Sobreviventes do Apocalipse escrita por SuzugamoriRen


Capítulo 3
Descobertas




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Já era noite na Rua José Garibaldi, em Viamão no Rio Grande do Sul. Em uma casa em meio a uma mata, duas garotas conversavam a espera de notícias de um único rádio que acharam na região da cidade. Uma garota de cabelos cacheados, uma pele morena apesar de ser gaúcha vestindo uma calça jeans e tênis all-star uma camisa branca de mangas e uma jaqueta esverdeada pusera-se defronte a uma de cabelos lisos com um corpo levemente definido – uma famosa falso-magra que vestia uma camiseta sem mangas e uma calça jeans preta. Ambas conversavam sobre os acontecimentos de um memorando que acharam naquela casa. Nele dizia como se propagava o vírus e o que eram o que ele chamou de “divergência”, talvez em homenagem ao livro que detinha em sua estante.

Elas somente sabiam que a divergência seria o nome dado por ele à mutação do vírus. Como a natureza era perfeita – segundo ele – o vírus vivia de uma relação de covalência, de simbiose. Uma pessoa infectada perderia os sentidos e sua relação com a vida por que ele consumia os chamados telômeros, a única célula do organismo que não se regenera a partir de certa idade. Quando consumida por inteiro, o agente não se contentava e atacava as outras células, começando pelas cutâneas. Ainda segundo o homem desconhecido do memorando, ele dessecou três zumbis vivos a fim de saber o motivo daquilo tudo. Mexendo com o vírus ele foi infectado, mas soube contornar a situação de algum modo. Dentro dele, o vírus consumia outras células do corpo a fim de sobreviver dentro do organismo.

O problema é que ele dizia no final do memorando o porquê de seres humanos renascerem novamente e pessoas vivas se tornarem algo repugnante que era os mortos-vivos. Ele dizia também que ser “divergente” não significaria imunidade. Afinal os “zumbis” atacariam você sem distinção. E mordidas e dilacerações de carne faziam você morrer do mesmo jeito.

– Bicamolesi! O que faremos agora?

– Não me chame assim Maah. Já disse que é B-I-A-N-C-A Camolesi.

– Eu sei. Eu sei... Mas é que a resenha do Whatsapp é mais forte que eu... Falando nisso, faz tempo que eu não consigo alguma energia para ligar o celular. Parece que tudo está um caos.

– Nenhuma usina funciona. Temos que ver como iremos conseguir contato com alguém.

– Tentei pelo rádio e dei meu nome por inteiro... Vamos ver o que acontece.

O rádio fez um chiado estranho e imediatamente a garota conhecida como Marcela da Fontoura atendeu como se estivesse atendendo a uma chamada divina.

– Quem é?

– Marcela? Sou eu! O Vini!

Imediatamente Bianca soltou um grito:

– Vini? Vini do grupo do Whatsapp? Vini de Salvador?

Ambas respiraram aliviadas. Nunca imaginaram escutar uma voz conhecida depois de tanto tempo.

– Eu consegui sua localização com um cara que escutou seu pedido de socorro. Eu estou no mar com um barco e quero reunir o povo para ter maior numero de informações e pessoas possíveis para sabermos o que fazer. Vocês estão em que cidade? E seus pais?

– Que pais Vini? Os meus sumiram desde o dia fatídico. Não sei nem onde eles foram... Os da Bianca viajaram para um lugar e a deixaram em Piracicaba...

– Daí eu fugi com itinerantes até o sul quando passei por Viamão. Decidi ficar para ajudar a Maah a fugir da cidade, mas tá impossível escapar.

– Por quê?

– O grupo que eu vim decidiu fazer uma traquinagem. Conseguiram força motriz não sei de onde e ligaram dois jipes a entrada da cidade. Eles acabaram com a gasolina só que a entrada está infestada por que eles se comunicam pelo barulho! – respondeu Bianca sem respirar muito – Vini você vai vir para cá?

