Raul Heidern, o líder dos mercenários da Ikari, percebeu que um filme repetido voltou a assombrá-lo. Há vinte anos perdeu a sua esposa e filha nas mãos do carrasco Rugal Bernstein e desde lá vem arquitetando um plano de vingança para matar o homem que as matou. Entretanto, uma informação revirou a história de ponta cabeça. Seu ex-colega de farda, Collin, pediu para que Bernstein as matasse por causa de uma vingança dele contra Heidern. Isso deixou o capitão da Ikari com muito ódio e mudou os planos para caso não conseguir acabar com o alemão, pelo menos com o seu antigo colega.

Partiu com os seus cinquenta homens na direção do navio de guerra. Com Leona por lá, sua responsabilidade aumentou mais ainda. Cerca de dez lanchas zarparam com cinco agentes e logo alcançaram a embarcação. Como a quilha do navio foi danificada e Collin reduziu a velocidade, não foi difícil se aproximar rapidamente. Logo eles usaram alguns apetrechos como arpões e atiraram em direção ao convés, que ficava uns quinze metros do nível do mar. Escalaram as cordas, mas foram recebidos a bala pelos tripulantes comuns.

Prevendo que isso aconteceria, o capitão Heidern ordenou que jogassem uma bomba de gás lacrimogênio no convés. Assim foi feito e os guardas começaram a ter os seus olhos afetados. Os agentes usavam máscaras contra gás.

Na cabine do capitão, Collin soube da invasão por meio de uma mensagem via rádio. Certamente aquilo lhe deixou preocupado, pois o torneio e os planos do seu chefe não acabaram. Mandou mais subordinados irem para o convés e pediu que eles usassem máscaras para se protegerem do gás. O capitão do navio tomou a total responsabilidade para si. Os guardas ficaram azuis de tanto medo que sentiam caso o anitrião colocasse a culpa neles pela invasão, mas Collin se mantinha incrivelmente sereno com aquela situação.

Heidern pediu que os seus subordinados tomassem cuidado, pois os próximos tripulantes provavelmente virão preparados. Ele, Ralf e Clark subiram no convés e verificaram a planta do navio. Estavam na parte mais longe da cabine do capitão, ou seja, estavam na pista de pouso. Eles viram um jatinho particular, provavelmente o avião pessoal do alemão, helicópteros militares e uns três jipes militares.

Alguns guardas apareceram portando fuzis e metralhadoras. Os guerreiros da Ikari se esconderam entre os veículos. Num momento eles pediram para que os oficiais mais fortes seguissem enquanto cuidavam dos lacaios. Enfim, o tiroteio foi intenso, porém os minions do Rugal temiam atirar contra os veículos para assim evitarem represálias do seu chefe.

Desse tanto de mercenários que invadiram, apenas uns quinze passaram pelo primeiro esquadrão de minions.

Collin soube que Heidern entrou com os seus subordinados e pela primeira vez ficou apreensivo. Saiu da cabine e foi para as adjacências do navio. Os seus tenentes foram juntos. Reencontrou O-Ren no corredor com mais três lacaios ninjas da sua tropa.

O líder dos shinobis enviou seus subordinados para enfrentarem os japoneses mas também os invasores. Os três ninjas eram: uma jovem mulher shinobi com cabelos brancos, um magricelo pálido e com um moicano vermelho e por fim o homenzarrão que Ralf Jones enfrentou na feira de Kaido.

A tríade de ninjas foi cada qual para o seu desafio. Collin pediu para que O-Ren enfrentasse e matasse Heidern a qualquer custo. Estranhamente o líder dos shinobis, que obedece o Rugal cegamente, obedeceu Collin pacificamente. Disse um "sim" e se preparou para a luta.

...

Saisyu desviava das garras afiadas de Sharkko com certa facilidade. Mas o homem-peixe não se deu por vencido e solta uma rajada de ar frio que gelou parte do corpo do mais velho. Ele ficou admirado com a técnica de um simples capacho do Rugal e lamentou que ele trabalhe para o mal. O homem gargalhou de Kusanagi, logo formou uma bola de água e transformou-a em pingos de chuva, mas que congelavam antes de atingir o alvo, tornando-se pedaços afiados de projéteis.

Durante a evasiva, Saisyu foi arranhado superficialmente em alguns lugares. Perdeu a paciência, aproximou-se do rival e o empurrou com a mão aberta na altura do seu peito. Sharkko foi arrastado por vários metros e atravessou a parede. Explicou ao jovem que era muito forte e que se quisesse poderia matá-lo.

