Te Odeio Por Te Amar escrita por TamY, Mazinha


Capítulo 35
Capítulo 35 - "Estou com saudades"


Notas iniciais do capítulo

Oi meninas, aí está mais um capitulo, apesar da demora!
Este está especialmente dedicado à Suh, Michellinha e à Liz! Esperamos que gostem!
Boa leitura! s2



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#Carlos Daniel narrando#

Estar com Paulina fazia eu me sentir diferente, ter o calor do corpo dela por toda a noite junto a mim me fazia bem de uma forma que há muito tempo não me sentia, há muito não imaginava apenas ter o calor de uma mulher ao meu lado. Aproveitei que Paulina estava em meus braços e enquanto nos fitávamos não conseguia conter um sorriso bobo que não se desmanchava de meus lábios, estava tão serena e também era mais linda ainda pela manhã esboçando um encantador sorriso que também brincava em seus lábios. Era uma pena termos que sair dali, mas assim como eu, Paulina tinha seus compromissos.

Acariciei seu rosto de forma de delicada, sentindo a maciez de sua pele nas pontas de meus dedos, contornei a maça de seu rosto com delicadeza enquanto a admirava encantado. Ela fechou os olhos novamente por uns instantes como se estivesse desfrutando de minha leve caricia e ainda pude me impressionar com o quão linda ela era até mesmo acordando.

– Temos que ir, tenho reunião marcada agora pela manhã! - Ela disse se sentando enquanto eu a observava em silencio.

– Não quero me separar de você! – Disse de maneira espontânea enquanto me aproximava roçando meus lábios aos de Paulina e me afastando satisfeito por ganhar sua atenção. Ela pareceu um tanto surpresa depois do que eu disse porque me olhou um pouco mais séria, mas podia ver em seus olhos o quanto meu gesto foi bem vindo.

Mas se meu gesto pareceu agradá-la porque não me correspondeu? Me perguntava enquanto a observava confuso, mesmo assim, não me intimidei e antes que se levantasse da cama me aproximei e com calma aproximei nossos lábios iniciando um beijo calmo.

Paulina me correspondeu e em um movimento rápido a puxei para junto de mim e aprofundei o beijo arrancando um gemido de Paulina que envolveu meu pescoço com os braços, meu sangue fervia diante do desejo acumulado e só nos afastamos quando o ar era vital para ambos.

– Se continuarmos assim, não saímos desse apartamento hoje! - Ela disse sorrindo enquanto se afastava ofegante, eu não era diferente, parecia ter corrido uma maratona.

– Não é uma má idéia! - Disse com um sorriso cheio de intenções brilhando em meus lábios.

Paulina apenas sorriu, deu um selinho em meus lábios e se levantou indo em direção ao banheiro, em poucos minutos voltou ao quarto e eu fiquei a observando se arrumar, essa era uma cena tão incomum para mim que descobri ser muito prazeroso poder observá-la.

– Não tenho nada para comermos aqui! - Dizia enquanto terminava de se maquiar. – Teremos que tomar café na rua! - Sugeriu.

– Ou... Você pode ir comigo até minha casa e podemos tomar café da manhã lá! – Sugeri também esperançoso. – Matilde faz um café digno de reis! - Completei animado com a idéia.

– Humm... - Resmungou me olhando através do espelho. – É melhor eu ir para casa, já estive muito tempo fora e nem sei como vou fazer para responder ao interrogatório da Sophia! - Explicou virando-se para me olhar.

Não pude esconder a decepção com sua negativa, queria poder prolongar esse momento ao máximo possível mas paulina estava certa, ela tinha que ir para casa, me levantei me arrumando na medida do possível.

– Teremos outras oportunidades de tomar o café da Matilde! – Ela disse aproximando-se de mim enquanto ajeitava a gola da minha camisa, um gesto que me chamou a atenção.

– Sim... Teremos outras oportunidades! - Disse sem conseguir parar de olhá-la.

– O que foi? - Perguntou desconfortável com meu olhar.

– Você continua me intrigando! - Disse a ela sorrindo de canto. –...mas vou te desvendar senhorita Martins! - Disse a envolvendo pela cintura, puxando-a mais para mim.

– Você pode tentar! - Sorriu enquanto me olhava.