– Já estou indo. Jaque e Júlia estão no Rio... Eu pego vocês e a gente vai para lá. Sei que a Júlia deve saber se cuidar. Vou chegar a Porto Alegre em alguns dias, porém...

– O que Vini? – indagou Bianca assustada com o que poderia vir de resposta.

– Façam o impossível acontecer. O barco não pode ficar sozinho.

– Você não quer que a gente peça “Oh, queridos zumbis, deixe a gente passar” não é?

O baiano viu a gaúcha ficar levemente irritada.

– Acalmem-se. Só tente escapar, eu dou um jeito depois disso.

O rádio ficou mudo após isso. As garotas se desesperaram mais ouviram chiado do lado de fora. Era um zumbi morrendo ao devorar um ser humano próximo a um cabo de força. O barulho, o choque e o que se seguiu foram coisas de cinema. Coisas que nem as garotas acreditariam, mas que deram a oportunidade que elas realmente precisavam para escapar.

***

– Padre das Covinhas! Vai aonde? – disse um homem de estatura média, um pouco acima do peso, porém isso dava uma vantagem em relação a embates e confrontos diretos – Pensa que vai fugir de Cássio Fernandes?

– Eu sou hardcore.

– Um hardcore otário só se for – disse uma mulher de cabelos encaracolados com uma camisa vermelha escrita “Bazinga” e um short jeans – Você não está vendo que é uma missão impossível chegar a Vitória.

– Mas Pâm...

Pâmela Sian, Cássio Fernandes e o Padre das Covinhas se encontravam em uma das diversas ilhas do Espírito Santo: A ilha do Frade. Queriam voltar a Vitória, porém estava difícil fazer o caminho pela ponte tomada por diversos mortos vivos. A garota e o garoto que chamava a si mesmo de hardcore eram vizinhos enquanto Cássio fora conhecer as pessoas que outrora se identificou. Passando pela capital, viu um avião com centenas de passageiros cair, e de lá, emergir monstros cujos caninos e dentes queriam, estavam sedentos por carne humana. Procurou abrigo na casa de uns conhecidos. Mas quando chegou viu uma Pâmela corajosa lutando contra dois zumbis. Ele a ajudou e os dois pegaram seu amigo que dormia após um dia na academia.

Cláudio Rosário – vulgo o padre das covinhas – ainda estava sem condições de luta apesar da força que tinha. Confundiu uma morta-viva com uma garota que ele já tinha ficado. Teve que literalmente “gozar” em uma sacristia por que queria fazer jus a seu apelido e apanhando fervorosamente da garota que considerava aquilo um pecado. Era um excêntrico e de longe, parecia ser mais um doido no mundo. O mais maluco dos doidos entre outras alcunhas que se depararam no meio do caminho. Todavia, seu raciocínio rápido fizera com que o casal Pâmela e Cássio tivesse sobrevivido até agora.

– Mas o que Covinha? – disse a jovem portando um bastão de vassoura fino e com uma ponta afiada. Preferia lutar fisicamente por causa do barulho das armas, ideia dada por Claudio para evitar confrontos desnecessários – Quer transar com alguma desconhecida agora?

– Ei! Ei! Isso... – ele pensou – foi uma ideia legal. Eu não quero morrer virgem. Vamos fazer sexo!

– Cássio! – Pâmela levou as mãos ao rosto - O que faremos?

– Vamos atravessar na escuridão da noite. Exatamente na virada do dia – o homem estava preparando algo com a única arma de fogo que eles conseguiram. Uma metralhadora semiautomática de um policial morto com um tiro na cabeça – Assim que escutar esse barulho temos que correr na direção contraria a gritaria. Se formos rápidos o suficiente para atravessar a ponte e lentos para que não nos percebam, conseguimos chegar ao outro lado e ver se conseguimos um carro.

– Para o que? – indagou o homem com apelido de covinhas.

– Para salvamos o mundo.


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