Determinado a não perder a luta, o Sharkko aumentou e muito a sua estâmina. Seu corpo ficou mais musculoso, seus dentes ficaram ainda mais afiados e unhas maiores. Aquela transformação deixou o mais velho impressionado e convidou-o para ser treinado em seu dojo. O tritão correu rapidamente e aplicou uma sequência ainda mais forte de golpes, porém Saisyu se defendia com os braços. Uma hora foi preciso Kusanagi utilizar uma quantidade reduzida de fogo em seu punho e dar um soco que afastou o oponente. O vilão sangrou, mas conseguiu ficar de pé mesmo ferido.

Experiente, Saisyu não quis usar tudo o que tinha contra um rapaz inconsequente. Não queria ter que matá-lo. Preparou um golpe mais forte e assim ter que desmaiá-lo, pois não havia tempo a perder. Sua preocupação era a vida do seu filho e das intenções malignas de Bernstein. Durante a preparação para dar o golpe, um raio surgiu e quase atinge o homem. Ele pensou que fosse Benimaru, porém apareceu um cara albino com dreadlock e todo vestido de branco. Revelou que o seu nome era Goro-Goro e que também trabalhava para o anfitrião.

Goro-Goro e Sharkko eram os tripulantes mais fortes, perdiam apenas para Rugal e os quatro maiorais. Eram ex-militares que resolveram servir o alemão por pura vaidade.

O albino explicou ao pai de Kyo que o navio estava sendo invadido por mercenários que querem a cabeça de Rugal. Desdenhou a quase derrota do seu colega tritão e revelou para Saisyu que Leona Heidern massacrava tanto Kyo quanto Iori. Chamou a si mesmo como o melhor lutador manipulador de energia elétrica. Mas o velho Kusanagi avisou que conhecia uma pessoa que controlava a eletricidade com muita maestria.

Sim, Benimaru. Este ainda batalhava contra Dick e até mesmo com algum esforço. O homem deixou de ser gordo e ficou fitness de uma maneira até sobrenatural. Agora mais forte, Dick acertava o loiro com os seus chutes. Ficou alisando as próprias coxas. Jogou charme para o loiro, Beni espumava de raiva.

Chegando ao limite, Nikaido deu uma boa sequência de socos no oponente. Uma hora ele derreteu um pedaço da roupa de látex na altura do tórax da drag. Percebendo que fez algo desse tipo, ele soltou uma descarga elétrica na abertura da roupa, causando um choque no inimigo que caiu contra a parede.

Os três naquele recinto ouviram uma explosão e logo a parede explodiu. Dick caiu inconsciente na frente deles. Benimaru viu Saisyu e mais dois homens. O pai de Kyo apresentou para Goro-Goro o homem que ele havia falado.

E por falar em Goro, Daimon conseguiu chegar nos andares superiores. Na torre do navio onde ficavam as cabines mais importantes, do capitão e a suíte de Rugal. Dos três japoneses ele foi o único que não teve um problema maior. Até que sofre um soco no meio do rosto. Caído, não entendeu como foi que levou aquilo. Um homem saiu de perto da parede e revelou ser um dos três grandes shinobis. O homem era o homenzarrão que enfrentou Ralf na feira.

O tamanho era de assustar, pois Goro, com mais de 2 metros, batia em seu peito. O soco fez com que o judoca pela primeira vez desde que chegou sentisse dor e saísse um filete de sangue. O shinobi gigante usava uma roupa reta típica ninja e um elmo com chifres de touro. Seu rosto era coberto por uma máscara e só dava para ver os seus olhos de homem oriental.

...

Enquanto o tiroteio ocorria no convés e nas outras partes do navio, Heidern e os seus subordinados decidiram se espalhar para a procura ficar mais fácil. Cada qual pegou um caminho diferente. Clark colocou um boné azul e óculos escuro, partindo para as partes mais abaixo onde rolava a luta do Saisyu e companhia. Ralf acompanhou Heidern até certo ponto e separaram-se. O capitão sabia a localização do local mais importante do navio, haja vista leu as plantas e havia invadido aquilo há vinte anos.

Durante a luta entre os dois jovens e Leona, as coisas ficaram cada vez mais violentas. A moça não conseguia se controlar de jeito algum e batia mais e mais neles. Iori perdeu a cabeça completamente e foi dando socos e mais socos, porém ela aguentava e chegava até querer morder o seu adversário. Kyo levantou depois da surra e já estava com a camisa ensanguentada. Diferente do seu rival, ele não levou a luta contra Leona a sério.

O moreno assustou-se quando Iori começou a esbofetear a cara de Leona e chamá-la de vagabunda. A mulher parou de lutar, porque a maldição deu uma falha e a Leona quase voltava a consciência. Kyo pediu para que ele parasse, mas o ruivo quis batê-la ainda mais. O sangue de Orochi falou mais alto e ela retornou ao seu estado maligno. Segurou o braço dele, girou rápido e soltou-o.

Heidern escutou um grande barulho perto dali. Passou por vários shinobis e guardas até chegar nas partes mais superiores do porta-aviões.