Não respondi, apenas me aproximei e a beijei com desejo, as ânsias por seus beijos eram tão grandes que poderia beijá-la pela eternidade e ainda assim não teria o suficiente dela.

Enquanto a beijava meu corpo ardia por ter mais da sedutora mulher em meus braços, e como se minhas mãos tivessem vida própria, começaram uma exploração de suas curvas por cima de seu vestido. Nossas bocas se moviam com sincronia, nossas línguas quentes se encontravam em uma dança lenta e nossos sentidos eram nublados com o sabor um do outro. Sentia o palpitar de meu coração acelerar gradativamente e um calor se intensificar e o desejo que sentia por ela podia ficar cada vez mais evidente sem que eu pudesse controlar, tinha dado o máximo de mim para não estragar tudo, mas agora já estava ficando impossível diante de tanto desejo acumulado e o que eu mais queria era fazê-la minha, mas tinha consciência de que ainda não era o momento certo e encontrei forças de onde não tinha para alertar o meu “subconsciente” de que precisava acalmar os ânimos.

– É melhor irmos! - Paulina me disse quando nos separamos em busca de ar.

Eu apenas concordei com um acenar de cabeça, se continuássemos provavelmente eu acabaria estragando tudo ao não conseguir mais me conter por querer fazê-la minha antes do momento certo.

Seguimos de mãos dadas pelo enorme apartamento e quando estávamos sozinhos no elevador não me contive e a abracei por trás, Paulina não me afastou e aproveitei da nossa posição para depositar um beijo em seu pescoço e então a senti estremecer e sorri.

Enquanto a enorme caixa de metal fazia seu caminho para baixo a mantive em meus braços e aproveitei-me de nossa proximidade e me embriaguei com seu perfume.

Quando chegamos ao estacionamento tivemos que nos despedir. Acompanhei Paulina até o seu carro e abri a porta para ela, antes que ela entrasse a segurei pela cintura e trocamos um beijo suave, caloroso e longo.

– Obrigado, por tudo, por ter me aceitado, por ter me permitido estar com você, por esta chance. – Disse segurando em suas mãos após cessarmos o beijo, ela sorriu e nos beijamos mais uma vez em despedida, como Paulina não disse se queria me ver novamente naquele dia achei melhor não pressioná-la. Esperei que ela entrasse em seu carro e desse partida, e enquanto ela saía me direcionei ao meu e cada um seguiu seu rumo.

Enquanto seguia rumo a minha casa repassei toda a noite, todos os momentos que vivemos naquele apartamento, todas as novas sensações que senti com Paulina e o mais “assustador” de tudo: dormi com a mulher mais sexy que já conheci e não aconteceu nada. E, por incrível que pareça, não me sentia frustrado por não ter acontecido nada.

Durante meu trajeto para casa aproveitei para marcar uma hora com meu analista...

– Bom dia! - Disse sorrindo ao encontrar com Matilde me esperando.

– Nossa! O dia está bom mesmo! - Ela observou enquanto me aproximava e depositava um beijo em seu rosto.

– Maravilhoso... Nunca esteve melhor! - Respondi animado enquanto seguia direto para a mesa de café que já estava posta à minha espera.

– À que se deve toda essa felicidade? - Ela perguntou enquanto me acompanhava.

– Por enquanto basta saber que estou muito feliz! - Disse de forma misteriosa enquanto tomava um gole de café preto forte como eu gostava. – Tenho que me apressar, tenho hora marcada com o John para daqui a meia hora! - Expliquei o motivo de minha pressa.

Depois do café segui para meu quarto e tomei um banho rápido. Enquanto dava um jeito em meu cabelo não pude deixar de achar graça do ar bobo estampado em meu reflexo no espelho.

*Paulina narrando*

O caminho de casa pareceu ser curto para mim que só conseguia pensar em Carlos Daniel, sentia seu toque, seu cheiro, seus lábios durante todo o trajeto, ele estava gravado em mim e sentia também uma alegria imensa dentro de meu coração, era como se eu estivesse me libertando e eu já não tinha mais esperanças de sentir algo assim, pensei que jamais encontraria um homem que me valorizasse, me respeitasse e amasse, nunca imaginei desejar tanto um homem como o desejo e muito menos ficar assim feito boba pensando nele, sentindo saudades sendo que estávamos juntos há alguns minutos. Me sentia estranha ao mesmo tempo, era tudo novo pra mim. Se um dia achei que estive apaixonada, me equivoquei, aquilo não era nada do que eu dizia ser, mas agora sim eu me sinto diferente, estou sentindo um vazio dentro de mim ser preenchido e me sinto bem, satisfeita com como estamos dando um passo de cada vez nessa nova relação e ele está me surpreendendo tanto. Pensar na noite em que passamos juntos, nele e em tudo o que ainda pode acontecer entre nós me deixava inquieta junto com as borboletas em meu estomago que pareciam alçar vôo a todo o momento.

