parei na frente do armário e ergui a mão, mas quando tentei girar a combinação levei um choque.

– Ai! – Gemi e olhei ao redor, ninguém prestava atenção em mim, voltei a olhar para o trinco do armário. – Ah, fala sério!

Tentei abrir de novo. Emperrada.

– Droga! – Xinguei ficando irritada e bati a mão contra o trinco antes de tentar outra vez, dessa vez o armário abriu e enfiei a mão, mas tinha algo errado com a temperatura.

Sabe quando você coloca a mão dentro do congelador da geladeira de casa? Era uma sensação mais ou menos parecida a que eu estava sentindo naquele momento. Tateei procurando minha mochila, mas minha mão se fechou em torno de algo macio, parecia outro embrulhinho daqueles que eu havia recebido e quando firmei meus dedos ao redor dele a sensação de frio desapareceu.

Olhei dentro do armário, lá estava minha mochila, meus dedos a poucos centímetros dela. Estranho, pois eu jurava ter enfiado todo meu braço dentro daquele bendito armário e ela não estava ali.

Sacudi a cabeça para espantar o pensamento perturbador, enfiei o pacotinho no bolso da calça e peguei a mochila antes de voltar para a sala pelo corredor, agora vazio.

*****

– Gente. – chamei assim que passei pela porta, os três olharam para mim, ergui o pequeno pacotinho de linho preto que eu havia olhado enquanto estava sozinha, parecia um daqueles amuletos egípcios que Liz costumava falar para mim e Linda. – Vocês sabem quem colocou esse presente no meu armário?

Peter e Linda sacudiram a cabeça negativamente, então olhei para Liz. A cor parecia ter sido drenada do rosto da minha amiga, ela olhava o pacotinho em minhas mãos como se fosse uma cobra venenosa.

– Liz? Você sabe o que é isso?

Ela olhou para mim e suas feições voltaram ao normal rapidamente.

– Não. – Disse com um tom natural, mas eu a conhecia bem, aquela tranqüilidade era apenas fingimento, em seus olhos havia um turbilhão de coisas que ela tentava forçar a ficar escondidas.

Linda e Peter deram de ombros.

– Vamos Nat, está ficando tarde, temos que ir para casa! – Linda falou quando eu abri a boca para pressionar Liz.

Olhei para Peter, ele parecia ansioso para sair dali. Revirei os olhos e enfiei meus presentes dentro da mochila (incluindo o estranho amuleto que encontrei no meu armário) rapidamente e saímos da sala rindo e brincando.

– Nat, posso ir com você até a sua casa? – Liz perguntou de repente enquanto andávamos, ela parecia nervosa e preocupada ao mesmo tempo, seus olhos não encontravam os meus.

– Claro, mas por quê?

– Esqueci meu anel na bancada da cozinha da sua casa. – Disse e suspirou. – Meu pai vai ficar bem irritado se eu chegar em casa sem esse anel.

– Tudo bem. – Falei dando de ombros e olhei para Peter, lembrando do que ele escreveu naquele papel e esperando uma oportunidade para saber mais sobre a nova escola dele, mas ele olhava para cima e não parecia prestar atenção em mim. Que pena.


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Notas finais do capítulo

gostaram? odiaram? digam alguma coisa, por favor, beijos



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