Sobreviventes do Apocalipse escrita por SuzugamoriRen


Capítulo 32
Uma nova Alvorada


Notas iniciais do capítulo

A Copa atrasou e muito a postagem do cap. Desculpem!



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O aviso que a Frota do Rei chegava foi como o prelúdio de Bach para a Ave Maria de Gaunod. A esperança estava em forma de música. A análise e plano montado pelos líderes daquela resistência implacável contra as novas criações do gênio da morte começaram a dar certo no momento que os zumbis localizados mais a esquerda do edifício e mais próximo do porto de Rio Grande começassem a se deslocar mais rapidamente em direção ao barulho. As quatro garotas que lideravam o esquadrão de ataque esperavam somente a ordem vinda do topo para o mesmo. A espera foi longa e árdua. O silêncio foi um companheiro inigualável. Companheiros escutando a respiração daqueles a seu lado. Desconhecidos lutando por apenas uma causa e ela era a mais primária de todas. A sobrevivência. Não de um ou duas pessoas. Sobrevivência de uma raça inteira que fora fadada ao fracasso quando os humanos quiseram dar uma de deus. Nem os ateus mais fidedignos contornariam as leis impostas pela natureza, pois a morte – algo tão intangível quanto à vida – bufava em sua nuca somente esperando pelo momento de levar quase milhares de anos de história. Desde o domínio do fogo, à invenção da escrita, crescimento de sociedades e impérios. Toda a história de um povo seja sofrida ou não, todo um legado era carregado às costas daqueles sobreviventes. Não somente eles ali de Rio Grande, mas de todo o mundo.

E como se escutassem os gritos da natureza para facilitar a vida nesse meio hostil, Vinicius Ribeiro soube utilizar muito bem o gene da divergência. E mesmo que ele não fosse um “divergente” como diziam os leigos, ele os usaria da mesma forma, já que seu medo de adentrar a fundo ao território dava uma espécie de segurança a sua pessoa. Criou uma imagem, uma força de divergentes a fim de ajudar aos diversos contingentes. Mandou Bruno Portinari treinar Bianca Camolesi e Marcela da Fontoura a fim de incluí-las em seu plano. Uma bela gaucha de Pelotas chamada Vitória Freitas foi salva por ele e, mesmo que não fosse uma com o gene, era uma sobrevivente. Uma que sabia como andar e conseguir feitos que muitos achariam impossíveis somente com a força de vontade de se manter viva.

E assim eles estavam naquele momento. Vitória e Cláudio – um divergente capaz – tinham ficado no litoral de São Paulo. Ele seguiu ao sul com o restante de sua equipe para pegar as duas garotas e auxiliar Bruno com a Frota do Rei. Tinha que estar pronta a qualquer momento e mesmo sem testes, mesmo com um Vinicius ferido e que, provavelmente, teria os movimentos do lado direito afetados por aquele tiro dado, as embarcações aproximavam-se apitando forte. Indicando onde estavam. Indicando onde estariam. Como se dissessem aos zumbis. “Venham, estamos aqui seus merdas”. Cássio Fernandes com uma guitarra e um amplificador modificado pelos engenheiros da resistência liderava a equipe. Laura Fonseca e seu baixo mantinham-se em um navio à esquerda à medida que Jéssica com mais um baixo encontrava-se a direita. Os navios alinhavam-se numa espécie de formação. Onze grandes navios, três com instrumentos. Oito com amplificadores. A formação estava ali. A receita estava pronta. Faltava o toque final.

E ele veio.

Cássio começou a tocar uma partitura que estava localizada a sua frente. Laura e Jéssica seguiram atentamente seu som. As pedaleiras usadas para amplificar o som funcionaram quase perfeitamente, uma ou outra deixou de funcionar, mas não influenciou no resultado final. Os zumbis corriam como se fossem loucos em direção a aquele som. Um manjar da morte. A morte comendo a morte. Ela deixara de fungar no pescoço dos humanos daquela região enquanto levava seus cavaleiros e soldados para os confins do oceano atlântico. O plano era que a pressão atmosférica do fundo das águas estourassem todas as partes do corpo dos mortos-vivos.