Ainda era muito cedo, entrei devagar em casa para que ninguém percebesse a minha chegada e fui direto para o meu quarto tomar um banho e me arrumar para ir à fábrica, tenho reunião marcada com o nosso advogado e não posso me atrasar, ele costuma ser pontual e precisamos colocar todos os assuntos da fábrica em dia. Me arrumei rápido mas tentei caprichar na escolha de minhas roupas, sentia vontade de ficar mais bonita, deixei meus cabelos soltos, me maquiei e perfumei e desci para tomar o café da manhã.

– Bom dia! – Cumprimentei Adelina que estava lá em baixo terminando de pôr a mesa do café da manhã.

– Bom dia, Lina! E caprichou no look hoje, hein?! – Disse Adelina piscando o olho divertida e eu ri da maneira como ela falou...

– Ai Adelina, obrigada! Você está falando igual a Sophia! – Gargalhei enquanto sentava à mesa.

– O que tem eu? – Perguntou Sophia sorridente aproximando-se de nós. – Bom dia! Uhhh, olha só como está... Tem tempos que não te vejo assim tão... Tão... Como eu posso dizer... Radiante! – Disse olhando-me minuciosamente, estreitando seus olhos. – E pra quem chegou tão tarde em casa e deveria estar com olheiras e cara de derrota, você está muito bem, hein senhorita Paulina!

– Ai por favor, Sophia! Você fala assim como se todos os dias eu andasse igual a um zumbi, não exagere!

– Ah Lina, não sou eu quem está dizendo, mas é praticamente um zumbi mesmo. – Brincou. – Mas parece que a noite foi boa! – Exclamou e sorriu com ar de malicia, ela sabia de algo.

– Sim, foi muito agradável. – Disse sorrindo enquanto bebia um pouco do meu suco.

– E noto um brilho diferente nesses olhinhos, hmm..?! – Disse Adelina olhando-me com um largo sorriso no rosto, senti meu rosto esquentar no mesmo momento.

– Sim, Adelina... Também noto, e esse sorriso de bobona que ela não consegue disfarçar... – Acrescentou Sophia enquanto me olhava ainda mais fixamente, apoiando o seu rosto em sua mão que era sustentado por seu cotovelo sobre a mesa.

– Ai não é nada demais, só tive uma boa noite de sono, o que mais poderia ser? – Perguntei sorrindo, ainda não queria contá-las, achava muito cedo mas sabia que não poderia ocultar por muito tempo, logo elas descobririam tudo, principalmente Sophia.

– Ai Paulina, nós não nascemos ontem e te conhecemos como a palma de nossa mão, não é Adelina?! – Sophia cutucou Adelina que a olhou de uma forma um tanto repreensiva, Adelina sabia que eu poderia me chatear com tais comentários.

– O que vocês acham que eu estou escondendo? – Perguntei curiosa, não poderia demorar muito mas se o que elas suspeitassem fosse correto, eu diria de uma vez onde e com quem estava.

– Nada não, Lina... Phia que tem uma imaginação muito aguçada, você sabe! – Disse Adelina tentando evitar uma discussão entre nós, mas eu não me sentia irritada, queria saber o que elas estavam pensando, não as julgaria e nem mesmo brigaria com elas, estava muito feliz para isso.

– Não se preocupe, Adelina! Podem dizer o que estão realmente pensando... – Disse sorrindo para ela, transmitindo confiança.

– Você sempre me disse que mentir é feio e mentiu! – Disse Sophia ficando séria rapidamente, não pareceu estar com raiva mas isso me desconsertou um pouco.

– Porque você está dizendo isso, Phia? – Indaguei sorrindo sem graça.