Cuspindo sangue e bastante machucado, Iori Yagami foi lançado para fora daquela sala e caiu numa parte externa acima do convés e abaixo da cabine do capitão. Era como se fosse uma grande varanda. Ele sentiu pela primeira vez que as suas forças esvaíam, mas Leona também ficou muito machucada. Na fúria gritou e a espancou com toda a sua força. Chutou e se preparou para jogar uma bola de fogo letal sobre ela quando uma pessoa surge por trás dele e diz que o mataria se encostasse nela.

Kyo aproveitou que os dois saíram daquela sala para continuar a sua busca por Rugal. Entrou na cabine onde o anfitrião estava.

A pessoa que impediu Iori de prosseguir era nada mais nada menos que Heidern. Avisou ao rapaz que o mataria se ele matasse a sua filha. O ruivo foi bastante irônico e disse que ele jamais morreria para um reles humano comum. Heidern pediu para que Yagami o deixasse sozinho com a sua filha e que faria de tudo para fazê-la voltar a consciência. O ruivo assentiu e decidiu ir embora.

Leona tentou seguir Yagami, mas levou um choque nas costas com uma arma tazer. Caiu aos braços do seu pai. Heidern, porém, não teve certeza se a sua filha retornará ao normal quando acordasse.

Collin retornou à cabine. Naquela andar as coisas ainda estavam normais. Recebeu informações sobre a morte dos seus homens e dos invasores. No entanto, nenhuma notícia sobre o seu maior rival. Isso preocupou muito o capitão. O-Ren ainda não se encontrou com Heidern.

Um dos guardas entrou na cabine e avisou que mais homens invadiram a parte superior do navio e que a luta dos dois rivais de clãs havia terminado sem vencedor ou perdedor. Collin ficou preocupado, porque o plano inicial era pelo menos um morrer no confronto. Sua atenção, porém, retornou ao mar. Distante no horizonte ele viu a ilha que atracará o navio enquanto os técnicos consertarão a quilha.

Ralf Jones ficou de queixo caído ao ver a sua rival de luta. A única mulher shinobi do grupo. Ele corou, pois além de bonita tinha um corpo sensacional. Usava um vestido preto curto que destacava as suas belas pernas. Não sabia como prosseguiria com a batalha. Ela sorriu e desapareceu diante dos seus olhos. Preocupado, olhou por todos os lados. Sua coxa foi ferida por um golpe cortante. A ninja havia desferido uma facada e disse que poderia tê-lo matado com uma estocada em seu coração se quisesse.

Já Clark Still sofreu com uma fumaça durante a sua ida por um corredor. Seus olhos viam uma pessoa duplicada. Parecia que estava drogado ou algo assim. O terceiro shinobi era o magro pálido com moicano, responsável pelos mais diversos ataques com gases. Explicou para o militar que gás lacrimogênio não o afetava e que por isso matou uns dez agentes no convés.

Leona acordou nos braços do seu pai. Voltou ao normal. Heidern agradeceu por sua filha ter se livrado da maldição e ajudou-a a se levantar. A breve luta que teve com Iori deixou sequelas e hematomas. O homem apenas envolveu o braço dela em sua nuca e a ajudou a caminhar.

...

Há um corredor espaçoso, com alguns quadros, tapete vermelho e esculturas. Tais estátuas de bronze eram feitas com humanos derrotados pelo poder avassalador de Rugal Bernstein. Cerca de trinta estátuas humanas enfeitavam aquele longo corredor. Kyo Kusanagi conseguiu derrubar os seguranças e entrar naquele ambiente de luxo e morte. Não passou em sua cabeça que ali eram humanos, exceto a parte do luxo que destoava do resto do navio. Uma porta de madeira luxuosa era a entrada da suíte. Era vermelha e com desenhos na madeira, além de dupla e com duas maçanetas de ouro.

Ao abrir a porta, ele viu um ambiente de pura riqueza. O local era como o quarto de um hotel cinco estrelas: tapete persa, TV de 60 polegadas, um lustre no teto, sofás brancos e paredes de concreto. O clima frio do navio deu lugar a uma aconchegante temperatura de 28 graus. Assustou-se quando viu uma pantera negra deitada na sala e se lambendo. O animal não fez mal algum para Kusanagi.

Outra porta dava para uma parte externa. Uma sacada parecida com que Heidern e Leona estão, porém bem menor. Uma escada metálica dava para o ponto mais acima do navio. Era o ponto mais alto, além da torre em si. Ele subiu e foi para um tipo de laje ou algo parecido. Incrivelmente Rugal Bernstein era a única pessoa ali. Via num telescópio a ilha que atracaria. Ainda com o copo de conhaque na mão, virou-se e viu o filho de Saisyu frente a frente.

— O que pensa em fazer aqui em cima, jovem Kusanagi? Se eu fosse você já teria fugido.

Continua...