Para a sorte de todos ali presentes, foi o que aconteceu.

Os primeiros se jogavam como podiam para ir em direção aos navios. Sua locomoção limitada impedia de qualquer outra coisa a não ser andar, correr e comer. Os corpos pesados afundavam um a um, para os confins da profundeza escura dos mares. Se pudessem agradecer, fariam um ritual daqueles antigos a Poseidon, deus dos mares na mitologia grega, por levar embora os homens de Hades, o deus do submundo. Uma comparação estranha para um mundo que ficara estranho...

Levaram-se quase dez infindáveis minutos até que o ultimo dos zumbis fosse morto. Esse não pela pressão da água, e sim por ter sua cabeça decepada por uma divergente que, de longe, acertara um tiro preciso. Ela era magra e por isso o suporte ajudou a segurar o refluxo. Seus cabelos cacheados ricocheteavam enquanto colocava o rifle AK-47 em suas costas e corria em direção aos navios que se aproximavam. Atrás dela, uma linda mulher de cabelos lisos e castanhos com armas presas às pernas, lembrando uma das grandes heroínas dos jogos de aventura, tinha um semblante preocupado. Como se procurasse algo ou alguém. Depois o restante dos sobreviventes começou a sair aos poucos, talvez com receio de ter que esconder-se de mais um ataque ou quiçá ter a paz momentânea ser quebrada por algo vindo do além de sua compreensão.

Uma coisa era certa, uma batalha pela sobrevivência que foi vencida graças à inteligência de dois homens. Um da nova geração, com capacidade de raciocínio forte e outro, da velha, cuja liderança era capaz de mover montanhas. Rápida resolução dada à estratégia e compreensão. O término pode ter sido algo aquém do esperado – ou na visão de muitos, com certeza foi – porém isso foi fruto de algo planejado meticulosamente. E isso, era mérito dos homens por trás do plano.

– Onde está o Vini? – indagou Bianca, recebendo pentes de sua arma por um soldado e as recarregando antes de colocar no coldre preso a sua coxa.

– Digamos que ele está fora de combate – respondeu Bruno, ao pisar novamente em terra firme – Ele salvou o Cássio, mas sacrificou o ombro. Perderá os movimentos de parte do braço esquerdo. E está com os músculos completamente exaustos...

Ela nem esperou o líder terminar de falar. Correu diretamente ao barco, ao iate onde ele com certeza se encontraria. Marcela fez menção de ir atrás dela, mas Cássio se pôs a sua frente.

– Cela – disse o grande e rechonchudo homem – Belo tiro.

– Sim, Cass – ela respondeu apressadamente – Mas me deixe passar. Eu quero ver como está meu cafetão.

–Não. Antes disso, eu quero falar algo com você...

– O que?

– Particular Cela. Particular.

Os dois se dirigiram a um canto ali próximo. Pâmela via tudo à distância e, recuperava o fôlego.

– Graças a deus a paz voltou a reinar aqui – comentou abertamente.

– Por enquanto Pam – retrucou uma garota com um sotaque mineiro – Por enquanto.

– O que foi Thalli? Não podemos ao menos comemorar a vitória.

– O problema não é comemorar. E saber o que nos espera – disse a garota caminhando em direção ao mesmo navio que Bianca saíra em disparada. – Será o que faremos agora. O nosso estrategista está fora de combate e só conseguimos sobreviver graças a esse número de navios. O que acontece agora? Você não acha que os zumbis não foram atraídos por esse som também? Falo do interior do continente.

– Pode ser...

– Tenho quase certeza. Não podemos mais viver em Rio Grande.

– E o que você sugere?

– O Vini terá que dar a ordem, mas eu acho que vamos nos migrar para os navios e achar um novo ponto. Temos que sair se quisermos sobreviver.

E as duas conversavam à medida que a lua despontava no céu. Aquele ataque, aquela vitória significaria e muito tanto para a resistência quanto para as pessoas que estavam nela.

Sejam para o bem...

Sejam para o mal...


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