– Porque ontem Célia ligou pra cá procurando por você e ficamos nos perguntando onde você estava aquela hora da noite se disse que estaria com a Célia mas não estava porque ela estava em casa e SOZINHA – alterou um pouco seu tom de voz gesticulando enquanto falava. – e ela também ficou preocupada com você, sabia?!... Mas como sabemos que você não é “tão” louca, imaginamos que estaria com um outro alguém em especial, até porque você se tornou tão anti-social que não tinha como imaginar que você estivesse fora com outra pessoa que não fosse... – Parou rapidamente de falar e olhou para Adelina fazendo careta denunciando-se que “tinha falado demais”.

– Continua, Sophia... – Disse calmamente. - ...Com quem vocês acham que eu estava? – Perguntei erguendo uma sobrancelha olhando-a fixamente.

– C-com... – Sua voz. – Ah, com o Carlos Daniel! Pronto, falei! – Disse rapidamente e me encarou esperando por minha reação, fiquei parada encarando-a de volta, não imaginei que estava assim tão evidente que podia estar com ele.

– Porque chegaram a essa conclusão? – Perguntei em tom sério.

– Ah, não precisa de muita coisa pra saber. Todo mundo sabe que vocês estão apaixonados e você dando essa de durona o tempo todo, mas no fundo no fundo estava louquinha pra estar com ele...

– Sophia! – A adverti rapidamente interrompendo-a, não podia deixar que ela falasse tudo o que desse na telha.

– Ah Paulina, você sabe que eu não estou errada e não precisa ter vergonha da Adelina que ela também sabe das coisas... Naquela hora que liguei para você foi apenas para confirmar as nossas suspeitas e BINGO! – Sophia não continuou, apenas me fitou cruzando seus braços, esperando por respostas.

– Filha, não se preocupe... Não dê muita importância ao que sua irmã diz, você sabe que...

– Não se preocupe Adelina, a Sophia tem razão. – Interrompi Adelina que estava preocupada com o destino daquela conversa e vi a surpresa estampada no rosto de ambas. – Eu estava com o Carlos Daniel sim, estávamos no meu apartamento! – Disse de uma vez deixando-as ainda mais surpresas com a minha revelação.

– Ahhh socorro! – Gritou Sophia rapidamente, assustando-me. Ri de seu ato repentino.

– Paulina! – Exclamou Adelina colocando a mão frente a boca, sorrindo. Estava realmente surpresa e eu sorri com sua expressão.

– Minha irmã, você foi mais rápida do que eu pensei! – Disse aproximando-se mais, olhando-me travessa.

– Calma aí Sophia, estávamos em meu apartamento mas apenas conversando. Decidi nos dar uma chance! – Disse sorrindo, senti meu rosto esquentar diante de tal revelação.

– Que lindo, Lina! Esperei tanto por ouvir algo assim de você! – Disse Adelina aproximando-se, segurando as minhas mãos, parecia estar emocionada.

– Obrigada, Adelina! – Agradeci amavelmente.

– Adelina, você precisa ver o homem! Ele é perfeito, parece artista de cinema, é lindo, alto, forte, educado, charmoso, ... – Disse Sophia sonhadora, fazendo-nos rir. – Ele é um deus do Olimpo e está louco pela Lina... Lina, você não vai se arrepender de ter dado essa chance a ele, eu sei disso! – Disse confiante.

– Estou muito feliz, minha filha... Apenas por ele ser o causador desse lindo sorriso e do brilho de seus olhos já sei que ele te fará feliz. E Deus é justo, Paulina... Você sabe que há tempo para tudo, sei de suas angústias e tenho certeza que agora é o momento de você abrir espaço para a felicidade entrar em sua vida, tenho certeza que está no caminho certo!

As palavras de Adelina me fizeram chorar de emoção, na verdade, as três choramos. Sabiam de tudo o que eu passei e sofreram junto comigo, me apoiaram em tudo quando precisei, mas agora seria diferente e estávamos confiantes de que as coisas mudariam para melhor e eu fiz de tudo para acreditar nisso e deixar para trás as mágoas do passado. Aos poucos eu consigo, eu sei.

– Obrigada, Adelina... E... Vocês não vão acreditar! ... Sophia, você sabia que o Carlos Daniel é o acionista da nossa empresa? O Sr. Bracho?

– O quê? – Perguntou surpresa. – Como assim, Lina? O seu Carlos Daniel é o mesmo cara que tirou a fábrica da falência? – Perguntou ficando pensativa.

– Sim, ele mesmo! Descobrimos ontem em uma reunião em seu escritório e, por pura coincidência eu tive que ir à esta reunião. Ficamos tão surpresos quanto você está agora!

– Bendito seja Deus! – Exclamou Adelina erguendo suas mãos. – Eu te disse, minha filha... Te disse que Deus sabe o que faz e que este homem seria um anjo que ajudaria vocês, e ele é o seu namorado!

– Não somos namorados, Adelina! – Senti meu coração gelar com essa palavra.

– Mas será, minha filha, será! – Disse animada.

– Ai Lina, como eu não liguei os pontos?! Naquele dia que você foi me buscar naquele lugar...- Piscou para mim referindo-se à delegacia, Adelina não podia saber desses detalhes. - ... o Carlos Daniel me disse o seu sobrenome, mas eu não liguei o nome à pessoa. Uau, que máximo!

– É, jamais imaginamos que algo assim nos aproximasse como aconteceu. – Disse sorrindo, pensativa...

– Coisas do destino, minha querida... Não adianta fugir! Eu to no chão com tudo isso!!! – Brincou.

– Enfim, agora vocês já sabem... – Disse olhando para o meu relógio de pulso. - Preciso ir, tenho reunião marcada às 09h com o nosso advogado que voltou de férias e ainda não está por dentro das novidades da fábrica.

# Carlos Daniel narrando #

Em poucos minutos já estava a caminho do consultório do Dr. John e nem mesmo a transito lento foi capaz de tirar de mim meu bom humor.

– Bom dia Dr. John! - Disse apertando-lhe a mão em cumprimento.

– Bom dia Sr. Bracho! - Respondeu com a testa franzida me olhando com surpresa. – Pelo que posso ver, a conversa com a senhorita Martins foi boa! - Observou enquanto tomava seu lugar.

– Sim... Foi... Boa! - Disse tentando achar palavras que descrevessem minha noite, mas era impossível achar palavras para descrever minha noite. – É por isso mesmo que marquei essa consulta.

– Tem algo que queira me contar? - John perguntou já munindo-se de sua prancheta e caneta.

– Sim... Ha coisas que não consigo compreender... É como se o Carlos Daniel que esteve com a Paulina ontem a noite não fosse o mesmo de agora! - Expliquei de forma agitada.

– Não pode existir dois! - Retrucou olhando-me seriamente.

– Sim, eu sei! - Disse o olhando. – É só que... Gostaria de ser o Carlos Daniel de ontem a noite o tempo inteiro, mas sinto que só posso ser ele quando estou perto dela! - Expliquei.

– Entendo! - Dizia o Dr. John enquanto fazia anotações e balançava a cabeça em concordância.

– E só tem apenas algumas horas que nos separamos e já sinto sua falta... Não sei como, mas sinto falta dela e me sentir tão dependente de alguém em tão pouco tempo me assusta! - Expliquei ficando de pé andando de um lado a outro me sentindo angustiado.

– É perfeitamente normal! - Ele disse em tom complacente.

– Jurava que ninguém conseguiria estragar meu dia... - Disse o olhando seriamente. – ...mas acho que me enganei. O senhor parece ser o único capaz de acabar com meu bom humor! - Disse a ele de forma sária.

– Não estou tentando estragar seu dia, estou apenas concordando com os sintomas de um homem que está perdidamente apaixonado por uma mulher! - Rebateu me oferecendo um sorriso.

Há alguns dias atrás, se John tivesse tocado nesse assunto eu teria negado, negaria até a morte, mas agora, depois de ontem, depois de tudo que aconteceu entre mim e Paulina e essa felicidade que não me abandona e essa vontade de ver a mulher que virou minha cabeça... Não posso mais negar...

– Estou apaixonado por Paulina Martins! - Pela primeira vez admiti em voz alta o óbvio.

Depois da sessão segui direto para o escritório, passei por Victória que retocava sua maquiagem em plena recepção e se fosse em outro dia eu teria lhe dado uma bronca daquelas, mas hoje eu apenas lhe desejei bom dia assim como fiz com todos que cruzaram meu caminho...

– Pode vir em minha sala? - Pedi a minha secretária que sequer lembrava o nome.

– Claro, senhor Bracho! - Disse a senhora prontamente, me olhando com espanto.

Sentei-me em minha cadeira e quando aquela jovem senhora se colocou à minha frente em silencio esperando que eu dissesse o que desejava a olhei em silencio.

– Sei que já trabalha comigo ha algum tempo... - disse a olhando. – ...mas como se chama? - Perguntei me sentindo um pouco envergonhado.

Ela me olhou surpresa com minha pergunta e levou alguns instantes para respondê-la. Parecia ter desaprendido a falar, e achei graça de sua reação diante de minha pergunta.

– Marta, senhor, me chamo Marta!

– Marta, quero que mande umas rosas vermelhas com um cartão que vou escrever para a fábrica Martins.

– Claro senhor, como desejar! - Dizia enquanto fazia anotações em seu caderno. – Uma dúzia está bom? - Perguntou.

– Mande duas dúzias das flores mais bonitas da loja! - Disse com um sorriso. – Por enquanto é só. Quando já tiver o cartão pronto, te chamo! - Disse dispensando-a.

Com a saída de Marta procurei por um cartão e comecei a rabiscar algumas mensagens, mas nenhuma parecia boa o suficiente.

– É apenas um cartão! - Disse a mim mesmo. – Seja breve e objetivo, apenas isso!

Quando finalmente consegui terminar o cartão que me custou mais escrever do que qualquer carta de amor que já tenha escrito em minha adolescência, chamei por marta para que pudesse concluir o pedido das flores e enviá-las com o cartão.

– Como andam as coisas com a fábrica Martins? - Perguntei a Rodrigo quando nos reunimos na sala de reunião.

– A filha do senhor Martins está fazendo um trabalho admirável! - Disse Rodrigo surpreso enquanto olhava os gráficos da fábrica.

– Não me surpreende! - Disse sorrindo.

– Não? - Rodrigo perguntou me olhando franzindo o cenho.

– Nem um pouco! - Confirmei.

– Bom, pelo que ouvi falar por aí, você tem muita sorte pela senhorita Martins ter assumido a fábrica! - Disse Rodrigo em tom sério.

– Porque diz isso? - Perguntei com curiosidade.

– O senhor Martins não anda nada bem, pelo que soube está envolvido com jogos e passa a maior parte do tempo em uma mesa de Poker e não tem tido muita sorte! - Explicou.

– E Paulina sabe? - Perguntei sério olhando para Rodrigo.

– Acredito que não! - Disse Rodrigo surpreso com a forma intima que me referi à senhorita Martins. – A filha jamais permitiria que o pai se afundasse e levasse com ele todos os bens da família! - Explicou mascarando sua surpresa.

Rodrigo em seguida começou a falar de números e gráficos que não dei muita importância. Mal o ouvia, estava preocupado que Paulina tivesse escondendo de mim uma coisa dessas. Agora que estávamos juntos, era justo compartilharmos problemas também, queria poder cuidar dela, queria protegê-la.

Sentia-me um idiota, há apenas algumas horas havíamos nos acertado e logicamente ainda não tivemos tempo para uma conversa e se conhecia bem o gênio de Paulina ela era do tipo de mulher que enfrentaria o problema sozinha.

Enquanto Rodrigo falava, comecei a mexer no celular e fingir que o escutava e comecei a procurar pelo numero de Paulina. Logo o encontrei e sorri ao ver como a identifiquei em minha lista de contatos. Tinha esquecido que renomeei o contato de apenas “Paulina” para “Paulina - Nervosinha”.

Decidi mandar apenas uma mensagem, se estivesse ocupada não a atrapalharia.

Mensagem enviada: Paulina “Nervosinha”:

“Recebeu meu presente?”

Esperei com ansiedade e depois de uns dez minutos olhando para o celular tentei me concentrar em alguns documentos, mas parecia uma tarefa impossível.

Sempre que pensava que estava totalmente concentrado, minha atenção se voltava para o aparelho totalmente inerte em minha mesa. Já começava a me perguntar se devia enviar outra mensagem quando o visor do celular iluminou informando uma nova mensagem.

Mensagem recebida: Paulina “Nervosinha”.

“Recebi. São lindas, obrigada! :)

Já me sentia um pouco decepcionado por Paulina não ter dito nada sobre o cartão que enviei junto com as rosas e quando o celular vibrou e acendeu o visor novamente anunciando “nova mensagem” a abri com a rapidez de um menino que recebe um presente.

Mensagem recebida: Paulina “Nervosinha”.

“Também estou com saudades! :(

Não sabia o que dizer, pela primeira vez em minha vida tinha medo de parecer pegajoso e acabar afastando Paulina de mim, mas ela disse que também sente saudades e isso com certeza era prometedor...

*Paulina narrando*

Terminei rapidamente de tomar meu café, me despedi de Sophia e Adelina e segui rumo à fábrica, tinha bastante trabalho, mas agora estaria mais tranqüila porque Levy, nosso advogado estaria de volta e resolveria toda a parte burocrática da nossa empresa, assim me daria tempo para resolver outras partes. Levy era, além de nosso representante jurídico, um grande amigo da família, há alguns anos ele é nosso advogado e sempre se empenhou ao máximo para desenvolver um bom trabalho em nossa empresa, e mesmo com as nossas dificuldades ele não nos abandonou. Apesar de eu não ser tão presente como agora, sempre estivemos em contato e ele me ajudava bastante quando eu ainda estava aprendendo as questões mais burocráticas que envolviam a fábrica. Ele viajou de férias prolongadas para Cuba e há alguns meses não nos víamos, até que hoje ele retornaria para retomar o seu trabalho, era muito dedicado e competente, apesar de sua idade, e também era muito agradável tê-lo por perto.

Às 9h em ponto ele chegou para a nossa reunião e nos cumprimentamos, rimos e colocamos todos os assuntos em dia, ele pareceu um tanto desajeitado quando analisou os documentos da fábrica Bracho, perguntei se havia algum problema e ele disse que conhecia os donos da fábrica Bracho e que são confiáveis, mas pareceu ficar um pouco mais sério. Fiquei surpresa por ele conhecer Carlos Daniel mas não quis lhe perguntar nada, e quando demos uma breve pausa em nossa reunião, fui até a minha sala e me deparei com um buquê de rosas vermelhas imenso e lindo. Sorri. E quando me aproximei, inalei daquele cheiro natural de rosas, meu coração disparou e pude sentir o atraso de suas batidas quando vi um envelope preso a ele, do lado de fora as iniciais de Carlos Daniel, e tirei um outro cartão de dentro escrito:

“Parece que estamos separados por uma eternidade. Obrigado por esta noite incrível! Já estou com saudades!”

Sorri feito uma adolescente boba apaixonada, ele estava sendo um fofo e eu me sentia tão importante com tanta atenção que ele me dava, realmente não estava acostumada com esses tipos de mimos.

– Bonitas rosas! – Disse Levy ao bater levemente na porta de minha sala, tirando-me de meus devaneios.

– S-sim, são lindas! – Concordei sorrindo, olhando para aquele buquê tão grande.

– Hmm... Namorado novo? – Perguntou com curiosidade.

– Não! – Respondi prontamente. Não sabia o que responder. – Quer dizer... Eu ainda não sei...

– Estão saindo... – Disse com um meio sorriso enquanto me fitava.

– É...Estamos nos conhecendo. – Sorri de volta, um pouco sem graça.

– Ele é um cara de sorte, Paulina! – Disse aproximando-se a mim, senti meu rosto ruborizar por suas palavras.

– Bem.. É... Obrigada, Levy... Vamos voltar à reunião?! – Sugeri.

– Claro! Vamos sim.

Voltamos à continuação de nossa reunião e consegui passar todos os projetos e tramites para o novo desempenho da fábrica, estávamos focados quando o timbre do meu celular nos interrompeu. Era uma SMS de Carlos Daniel perguntando sobre as flores, me senti como uma menina encantada quando li e logo ele me enviou outra dizendo que estava com saudades, fazendo meu coração saltar e as borboletas então quietas, alçarem vôo em meu estômago. Enquanto Levy analisava mais uma vez os documentos, respondi discretamente a SMS de Carlos Daniel, também sentia falta dele apesar de estarmos tão pouco tempo separados, já me sentia ansiosa e com vontade de vê-lo logo...


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?
Comentem, recomendem, favoritem, compartilhem para suas amigas...
Até o próximo capitulo, obrigada pelo carinho.
Tamy e Marta :*